Nós nos cumprimentamos, e ela me deu passagem para entrar, me mostrando a casa de Annabeth.

Era parecida com a minha, porém um pouco menor. Tinha sofás cinza e pretos espalhados pela sala, e alguns vermelho vivo, dando um contraste muito bonito. Havia também lustres de cristal, e o chão era de mármore branco. Havia alguns enfeites de corujas pela casa, mas eles eram bem simples, quase invisíveis.

–Primeira porta a direita. – diz a mulher sorriso Colgate.

Ela desaparece da sala, enquanto eu subia aquela escadaria branca.

Sigo as ordens da mãe de Annabeth.

Abro a porta sem aviso prévio, e ela estava trocando de camiseta. Depois de ver o que fiz, fechei-a em imediato.

Ouço uns risinhos através da porta.

–Pode entrar, Cabeça de Alga, eu já te vi!

Abri a porta, ainda um pouco envergonhado.

–Como você me viu? – falei impressionado.

–Bom, nesse caso nós temos duas opções. 1)Eu faço feitiçaria, e eu sinto a sua presença. 2)Eu estou na frente de um espelho. – ela diz como se fosse óbvio.

Demorei um pouco para entender a situação, mas depois entendi.

–Ahn! – digo levantando a sobrancelha.

Começamos a rir.

–Percy! A sua lerdeza me impressiona. – ela diz, ainda rindo.

–É, ela também me surpreende. – digo, entrando na brincadeira.

Ela encaixa a cabeça em meu ombro e para de rir.

–Percy. – ela diz ela murmurou.

–O que foi, sabidinha? – retruquei.

– A minha mãe não pode saber de nada, e se a minha tia não conseguir segurar o plano você é amigo do Jason, tudo bem pra você? – ela diz um pouco desanimada.

Ok, agora eu estou totalmente confuso.

–AHN? Quem é Jason? E se a sua mãe não pode saber de nada, então por que ela ta na sala?

Ela saiu de meu ombro, e arregalou os olhos.Droga, por que eu falei aquilo? Tava tão bom...

Ela deu um salto mortal pra porta, e a trancou. – ela parecia uma maluca descompensada.

–MINHA MÃE EM CASA? SABE O QUE ISSO SIGNIFICA PERCY JACKSON? – ela não deu tempo de eu responder.

–SIGNIFICA QUE VOCÊ VAI PERDER ESSE SEU ROSTINHO LINDO, E EU A MINHA VIDA!

Tinha um ponto de interrogação estampado na minha testa.

Ela respirou fundo, e segurou nos meus ombros.

–Isso significa, que o meu pai vai te dar um murro na cara, e eu vou ter um castigo eterno, entendeu agora? – ela disse suspirando, tirando uma mecha de cabelo que estava em seu rosto.

Agora está tudo esclarecido.

–Tudo bem Annabeth. Se eu sou um problema, eu posso pular da sua janela, e voltar pra casa, aí quando você se sentir melhor, você será muito bem vinda na residência dos Jackson’s. – dou um sorrisinho meio falso, pegando a minha mala, que estava jogada.

Agora ela estava prestes a chorar.

–Percy, você não é o problema. O problema são os meus pais. Eu tive um namorado á dois anos atrás. O nome dele era Ethan Nakamura. Nós nos adorávamos, e meus pais não tinham problema com isso. Só que depois de um “Spring Break”, ele voltou muito mal educado,e seu hálito cheirava a álcool. Ele estava sendo muito rude comigo, então eu terminei com ele, aqui mesmo nesse quarto. Então, ele tirou uma arma do bolso, e me deu um tiro no calcanhar. – ela tirou o sapato e mostrou a cicatriz que tinha ficado.

–Depois, ele foi preso, e eu fiquei longas 5 semanas no hospital. Depois disso, eu prometi aos meus pais que eu nunca mais teria um namorado até completar 20 anos. Mas quando você chegou, tudo ficou diferente. Eu não consegui hesitar. É como se eu te conhecesse á anos. – ela diz baixando a cabeça.

–Annie, eu entendo. Mas já que você está muito sensível, é melhor eu ir embora. Eu não quero te causar problemas. E eu tenho uma missão, eu vou espancar Ethan’s Nakamura por aí. – digo sério. Eu não to brincando, eu vou fazer isso mesmo. Quer dizer, não hoje, mas eu juro que se um dia alguém estender a mão pra mim e dizer: Oi,eu sou Ethan Nakamura, EU MATO.

–Eu não quero que você vá embora. Agora que eu esclareci tudo pra você eu me sinto como se tivesse tirado um peso dos meus ombros. Eu vou falar a verdade para os meus pais, e se eles não aceitarem, eu vou tomar medidas drásticas. Algum dia eles vão ter que entender isso. – ela diz decidida.

–Certo. Vem, eu vou falar com a tia Dite. –ela diz pegando no meu pulso, e me levando para outro quarto.

Quando entramos, eu vi a mãe da Annabeth. Eu saí correndo pelo corredor que nem uma criança.

