Saga Entre Anjos e Demônios escrita por Aless Stemb


Capítulo 3
capitulo II - Temporal.




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/440817/chapter/3

capitulo II - Temporal.

Sua primeira aula fora péssima, o professor Green á fez ficar de pé diante toda a classe e se apresentar, foi horrível, ela gaguejou, ficou vermelha, disse seu nome e quando voltou para seu lugar tropeçou e teve que se apoiar em uma mesa para não cair.

Houve um coro de risinhos baixos em toda a sala, Alessa trincou os dentes e sentou-se ao lado de Zoey, tentando ao máximo se concentrar no livro sobre sua mesa, mas vez após outra ela sentia suas bochechas arderem com os olhares surtidos durante toda á aula.

As outras não foram melhores, houve calculo com o senhor Watson, historia européia com o senhor Mitchell e assim, a manha de Alessa fora terrivelmente entediante, ao menos não teve que se apresentar a ninguém, mesmo assim ainda havia olhares sobre ela.

Alguns de interesse, outros maldosos e vários curiosos, mas o que mais a irritou foram os olhares acompanhados de cochichos.

Bateu a porta do armário do vestiário com uma força desnecessária quando duas garotas passaram sorrindo por ela, não um sorriso qualquer e sim de deboche. Enrolou-se no roupão e saiu para o ginásio coberto, a construção mais recente dali.

Havia arquibancadas que rodeavam o enorme local, também uma quadra de vôlei onde alguns garotos jogavam e no outro canto havia a piscina, a água azul com suas leves ondulações chamaram a atenção da garota , exercendo uma atrativo sobre ela.

E Alessa sorriu, sentindo-se pela primeira vez em casa. Apanhou a liga de cabelo, enquanto caminhava até um banco ao lado da piscina, prendeu os fios negros em um coque alto, vestiu a touca preta, cobrindo os cabelos. Abandonou o roupão e os chinelos de borracha sobre o banco e apanhou os óculos de mergulho.

–Hei Alessa!

Ela se virou vendo um belo garoto sorrindo e acenando para ela, seu rosto lhe era familiar embora ela não se lembrasse dele. O garoto acenou chamando-a para perto das grades de divisão, que separava a piscina da quadra de vôlei e ela se aproximou hesitante.

–Belo maiô! –Disse-lhe abrindo um meio sorriso enquanto a olhava de cima a baixo.

Envergonhada Alessa cruzou os braços tentando, inutilmente, se tampar e arrependeu-se nesse momento de ter retirado o roupão. Foi então que ela se lembrou, o nome do garoto era Trevor Dickson, o prestativo que lhe ajudara a encontrar os armários.

–Então, fiquei sabendo que você se desentendeu com Dominic Weiss essa manha?

Ele olhou em volta, como se tivesse feito um simples comentário. Alessa semicerrou os olhos e cravou as unhas cumpridas em torno de sua cintura, com raiva.

–Acho que as pessoas aqui falam demais! –Rebateu, arqueando uma sobrancelha irritada.

–De qualquer forma... –Ele lhe abriu um sorriso amarelo. –Não se importe, Dominic é um idiota mesmo!

Trevor cerrou os punhos como se uma lembrança desagradável passasse em sua mente, Alessa desejou saber o que Dominic Weiss havia feito com Trevor Dickson para deixá-lo daquela maneira, mas antes que pudesse concluir seu raciocínio um apito estridente a fez voltar à realidade.

–Senhorita Stembell, gostaria de nos dar a honra de sua presença? –Gritou o treinador em um tom sarcástico.

E todos pelo o ginásio se voltaram para olhá-la. Alessa deu de costas para Trevor, indo em direção ao restante das garotas que se alongavam.

–Te encontro no almoço! –Gritou Trevor, enquanto Alessa se posicionava em frente a sua raia.

–Preparem-se garotas, talvez eu faça um teste físico com vocês, contando como parte da nota. Preparem-se...

Alessa abaixou os óculos e se preparou os olhos fixos na água, os dedos na borda, e um pé na frente do outro, com os joelhos levemente arqueados.

–Olha só, a novata pensa que pode ganhar...

Alessa olhou para seu lado direito, vendo uma garota exuberante com um sorriso sínico nos lábios.

–Por quê? Está com medo? –Provocou.

O sorriso da garota exuberante se findou e suas bochechas coraram de raiva e ódio, Alessa sorriu satisfeita, enquanto seus olhos se concentravam novamente na água, iria vencer, esse era seu objetivo.

O apito soou ardendo em seus ouvidos, ela ouviu o baque dos corpos na água e os observou por alguns segundos, seus joelhos se curvaram um pouco mais e ela respirou fundo antes de se atirar, rapidamente a água veio aquecendo seu corpo, ela nadava, seus braços e pernas movendo com agilidade.

Era uma sensação gostosa, relembrar o quão aquilo a relaxava e não demorou muito para ela alcançar a garota exuberante que por enquanto assumia a liderança da competição e ambas continuaram lado a lado até alcançarem a outra extremidade da piscina.

Ela podia ver o esforço que a garota fazia para não ficar para trás, mas a derrota fora inevitável e quando as mãos de Alessa triscaram na borda o apito soou, a garota retirou os óculos de mergulho e ouviu os aplausos e assobios.

Todo o time de vôlei estava nas arquibancadas, viram e agora contemplava a vitória da garota, ela sorriu lançando um olhar para a segunda colocada, era a garota bonita de antes, que bufava de raiva.

–Hei campeã!

Ela se virou e Trevor estava parado na borda com a mão estendida em sua direção, os olhos de Alessa vagaram do rosto moreno e bonito para as mãos fortes, ela a aceitou.

Trevor a puxou para fora da piscina lhe entregando, em seguida, seu roupão, Alessa assentiu agradecida, se embrulhando e retirando a touca, para que seus cabelos negros caíssem sobre suas costas, fazendo contraste com o tecido branco.

–Parabéns senhorita Stembell, chegou a superar nossa recordista!

O professor não continha seu entusiasmo e assim que ele deu as costas, a garota loira e alta com um belo rosto, bufou vermelha.

–Sorte de principiante! –Ela praticamente cuspiu as palavras sobre Alessa e se virou, com o nariz empinado, sendo seguida por mais duas garotas e saiu rumo ao vestiário.

–Não ligue, é só inveja, Annabelle Thompson pensa que manda aqui... –Murmurou Trevor, vendo a garota desaparecer pela porta. –E ai está com fome?

Alessa o fitou por um momento, o garoto lhe parecia legal, não havia nada demais em lhe retribuir a gentileza, além do mais, ela estava mesmo faminta e não tinha nenhum amigo para acompanhá-la no almoço, já não seria confortável ter um refeitório inteiro observando-a, não estava disposta a passar por isso sozinha.

–Te encontro na saída dos vestiários?

O sorriso de Trevor se alargou e ele assentiu, Alessa apanhou suas coisas e voltou para o vestiário, adentrou diretamente para o banho, ignorando o grupo de garotas que a fitavam com raiva.

Tomou um banho rápido, se livrando de todo o cloro e lavando seus cabelos, e quando saiu da ducha quente agradeceu por aquelas garotas não estarem mais ali. Trocou-se e saiu, Trevor já esperava por ela encostado a uma das paredes, talvez seu banho não tenha sido tão rápido assim.

