Stereotypes escrita por Bruna


Capítulo 3
Ryan.


Notas iniciais do capítulo

Quarterback (QB) é uma posição do futebol americano. Jogadores de tal posição são membros da equipe ofensiva do time (do qual são líderes) e alinham-se solo atrás da linha central, no meio da linha ofensiva. Sua função é dar o inicio as jogadas e fazer passes para os wide receivers e também, porém nem tantas vezes, para os tight ends.
Holder jogadores que seguram a bola junto ao chão para que o Kicker possa juntar.
Kicker são jogadores que chutam a bola para fazer gol.
Field Goal quando um jogador executa um chute que passe entre os postes do gol.

Boa leitura!!!



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Ryan Miller.

O círculo feito de canetão vermelho circulava o número 15 do calendário de setembro. Não precisava ser gênio para adivinhar que esse sábado, seria realizado o primeiro jogo da temporada de futebol americano.

Respirou profundamente tentando repassar tudo que o treinador tinha o orientado.

Sua mente e seu corpo deveriam está 110% para o jogo, pois era o seu dever garantir a vitória do Wild Lions. Tinha que se o herói como o seu pai foi.

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— Bom dia, campeão! — Foi cumprimentado pelo pai, ao chegar na cozinha.

— Oi…— Ao contrário do pai, não estava tão animado.

Ao sentar, se viu automaticamente enchendo uma grande tigela de cereal e leite.

— Que desânimo é esse? — Inquiriu sr. Miller, que ao cruzar os braços parecia mais alto do que já era. — Não venha me dizer que é por causa do jogo?

Exclamaria um audível “sim!” se não soubesse que o pai iria ficar desapontado com essa atitude.

Coçou o olho direito.

— Não! Só estou casando e com muito sono. — Gaguejou ao mentir.

Quer dizer, não era exatamente uma mentira. Já tinha se acostumado a acordar 6 a.m., para treinar arremessos e outros exercícios relacionados a posição de quarterback com o pai. Era cansativo.

— Aposto que você dormiu tarde assistindo esses filmezinhos idiotas, né? Quantas vezes vou ter que repetir que um bom jogador deve dormir oito horas por dia para não se sentir cansado? Espero que isso não atrapalhe seu desempenho no jogo!

— Sinto muito… não vai se repetir, prometo!

— Não vai mesmo! — Sam Miller se levantou. — Tirarei a televisão do seu quarto pelo menos até o fim da temporada.

Forçou um sorriso.

— Nós vamos vencer, pai! Não precisa se preocupar

— Estou certo disso. Você herdou o meu talento, Ryan… me lembra muito muito de quando jogava. — o olhar de epifania e o sorriso contido deixava o pai mais jovial —Tome logo seu café para treinamos seu arremesso!

— Pensei…— coçou a nuca, pensando nas palavras certas a dizer — pensei que eu fosse descansar… quer dizer, você tem a oficina e tudo mais…

Não obteve respostas, sr. Miller preferiu dar um tapinha amigável em suas costas e mancar até a saída.

Mexeu a colher na tigela. Não deveria ter dito aquilo, afinal gostava de ver a alegria que sr. Miller apresentava quando via-o jogar ou se lembrava dos tempos antigos.

Sam Miller também tinha sido um grande quarterback na época que estudava em Verona. Se não fosse pela estenose espinhal que ele teve em um jogo, Sam não teria encerrado a carreira de quarterback tão cedo.

Talvez fosse isso que ainda o fizesse jogar futebol, a vontade de tirar o semblante depressivo do pai e deixa-lo mais feliz.

Estava terminando de tomar o café-da-manhã, quando foi interrompido pelo som do telefone. Levantou-se e foi atender o mais ligeiro possível.

Tirou o telefone do gancho ao terceiro toque.

— Ryan, querido.

— Olá, mãe.

— Tudo bem como você?

— Sim.

— Tem certeza?

— Certeza absoluta.

— Só liguei para lhe desejar uma boa sorte no jogo. Pena que vai ser em outra escola, senão, com certeza, iria assistir meu filhinho jogando.

Podia adivinhar a cara de preocupação que mãe estaria por saber que o filhinho iria jogar o que ela chamava “esporte violento, com um monte de brutamontes querendo machucar”. Ela gostava de ver o jogo dele apenas para conferir que nenhum “delinquente” iria o machucar gravemente.

