Jogos Vorazes - Reerguendo das Cinzas escrita por Herdeira de Sonserina


Capítulo 32
Capitulo 29


Notas iniciais do capítulo

Vou terminar a fic no Cap 40 tllg?
:) Eu sei é grande, mas tem uma linda historia :)
~Bonnie



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– Belo traje! – Finnick Odair sussurra em meus ouvidos antes que eu perceba sua presença. – Você é uma menina corajosa!

– Parece que seu estilista também não tinha tanto tecido assim! – Digo rindo. Olho para sua vestimenta que não é muito diferente da minha. A única coisa que cobre suas partes é uma rede dourada que se da em um nó na sua virilha. Ele estava aparentemente atraente, mas não vazia o meu tipo.

– Eu gosto assim! É confortável! – Fala ele rindo. – Bom eu vou indo! Quem sabe não nos vemos de novo garota dourada!

Ele da de ombros e se mistura com alguns outros tributos avulsos no meio da multidão. Finnick Odair tinha uma historia fascinante por sinal. Seu corpo dourado e seus olhos verdes enfeitiçavam as garotas de onde ele passava. Visivelmente atraente ele sempre usa sua beleza para tudo! Incrivelmente tudo! E aposto que com esta roupinha ele irá conquistar metade dos patrocinadores deste ano. Ele só não contava comigo e com Marcus que iremos completamente “nús”.

Tento lembrar-se da edição de Finnick Odair, mas não me vem nada à cabeça. Lembro que ele era um garoto simples que recebia dadivas como ninguém. Quando ele recebeu um tridente, conseguiu vencer fácil, fácil!

Mas será que irá ser tão fácil assim nesta edição? Será que eu serei a primeira vitima de seu tridente? Não sei! E isso que me deixa com mais medo.

Quando Finnick se perde aos meus olhos, Marcus finalmente chega ao meu lado. Incrivelmente com a mesma vestimenta minha. Um tapa sexo em suas partes e seu corpo todo pintado de dourado.

– Parece que você também...

– Que também estou nú? – Diz ele rindo.

– Não estamos claramente nús! Nós estamos usando tapa sexo! – Digo para tentar aliviá-lo.

– Não se pode usar tapa sexo na parte de trás! – Fala ele cobrindo o bumbum com uma das mãos. – Acho que o estilista que fez isso estava com preguiça de desenhar algo decente!

– Deixa disto! Se Gary quis nos ver assim, é por que estamos aconselháveis...

– Aconselháveis para que? – Seus lábios estavam brancos como os meus, e seu cavanhaque estava intacto. Seus olhos não estão com cílios gigantescos, mas estão iluminados por sombras brancas. – O jeito é deixar a loucura acontecer!

– Relaxa um pouco, já estamos nús mesmo, olha lá o Finnick ele nem tá se importando!

– O Finnick vive para seu corpo, ele não tem medo de se expor! – Diz ele com os olhos brancos sobre minha testa. Ele estava com mais vergonha do que eu! E isto me deixava com medo, quem iria estar aqui para me ajudar?

– Marcus, relaxa tá legal! Você esta me deixando nervosa! Eu também estou com o corpo exposto aqui, e não tenho nada haver com isso! – Explodo com as palavras.

Ele respira fundo resmunga algumas obscenidades e me ajuda a subir na carruagem. Seus pés também estão descalços e ele tropeça nos degraus da carruagem.

– Cuidado por onde pisa! – Grita Brutus que começa a rir junto a Gloss e Enobaria.

– Não ligue para eles! Você terá tempo de sobra para arrancar a cabeça deles na arena! – Sussurro em seu ouvido.

Ele simplesmente ignora e sobe junto a mim na carruagem. Posicionamo-nos, e a carruagem começa a andar sozinha como no ano passado.

– Concentre-se e olhe para mim! – Sussurro de lado.

– Irei tentar! – Retruca ele. A principio a multidão está silenciosa. Alguns gritam para os carreiristas, outros estão conversando entre si, mas nada de desordeiro. Quando nossos corpos são iluminados pelo sol às fitas cintilantes de dourado em nossa pele brilham como raios vividos do sol. Era como se a tinta de Ginger criasse vida e tivesse engolido meu corpo.

– Marcus... – Aponto para sua barriga que está iluminada como uma lâmpada florescente.