Eles caminharam em silencio, um ao lado do outro por grande parte do caminho e assim que saíram, Alessa pode sentir o calor de um raio de Sol banhar-lhe a face. Ela teve que piscar algumas vezes para se acostumar com a claridade.

Fechou sua mão em formato de concha e a pôs na testa, lançando sombra sobre seus olhos e foi então que ela o viu pela segunda vez, ele estava de costas apoiado casualmente em uma pilastra perto a entrada.

Mesmo assim Alessa conseguiu ver-lhe o rosto, não que ela o visse de fato, mas se lembrava, afinal, um rosto como aquele não se esquece jamais, aqueles belos traços estavam em sua memória, foi como se Dominic estivesse novamente na sua frente a encarando a milímetros de distancia, com seus olhos verdes hipnotizantes.

–Então, está gostando da escola?

Alessa se sobressaltou ao ouvir a voz de Trevor, era quase parecido com sair de um transe, piscou algumas vezes desviando seus olhos da figura solitária de Dominic, mas não por muito tempo e quando ela voltou a falar seus olhos estavam novamente no garoto de jaqueta.

–Aqui é bem legal, acho que posso me acostumar. –Mentiu.

Agora estavam bem mais próximos do prédio principal e conseqüentemente de Dominic também. E quando Trevor e Alessa passavam logo atrás dele, a garota pode ver seus olhos verdes, quando ele a encarou por sobre seus ombros, seu lindo rosto e seus olhos chamuscavam para Alessa, com uma espécie de revolta.

Ela encarou seus próprios pés, sentindo o rubor atingir-lhe a face e andou tão depressa, só parou quando uma mão tocou-lhe o ombro, ela se deu conta de que estavam dentro do prédio, longe da vista daqueles olhos verdes raivosos.

–Você está bem?

Trevor a encarava preocupado, Alessa olhou em sua volta procurando por uma desculpa qualquer, o que ela diria afinal? Que estava fugindo de um garoto que ela mal conhece, só porque ela pensa que ele a odeia?

O que tinha nisso? Todos ali pareciam odiá-la, mas a atitude de Dominic era diferente, talvez mais forte, ou ela que estivesse de fato ficando maluca naquele lugar.

–Nada, só acho que estamos perdendo muito tempo, e provavelmente Zoey está no refeitório, procurando-me feito um radar. –Trevor sorriu concordando.

–Ela é meio... empolgada demais...

Ele gesticulou, erguendo as mãos teatralmente. E ambos continuaram a andar. Vez por outra Alessa olhava furtivamente sobre seus ombros a procura de um par de olhos verdes e intrigantes, mas não havia nenhum sinal de sua presença.

Eles adentraram no refeitório, que assim como o ginásio, parecia ser um local recém construído ou recém reformado, para ela tanto faz. Não precisaram procurar para ver uma garota esguia, olhos castanhos esverdeados e cabelos curtos em tom mel acenar feito louca na sua direção.

–Eu não disse que ela é um tanto empolgada?! –Cochichou Trevor ao ver Zoey se aproximar e Alessa não conseguiu conter o riso.

–Qual o motivo da piada? –Perguntou ela assumindo posição ao lado esquerdo de Alessa enquanto os três caminhavam para a fila. –È impressão minha ou estavam falando de mim?

Ela semicerrou os olhos encarando Trevor e cruzou os braços juntos ao seu corpo, o garoto só se preocupou em revirar os olhos teatralmente deixando escapulir um modesto sorriso.

–Temos coisas mais importantes para falar além de você Zoey! –Ela bufou desviando seus olhos e Trevor sorriu novamente. –Soube que Alessa ganhou da Annabelle na natação hoje?

–Mesmo?! –Os olhos castanhos esverdeados de Zoey se abriram na mesma velocidade que seu sorriso e Alessa pigarreou constrangida.

–Não foi nada! –Murmurou ela apanhando a bandeja.

–Como assim não foi nada? Todos sabem o quão a idiota da Annabelle se gaba de ser invicta na natação! Eu não acredito! –Murmurou Zoey consigo mesma.

Alessa deu um passo à frente despejando em seu prato o que queria comer. Estava ao máximo concentrada em sua tarefa, mas instintivamente ela sentiu um arrepio percorrer todo seu corpo e ela observou em sua volta, a figura de Dominic adentrava no refeitório.

Ele estava de cabeça baixa e as mãos enfiadas no bolso de seu jeans surrado. Parecia tão absorto e perdido em seus próprios pensamentos, até parecia um garoto comum, discreto e tímido, mas não havia nada disso em suas maneiras e Alessa percebeu isso.

Não se portava como qualquer garoto, ele tinha uma maneira própria de se movimentar, desde a agilidade de seus pés, que mal pareciam tocar o chão, até a maneira como seus ombros de moviam, girando lenta e graciosamente no sentido oposto de suas pernas.

Era uma maneira de agir confiante, como se não temesse nada e Alessa pode notar até mesmo uma pitada de orgulho nele. Era como observar um grande felino se locomover, gracioso e perigoso, essas foram as palavras mais adequadas que ela conseguiu imaginar para descrevê-lo.

–Alessa!

As vozes de Zoey e Trevor fizeram com que ela retornasse para a realidade, percebeu então que tinha os lábios entre abertos e os olhos fixos em Dominic, que assumia um lugar na fila.

–Não vem? -Zoey a chamou mais uma vez.

Eles estavam parados a alguns passos de distancia de Alessa a encarando. Quanto tempo ela tinha perdido observando Dominic? Balançou a cabeça como se jogasse os pensamentos para longe, pagou por seu almoço e seguiu Trevor e Zoey até uma mesa vazia em um canto.

Dessa vez Alessa se negou olhar para trás, negou-se a ver novamente aquele garoto que havia lhe tratado tão mal nessa manha, o que havia com ele? Lembrou-se de Zoey dizer que aquele não era o comportamento normal de Dominic.

Tudo bem, todos nós temos nossos dias ruins e talvez fosse isso que havia acontecido com ele, não que ele a odiasse, como ela imaginou durante toda sua aula de Biologia, talvez ele estivesse tendo um dia ruim e talvez ela apenas fosse o pivô para um surto de stress.

Alessa o compreendia de certa forma, estudar na Saint Edgar´s School, não deveria ser fácil para ninguém, ela mesma estava a ponto de enlouquecer ali, e tinha apenas uma noite e meio dia naquele lugar, imagina ele que estava ali há sabe-se lá quanto tempo?

–Não vai comê-lo com os olhos! –Murmurou Zoey e Alessa percebeu que estava novamente e involuntariamente olhando na direção do solitário Dominic Weiss.

Ela arqueou uma sobrancelha encarando Zoey e então abaixou os olhos, concentrando-se em sua comida, projetando ao máximo sua mente para não pensar nas possibilidades de atitudes estranhas do garoto.

–Parece que temos mais uma fã do Weiss!

Trevor olhou sobre os ombros vendo o garoto solitário com sua comida intacta e tornou seus olhos castanhos para Alessa. E a garota pode perceber o rancor e a inveja atingir-lhe a face.

–Eu não estou interessada nele! –E de fato ela não estava, ao menos em certa parte não, ou por enquanto não. –Eu só quero saber o porquê de ele ter sido tão ignorante essa manha.

