Capítulo III -

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A noite já havia caído sobre Nárnia, e de uma das sacadas do enorme castelo, Lilliandil observava suas irmãs brilhando ao céu claro que se formava, ela adorava e passava boa parte da noite a admirar suas belas irmãs. Às vezes ainda sentia falta de seu verdadeiro lar, mas as poucos foi acostumando-se a viver como uma humana que logo tornaria-se uma bela rainha. Mas um vazio tomava seu coração todas às noites quando as belas estrelas iluminavam o céu, queria poder estar ao lado delas pelo menos uma ultima vez, mas Lilliandil nunca teve essa oportunidade.

– Não entendo o motivo de Caspian querer nos reunir antes do jantar – Lúcia dizia impaciente – O que de tão grave há de ter acontecido? – os olhos azuis de Lúcia encararam a loura encostada sobre a sacada – Lilliandil!

– Não há nada com que se preocupar Lúcia – a estrela tentou acalmar a morena – Se Caspian pediu para estarmos aqui é por que algo importante aconteceu, mas isso não significa que seja ruim – Lilliandil sorriu para Lúcia que rolou os olhos para a loura.

– Talvez – a morena deu de ombros – Porque olha tanto para o céu ao anoitecer?

– Por que quando sinto saudades de casa apenas de olhá-las já me conforta – Lilliandil caminhou ate Lúcia voltando para dentro da sala.

– Mas você ama o Caspian? – Lúcia fitou os olhos cinzentos da estrela – Não é?

– Claro que amo! – a morena sorriu de felicidade ao saber que a estrela realmente amava seu irmão.

– Quero que saiba que torço muito para que tudo de certo entre você e meu irmão – ela disse sorridente para a loura – Caspian! – Lúcia viu o irmão entrar junto de Edmundo e uma garota que os acompanhavam.

– Lúcia, Lilliandil – o rei aproximou-se das duas ficando ao centro delas – Quero que conheçam Susana, ela ficará por um período de tempo aqui em Nárnia.

– Olá – a irmã de Caspian caminhou ate Susana – Sou a Lúcia, prazer em conhecê-la!

– O prazer é meu majestade – Susana disse, e Lúcia sorriu para a morena.

– Essa é Lilliandil, noiva de meu irmão – Lilliandil apenas forçou um sorriso seco para Susana, deixando Lúcia um tanto constrangida – Acho que já podemos jantar não é mesmo meu irmão? – a morena disse tentando amenizar o clima estranho que se formava naquela sala.

– Mas é claro – Caspian disse rapidamente, não havia gostado da atitude vindo de sua noiva.

– Será que podemos conversar um minuto Caspian? – Lilliandil sussurrou para o rei, enquanto Susana saía da sala com Lúcia que não parava de tagarelar.

– Senhor? – Edmundo pronunciou-se ao ver que ambos ainda estavam parados.

– Diga para Lúcia, que eu e minha noiva já estamos a caminho – Edmundo retirou-se da sala, fechando a porta e deixando apenas os noivos a sós.

– O que ela faz aqui? – Lilliandil perguntou com os braços cruzados, um pouco intimidada com a presença da rainha da Arquelândia há poucos minutos na mesma sala.

– Ela precisava de ajuda – Caspian disse gentil.

– Achei que não gostava de arquelândios perambulando por Nárnia!

– Mas não disse que agora eu gosto deles – Caspian sorriu com o pouco ciúme que começava a brotar na estrela – Apenas algo dentro de mim diz que eu devo ajudá-la mesmo ela sendo que ela é.

– E o que isso significa?

– Que talvez Aslam tenha um plano maior para todos nós, e que a presença dela mudará todo o destino de Nárnia e a Arquelândia – Caspian encarou a loira – E não foi você mesma que me disse que talvez a paz possa voltar a reinar outra vez!?

– É o que eu acostumo acreditar! – Lilliandil sorriu – Posso fazer uma pergunta?

– Diga?