– Oque... Oque é isto? – Diz ele indignado.

Quando o sol bate diretamente em nossas pulseiras e tornozeleiras uma armadura começa a se formar sobre nossos corpos. Como se ela estivesse sendo feita na hora em nosso manequim.

– Olha! – Digo olhando para meu braço que agora estava coberto por uma espécie de refletor que transmitia alguns tons de dourado. Minhas mãos estavam sendo transformadas em ouro maciço e uma espécie de túnica dourada se estende dentre minha cintura. Eu obviamente não estava mais nua. Muito menos Marcus, que agora estava com gigantescas botas douradas e luvas de ouro entre os braços. Seu peitoral foi coberto por dourado e seu busto não era mais o mesmo.

Começamos a rir um da cara do outro pela transformação. Mas um truque na manga do famoso mestre Gary. Eu não tinha estas expectativas de ser transformada numa barra de ouro pura e viva. Mas Gary sempre está a nos impressionar.

As pessoas vibram quando veem nossa transformação. Marcus acena para a multidão, e ao longe consigo ver não só jovens, mas mulheres caindo ao chão.

Os tapa sexos não eram mais precisos. Não estávamos mais despidos. Olho de relance sobre o telão e vejo que ate alguns vitoriosos como Gloss e Enobaria estão de bocas abertas. Volto a uma postura relevante e passo direto pelo rosto do meu opressor Snow. Ele estava tão mórbido que chegava a dar nojo.

Chegamos ao circulo da Cidade e esperamos os outros tributos também. Ao longe vejo os tributos do 10 que estão tão ridículos que Marcus solta um risinho entre meu ombro. São duas vacas encima de uma carruagem negra. Dou uma chutada em seu pé o fazendo parar.

Ao olhar de relance vejo que os tributos do 12 também foram a sensação deste ano. Fogo como sempre. O visual deste ano está mais fechado e atraente do que o do ano passado. O rosto da garota esta negro de impaciência e o Mini Marcus está ignorando a quem estivesse em sua frente. O estilista deles deve ter muita criatividade e animo para fazer tal traje.

Snow começa o discurso cansativo como sempre. Aquele velha historinha de “Queremos honrar” ou “Tributos queridos”. Todos ali sabem que aquele velho sujo quer nos ver mortos em poucos dias. A temperatura do traje aumenta e começo a suar. Frio por sinal. Ver o rosto daquele velho imundo me dava nojo. Não acredito que ele me deixou viver mais um pouco.

Olho para Marcus e vejo a expressão de desprezo em seu rosto, como se ele quisesse grita naquele momento. “Diga a verdade! Que somos seu entretenimento!”. Era oque ainda estava entalado na garganta fina de Marcus. Uma lagrima sai de seus olhos azuis e com ela levam um pouco do pó que ainda estava em seu olho. Snow, você é imprestável! Você fez o filho do sol chorar! Você irá me pagar!

Para o alivio dos meus miolos a carruagem se seguiu novamente para dentro do centro de treinamento. Para minha infelicidade avisto Mirla, Cecelia e Woof esperando para fazerem seus comentários a meu respeito.

– Maravilhosos! Vocês foram maravilhosos! – Vibra Mirla encima de seus saltos. – Já negociei com dois patrocinadores e...

– Vamos subir? – Interrompe Woof. – O clima aqui está muito... Estranho!

– Eu... Eu não consigo andar! – Digo com minhas pernas presas as botinas de ouro. Dois avoxes entram em cena e me carregam entre seus braços como se eu fosse sua rainha. Woof os encaminha entre o elevador e estranhamente esbarramos nos tributos do 5.

– Como eu queria ser você! – Ecoa a voz da mulher do 5. – Seu traje estava tão...

– Dourado? – Completo.

– Simples e modesto! – Diz ela. – Distrito 5 não tem tanta coisa de se orgulhar! A única coisa que produzimos é energia!

– Energia é bom! Não seriamos nada sem energia! – Diz Marcus. – Posso saber seu nome?

– Amélia! Prazer em conhecê-los, este é meu marido! Ryan... – Diz ela fazendo alguns gestos. – Ele perdeu a audição na arena, sabe...

– Sei como é isto! Todos nós perdemos algo ali! – Diz Marcus antes da porta do 5 andar se abrir.