–Isso é fácil, ele é mesquinho e idiota, além do mais pensa que é o maioral, o intocável!

Trevor pareceu cuspir as palavras, a raiva estava novamente presente em seus olhos e subjacente em suas palavras. Alessa o sondava, querendo saber o que havia por de trás das palavras ríspidas.

–Não liga não! –Murmurou Zoey abrindo um leve sorriso. –Isso tudo é inveja...

Trevor tornou a encarar Zoey e a raiva brotou de seus olhos, mesmo Alessa entendendo o quão seria perigoso insistir naquele assunto, mas não pode resistir de fazer a pergunta.

–Inveja do que?

–Dizem que Dominic roubou a garota dele... –Um sorriso maldoso brincou nos lábios dela enquanto dirigia uma piscadela para um Trevor zangado.

–Isso é uma mentira! –Sibilou ele entre os dentes trincados.

–Quem é a garota?

Continuou Alessa, não muito interessada em irritar Trevor, assim como Zoey, estava mesmo querendo saber quem era a garota que um dia fora capaz de receber atenção e carinho de um garoto como Dominic.

–O nome dela é Helena Sparks, ela era a melhor amigas de Annabelle, era ela quem assumia a posição de rainha da Saint Edgar´s School, mas agora não passa de uma medíocre ignorada por todos!

–Ela não é minha garota e nunca foi!

Murmurou Trevor com os olhos faiscando para Zoey enquanto ela lhe mostrava a língua como uma garotinha de cinco anos. Mas Alessa não se importou com isso, seus olhos voltaram para a figura de Dominic.

–Se isso for verdade, ela é uma azarada! -Resmungou Alessa olhando com desdém para Dominic. E não pode deixar de notar o sorriso de satisfação brotar nos lábios de Trevor.

–È claro que é verdade... Mas eu não há culpo, ele é mesmo um gato.

Alessa encarou Zoey espantada e quando acompanhou o olhar da garota ela encontrou Dominic com o rosto virado para a janela de vidro, suas bochechas estavam levemente altas e um sorriso brincava em seus lábios, era o sorriso mais belo que Alessa já havia visto em toda sua vida.

–Isso é nojento Zoey!

Trevor atirou um pãozinho nela sorrindo. E Alessa sorriu observando-os, talvez o Saint Edgar´s School não tivesse apenas pessoas mesquinhas como ela imaginava.

–Ah, olhe, aquela é Helena Sparks.

Zoey gesticulou com os olhos para uma direção e Alessa e Trevor olharam, uma garota morena de cabelos negros e olhos amendoados adentrava no refeitório de cabeça baixa, ela era linda, ainda mais bonita que Annabelle.

Então Alessa viu algo, Dominic havia se levantado e agora depositava sua comida intacta na lata de lixo e a bandeja no balcão, e quando ele caminhou para a porta, Helena estancou em meio o caminho, observando-o com os olhos arregalados.

Dominic também pareceu se assustar ao ver a garota, mas logo recuperou sua pose de autoconfiante e passou por ela, como se a garota não estivesse ali, desaparecendo pela porta, então Helena cerrou os olhos, suspirou e retomou seu caminho.

Com certeza aquilo fora a coisa mais estranha que Alessa havia visto. Considerando que Dominic havia terminado o namoro, Helena devia se portar de maneira zangada e faria de tudo para chamar-lhe a atenção, se fosse o contrario, ela deveria ignorá-lo por completo.

Mas nenhuma das duas alternativas se tratava do que Alessa vira ali, até mesmo levando em conta que Helena já tivera uma posição social elevada naquele lugar. Quando os dois se encontraram parecia muito mais haver receio da parte de Dominic e medo da parte de Helena, como se ambos dividissem um terrível segredo.

–Eu nunca gostei dela... –Alessa tornou sua atenção para seus dois novos amigos, e ambos ainda continuavam a discussão.

–Me poupe Trevor, assim como a maioria das garotas aqui são interessadas no Dominic, você era interessado na Helena, isso estava escrito na sua testa, ficando comprovado quando vocês se atracaram na educação física.

–Espere ai, você e Dominic brigaram? –Perguntou Alessa, entendendo a raiva de Trevor.

–Na verdade Dominic bateu e Trevor apanhou...

–Cala a boca Zoey! –Trevor olhou para o lado, evidentemente envergonhado, então o que Zoey havia dito era verdade. –Ele me pegou de guarda baixa e nós não brigamos por conta da Helena.

–Então foi por quê? Por conta da sua péssima mira no basquete?

Trevor se levantou abruptamente apanhando sua bandeja.

–È por isso que você não tem amigos Zoey! Vejo você depois Alessa.

Então ele se virou saindo do refeitório, abandonando sua bandeja no balcão. Alessa se virou para Zoey a encarando, a reprovação estampada em seus olhos.

–O que foi? –Perguntou ela. –Ah ele é um idiota que fica irritado por qualquer coisa, por isso levou uns tapas do Dominic no jogo de rúgbi.

–Ele ficou chateado Zoey, acho que não devia ter falado isso.

–Relaxa, ele logo volta ao normal, além do mais ele só ficou zangadinho porque quer aparecer para você!

Alessa revirou os olhos vermelha, e então observou a bela garota sentada, sozinha, em uma mesa afastada, Helena Sparks, parecia tão perdida em seus pensamentos e tão misteriosa.

...

Alessa apanhou seus próximos livros e consultou seu horário, inglês no bloco dois com a senhora Pestle. Consultou o mapa enquanto caminhava rumo ao corredor três, pelas longas janelas de vidro ela podia ver que lá fora um amontoado de nuvens havia coberto grande parte do céu, nuvens cinza e carregadas, um vento gélido arrastava folhas secas por todo o lugar.

E estranhamente Alessa se lembrou do sonho que tivera naquela noite, de como o rosto bonito de Ashley se transformou em algo estranho e sombrio, sentiu um arrepio ao se lembras dos orbes negros e do grito sobrenatural. Havia sido tão real e ainda havia aquela força que se fora, ela havia visto e ouvido o baque na janela quando aquilo desapareceu.

Era estranho imaginar, ela sempre achara que outros eram capazes de sentir aquilo que ela sentia desde pequena, aquela presença poderosa, no principio, quando ela contou a sua mãe, acharam que era coisa de criança, mas enquanto Alessa crescia e continuava a insistir era a vez do diagnostico dos psicólogos.

Então vieram os remédios que a deixavam dopada e meio aérea, depois ela entendeu que não devia contar a ninguém sobre a estranha presença, que aquilo era algo somente dela. Alessa passou a fingir, fingia que era normal, que aquilo não a perseguia, fingia tomar os remédios. E todos acharam que ela havia se curado.

Balançou a cabeça decidindo não pensar mais naquilo, havia encontrado o corredor três e se dirigia a sua sala indicada, adentrou de cabeça baixa, como era comum desde a manha, evitava a qualquer custo os olhares e cochichos, tentava não se importar com aquilo.

Só queria que o dia se findasse logo, estacou em meio a sala olhando para as longas janelas de vidro, o céu estava em tom rosado, as nuvens cinza banhavam-se em dourado anunciando que o fim de tarde estava prestes a chegar.