–O que você está fazendo? –Annie perguntou.

–Sua mãe. – eu sussurrei.

Ela caiu na gargalhada.

–Percy, essa não é a minha mãe, essa é a minha Tia Dite! – ela diz.

–Ahn! Agora tudo faz sentido!- me senti um idiota falando aquilo, mas tudo bem, eu estava acostumado a minha lerdeza.

–Tia, eu quero apresentar o Percy a minha mãe, e eu quero que você me de cobertura. – ela diz a Tia Dite.

Ela fez uma cara desconfortável.

–Você tem certeza disso, querida? Se você fazer isso é mesma coisa que dizer “Eu não tenho amor ao meu namorado”. – ela diz, e eu fiquei ofendido.

–Tenho Tia. Se eles não aprenderem hoje, eles não vão aprender nunca. –diz a loira.

–Você tem razão querida. Então eles vão jantar conosco. – ela dá mais um sorriso. Cara, isso já tava cansando.

Eu to quase mijando nas calças aqui. Pelo o que a Annabeth disse, os pais dela são osso.

Voltamos para o quarto, e ficamos conversando sobre a vida alheia, até a Afrodite gritar que o jantar estava pronto.

Nós trocamos olhares.

–Você tá com medo? -diz a minha namorada.

–Não, magina. Relaxa, eu já enfrentei coisas piores.

Mentira. Eu to morrendo de medo, mas eu não quero mostrar que eu sou um covarde. Por que eu não sou, mas depois de tudo que ela falou sobre a mãe...

Annabeth abriu a porta, e me conduziu até a mesa de jantar.
Aquila mesa só podia ser descrita em uma palavra: T-E-N-S-A.

A mesa tinha exatamente 8 lugares. Afrodite, um cara estranho de olhos vermelhos que eu não sei quem é, e os pais de Annabeth, que eu reconheci pela fotografia que ela tinha me mostrado no quarto, enquanto estávamos conversando. No outro lado da mesa, tinha dois jovens que eu reconheci na hora. Piper e Jason.

Eu os reconheceria em qualquer lugar. Eram os meus amigos na Califórnia.

–Percy!- eles gritam em coro, se levantando das cadeiras, para me cumprimentar.

Jason me dá um abraço masculino, enquanto Piper me deu um beijinho na bochecha.

–A escola tá um tédio sem você. - diz a minha moreninha favorita.

–Digo o mesmo. A Calypso tá dando a loca lá na Califórnia. Ela falou para a classe inteira que não é nada sem você, e agora ela tá inventando que vai aprisionar todas as mulheres do mundo numa ilha chamada Ogígia, pra você ficar com ela de novo. Então chamaram o psicólogo da escola. Ela não voltou mais. - diz Jason entre algumas risadinhas.

–Você acha que eu vou voltar com aquela maluca? -digo entre risos.

A Annabeth estava nos olhando com uma cara de "fui excluída do abraço coletivo" e finalmente perguntou:

–Anh... Quem é Calypso? - diz a sabidinha num tom um tanto ciumento.

–E por que você se importa tanto com a ex-namorada do amigo do namorado da sua prima? - diz a minha mãe que estava revirando as ervilhas de seu prato.

Cara, eu tenho medo dessa mulher. Todos nós sentamos na mesa, e começou um silêncio. Eu estava muito nervoso. Até que Annabteh o quebra.

–Mãe, tem uma coisa que eu tenho que te contar. - ela diz num tom um tanto sincero.

Atena arqueou uma sobrancelha, cruzando os braços, esperando uma resposta.

–Esse- Annabeth apontou pra mim. Ou seja, a atenção de toda a mesa se voltou para mim. - é o meu namorado. - ela diz a última palavra um pouco nervosa, mas ela tentava deixar suas palavras firmes perto da mãe.

Pronto. Agora essa maluca vai me matar, e vai enterrar o meu corpo no quintal, até aquilo virar um adubo, e ela poder plantar mais videiras em cima de mim.

Mas a atitude dela digamos que foi um pouco... hmm... diferente.

Ela se levantou da mesa sem dizer nada, e foi para perto do telefone.

–Qual é o nome do seu pai? - ela olhou para mim e virou a cabeça como uma coruja.

Não é da sua conta!!!

–Poseidon. - digo de cabeça baixa.

Parecia que Afrodite iria falar alguma coisa, mas Atena a interrompeu.

–Poseidon, o que? - ela pareceu interessada, até desligou o telefone.

–Poseidon Jackson. - Eu digo decepcionado, e Annie me olhou como se isso fosse óbvio.

Atena deu um sorriso enorme. Tipo Afrodite, só que o sorriso dela era mais brilhante, por que ela nunca sorria.

–Eu conheço o seu pai. - ela diz enquanto se aproximava do meu rosto. Eu pensei que ela iria me atacar, mas muito pelo contrário. Ela colocou as mãos no meu resto, e começou a fazer carinho nas minhas bochechas.

Nossa, eu to achando que a Atena é só um pouquinho bipolar.