– Foi bom conhece-los! Irmãos dourados! – Diz Amélia ironicamente antes de sumir em seu andar.

Ela sai desembestada entre os corredores do 5 andar levando seu marido junto a seu corpo. Isso prova que nós só somos mais um individuo indefeso na arena. Quais são as chances deste cara surdo ganhar? Quais são as chances da velha Mags legar o premio? Quais são as minhas chances de sair viva? Mínimas! Como sempre foram.

Os Avoxes musculosos me deixam sentada no sofá. O peso das botas puxava meu corpo magro para baixo me prendendo ao mundo. Marcus que era extremamente forte conseguia se movimentar facilmente em seu traje.

– Copo d’água, por favor! – Berro dentre a sala. Minhas pernas ficaram doloridas depois daquele peso sobre elas. Uma avox traz uma taça com água para mim. – Obrigada...

Ela se retira as presas olhando diretamente para chão. Uma sensação ruim percorre meu corpo. Por que fiz isso? Dei ordens a alguém. Não sou dona de nada nem ao menos tenho poder. Como eu sou... Sei lá! Até pareci com esses debiloides da Capital, que pedem um mísero copo de água a alguém.

Ginger chaga ao meu lado e retira calmamente as botas. Ela aperta um botãozinho e a bota se transforma em tornozeleira novamente.

– Se soubesse que era tão simples não teria sido carregada... – Digo baixo.

– Essa armadura demorou tanto para ser feita que já enjoei de olhar para ela! – Diz ela rindo. – Primeiro eu desenhei o modelo. Gary teve a ideia do nudismo passageiro e juntamos nossas artes. Deu nisto!

– Foi o melhor traje que já usei! Mesmo que os outros não tenham notado...

– Eles notaram! – Completa ela tirando a tinta de minhas pernas. – Você não sabe o quanto é sortuda, garota dourada!

– Sorte? Eu matei meu amigo! Vi meus pais morrendo e tive que sustentar minha família só! Isso é sorte? – Berro na sala.

– Sorte de ter mentores tão esforçados em mantê-la viva! – Diz ela com uma voz maliciosa.

– Oque? Oque você sabe? Diga-me! – Grito.

– Nada que você deveria realmente saber! – Ela leva as tornozeleiras e as pulseiras entre as mãos e sai do andar com uma cara de debochada.

– QUE DROGA! – jogo a taça de vidro contra parede. – Tem algo cheirando podre neste andar e eu irei descobrir! Algo que ninguém quer me contar!

Neste exato momento Mirla chega junto a Cecelia no andar. – Mas oque significa isso! – Ela grita apontando pros cacos no chão. Cecelia fica com as mãos entre a boca ao ver minha mão ensanguentada.

– Isso é oque eu irei fazer com a cara do escroto que está me escondendo algo! – Grito. – Que ódio de vida!!

Corro para meu quarto e bato a porta com a maior força que eu tenho. Que cara de pau. Ginger esconde algo sobre mim e não quer me contar.

Woof bate incessantemente na porta mas eu lhe deixo no vacou. Foi como no ano passado, depois da cerimonia, eu me tranquei em meu quarto, furiosa novamente.

– Abra esta porta! – Berra Woof.

– Pode arromba-la se quiser! – Berro.

– Eu vou esclarecer tudo! Não é isto que você quer? Saber sobre o Gary e o Derick? – Insiste ele.

– Entra! – Abro a porta e tranco como fiz com Lindsey ano passado.

– Primeiramente vai lavar esta mão antes que ela apodreça! – Ordena. Woof tinha um jeitinho rabugento de ser. Acho que seus filhos não aguentaria viver em meio a sua rabugice.

– Lembra-se da sua fuga da arena, ano passado? – Pergunta.

– Sim...

– Oque Snow lhe falou? – Pergunta ele.

– Ele disse que eu havia sobrevivido graças a garota do 12 e de seus truques com as amoras...

– Errado! Você sobreviveu por causa dele! – Em seu bolço Woof me mostra um cartão com a foto de Derick. – Ele pagou o equivalente a sua vida querida!

– Não pode ser! – Digo indignada. – Derick não poderia ter gasto sua grana comigo!

– Ele gastou! Exatamente 1 milhão de dólares para você esta viva aqui hoje! – Diz ele pousando suas mãos sobre minha cama.