–Olá Alessa... –Murmurou uma voz atrás dela, e quando se virou deparou com uma mulher baixa de óculos de grau e um sorriso gentil nos lábios. –Eu sou a Senhora Pestle, é um prazer tê-la em minha turma.

Alessa assentiu e a mulher sinalizou para que a garota a seguisse até uma mesa de madeira no canto.

–Este é o livro que estamos analisando. –A senhora Pestle lhe deu um exemplar de Orgulho e Preconceito. –Espero que não fique prejudicada, estamos bastante avançados na leitura. Já o leu alguma vez?

Alessa negou, nunca gostara de livros, ficar horas sentada vendo aquelas frases não lhe parecia nada agradável.

–Tudo bem... –A mulher apanhou uma prancheta olhando a lista de nomes. –Então quero que seja parceira de Dominic Weiss!

Alessa prendeu a respiração sentindo um choque percorrer todo o seu corpo, seus olhos seguiram a direção que a senhora Pestle indicava, Dominic estava sentado em uma cadeira, havia um lugar vago ao seu lado.

–Pode ir... –Murmurou a mulher dando um leve empurrão nos ombros de Alessa.

Suas pernas pareciam incapazes de se moverem, mesmo assim ela se obrigou a caminhar, fez isso lentamente até a cadeira vaga, apoiou suas coisas na mesa e se sentou olhando para suas mãos que tremiam nervosas.

Por um segundo ela pode ver a expressão de espanto de Dominic, ela havia lhe retirado a atenção, antes ele parecia despreocupado olhando pela janela, mas agora parecia irritado e nervoso, olhando-a com intensidade.

Alessa se encolheu na cadeira enquanto seu estômago se revirava, jurava que poderia ser capaz de vomitar ali mesmo de tanto que estava nervosa. Viu quando Dominic descruzou os braços e agarrou fortemente o assento de sua própria cadeira ele a puxou levemente para o canto, grudando-se na parede de pedras.

A raiva tomou conta de Alessa, era raiva dele, por ele se comportar daquela maneira sem ao menos conhecê-la, raiva de si mesma por estar envergonhada perto dele. Ela nunca, jamais temia algo, jamais se sentia assim perto de um garoto.

–Qual o seu problema? –Disse ela olhando-o, pegando-o de surpresa. Decidida a enfrentá-lo e acabar com aquilo de uma vez por todas.

–Desculpe, mas não sei do que você está falando. –Murmurou ele, olhando novamente para a janela, decido a ignorá-la.

–Sabe sim! Eu cheguei nesse lugar não tem nem dois dias e a primeira vez que você me viu já tratou de ser rude...

–Você trombou em mim... Queria o que? Que eu lhe desse as boas vindas? –Ele sussurrou, seus olhos verdes chamuscando na direção dela, alguns segundos se passaram em silencio enquanto Alessa tentava digerir aquelas palavras. –Ótimo, seja bem vinda!

–Grosso! –Murmurou ela, virando-se para ver o que a senhora Pestle rabiscava na lousa.

–Mimada! –Rebateu ela e Alessa se virou para encará-lo com espanto. Então um sorriso de escárnio brincou nos lábios dele. –Quantos anos você tem? Cinco?

Alessa semicerrou os olhos e trincou os dentes, então cruzou os braços e se virou novamente.

Um tempo se passou em silencio e depois ela o olhou pelo canto, vendo-o encostado na parede lateral, uma mão agarrada ao assento, seus dedos exercendo uma forte pressão no estofado enquanto o outro braço estava estendido sobre a mesa de madeira escura, e ele batia o lápis em um ritmo irritante.

Era como se uma parte dele estivesse sendo incomodado pela presença da menina, enquanto a outra parte fazia um grande esforço para camuflar a primeira. Alessa bufou novamente, então seus próprios dedos agarraram o seu acento e ela puxou sua cadeira para o lado oposto dele, se afastando.

A cabeça de Dominic tombou rumo a janela de vidro e uma gargalhada sarcástica eclodiu de sua garganta e ele revirou os olhos teatralmente.

–Senhor Weiss, quer compartilhar a piada conosco? –A senhora Pestle havia se virado para encará-lo.

–Minha parceira, senhora Pestle, ela tem um senso de humor incrível! –Murmurou ele, Alessa o encarou espantada enquanto ouvia o zumbido de cadeiras se virando para encará-los.

–Ótimo, é uma maravilha saber que estão se dando tão bem!

Ele a olhou também, e a mascara de orgulho estava novamente posta sobre seu lindo rosto. Ela bufou, cruzando os braços sobre seu peito e se virando para a professora, sentia os olhos de Dominic sobre sua face, mas estava decidida em ignorá-lo.

Abusado, irritante, grosso, estúpido e outras mais, foram algumas das milhares de palavras que Alessa conseguira imaginar para descrevê-lo. Passara toda sua aula de inglês, irritada consigo mesma por ter se quer olhado para ele.

Por ter se quer achado os lindos olhos verdes de Dominic encantadores e por ter se importado com o que ele pensava sobre ela. Isso é ridículo, pensou ela, ele é um inglês estúpido e eu estou me importando com o que ele pensa!

A aula parecia durar uma eternidade, Dominic permaneceu da mesma maneira, sentado, rígido embora sua afeição fosse relaxada, descontraída e zombeteira. Alessa continuou de braços cruzados odiando cada segundo daquela entediante aula.

Quando o sinal finalmente tocou, ambos se levantaram quase que ao mesmo tempo, Alessa jogou sua mochila nas costas e observou pelo canto dos olhos Dominic caminhar lentamente atrás dela.

Ele se movimentava tão devagar, parecia que queria manter-se o mais afastado possível dela. E conseguiu, porque aos poucos, outros alunos passaram estabelecendo certa distancia entre eles.

Alessa marchou pelos corredores, certa de que não olharia para trás, certa de que odiava Dominic, certa de que queria sair daquele lugar o mais depressa possível. Caminhou até os armários, abandonando seus livros e saiu apressada, passando diretamente por Trevor e Zoey sem ao menos olhá-los, nem mesmo quando estes a chamaram.

Subiu as escadas e dobrou o corredor para a ala direita onde ficavam os dormitórios femininos, demorou um pouco para encontrar sua própria porta, estava cega de tanta raiva e quando finalmente conseguiu adentrou, se trancando.

Jogou-se sobre sua cama, olhando o teto, a iluminaria, tentando esquecer tudo que havia acontecido naquele dia. Tinha que sair daquele lugar precisava dar um jeito. Sua cabeça até parecia uma panela de pressão prestes a estourar, era quase parecido com ficar de ressaca.

Levantou-se sem nenhum entusiasmo e adentrou no banho, demorou o máximo possível debaixo da ducha quente, a água estava fervendo, mas ela não se importou, deixou que esta caísse sobre seus ombros, relaxando-a, fazendo-a se esquecer da dor de cabeça, se esquecer da grosseria de Dominic.

Trocou-se, apanhando uma calça de algodão preta e uma camiseta vermelha. Atirou-se na cama, com o violão ao colo, a tempo não o tocava, também, fazia muito tempo desde que ela ficasse sozinha, fazia muito tempo desde que ela permitia se sentir assim.