– Você realmente me ama, ou vamos apenas nos casar porque Nárnia precisa de uma rainha para o seu rei? – os olhos acinzentados da estrela encheram-se de esperança.

– Eu queria dizer que é porque te amo – Caspian disse com dor no coração, por mais que não amasse a estrela ele odiava ter que dizer tais palavras - Mas você sabe que não a amo como deveria amá-la.

– Eu entendo – Lilliandil disse com a voz embargada – Espero que pelo menos algum dia eu possa lhe fazer feliz! – Caspian sorriu distribuindo um beijo sobre a testa da estrela, confortando-a em seus braços.

[...]

Susana estava sentada sobre sua cama, em seu novo aposento que o rei havia mandando preparar para ela. A garota estava pensativa, tudo estava saindo como o planejado. Porem Susana ficou surpresa ao dar-se tão bem com Lúcia, não imaginava que a princesa seria tão doce e ao mesmo tempo tão corajosa. As duas, ou melhor, Lúcia havia conversado com Susana praticamente o jantar todo. Um sorriso malicioso surgiu ao rosto da morena, ao lembrar-se da cara de Lilliandil um tanto brava e incomodada com a presença dela junto de todos. Susana também não havia ido com a cara da tal estrela desde o momento em que colocou os pés na sala onde a viu pela primeira vez. Ela pensou que talvez pudesse tortura um pouco a loira, jogando um certo charme para o rei, seria divertido ver a cara de Lilliandil novamente toda irritada. Susana foi tirada de seus devaneios quando escutou o som de alguém bater em sua porta. Ela caminhou até a porta e a abriu vagarosamente.

– O que faz aqui? – ela perguntou ao ver Edmundo a olhando espantado – Entre logo, antes que alguém o veja! – Susana puxou o moreno com força para dentro de seu quarto.

– Eu é que perguntou o que você faz aqui? – Edmundo arrumava o colarinho de sua blusa.

– Pensei que o rei não guardasse segredos de seu general? – Susana zombou.

– Ele não guarda! – Edmundo encarou a morena – E você acha mesmo que eu acredito nessa historia de que Dash usurpou o trono de você Susana?

– Você deveria acreditar em minhas palavras, agora se não acredita tens a prova, vá ate a Arquelândia e veja com seus próprios olhos onde Rabadash está agora! – Susana disse firme, e Edmundo gargalhou.

– Caspian pode não saber, mas eu sei muito bem que os exércitos e o povo arquelândio jamais apoiariam essa empreitada vinda de um calormânio largado a própria sorte ao nascer, contra a única herdeira do sangue real – Edmundo fitou os olhos azuis da garota – Então vai me dizer o que você realmente faz aqui?

– O que eu faço aqui? – Susana riu – O que você faz aqui?

– Não responda minha pergunta com outra pergunta Susana.

– Então me diga Edmundo, por que todos esses longos anos que se passaram eu achei que você estivesse morto, mas quando chego aqui, deparo-me com você sendo um general narniano!? – de repente lembranças voltaram à mente de Susana e a garota ficou em choque – Oh não! Você não! – a morena encarou Edmundo assustada – Era você todos esses anos, não era? Você é o traidor? – Susana levou uma das mãos à boca – Eu me lembro das poucas vezes em que ouvi Dash e meu pai conversando sobre aquele que traiu a Arquelândia, e era você o tempo todo! Como você pode? – os olhos de Edmundo desviaram-se de Susana – O que você fez para ser um traidor Ed? – Edmundo permaneceu em silencio, não gostava dessas recordações vindas de seu passado

– Quando você decidir me dizer o que veio fazer aqui em Nárnia, talvez eu lhe conte porque sou um traidor! – Edmundo fitou Susana – Até lá não quero ter esse tipo de conversa com você outra vez – o moreno disse por fim antes de retirar-se a passos largos do quarto de Susana, deixando a garota pensativa e preocupada sobre ele ser ou não ser um problema em seus planos, e sobre o que havia acontecido de tão grave para ele tornar-se um traidor de seu próprio país.