– Mas o Derick... O Derick não poderia ter gasto uma fortuna comigo! Ele... Ele nem sabia da minha fuga...

– Errado novamente! James havia lhe avisado do seu plano uma noite antes dos jogos começarem! - Sua voz sai dolorida e sofrida de sua garganta. – Ele conhecia seu pai...

– Meu pai!? Oque ele tem haver com isso?

– Você não sabe? – Pergunta ele com um tom enigmático.

– Me responde logo! – Digo.

– Derick é seu tio! Seu tio rico que sempre guardou a herança da família para você! – Diz Woof. – Eu sou um de seus companheiros nas rodadas do cassino e sei de todos seus segredos!

– Peraí! Explica direito isso! Eu estou começando a ficar aflita! – Grito em sua cara.

Ele me conta que antigamente as pessoas recebiam propina para deixar seus filhos vivos. Esses filhos eram chamados de “selecionados” que eram adolescentes que não ganhavam os jogos, mas continuavam vivos graças ao dinheiro. A Capital dava um jeitinho de tirar o tributo da arena sem levantar suspeitas, e o garoto ou a garota seguiam suas vidas normalmente. Principalmente pessoas dos Distritos 3 e 4 que nem sempre ganhavam, mas seus filhos voltavam com vida. Antigamente a minha família fazia móveis no Distrito 2 e com isso meu avô conseguiu uma boa herança para seus filhos. Quando meu pai morreu a parte designada a ele veio para mim, Anna, Marcus e Nicolas, por que nós somos seus herdeiros. Mas meu pai não deixou uma fortuna em nossas mãos, ele pediu a Derick para tomar conta de nosso dinheiro e gastar quando algo fosse realmente necessário.

Derick ficou sabendo do meu plano por James e sabia que se eu caísse nas mãos de Snow seria morta facilmente. Então ele falou diretamente com o presidente me fazendo viver. O problema é que Derick só pagou por mim, e James teve que morrer sozinho. Snow só queria brincar comigo, me fez participar desta palhaçada novamente para dar ibope para seu showzinho.

– Não acredito! – Eu poderia ter morrido, mas ele me salvou. De alguma maneira ele me salvou.

– Bom... Sua herança não era tão boa assim então o Derick teve que da sua parte dela também e apostar alto nos cassinos! – Diz Woof. – Mas o importante é que ele acabou pagando e você está viva!

– Eu tenho que falar com ele! – Digo tentando fixar minha visão às de Woof.

– Ele está com sérios problemas por causa desta divida querida...

– Derick... me perdoe! Onde você estiver me perdoe! – Imploro. – Me perdoe por ter deixa-lo nesta situação.

– Ele quis fazer isso por você! Mesmo sem conhecê-la ele te amava como uma filha!

– Eu também poderia jurar que ele era meu pai! – Digo com as mãos enterradas ao rosto. – Obrigada, Woof! Você foi muito gentil!

– Não foi nada... Agora vamos jantar tudo bem...

– Eu... Eu vou ter que me recuperar! – Soluço.

– Quando estiver melhor se apresente a sala de jantar! – Diz ele se retirando de meu quarto.

Woof sai do quarto sem mais explicações.

Não pode ser! Derick não pode ter gastado todo seu dinheiro comigo! Como eu pude fazer isto? Marcus! Ele deve saber de algo! Primeiro tenho que pensar, planejar, me esforçar e seguir em frente. Em primeiro lugar o plano de Plutarch esta em minhas mãos e eu não posso me desfazer dele. Katniss continuará viva.

O banho no chuveiro é bem dourado. Toda a obra de arte de Ginger desce pelo ralo junto as minhas lagrimas. Saio do chuveiro e vejo meu rosto borrado pela noticia de Woof. Tento me acalmar e não surtar dentro do banheiro.

Enxugo as ultimas lagrimas do rosto na toalha e saiu do banheiro em busca de ar. Vasculhei a gaveta e pus a primeira muda de roupa que achei. Tentei estancar as lagrimas antes de sair do quarto, pois o clima de festividade estava no ar.

Ao chegar à mesa vejo toda a trupe do Distrito 8. Vinhos e destilados estão sobre a mesa junto a um jantar majestoso. Todos estão com risos entre a cara por causa da nossa “transformação” na cerimonia. Mirla não para de falar como um gaio tagarela, Cecelia lhe acompanha com o olhar. Marcus está entretido com uma taça de vinho e com as palavras de Woof. Ninguém repara minha presença ate Gary chegar.