Os dedos deslizaram sobre as cordas de aço e um som abafado ecoou pela madeira estremecendo o braço da menina e ela sorriu, era uma sensação boa, como voltar ao passado, a um passado distante onde ela fora feliz e livre de problemas, um passado tão distante que nunca chegou a ser realidade.

Alessa continuou ali, dedilhando notas diferentes, fazendo com que um som harmônico e ao mesmo tempo tristonho ecoasse por todo o pequeno cômodo. Não cantou, bastava a melancólica melodia, bastava apenas o som. E ela se lembrou de algo, de uma pessoa que adorava vê-la tocar, que adorava escutar suas loucas composições.

Pausou a musica e se virou, apanhando o aparelho celular no criado mudo e discando o número, já muito conhecido. E a voz rouca de Gavin permeou do outro lado.

–Onde você está? –Perguntou ela ouvindo um estranho barulho.

–Chegando em casa, fui a loja de CD´s que abriu, aquela na galeria Burghley!

–Seu traidor! Você havia prometido que iria lá comigo... –Murmurou ela fingindo estar zangada.

–Desculpe alteza, mas eu pensei que seria meio impossível já que a senhora se encontra trancafiada em sua corte... –Ele riu e Alessa revirou os olhos. –Desculpe de verdade Less, eu ia esperar por você, mas como eu fiquei sabendo que você não virá para casa esse fim de semana, eu decidi ir lhe fazer uma visita ai, conseqüentemente eu não poderia aparecer de mãos vazias, então comprei algo para você...

–Espere, como ficou sabendo que eu não vou para casa esse fim de semana?

–Sua mãe me disse. Eu passei por lá hoje depois da aula, eu queria saber como foi, exatamente, sua reação quando foi para a Saint Edgar´s School.

–E o que ela disse? –Alessa apanhou uma mecha de seu cabelo, abandonando o violão na beira de sua cama e deitando-se, enrolando a longa e negra mecha entre os dedos.

–Disse que você reagiu mal, como se era de esperar... Disse que você ficou zangada e que não iria para casa este fim de semana... E que foi decisão sua!

–Foi! –Alessa empinou o nariz. –Se eles pensam que eu vou ficar trancada nesse lugar estão enganados!

–E qual é o seu plano?

–Eu ainda não sei, mas eu vou sair daqui, nem que eu tenha que ser expulsa!

–Mas então, me conte como foi seu dia...

–Terrível! –A imagem de Dominic invadiu-lhe os pensamentos novamente. –As pessoas aqui acham que eu cometi um crime.

–Francamente Less, o que você esperava dos habitantes dessa medíocre cidade?

Alessa suspirou derrotada, Gavin estava certo, em uma cidade com apenas dezoito mil habitantes, qualquer boato se espalha rapidamente.

–Mas tecnicamente a Saint Edgar´s School está fora da cidade. –Rebateu ela.

–Ah sim, é claro dez quilômetros, é muita coisa! –Zombou Gavin. –Me conta como são as coisas por ai!

–Deixe-me ver, uma garota medita que me odeia por eu ter a vencido na natação, uma maluca como amiga e o capitão do time de rúgbi como admirador... Está bom ou quer mais? –Alessa torceu para que Gavin se desse por satisfeito, não diria mais nada, nada que envolvesse alguém chamado Dominic.

–Admirador?! Capitão do time de rúgbi?! E como ele é?

–È legal, muito prestativo...

–Aham, sei! –Murmurou Gavin contendo um sorriso. –Só isso que você reparou?

–Deixe-me em paz Gavin! –Brigou ela e logo em seguida ouviu gritos da mãe de Gavin, e pode distinguir que ela não queria o filho conversando com Alessa. –Eu tenho que desligar, vem mesmo me visitar?

–È claro! Não vou deixá-la sozinha com um capitão do time de Rúgbi!

–Tudo bem, é uma promessa hem, não pode furar!

Ela sorriu e ouviu a confirmação de Gavin do outro lado da linha e desligou em seguida, não queria acarretar a ele ainda mais problemas. Levantou-se, andando desinteressadamente pelo quarto, pensando o que poderia fazer.

Despreocupadamente seus olhos vagaram detendo-se ao ver a janela. O céu estava negro, um amontoado de nuvens cinzentas levava embora o restante da luz do dia, um vento sacudia o gigantesco carvalho, que estava localizado não muito longe da sua janela.

Demorou-se em observar o balanço do velho e amarelado carvalho, e então depois de muita observação pode ver uma sombra cinzenta logo atrás da gigantesca arvore, Alessa caminhou até a janela, apoiando-se no beiral, semicerrando os olhos para poder ver o que era.

Uma pequena construção estabelecia-se ali, esquecida pelos alunos e professores, carregada pelo tempo. Parecia-se muito com uma igreja, capela talvez fosse o nome mais apropriado. Sua estrutura estava desgastada pelo tempo e uma grande parte dali já estava em ruínas.

Um pedaço do teto não existia mais e a porta de entrada se esgueirava em um enorme buraco negro. Um arrepio percorreu todo seu corpo, parecia uma cena de filme de terror. Uma rajada cruzou o céu chamando-lhe a atenção para o alto.

A Inglaterra sempre fora imprevisível com suas chuvas, mas temporais no outono era uma novidade para Alessa, e era o que parecia que ocorreria em breve, um temporal daqueles.

Alessa odiava a chuva, desde os pingos finos e constantes até os torrenciais, gostava do frio, amava a neve, mas odiava a chuva. Poderia ser estranho, mas ela se sentia terrivelmente indefesa quando as águas despencavam dos céus.

Quando pequena, sua mãe dizia que os anjos estavam chorando, que do alto eles viam a morte de pessoas e isso os magoava profundamente, claro que Alessa jamais acreditara nisso, eram apenas historinhas para não deixá-la tão assustada, somente isso.

O dia de fato havia ido embora mais cedo, a chuva estava prestes a cair e para piorar toda a situação as luzes picavam varias vezes ameaçando desaparecerem de vez. Alessa se encolheu, dando as costas para a janela e olhando para a lâmpada sobre sua cabeça. Por favor, agora não! Pensou uma Alessa medrosa.

Mas foi inevitável, piscaram uma, duas e na terceira apagaram. Deixou um gemido escapar por entre seus lábios entre abertos, enquanto olhava em sua volta, uma fraca e cinzenta luz penetrava da janela, mas havia mais escuridão do que claridade em seu quarto.

Podia ouvir os murmúrios aumentarem gradativamente, vindos do corredor. Foi inevitável que a imagem de seu pesadelo invadisse sua mente, os orbes negros, a boca grande demais e o grito sobrenatural.

Estremeceu apertando os braços em torno de si, enquanto deixava seu corpo tombar no chão, abraçando os joelhos e escondendo a face em suas pernas e assim ficou por um momento longo demais.

Havia zunidos vindos do corredor, as pessoas conversavam não uma conversa comum e casual, era algo beirando a histeria e havia sempre uma voz que gritava sobre as outras pedindo calma e que todos se encaminhassem para o salão interno.

–Salão interno, eu preciso ir para lá! –Murmurou Alessa, sua voz tão baixa que parecia mais um sussurro.

Embora estivesse louca para sair dali, daquela escuridão, ela não conseguia fazer com que suas pernas a obedecessem. E ali permaneceu, de olhos cerrados e murmurando palavras de calma para si mesma.

