Stereotypes escrita por Bruna


Capítulo 2
Chuck.


Notas iniciais do capítulo

Agradeço pelos comentários de Mimi e Hermione Weasley! =D
O capítulo abaixo vai ter palavras de 'baixo calão' pois faz parte da característica do personagem.
NOVA VERSÃO.



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Chuck Jones.

Odiava que o sol ostentasse todo o brilho amarelo quando se sentia como a cor azul. A droga do Sol não deveria zombar das pessoas.

Fechou as persianas e apanhou a garrafa em cima do criado-mudo, a virando em questão de segundos, esperando o líquido transparente descer queimando tudo. A garrafa estava vazia. Nadinha de vodka. Nem dinheiro para comprar uma.

— Mas que porra! — A garrafa virou milhares de pedaços ao chocar-se com a parede azul-escuro.

Com certeza o Sol continuava gargalhando as custas dele.

Jogou-se na cama e fechou os olhos torcendo para que dormisse e só acordasse depois que setembro terminasse. Não dava para acreditar que já completava 5 anos desde… a morte de sua mãe. As lembranças ainda eram nítidas, como se tivessem acontecido ontem.

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Típico cenário de uma café-da-manhã de uma família bem unida.

Do seu lado esquerdo estava sentada Britney- sua irmã por parte de pai- na frente dela e ao seu lado direito estava Dominique comendo uma maçã. Ainda faltava duas cadeiras para preencher a mesa redonda da cozinha, uma delas era do seu velho pai e a outra era da Chloe– vulgo “malvadrasta” ─ que estava colocando um pão na torradeira.

Baixou o olhar para a tigela de cereais. Preferia quando a mãe fazia bacon com ovos na café-da-manhã para ele. Na verdade, ela sempre acordava de madrugada para fazer o café-da-manhã preferido de todo mundo. E mesmo com ressaca, Violet vivia sorrindo.

— Nicky! — chamou, interrompendo a conversa da irmã com a madrasta.

— Quê?

— Adivinha que dia é hoje? — perguntou com um sorriso sarcástico.

Dominique piscou uma, duas, três vezes.

— Hoje é o dia que o time da Brits vai jogar e que eu vou estar lá, torcendo por ela.

— A Nicky vai levar pompons para torcer para mim! — Britney anunciou alegre.

Droga! Era o dever da Dominique, como filha, se lembrar que dia era hoje. A Chloe tinha feito uma lavagem cerebral em sua irmã.

Cerrou os punhos.

— Cadê seus óculos, gordinha? — a voz saiu mais rouca do que realmente era.

Ela o fuzilou com os olhos.

— Guardados.

— Hum… legal. — Olhou para a maçã cheia de mordidas. — Qual o nome da dieta?

— O que te importa?

Inclinou levemente a cabeça e sorriu torto.

— Coma torta e bate a cara na porta.

Adorava esse amor fraternal que existia entre eles.

— Crianças, parem de brigar! — implorou a vaca da sua madrasta.

Encarou os olhos castanhos de Chloe. Além de ser uma vadia usurpadora, também estava querendo mandar nele. Quem ela pensava que era?

— Você não é minha mãe! — frisou bem a última parte. — Você não é nada minha, muito menos da Dominique. Não sei nem o que está fazendo aqui.

— Chuck! — repreendeu Dominique.

Isso não era justo. Não havia motivos para a irmã ficar sempre no lado da Chloe. Era para ela ficar do seu lado e contra a madrasta. Era para ela se lembrar que dia era hoje e ir junto com ele ao cemitério para levar… violetas.

— CHARLES! — a voz grossa do seu pai ressoou ao entrar apressado na cozinha. — Peça desculpas a minha esposa, AGORA!

Era Chloe quem devia desculpas por ali, não ele. Mas é claro que seu pai preferia continuar sendo o idiota de sempre e ficar apoiando a mulherzinha dele. Além de ficar querendo coloca-la no lugar da Violet.

— Não. — Levantou-se bruscamente. — Não vou pedir desculpas. E quer saber, papai? Vai se fuder, seu cuzão!

Empurrou a cadeira direto ao chão. Ignorou os berros e as broncas de Fred Jones. Os mesmos berros que fizera tanto sua mãe chorar.

Pegou sua mochila com estampas de exército e as chaves da moto.

Ligou o motor ao montar na garupa. Engatou a primeira e deu um pulo para frente, acelerou.

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Apanhou um cookie e se encostou na cadeira.