– Gary! – Grito num tom de alivio e o abraço de imediato. Seu cheiro estava mais suave e seus cabelos sedosos. O cheiro de seu terno enredeou meu corpo em segundos. – Como eu senti sua falta!

– Também querida! Eu também! – Sussurra ele ao meu ouvido. – Te trouxe um presente...

– Presente? – Pergunto. Ele tira um envelope de seu bolso e entrega em minhas mãos.

– Leia após o jantar! – Diz ele me entregando uma carta. – Bom... Como vocês estão?

Ele tenta mudar de assunto e comer passivamente conosco a mesa. Conta que teve que resolver alguns problemas no 8 por causa da escassez de tecidos. Ele conhece alguns fornecedores secretos que fabricam os tecidos para si mesmo. Mas acho que não foi só isto! Pois seu rosto está inchado e uma roncha marca seu olho. Seu terno esconde seus braços, mas aposto que eles também devem estar marcados de cicatrizes.

Parece que mesmo o levante sendo controlado, as pessoas pararam de fabricar tecido. Gary não foi o único estilista da Capital a ter que produzir nossas roupas com seus próprios recursos.

– Gary... Como você conseguiu fazer aquilo em nosso corpo !? – Pergunta Marcus indignado. – Aquilo foi...

– Incrível! – Digo num tom baixo com os olhos centrados em meu prato.

– Primeiramente eu já tinha tido esta ideia de transformar meus tributos em manequins! – Fala ele. – Mas eu não poderia fazer minha arte em qualquer edição, estamos no massacre quaternário! Temos que variar de algum modo!

– Que variação! – Fala Woof tentando esconder o rosto.

– Não gostou caro Woof? – Pergunta ele com um sorriso.

– Achei expostos demais, muitos patrocinadores não dão valor ao nudismo...

– Eles nunca estiveram nus! – Completa Gary. – Pintura corporal é algo tanto artístico quanto sexy!

– Não quero que comecem uma discursão! – Fala Cecelia indignada. – O clima está mais que pesado neste andar!

– O clima aqui está ficando entediante, boa noite para os que ainda estão dispostos! – Diz Marcus se retirando da mesa.

Agarro em uma de suas mãos e sussurro em seu ouvido.

– Quero falar novamente com você...

Ele apenas acena com a cabeça e caminha para o corredor obscuro.

Continuo entrada no prato que insiste em ficar cheio. A falta de apetite chegou a meu corpo e meus sentidos não estão assim aguçados.

– E você querida gostou do traje de hoje? – Diz Gary se referindo ao vestido. Acordei do transe do prato e me direcionei ao seu rosto.

– Primeiramente eu achei loucura! Você mesmo sabia que eu tinha horror a nudez, mas depois que vi me transformando em meu próprio traje eu me senti tão...

– Você? – Completa ele com um tom irônico.

– É... Eu me senti tão eu! – Digo com um meio sorriso cansado. – Ginger também fez um ótimo trabalho!

– Eu conversei noites com ela para que nada fosse mostrado além do esperado!

– Obrigado... Por me fazer tão feliz entre a tristeza!

– Este é o meu papel no mundo! Deixar quem amo feliz! – Sua mão pousa em minha bochecha. Sinto o calor e seus dedos acariciando meu rosto e tento não cair no transe de seus olhos verdes.

Disfarço minha vergonha com um olhar centrado ao chão. – Acho... Acho que irei dormir um pouco! Boa noite a todos! – Resmungo, mas ninguém responde de volta. Todos ficaram tão silenciosos quanto as brisas de verão do Distrito 8.

Pego o “presente” que Gary me entregou e me dirijo ao meu quarto. De quem será? Deveria ser algo muito importante para ser chamado de presente. Não posso ler aqui. Certamente câmeras estão me monitorando e me vigiando 24 horas por dia. A praça! Vou esperar a madrugada baixar e descer sozinha mesmo.

Sento na cama e a ansiedade de abrir o envelope engole meu corpo. Minhas mãos estão formigando e a vontade de rasgar aquele papelzinho estar em minha mente. Acho que é de Anna ou até mesmo do Nicolas.