A chuva despencou, rapidamente, chicoteando o telhado, debatendo na janela de vidro em cima de sua cabeça, era como se os pingos grossos e fortes estivessem atrás dela, como se quisessem alcançá-la.

Ouviu os passos tranqüilos dos alunos começarem a se tornarem rápidos, e ela pode perceber que alguns deles corriam, como um grande grupo que havia ficado para trás e agora buscavam alcançar o restante.

Houve um baque em algum lugar de seu quarto e o susto fora tanto que Alessa abriu os olhos e chocou suas costas contra a parede. Estava ainda mais escuro que antes e ela não conseguia enxergar muita coisa, a não ser um pequeno trajeto até um pouco antes de sua porta.

Um rajado cruzou o céu iluminando seu quarto e Alessa pode ver o rosto branco, com orbes negras, encarando-a. O grito se acumulou em sua garganta e ela estremeceu, seus olhos se embaçaram e um zumbido tomava conta de seus ouvidos.

E ela podia ouvir os passos se aproximarem dela, cerrou os olhos com força desejando estar tendo novamente um terrível pesadelo, mas então sentiu um par de mãos agarrarem-lhe os ombros e ergue-la.

–Alessa! –Ela abriu os olhos deparando-se com o belo rosto de Trevor. Ele a sacudiu levemente, olhando-a preocupado. -Você está bem? –Ela assentiu, tremendo. –O que está fazendo aqui? Não ouviu a monitora chamar todos para o salão interno?

–Não eu não...

–Esqueça, vem...

Trevor passou um de seus braços em torno da cintura de Alessa, sustentando-a como se ela fosse incapaz de andar sozinha, em outra ocasião com certeza Alessa estaria zangada, mas ela descobriu-se incapaz de dar um único passo se quer.

Andaram apressados pelos corredores já vazios e desceram a escada principal, depois mais um lance de degraus que Alessa não havia observado estarem ali e adentraram em uma porta larga onde estavam todos os alunos com suas luzes improvisadas.

–Santo Deus, onde estavam? –Gritou a monitora, uma mulher rechonchuda e pequena. E então todos se voltaram para verem Alessa e Trevor.

–Desculpe o atraso, Alessa ficou perdida e eu a ajudei! –Mentiu Trevor sorrindo para Alessa, enquanto afagava seu braço.

–Claro, claro! –A mulher se virou apanhando uma lista. –Vamos ver se estão todos aqui... Anny?

Assim ela começou a pronunciar nomes e à medida que ia passando ouviam-se as vozes respondendo, Trevor guiou Alessa até a um banco logo em seguida que ela respondeu a chamada, e ambos se sentaram.

–Por que temos que vir para cá quando chove? –Indagou ela, olhando para a espécie de calabouço onde se encontravam.

–A estrutura do Saint Edgar´s School é muito fraca, mesmo com as diversas reformas, então temem pela estrutura não agüentar... Sabe como é, dizem que uma reforma custaria muito caro!

–Dominic Weiss... Dom? Alguém sabe onde está Dominic? –Gritou a mulher, ganhando imediatamente a atenção de todos os outros alunos. –Mais essa, não é possível que esse garoto desapareceu novamente...

–Estou aqui Lauren... –Uma voz interveio, adentrando no recinto e assim que o viu Alessa sentiu seu coração disparar.

Os olhos de Alessa registraram tudo em câmera lenta, os lábios rosados de Dominic se curvaram em um sorriso arrasador, ele retirou a jaqueta de couro encharcada abandonando-a em qualquer lugar, depois levantou um de seus braços, espanando os fios negros e molhados jogando água por todo o lado no piso de linóleo.

A camisa negra estava grudada ao seu corpo demarcando cada centímetro dos músculos do garoto, tornando-o ainda mais belo, Dominic desceu os três pequenos degraus e instalou-se em um canto ao lado de Lauren, a monitora, ele parecia dar explicações a ela.

–Hei Alessa! –Zoey apareceu em seu campo de visão, fazendo com que tudo voltasse ao normal.

Zoey tomou um lugar entre Alessa e Trevor, obrigando o garoto a se afastar, depois abriu um gigantesco sorriso e quando se virou para discutir algo com Trevor, foi impossível que os olhos de Alessa não se virassem a procura de Dominic, mas ele não estava mais ali.

Ela o procurou, vasculhando com cuidado cada centímetro do gigantesco salão, buscando incessantemente por ele, mas não havia nenhum sinal de sua presença, além do mais o local estava lotado, seria possível que ele estivesse ali e ela não fosse capaz de vê-lo.

Droga, estou fazendo isso de novo! Pensou consigo mesma, obrigando a encarar os próprios pés, tentando ao máximo não pensar nele, afinal, ele era um ignorante mal educado.

–Que tal irmos para perto da lareira? Está frio aqui! –Murmurou Zoey encolhendo-se.

Alessa e Trevor assentiram e caminharam para perto da lareira, Alessa se acomodou o mais perto possível do fogo, sentando-se em algumas almofadas, vendo a chama bruxelar, como se aquilo a hipnotizasse.

–Dizem que aqui era onde encontraram o corpo de Valerie Edgars. –Iniciou Zoey olhando em sua volta. –Dizem que antes aqui era seu salão particular, parece que funcionava como uma biblioteca para Valerie...

–Como ela morreu? –Perguntou Alessa interessada.

–Valerie suicidou... Dizem que ela ateou fogo no próprio corpo!

–Isso é ridículo, todos sabem que ela não se mataria. Que mulher em sã consciência faria isso? –Protelou Zoey encarando Trevor.

–De qualquer forma ela morreu ainda jovem, bem jovem!

–Eu sei o motivo, Valerie era uma mulher devassa, nutria amantes para satisfazê-la visto que ela casou com um velho sacerdotal... Aposto que ele a matou quando descobriu que sua biblioteca particular na verdade era um centro imoral. –Trevor encarou Zoey com as sobrancelhas unidas e em seguida ambos caíram no riso.

–O que foi? –Perguntou Alessa.

–Zoey inventa historias demais! Garota de imaginação fértil... –Murmurou Trevor. –O fato é que durante o sepultamento Valerie teve seu rosto coberto. Ao menos é o que dizem nos livros da biblioteca.

–Tem livros sobre eles?

–Claro Alessa! Os Edgars foram uma família importante da região, claro que eles não fundaram tantos monumentos quanto os Brownes, mas tinham um nome importante.

–Pelo visto você é boa em historia Zoey... –Murmurou Alessa.

–Hei meninas, trouxeram sanduiches... Quer que eu busque um para você, Alessa?

–Não Trevor, obrigado!

–Ah você só oferece para sua queridinha? –Indagou Zoey seguindo Trevor até uma mesa mais adiante, Alessa tornou a fitar as chamas e observar como elas se movimentavam.

Pareciam que dançavam uma musica silenciosa, como se somente elas ouvissem, mexiam-se em perfeita sincronia, para cima e para baixo, como se fossem uma espécie de parede ondulante e então Alessa imaginou uma garota se lançando sobre elas, deixando que essas a tomassem para uma dança mortal.

–Valerie era jovem e fizera um péssimo casamento! –Alessa sobressaltou e quando se virou deparou com Dominic sentado ao seu lado. –Talvez seja esse um dos motivos pelos quais ela tenha suicidado.