Já tinha perdido as contas de quantas vezes havia feito uma pequena visita na diretoria essa semana. Não espera. Sabia sim: Três vezes.

Mas até que valia a pena vim a diretoria quase todos os dias pelos biscoitos com gotas de chocolate que tinham lá. Eram bem deliciosos. Não era apenas por rebeldia e diversão que respondia professores, iniciava guerras de comida no refeitório, as vezes ligava o alarme de incêndio ou desenhava nos armários, era por um motivo bem maior que isso: os deliciosos biscoitos da diretoria!

Além, é claro, de gostar de encarar o jeito carrancudo da diretora e ver as rugas que ela criava toda vez que ficava sabendo de um problema na escola criado por ele. Melhor ainda, era quando o sr. Black, o professor de História Mundial, vinha pessoalmente a diretoria. Como hoje.

— Qual foi a palhaçada do sr. Jones dessa vez? — rugiu adenoide, a sra. Crawford.

— Também estou querendo saber — respondeu, estendendo as mãos.

— Esse boçal chegou atrasado na minha aula e ficou me desconcentrando e desconcentrando os outros alunos com suas piadas infames.

— Eu nego!

Foi engraçado chegar gritando “Truco!”. Aliás, não era sua culpa chegar atrasado na bendita aula do Black. O verdadeiro culpado era o cara que tinha tido a brilhante ideia da Verona High School começar as 8 horas da manhã. Esse tempo poderia ser usado para algo mais útil, dormir por exemplo.

Ou enfeitar a lápide da mãe com violetas.

— Ora seu… — o rosto do professor assumiu uma tonalidade vermelha.

— Tudo bem, Bueno. Pode voltar para a aula que eu cuido dele. — Sr. Black virou e, com a postura curvada e franzina, deixou a sala da diretora.

Sra. Crawford mostrava os dentes borrados de batom vermelho, como uma forma fracassada de deixar a cara de pamonha dela mais bonita.

Caiu na gargalhada.

— Não tem nenhuma palhaça aqui, sr. Jones. — A diretora bateu os punhos gorduchos na escrivaninha de mogno. — Desde que você entrou para essa escola, meus dias têm sido cansativo por tantos problemas que, por sua causa, eu…

As palavras da Crawford viraram sons de gatos brigando misturado com arranhões na lousa. Preferiu ler silenciosamente a releitura da “Criação de Davi”, de Michelangelo, que ficava pendurado atrás do gabinete da diretora. Os anjos tinham a cabeleireira longa e encaracolada igual à que ele tinha a um ano atrás.

— O que eu faço com você?

Foi tirado dos seus devaneios artísticos.

— Se quiser pude usar e abusar de mim. — Sorriu de lado.

— Ô caramba! Parou com a palhaçada. — A digníssima diretora, sra. Crawford, abriu a gaveta e retirou de lá uma pilha de folhas. — Desrespeito com professores e outras autoridades dentro dos limites escolares, transgressão de inúmeras normas e regras, pichações e…

— Grafites! — a corrigiu.

— …e outros tipos de agressão ao patrimônio de Verona High School. — Passou a mão pelos fios castanhos e curtos, nervoso ao vê-la passar página por página. — Entre outros. Como você, Charles Jones…

— Chuck!

— Eu não sou seus amiguinhos para você ficar me interrompido.

Se perguntou como aquela escrivaninha ainda aguentava todo aquele peso.

— Que seja. — Deu de ombros.

— Prosseguindo: Com um currículo desses, como você se imagina no futuro?

— Rico!

— Engraçadinho.

— Eu sei que sou.

A Crawford escondeu o rosto na mão e soltou um suspiro, seguido de um murmúrio que não deu para entender direito.

Ela voltou a postura de alguém respeitável e sentenciou:

— Uma semana de detenção!

Bocejou culpando mentalmente a escola por não dormir direito.

— Oh! Era para eu está surpreso? — ironizou, pegando outro biscoito. — Só uma? Vamos lá Crawford, você pode fazer melhor que isso. Eu e os X-Men acreditamos em você!

— Quatro semanas!

Uma voz avisou para ele parar por ali mesmo, pois sua mãe não gostaria de ver o que estava fazendo. Foda-se!

— Mais um! Mais um! Mais um! — cantarolou, Batendo palmas na tentativa de animá-la.

— Três. Meses — ela pronunciou entredentes. — Se ousar abrir essa maldita boca para falar algo, se considere de detenção até o fim do ano letivo. Incluindo os sábados.

O sinal de Verona ressoou pelos corredores.

— Oba! Hora de comer!