O seu rosto chegou bem perto do meu, e por um segundo eu pensei que nós iríamos nos beijar, mas ela parou de se aproximar e disse:

–Você tem os olhos iguais aos dele. Eu já sei o que a Annabeth viu em você. - ela se afastou e disse:

–Você sempre será bem vindo nessa casa. - ela disse num sorriso.

Todos aplaudiram como se aquilo fosse um "Reality Show"

–É. Está tudo ótimo, mas essa casa também é minha, e eu não gostei de você. A porta é ali. - diz o pai da Annabeth, apontando com o dedo indicador para a porta.

Atena nem olhou para trás, e disse:

–Frederick, fica quieto!

–Sim senhora. - diz o Sr. Chase.

Eu me segurei muito pra não rir daquela cena.

Nós nos sentamos todos na mesa, e a minha "sogrinha" começou com o questionário. O que foi estranho por que as perguntas tinham que ser sobre mim, e não sobre o meu pai.

A Annabeth tava me namorando, e não ao meu pai. O que o meu pai tem a ver com isso? N-A-D-A.

E antes que vocês perguntem, não. Eu não to com ciúmes.

Depois que acabou o jantar, subimos para os quartos, o que foi um pouco estranho, por que todo mundo dormiu no quarto da Annie.

Eu dormi com ela na cama, e a Piper e o Jason dormiram num colchão inflável no chão.
Envolvi Annabeth nos meus braços, como se fosse um urso de pelúcia e depois dormi.

Quando acordei, eram 9:00 da manhã, e no quarto só tava eu e o Jason, abraçados em travesseiros como criancinhas de 6 anos.

–Jason! Jason! - eu tentei acordar ele, até ele murmurar:

–Só mais 10 minutos, amor.

Ok. Isso foi totalmente constrangedor. O Jason me chamou de "amor".

Ele se virou e os seus olhos ainda estavam semi-serrados.

–Percy! - ele se levantou rapidamente. - Mal aí cara.

–Eu não acredito que as meninas deixaram a gente aqui a noite inteira abraçados em travesseiros! Que filhas da mãe... - diz Jason, olhando pro colchão onde ele dormiu.

–Eu quero me vingar. - disse num sorriso malicioso.

Jason assentiu.

–Elas dormem muito, ainda devem estar dormindo.- diz o loiro.

–Mas onde elas estão?

–Eu ouvi a noite a voz da Piper dizendo "quarto dos fundos".

–Ta bom, vamos procurar. - digo.

Saímos do quarto e vamos ao corredor. Procuramos entre as portas onde elas poderiam estar.

–Ei, eu acho que é aqui. - sussurrei começando a virar a maçaneta de um quarto.

–NÃO! - Jason sussurrou um pouco mais alto. - Você tá louco? Esse é o quarto da mãe da Annabeth!

A minha mão gelou. Devagar, tirei a mão da maçaneta e engoli em seco. Quase. Te amo Jason. Sério. Não nesse sentido mas... Sabe quando... Ah, esquece, vocês entenderam. Segui meu amigo, que estava na outra direção.

Depois de abrir várias portas de quartos vazios, dispensas e banheiros, abrimos a última porta do corredor, e encontramos as duas dormindo juntas numa cama de casal, em sono profundo. E antes que vocês perguntem, elas não estavam abraçadas. Ainda bem, por que isso seria estranho. Fechamos a porta do quarto, e começamos a observar a respiração das meninas.

O meu sorriso e o de Jason, estava dando medo. Nós podíamos fazer o que a gente quisesse.

–Já sei. - digo falando o meu plano pro Jason.

Ele achou o plano muito bom, e então o botamos em ação.

Pegamos as meninas no colo, que nem nos casamentos, e as levamos para o banheiro.

Ligamos o chuveiro em água gelada, e por sorte, elas tinham sono pesado, e não ouviram o barulho do chuveiro.

Abrimos os box do chuveiro, que era grande, e jogamos as duas lá, como se fossem um cardume de peixes.

A cena foi inesquecível, elas deram um grito, e depois caíram no chão, e as pernas delas se entortaram uma nas outras.

Eu e o Jason, nesse momento já estávamos rolando de rir, daquela cena deplorável. Elas pareciam dois gatos molhados, e com um olhar mortífero depois de terem desligado o chuveiro.

Ponto pro Percy! Elas estavam dormindo sem sutiã, então aquilo pra gente era um concurso de camiseta molhada particular. Te amo cérebro. Apesar de você ser lerdo.

Quando elas se levantaram, o olhar mortífero ficou bem pior, e a impressão que elas davam, era que elas iriam nos bater com um taco de baseball.

Até que uma coisa inesperada abre a porta do banheiro, e essa "coisa" é mãe de Annabeth, que fez uma cara de nojo.

Depois que elas perceberam o que estava acontecendo, cobriram os seios envergonhadas. Obrigada Atena, por nada.

O que é que tá acontecendo aqui!!!???- ela diz nervosa.