— Tudo bem, mãe. Não precisa se preocupar, vai ficar tudo bem.

— Depois você vem aqui para a minha casa, né?

— Sim, então… tchau. — se despediu, antes que ela começasse a chorar. — Tchau, filho! Se cuida! — Desligou o telefone.

Seus pais estavam divorciados desde que tinha 14 anos. Hoje em dia, os dois se davam mais ou menos bem, só conversando o necessário mesmo. Apesar disso, não foi um grande choque para ele, já que preferia os dois separados felizes, do que brigando o tempo todo.

Voltou a tigela de cereal.

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Três consoantes, três vogais: Lauren

Lauren. Lauren.

Estava tão ansioso por uma nova mensagem de Lauren Wilds que a todo momento, tirava o celular do bolso da Letter.

Lauren Wilds

O nome dela ainda estava gravado em sua cabeça desde aquele abençoado acampamento de verão. A escolha de ir no acampamento da escola ao invés de ir para o Acampamento de QB em San Jose, foi a melhor coisa que tinha feito.

Quando não estava pensando em futebol americano estava com os pensamentos vagando nos beijos e nas carícias que trocaram. Ainda podia ver o cabelo vermelhão dela balançando em sincronia com a brisa, a gargalhada escandalosa ou como ela ficava fofa com o rosto corado e as sobrancelhas franzidas quando estava irritada com algo. Os polegares da Lauren podiam ser fortes, quando queriam machucar.

— Acontece que depois eu tive que comprá-lo! Acredita nisso? — Nicky, a “namorada”, um tom mais alto com intenção de ser ouvida entre a gritaria que estava ao redor do ônibus escolar.

Balançou a cabeça em sinal positivo.

— Hã, que terrível… eu acho!

Ela devia está contando alguma história de ontem, semana passada ou mesmo de hoje. Não sabia direito, pois só tinha captado o final.

Passou a mão na nuca. Não entendia ainda o porquê de ter ouvido os amigos para pedir a Nicky em namoro, apenas porque formavam um “bom casal”.

Quer dizer…Nicky era uma garota legal, engraçada e sensível, mas quando a via, seu coração não batia como quando via a Lauren.

— Você está tão concentrado nessa droga da tela de celular que mal ouviu o que eu disse! — a “namorada” inclinou o corpo — O que tanto você digita nesse celular?

Olhou para ela, depois para o celular novamente.

— Ahn… N-nada! — respondeu, afastando o celular do olhar curioso.

— Então, por que eu não posso ver?

Levantou as sobrancelhas e abriu a boca voltando a fechar logo em seguida. Não sabia o que dizer… só queria se desculpar por não a corresponder devidamente.

— Não acho… não acho… que seja uma boa… hã, ideia!

— Por que não?

— Bem, porque… porque — Peter passou berrando a música dosWild Lions, desaparecendo logo em seguida ao entrar no ônibus amarelo. — Hã… eu estou conversando com o Peter e… você sabe, né? C-conversa de garotos. Não acho que uma garota como você… hã… gostaria de ler.

A líder de torcida sorriu amarelo.

— Já estou bem acos…

De repente, ela parara de falar e passou a olhar suas unhas compridas, aparentando um certo desconcerto.

Abriu a boca para perguntar o que havia acontecido quando uma voz inexpressiva e de sotaque britânico o chamou pelo sobrenome.

Se virou, ficando face a face com Alice Stamford, a vadia, segurando uma caderneta numa mão e um lápis na outra.

— Poderia conceder uma entrevista ao jornal da escola?

Nicky limpou a garganta. Girou a cabeça e fitou uma figura loira de braços cruzados, batendo o pé impacientemente e com um olhar que dizia para ele ter muito cuidado com a resposta.

Sentia a tensão entre elas. Talvez por elas terem sido amigas a algum tempo atrás.

— Sim ou não? — Stamford insistiu, arqueando a sobrancelha com piercing.

Coçou a nuca. O que Samuel Miller esperava que fizesse?

— Hã, Nicky… entrevista é importante, sabe?

A loira soltou um suspiro e se despediu brevemente. Jones, com a saia azul do uniforme balançando para lá e para cá, se direcionou rumo ao grupo formado por outras líderes-de-torcida.