— Parabéns! Te vejo até o final do ano.

Deu de ombros.

Do que adiantava colocá-lo na detenção, se nem iria aparecer? Até porque não fazia diferença está ou não está de detenção. Ninguém se importava. E Fred só interessava-se nele, quando era chamado a escola, fora isso… nem ele se importava, pois o pai já sabia que seria assim desde quando era criança.

—Posso ir?

— Some!

Levantou-se rapidamente e se dirigiu até a saída. Antes de fechar a porta, fitou maliciosamente a diretora.

— Você fica sexy irritada. — Lançou uma piscadela e bateu a porta a tempo de ouvir um “Jones!” berrado por detrás das paredes. Não era sua culpa se a velha da sra. Crawford não tinha senso de humor por falta de sexo.

Caminhou pelo corredor, já vazio, assobiando “Troublemaker”, da banda Weezer. Virou no primeiro corredor e contou 5 armários, após o segundo bebedouro do lado esquerdo. Colocou a senha e o abriu.

Pegou a mochila branca com várias palavras escritas por canetas coloridas. Começou a vasculhar pelos bolsos a procura do dinheiro. Os chocolates, o livro super grosso e os preservativos não negava que a dona da mochila era Alice Stamford, a gótica. Abriu o estojo e seu rosto se iluminou ao achar uma nota de 50 dólares enroladinha. Aproveitou para adquirir 3 bombons, afinal estava ajudando uma amiga a não desenvolver diabetes no futuro.

Guardou tudo do jeito como estava, prometendo a si mesmo que, em algum dia, devolveria o dinheiro e os bombons. E voltou a assobiar a primeira música que lhe vinha na mente.

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O vento batia em seu rosto gritando “Liberdade! Liberdade!”. Decidiu reduzir a velocidade, para depois engatar a primeira, secunda e terceira e acelerar mais ainda. Ultrapassou em ziguezague dois carros colados. Árvores, prédios e casas pareciam grandes borrões vistos por seus olhos verdes. Cortou um prateado, recebendo um xingamento do motorista mal educado. Pisou fundo e empina a moto, assustando outro que vinha ao seu lado. Mostrou a língua e gargalhou consigo mesmo. Aquele motorista nunca que teria coragem para fazer aquilo, muito menos era invencível como Chuck Jones. Esquina a direita, terceira a esquerda. Desceu e subiu ultrapassando os limites de velocidade. Seu pai iria acabar recebendo mais uma multa para pagar.

Por fim, entrou num beco e parou a moto em frente a um pequeno bar. Lia-se em palavras feitas de tinta preta “Dr ks D ink ” na placa velha de madeira. Na verdade, o nome era “Drinks&Drinks”.

Deixou o motor da moto para resfriar e descansar. Colocou a chave em volta do pescoço e, ao empurrar a porta dupla, entrou ali.

O cheiro de tabaco e álcool impregnava o pequeno local. Havia um cara e uma garota conversando e tomando todas, sentados no balcão. A 5 mesas de madeira continuava em volta da mesa de sinuca que sempre tinha alguém jogando. Sorriu ao achar quem procurava. Se aproximou da mesa de sinuca, e antes que um jovem com a mesma idade dele pudesse encaçapar a bola, passou a mão o atrapalhando.

— Puta que pariu! — urrou ele, largando o taco e passando a mão no rosto.

— Perdeu, meu amigo. — comemorou o outro, apanhando as notas dispostas na mesa redonda mais próxima e se retirando logo em seguida.

— Muito obrigado, cara.

— De nada. — Deu de ombros, debochado. — Estamos aqui para isso.

Guiou seu amigo Jack até o balcão.

— Eu iria vencer — ele ainda se lamentava.

— Relaxa, quem sabe numa próxima você não vença.

— Eu ia ganhar 20 dólares. 20…

— Relaxa, você trabalha.

— Vivo de gorjetas, é diferente.

Pobre Jack que trabalhava e trabalhava, mas sempre andava duro. Deveria ainda está pagando aquela jaqueta laranja berrante, no estilo Michael Jackson no “Thriller”, contrastava-se com o tom escuro da pele dele.

O homem com início de calvície se aproximou deles.

— O que vão querer?

— Uma boa garrafa de Whisky, Dave! — respondeu, tirando o dinheiro do bolso e batendo na mesa. — Quero que traga todas que eu possa comprar com 50 dólares.

— Carteira de identidade.