A dor de desapego me frustra e me leva a um sono de insônia. Amor. Algo que podia sim mudar meu sentimento de vingança. Eu deixaria qualquer rancor para trás por quem amo. Pela minha família e pelos que precisam de mim. É algo que me frustra muito, ver pessoas chorando resmungando sem esperanças. Esperanças para que afinal? A verdade é que todos nós entramos numa guerra para obter um pouco de paz. Essa é a paz que Phil deseja alcançar. Aposto que ele sonha todas as noites com uma Panem diferente, onde seus filhos e netos pudessem viver felizes, onde pudéssemos envelhecer e contar piadas sem sentido para levar a eternidade, onde as pessoas não julgassem tanto as outras. E quem não sonha com um país assim? A resposta pode estar nesta carta!

Meus dedos passam rapidamente pelo envelope que se abre com facilidade.

Amor,

Quanta coisa mudou desde a sua partida e tanta coisa ainda irá mudar. Eu sinto tanto sua falta... Tive a oportunidade de te escrever pela ultima vez, pois as coisas não estão assim tão fáceis para ambos os nossos lados.

Só quero que você lembre-se de mim. Lembre-se de quanto te amei. Lembre-se que ainda te amo mesmo que a vida me leve para outro lugar deste mundo. Lembre-se que nunca é tarde para o nosso “para sempre”.

Ser profundamente amado por alguém nos dá força

Amar alguém profundamente nos dá coragem

– Phillip

– Gary! – Berro. – Gary!

Ele aparece entre minha porta com o rosto tênue por causa da luz.

– Oque foi? – Pergunta ele indignado.

– Aonde você conseguiu isso! – Exclamo lhe mostrando o papel.

– Um garoto me entregou e me pediu de joelhos para te entregar! – Fala ele.

– Esse garoto... Ele... Está vivo? – Pergunto.

– Bem... Naquele momento ele parecia bem vivo, mas logo após ele me entregar isso, dois pacificadores...

– OQUE! O mataram? – Começo a chorar instantaneamente.

– Ele foi preso! Alguns minutos depois uns pacificadores o levaram para o isolamento!

– Não... Não pode ser! – Digo baixo para não deixar ele nervoso. Gary me olha pela ultima vez e some em meio à escuridão do corredor. Olho para a carta novamente e leio a frase final “Amar alguém profundamente nos dá coragem”. Terei que ter coragem. Coragem para enfrentar meu inimigo e lutar por quem amo. A coragem que nem sempre tive.

– SNOW! SEU CRETINO! VOCE ME PREMETEU! – Berro para quem quisesse ouvir. – Prometeu deixa-los em paz! Você me pôs no lugar deles!

Jogo a carta para um lado da cama e começo a soluçar em meio a um choro doentio. Afundo minha cara na primeira almofada que avisto. E berro, grito tudo que um dia iria sair de minha boca de uma maneira ou outra. Ele não poderia ter apreendido Phil. Logo Phil que é tão importante para mim. Minha expressão muda e sento na beirada da cama procurando soluções para meus problemas.

Calma Lisa! Digo a mim mesma. Phil é esperto e irá facilmente sair dessa. Agora se concentra e foca em seu primeiro problema. Snow. Era o cara que oficialmente estava na lista negra de diversas pessoas de Panem, inclusive a minha. Snow irá pagar por tudo que fez. Mas ele também irá ficar devendo de algum modo.

Guardo a carta em meu bolço e descanso os miolos em meu travesseiro. Vou para a praça. Preciso ficar sozinha e em silencio e refletir em tudo que Snow me fez. No final das contas, Snow me fez de boba e brincou com minha cara. Tento me controlar de alguma maneira em meu quarto. Depois de algumas horas mirando as luzes da Capital e decido descer para a tal praça do ano passado.

Ao andar silenciosamente pelos corredores paro um pouco para ver se ninguém está me seguindo. Ou até mesmo me espionando.

Ao abrir a porta do elevador me deparo com uma criatura tão simpática quanto eu.


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Notas finais do capítulo

Será que Phil foi realmente aprisionado e assassinado pelos pacificadores?
Será que Lisa se aliará com alguem logo no primeiro dia de treinamento?
Quem será a pessoa misteriosa que deu de cara com a Lisa no Elevador?
No proximo Capitulo...



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