Analisou brevemente uma mecha do cabelo da Stamford caindo sobre o decote.

— Meus olhos estão aqui em cima.

Desviou o olhar e engoliu em seco. Talvez tivesse sido uma má ideia aceitar ser entrevistado, principalmente com alguém como ela. Se lembrou de Peter falando o quanto Alice Stamford conseguia ser flexível na cama.

— É só uma entrevista mesmo, né? — Indagou inseguro.

— Está com medo? — Ela debochou, sorrindo maliciosamente — Eu não mordo. Não nessa situação.

— Que bom… eu acho.

— Podemos dar início à entrevista?

Balançou a cabeça positivamente.

— Você presume que o ‘WildLions’ triunfará sobre o time da Bay High School?

— Sim!

— Por que?

Ela anotou a resposta dele numa pequena caderneta.

— Bem, — passou as mãos nos fios curtos — na temporada passada, quando jogamos com eles, nós vencemos de lata. Então… tipo… é claro que iremos vencer.

— Muito perspicaz da sua parte, basear uma vitória num resultado passado. — Stamford ironizou.

Nós vamos vencer! — Afirmou tentando passar uma falsa confiança que, por incrível que pareça, conseguia transmitir para seus companheiros de time.

— É uma probabilidade. Continuando: tem conhecimento da supervalorização que a Sra. Crawford tem sobre o futebol americano?

— Sim!

— Então você afirma que por causa disso, os outros clubes da escola sofrem por falta de verba que, olha só, vai todo para o Wild Lions fazer o que quiser?

— Hã?

— Era a resposta que eu esperava!

— Você está aqui para me entrevistar ou debochar de todas as minhas respostas? — Esbravejou.

— Os dois.

— Acho que acabamos a entrevista por hoje!

— Eu digo quando acaba, Miller.

Respirou profundamente. Não seria nada legal ser noticiado no jornal que o grande herói de futebol americano havia sido grosso com Alice Stamford.

— Ok. Pode mandar.

— Como anda os chifres da Nicky?

Seu corpo travou ao ouvi as palavras pronunciadas por ela. Não entendia como ela poderia saber disso, a única pessoa que contara esse pequeno deslize foi para o seu amigo Peter. O seu punho estava louco para bater naquele traidor.

— Oi? — Foi tudo que conseguiu dizer.

— Oi, tudo bem?

A encarou se sentindo bem ameaçado pelos terríveis olhos cinzentos que parecia dez vezes mais ameaçador ao está com uma sombra preto nas pálpebras.

— N- n-não sei… d-do q-que… você e-está… fal-falando.

— Você mente muito mal, Miller. — Ela começou à rodeá-lo. — Sabe, não é muito inteligente da sua parte ficar de beijinhos escondidos na minha sala de jornal. —Não te ensinaram que é feio mentir e se aproveitar das pessoas?

Ela parou na sua frente, enquanto sentia seu queixo caindo a sete palmos do chão.

— Você vai contar para ela? — Escapou inaudível dos seus lábios.

— Óbvio que não. — relaxou os ombros — Você que vai. Se não…

— Se não o que?

— Se não jornal vai A-DO-RAR dispor imagens do casalzinho 20 formado pela estrela do time de futebol e a “joãozinho”. Fofo, não?

Cerrou os dentes, pensando em algo para convencê-la.

—Você duas já foram amigas…

— E você é namorado dela, esperto.

— Você não entende… e-ela ficará muito triste… você não gostaria de vê-la triste. — apelou, passando a mão na testa suada — Por favor, não faça isso com ela. Lembra-se de quando foram amigas.

— Você não a conhece mesmo… — replicou Alice, indiferente. — Au revoir!

Antes que ela pudesse se afastar, agarrou no antebraço esquelético dela.

— O que você quer em troca? — Insistiu mais uma vez.

— Por acaso você tem o poder de ressuscitar John Lennon e George Harrison, além de juntar os Beatles novamente? Não! — Ela se aproximou do seu ouvido e sussurrou: — Faça a sua escolha, Miller. Au revoir!

A maldita colocou fones no ouvido e pavoneou até um garoto que estava a secando.

“Faça sua escolha, Miller!”