Entregou nas mãos do barman sua carteira de identidade falsa. Que segundo ela, tinha nascido no Natal e estava por volta de 23 anos. Nada que sua barba não pudesse disfarçar.

Dave devolveu a carteira e foi atrás dos Whisky.

— Você está louco, Chuck? Quer morrer? A marijuana anda afetando seus poucos neurônios que ainda lhe restam? — Jack estava de olhos arregalados.

Do que Jack estava reclamando? Ainda seria gentil em dividir o Whisky com ele.

Dave voltou com duas garrafas e dois copos. Abriu e encheu ambos os copos.

— Sério, cara. Não é melhor só tomar um copo e ficar de boa? Você não pode ficar assim por causa da sua mãe…

— Cala a boca!

Passou a mão pela cabeça. Seu melhor amigo se lembrava, mas a irmã e o pai, não.

Virou instantaneamente a bebida alcóolica. Pôs a encher outro, antes que se irritasse e acabasse socando o amigo que a cada dia parecia está se tornando quadrado e chato como os adultos. O Jack de antigamente era mais divertido.

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O mundo parecia um grande carrossel. Girando, girando e girando. Apoiou a mão na parede e vomitou.

Tirar o molho de chave do bolso da sua jaqueta de motoqueiro. Piscou várias vezes seguidas, tentando se lembrar qual era a chave.

Achou e tentou colocar no buraco da fechadura. Errou uma, duas, três. Somente na nona vez que conseguiu acertar, só para descobrir que aquela era a chave errada. Amaldiçoou e xingou muito o indivíduo que tivera a brilhante ideia de criar chaves e fechaduras pequenas.

É nessas horas que gostaria de ter o cinto de utilidades do Batman.

Após várias quedas do molho de chave e palavrões pronunciados ao procura-las, enfim, conseguiu girar a maçaneta e entrar no breu que estava a sala-de-estar. Acabou batendo o pé esquerdo em algo. Não sabia se tinha sido o sofá ou um desses móveis idiotas que colocavam apenas para preencher as lacunas de algum cômodo. Mas não deveria culpar esses móveis, já que a culpa era das pessoas que não tinha compaixão por pessoas que voltavam a tarde a noite cansados.

Jogou a mochila e, antes que colocasse o pé no primeiro degrau da escada, notou que a luza da cozinha estava acesa. Cambaleou até lá e encontrou duas Dominique sentadas comendo vários doces.

— Desse jeito você vai voltar a ser a bolo fofo de antes — pronunciou debochado, com a voz meio arrastada.

— Chuck?!

Não existia mais duas Dominique. Somente uma.

— O que você está fazendo aqui? — indagou a irmã, surpresa.

— Por que você está se entupindo de doces?

— Eu… err… bem… Não estou comendo nada. É tudo fruto da sua imaginação alcoolizada.

— Sei...— ironizou.

Decidiu sair do cômodo e ir para o seu quarto mais foi impedido pela voz da loira que o chamava.

— Que?

— Então, eu acho que você deveria pedir desculpas para o papai não deveria ter sido tão rude e cruel como papai. — Dominique passava a mão pelos seus cabelos loiros idênticos ao da mãe. Ela também tinha o mesmo rosto em formato de coração. — Assim como você também deve pedir desculpas para Chloe. Ela é uma pessoa legal.

Bateu a mão no vaso com flores.

— Cala a boca! — rosnou.

A irmã o olhou com uma expressão assustada ao ver os cacos de vidro estatelados no chão.

— Por que se defende tanto ela? Ela foi o motivo da morte da nossa mãe. ELA NÃO É A NOSSA MÃE!

— Claro que não. — Se surpreendeu com o tom de voz dela. — Nossa adorável mãe era uma… irresponsável e alcoólatra. Já Chloe…

— VOCÊ NÃO SABE NADA SOBRE ELA.

Estava pouco se importando que os gritos de ambos acordassem os outros.

— ELA ESTÁ MORTA!!!

Dominique se levantou e o envolveu num abraço.

— Ela… ela… está morta… é passado. Vai ficar tudo bem.

Desvencilhou-se dos braços dela e andou vacilante até o seu quarto. Chutou tudo que estava jogado ao chão e pegou um retrato da mãe que estava em cima do criado-mudo. Era do tempo que ela ainda tinha um olhar vívido.

Colocou o retrato de volta. Se deitou e fechou as pálpebras. Queria acordar quando setembro acabasse.


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Notas finais do capítulo

I'm troublemaker!!!
Se leu, comente já e deixe essa autora feliz!
Próximo capítulo será sobre Ryan...



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