Alessa bufou virando-se, dando-lhe as costas. Tornando a fitar as chamas. Pode então ouvir um riso baixo ecoar atrás de si e ela o odiou por isso.

–O que foi? Atormentar-me durante toda a aula de inglês não foi o bastante? –Ela havia se virado abruptamente e o encarava com raiva.

–Desculpe se fui mal educado... –Ela surpreendeu ao ouvir a voz aveludada e descobrir que ele podia ser educado.

–Tudo bem... –Murmurou ela observando que ele ainda usava as roupas encharcadas.

–Mas até que você foi bastante mimada também! –Ele sorriu ao vê-la dar-lhe as costas, zangada, novamente.

–Idiota!

–Qual é Stembell, não sabe o que é uma brincadeira? –Ela não respondeu, permaneceu assim intacta e de costas para Dominic. –Tudo bem, eu prometo que paro... Ao menos por hoje!

Alessa permaneceu em silencio, focando-se nas chamas e não em Dominic, alguns minutos se passaram em silencio, a quietude fora tanto que Alessa havia imaginado que ele se fora, mas quando virou Dominic ainda estava ali, fitando o fogo, e seus olhos verdes esmeralda tornavam um tom dourado, sua pele alva parecia irresistível sobre a luz do fogo.

Alessa teve vontade de tocá-lo, saber se aquela pele alva era verdadeira, com tamanha perfeição, até se parecia com uma daquelas esculturas lisas que enfeitavam a igreja da cidade.

Mas conteve-se pigarreando e desviando os olhos, mas não adiantara em muito, pois logo tornou a fitá-lo, observando-lhe os braços que estavam estendidos sobre a almofada perto dela.

Observou os traços negros que desenhavam sobre a pele branca, cobrindo-a como um véu, os desenhos eram pequenos e grandes, mas todos eles formavam um desenho em si, havia dezenas de anjos cravados sobre a pele de seu braço, todos eles estavam suspensos no nada, e Alessa pode perceber que eles não voavam e sim caiam, todos de ponta cabeça, com as asas dobradas, todos caiam.

Alessa semicerrou os olhos, unindo as sobrancelhas, por que alguém em sã consciência tatuaria anjos caídos no próprio corpo? Então em um gesto abrupto Dominic puxou o braço escondendo-o junto ao corpo.

–Anjos? Eles têm algum significado para você? –Perguntou Alessa tentando parecer normal, quando na verdade tinha suas bochechas ardendo.

–Não! –Dominic se levantou andando duramente até a outra ponta, deixando Alessa confusa. O que ela havia dito de tão ruim assim?

–Hei o que houve com ele? –Trevor e Zoey se aproximavam trazendo sanduiches em suas mãos.

–Nada, ele só queria saber sobre a nossa aula de inglês! –Mentiu.

–Está na turma dele? –Indagou um Trevor enciumado.

–Sim... –Alessa desviou os olhos tentando evitar mais perguntas e passou a fitar o fogo novamente.

–Hei pessoal, parece que a chuva diminuiu, acho que está seguro voltar agora!

Anunciou a monitora. Alessa pôs-se de pé com uma urgência desnecessária e juntamente com Trevor e Zoey, saiu do recinto e voltou para seu aposento.

...

Alessa caminhava lentamente por entre os corredores, já estava no Saint Edgar´s School há cinco dias e há justamente quatro dias uma torrente despencava dos céus a todo o tempo, normalmente a noite havia temporais fortes, dessa forma os alunos passavam o fim de tarde e o inicio da noite, as piores horas da chuva, trancafiados no salão interno ou na antiga biblioteca de Valerie Edgars, e depois quando iam para seus aposentos um chuvisco irritante os acompanhavam até o dia seguinte no pontual horário da chuva.

Ela tivera aula de inglês todos os dias da semana, ou no primeiro ou no segundo horário, mas para sua surpresa Dominic não estivera presente em nenhuma delas, aliás, desde aquela segunda noite Alessa não o via hora nenhuma, nem no almoço, nem no horário da chuva, ele havia desaparecido.

A princípio ela amara isso, orgulhosa como sempre, preferiu pensar que era melhor assim, Dominic distante e ela calma e paciente, mas conforme os dias foram passando a curiosidade de Alessa cresceu, mas claro que ela não perguntou por ele para ninguém, não correria este risco.

Com o passar dos dias ela se tornara ainda mais achegada a Zoey e a Trevor, acostumara-se rapidamente com o fato de eles brigarem sempre e às vezes, somente às vezes ajudava Zoey a irritá-lo com suas perguntas fora de hora.

Não conversara novamente com Gavin e sentia a falta do amigo, principalmente à noite, quando ela não tinha mais nada do que fazer. Mas o pior estava por vim, era sexta e com isso o internato acabaria por ficar vazio, Alessa seria a única a permanecer naquele lugar, sem nada para fazer, tudo por conta do seu terrível orgulho, se não fosse por ele, ela pegaria o telefone e diria a mãe que gostaria de ir para casa.

–Bom dia! –Gritou Zoey animada. –Que cara horrível é essa?

–Estou cansada... Essa maldita chuva não me deixa dormir! –Murmurou.

–Pense pelo lado positivo, hoje é sexta e teremos o fim de semana inteirinho para descansarmos!

–Estou terrivelmente animada... -Zoey bufou sorrindo e então empurrou Alessa para o corredor seguinte.

–Que aula você tem agora?

–Pensei que você soubesse todo o meu horário!

–Todo não, só a maioria! –Ela sorriu.

–Artes, com a senhora Flowers!

–Boa sorte!

Alessa gesticulou e então adentrou na sala, observou os cavaletes com suas telas espalhados por todo o recinto e escolheu um que estivesse vazio. Talvez sua mãe tivesse razão, talvez fosse bom voltar a desenhar e a pintar algo.

Ela observou o suporte onde trazia tubos de tintas variadas e os pinceis de tamanhos e formatos diferentes, é talvez ela gostasse daquela aula. Então Alessa observou alguém adentrar no recinto e quando tornou para ver de quem se tratava levou um susto.

Era Helena Sparks, a garota de quem havia boatos sobre ela já ter sido namorada de Dominic, ela encarou Alessa por um instante, seus olhos negros e profundos observaram a garota até ela dar as costas e se sentar em frente a um cavalete com uma tela.

Alessa pigarreou tentando descobrir o porquê de seu coração ter acelerado ao ver Helena, foi como se ela estivesse vendo um fantasma e a primeira impressão que ela teve foi justamente isso, como se Helena fosse um fantasma, com seus cabelos desgrenhados e as terríveis olheiras arroxeadas.

A senhora Flowers adentrou na sala sorrindo e distribuindo “bom dia” a todos. Era uma mulher extremamente baixa e bem velha, e parecia tão frágil como se fosse quebrar a qualquer momento.

–Hoje tenho uma proposta totalmente diferente para vocês... Primeiro quero que todos fechem os olhos. –E assim como os outros Alessa obedeceu. –Quero que relaxem todo o corpo, inspirem e expirem, agora quero que imaginem algo, um ambiente tranqüilo busque inspiração do fundo da alma de vocês, e repassem isso para a tela... Quero que dêem o máximo de si.