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“Faça sua escolha, Miller!”

Repassou as estratégias mentalmente. Seria uma tarefa fácil se uma Alice Stamford não ficasse invadido seus pensamentos a cada dois minutos.

“Foco!”

De um lado tinha o treinador Gold ora berrando que faltava cinco minutos para o início da partida, ora apitando. Do outro lado, os seus companheiros corriam contra o tempo para vestirem o uniforme vermelho e azul.

Era o único sentado e com o uniforme.

“Fé!”

Sabia o quanto o time estava nervoso, afinal ele também estava, porém, como um bom líder que era, tinha que demonstrar calma e uma certa segurança aos outros jogadores.

“Força!”

— Miller!

Levantou de supetão.

— Sim, treinador.

Sr. Gold segurou seu ombro direito.

— Vá lá e faça o seu melhor!

— Ok! — Não sabia se “seu melhor” era uma vitória garantida.

Assistiu Peter, Joe, Adian, Dan, Troy, Peyton e outros correrem em fila indiana em direção a entrada do campo de Bay High School. Resolveu ficar por último para trancar a porta do vestiário, porém não contava que ao está quase fechando a porta, uma figura aparecesse.

Era a sua ruiva.

— Lauren? O que você está fazendo aqui?

Sentiu como se tivesse milhares de borboletas voando sem parar em seu estômago ao vê-la sorrir.

— Vim lhe desejar boa sorte! — Lauren o puxou pelo uniforme e o beijou. — Vença o jogo por mim, campeão!

“Faça sua escolha, Miller!”

Iria terminar com a Nicky depois do jogo.

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A grande trave com seus dois postes longos sobrepostos em uma barra horizontal se erguiam a 10 pés (3,05m) do chão. O holder de Verona segurava a bola junto ao chão, para que um kicker chutasse e fizesse um Field Goal fazendo assim, a última jogada da partida. Como o time de Verona High School não tinha um jogador apto para esse lançamento, ele seria o substituto que executaria o chute.

O jogo tinha sido equilibrado, sendo que o Patriots– time da Bay High School- tinha um time bem melhor do que o do ano passado, porém WildLions estava vencendo por alguns pontos a mais. Então não teria problema se marcasse ou não os 3 pontos, só que iria fazer esses pontos por Lauren.

Analisou atento a trave, os adversários usando uniforme azul-escuro e branco o encaravam.

Se afastou e com toda força chutou. A bola voou e passou por entre as traves, ouviu o locutor dizer “Field Goal” seguido de um sopro agudo do apito do juiz.

Verona venceu. Foi mais uma vez o herói de Verona, seu pai ficaria orgulhoso pelos seus lançamentos e seus dois chutes como kicker honorário.

As líderes-de-torcidas, comandadas pela “namorada”, invadiram o campo cantando e realizando saltos e piruetas pelo campo.

Procurou uma cabeça vermelha usando um boné entre as arquibancadas. Não a encontrou, só enxergou a “namorada” saltitando em sua direção.

Tirou o capacete, o segurando ao lado do corpo.

— Uau! O jogo foi muito bom teve aquele lançamento que você fez que, — ela começou tagarelando — o Peter pegou e saiu correndo, muito veloz mesmo e…

— Nicky! — a chamou, criando coragem para dizer aquela frase.

A loira cruzou os braços.

— Sim!

— E-eu preciso… falar… uma coisa!

Dizer algumas palavras não doeriam.

— Pode falar! — Nicky o estimulou.

Fitou os olhos castanhos-esverdeados dela. A coragem se esvaziou do seu corpo. Não conseguiria mais acabar com o namoro, muito menos magoá-la. Lauren teria que esperar mais um pouco.

— Ahn… sabe aquele último chute? Então… eu… eu fiz para você.

Nicky ficou radiante e quando percebeu, ela já havia o envolvido com um abraço.


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Notas finais do capítulo

Hum... Ryan ficando com duas garotas, isso não se faz. Como será que o campeão irá resolver esse "pepino"? Nicky irá descobrir os enfeites em sua linda cabeça loira? Será que Lauren se contentará em ser somente uma amante? E Alice Stamford, qual será sua verdadeiras intenções? Seria uma vilã?
Não deixem de comentar sua teorias (ou não)