Alessa tornou a abrir os olhos, ao contrario da maioria, não parecia que ela ficara motivada com o exercício de relaxamento da senhora Flowers. Ela continuou sem inspiração, sem tranqüilidade, seus olhos vagaram até os grandes vitrais, a alguns metros dali havia a pequena capela que Alessa havia visto antes, e não muito longe o grande carvalho.

Instantaneamente a historia que Zoey havia contado sobre Valerie Edgars veio em sua mente e foi nisso que Alessa se apegou, imaginando a mulher, imaginando-a percorrendo aquele gramado que agora estava coberto por folhas secas, passando por debaixo daquele imenso carvalho em direção a capela.

Seu longo vestido azul, da cor do céu, roçava pelas folhas, sujando a barra com a lama escura, mas ela não se importava, pelo contrario continuava a andar, vagarosamente. Alessa podia de fato vê-la, como se uma imensa tela em terceira dimensão tivesse sido posta logo em sua frente.

E foi isso que Alessa utilizou como imagem para seu quadro. A mulher caminhando rumo à capela, passando logo abaixo do enorme carvalho. E ela passou para o papel, misturando os tubos de tintas para ter o tom desejado.

As horas foram passando e o silencio dominava a sala, todos pintavam, e vez por outra a senhora Flowers empinava-se na mesa de madeira para observar o silencio entre os alunos.

Alessa passou os olhos pela sua tela, estava satisfeita com o trabalho, a grama verde, o carvalho com seus imensos galhos e suas folhas mortas, também havia o vestido azul dando contraste com a pele branca de Valerie e ela caminhava lentamente para uma bela capela.

–Oh Alessa, que lindo seu quadro... È maravilhoso, bem que seus pais disseram que você é uma grande artista! –A senhora Flowers sorria maravilhada e Alessa ficou orgulhosa de si.

Observou a professora andar por entre os cavaletes, examinando mais alguns trabalhos já prontos, mas algo chamou mais a atenção da jovem, alguém logo a sua frente se movia com rapidez e rispidez, era Helena.

Seus braços se sacudiam enquanto misturava tons azuis e laranjas na parte superior da tela, Alessa ficou curiosa para saber o que Helena desenhava, o que se passava em sua mente.

Empinou-se no banco de madeira, equilibrando-se na ponta dos pés, mas em nada conseguira distinguir. E assim ela ficou, encarando o casaco negro de Helena a espera de ver o que ela tanto se esforçava em pitar.

O sinal tocou ardendo nos tímpanos da garota, Helena pareceu não se importar, permaneceu como se não tivesse ouvido o som. Ao contrario dos outros alunos Alessa não se apressou em sair dali, Apanhou sua mochila guardando suas coisas vagarosamente.

Aos poucos a sala se esvaziou. Alessa passou uma alça da mochila jeans no ombro, e percebeu que a senhora Flowers observava Helena com uma expressão serie e seus olhos se banhavam de piedade.

A mulher andou vagarosamente, se aproximando hesitante e quando tocou nos ombros de Helena, a garota se sobressaltou, como se saísse de um transe, como se não tivesse notado a aproximação da professora.

–Desculpe se a assustei... –Murmurou a professora e Helena a encarava confusa. –A aula já terminou querida, deixe que guardarei seu quadro, a semana que vem você poderá terminá-lo, está bem?

Helena piscou algumas vezes, e tornou a fitar a tela em sua frente, Alessa observava a reação da garota e embora não pudesse ver a afeição de Helena pode deduzir que a garota se assustara. Helena se pôs de pé, apanhando sua bolsa e saindo apressadamente. A senhora Flowers abaixou a cabeça analisando o quadro e Alessa fez o mesmo.

Havia duas figuras em meio a um gramado alto. O céu estava acinzentado, como um fim de tarde e os últimos raios de Sol tinham dificuldade de alcançar o casal logo a baixo e quando Alessa os viu assustou.

Pode reconhecer-se ali, eram seus cabelos, suas mãos, suas roupas, seus braços, era ela, tinha certeza disso, mesmo que seu rosto estivesse camuflado no peitoral do rapaz, o qual Alessa também reconhecera como sendo Dominic Weiss.

Embora parte de seu rosto estivesse incompleto, Alessa pode reconhecer os cabelos negros, os olhos verdes as tatuagens sobre a pele alva, mas havia algo novo ali, um par de asas negras, erguidas sobre suas costas. E ele a abraçava, acalentava-a em seu peito.

–Coitada... –Murmurou a professora fazendo Alessa se demover de seu choque. –Ela tem grandes problemas.

Então a senhora Flowers apanhou o quadro, saindo da sala. Alessa piscou algumas vezes, assim que conseguiu raciocinar marchou pelos corredores quase vazios. Podia ver com clareza a figura de Helena Sparks, solitária e encurvada, andando solitariamente rumo a saída do prédio.

Alessa precisou correr por entre os alunos para alcançá-la. Empurrou alguns, esbarrou em muitos, mas quando o fez deteve Helena no meio do gramado, esquecera sua capa de chuva e percebeu isso no momento que agarrara o braço de Helena, girando-a e olhando dentro de seus olhos negros, então, somente então sentiu os pingos gélidos molhar-lhe.

–O que significa aquele desenho? –Ela não havia visto Helena tão de perto assim, e os seus profundos olhos negros eram horripilantes.

–Eu não sei do que você está falando... –Murmurou Helena puxando seu braço e se encolhendo como se estivesse na defensiva. Quando percebeu que Alessa não faria nada, deu as costas e continuou a andar.

Mas Helena Sparks não fora muito longe, talvez tenha dado dois ou três passos, o importante foi que ela se deteve e imediatamente Alessa pode sentir algo. Estranhamente ela podia sentir que o ar ficara pesado, ela olhou em sua volta, estavam sozinhas ali, o restante dos alunos já haviam partido para suas próximas aulas.

E havia algo a mais, a garoa fina, o vento quieto e silencioso, a neblina que parecia esconder-se por entre as arvores. Tudo parecia ter se tornado diferente, mais sombrio, mais temeroso.

Helena assumiu uma postura diferente, seu corpo estava ereto, sua postura passou a ser confiante e não medrosa como outrora, ela jogou os cabelos longos para trás, lançando um olhar carregado para Alessa, por cima de seus ombros e um sorriso brincou em seus lábios.

–Quem anda nas trevas se perde na escuridão... Less! –Um arrepio percorreu todo o corpo de Alessa, a voz que falara com ela definitivamente não era a mesma de um tempo atrás.

Era algo grave, rouco. Alessa nada fez a não ser sentir um nó apertar-lhe a garganta enquanto observava Helena caminhar lentamente rumo ao prédio principal. Havia algo sombrio pairando sobre ela, e aquela voz, era como o rugindo de um animal, e imediatamente Alessa se lembrou do pesadelo estranho que tivera na noite que chegara ao Saint Edgar´s School, como o grito bestial tomou conta de Ashley em seu pesadelo.

Seu corpo estremeceu. Algo acontecera ali. E Alessa pré-sentiu aquilo!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tchan Tchan tchannnnnnnnnnnnn mistérios rondando Edgar´s School.kkkk (chega de drama), e ai o que acharam deste capitulo??? Por favor, lembre-se seu comentário é minha motivação, então não deixe de me motivar... bjus e até amanha



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Saga Entre Anjos e Demônios" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.