Jogos Vorazes - Reerguendo das Cinzas escrita por Herdeira de Sonserina


Capítulo 33
Capitulo 30


Notas iniciais do capítulo

Gente quem puder pode comentar?
Eu adoraria saber se estou agradando a todos :)
Obrigados a todos que ainda estão acompanhando minha fic :)



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– Finnick!? – Olho em seus olhos verdes. – Oque você faz aqui!?

– Eu que lhe pergunto Srt. White! – Ele responde com um tom irônico. – Ainda está acordada?

– Eu só quero aproveitar o máximo do restante da minha vida! – Digo lhe encarando. – E você? Que eu saiba, o andar 4 é lá embaixo!

– Eu tive que... Que conversar com alguém! – Fala ele.

Entro no elevador junto a ele e descemos dentre os andares. Finnick não abre a boca até chegar a seu andar.

– Precisa de companhia? – Pergunta ele com um sorriso. – Não estou nem um pouco com sono!

– Eu não sou como todas as garotas que você já dormiu Finnick! – Digo rindo.

– Não... Você é mais difícil do que elas! – Ele pousa sua mão quente em meu ombro.

– Se quiser me acompanhar até lá embaixo tudo bem! – Digo.

Ele me encara com seus olhos verdes e entra no elevador novamente. Descemos os últimos andares e caminhamos até o mesmo banco do ano passado.

– Esse banco me trás lembranças... – Digo passando meus dedos ásperos no banquinho.

– Lembranças? – Pergunta Finnick.

– Eu passava o tempo todo aqui ano passado...

– Até que esse lugar é bom para relaxar! – Diz ele rindo. Finnick poderia ser o homem mais mulherengo de Panem, mas ele estava lá para me ouvir.

– Finnick... Posso te perguntar uma coisa?

– Diga! – Responde ele.

– Se você tivesse alguém que te amasse fora dos jogos, iria lutar para reencontrá-la? Mesmo sabendo que as chances de voltar vivo são mínimas...

– Você ama mesmo está pessoa? – Pergunta.

– Amo mais que tudo nesta vida! – Digo.

– Bom, eu também tenho alguém que me ama de verdade... Alguém que daria minha vida para vê-la feliz! – Diz ele se apoiando sobre o braço do banco.

– É tão difícil! Você tirar está pessoa da sua vida tão rapidamente! – Digo.

– É... Dentre milhares de mulheres que já conheci só ela me conquistou por inteiro! Eu senti algo diferente, eu entreguei minha alma a ela!

– Que lindo Finnick! Nem acredito que isso saiu da boca do homem mais pegador de Panem! – Falo.

– Às vezes é chato ser pegador! – Suas palavras saem tremidas diante da gargalhada que solta. – E você Deusa dourada? Aceita um torrão de açúcar?

– Só faltava está! – Digo pegando o torrão de seus dedos e rindo de sua cara de bobo. – Afinal, aonde veio à ideia de envolver torrões de açúcar em suas cantadas?

– Meu irmão adorava! Passávamos milhares de tardes sentados à beira do mar com o gosto doce na boca! Mas infelizmente a Capital me levou todas estas lembranças...

– É... Eles levam toda coisa boa de você! Mudando de assunto... Você está ciente do plano? – Pergunto.

– Do Tordo? Claro, e queria falar especialmente com você! – Diz ele jogando alguns torrões a boca. – Amanhã o treinamento irá começar, e eu preciso da dupla de irmãos para despistar os carreiristas!

– Como assim? – Pergunto.

– Façam alianças, se juntem a eles! – Responde.

– Oque!? Eu!? Carreirista!? – Solto. Eu não sou boa nem em me controlar, como irei fazer alianças com carreiristas velhos a rabugentos?

– Tudo pelo tordo! Enquanto eu e Johanna a protegemos, você e seu irmão podem ajudar afastando-a do perigo!

– Isso faz sentido... Mas como eu, uma garota totalmente escorraçada pela Capital, irei me juntar aos carreiristas? Logo aos carreiristas? – Pergunto indignada.

– Eu definitivamente não sei! Mas de qualquer jeito! Faça amizades... – Responde com uma voz suave.

– Eu não faço amizades nem com os trabalhadores da fabrica...

– Mas agora irá ter que fazer! – Sua voz sai grossa.

– Deixe comigo! Se depender de mim os carreiristas não iram encostar um dedo nela!

– Ótimo! – É a única coisa que sai de sua boca. – Bom... Já está tarde acho que vou voltar aos meus aposentos...

– Estava esperando mais de mim não é, Finnick? – Digo com um tom irônico. Ao acabar de recitar as palavras lhe dou um beijinho na ponta de seus lábios que o faz se arrepiar. Era a única forma de agradecimento que tinha por me ouvir.

Finnick era como eu. Ele sofreu, conseguiu sair vivo, foi enganado pela Capital e ainda perdeu quem mais amava.

– Boa noite! – Ele diz no vacou. Vejo seu corpo desaparecer diante o elevador e penso em quantos lábios já encostaram e sentiram a boca de Finnick. Ele é tão leigo e charmoso que sinceramente muitas mulheres cairiam em sua lábia.

Espero mais um pouco e aprecio o vento sedoso que levanta meus cabelos. Sinto a luz do luar entrar em meus poros e a calma fincar em meu corpo. Carreirista. Eu teria que me transformar numa carreirista se quiser ajudar no plano. O problema é, como irei fazer isso? Ser sarcástica e violenta? Não sou nenhuma Clove que mata por diversão ou nenhum Brutus que se sente feliz em ver pessoas mortas em sua volta. Mas agora eu terei de ser a garota mais obscura e fria possível, teria de ser misteriosa. Uma coisa que absolutamente não sou, sou impulsiva e faço tudo pela raiva. Mas terei de me controlar diante dos fúteis carreiristas.

Cansada subo os andares, sozinha. Como no ano passado nenhum pio é pronunciado. Os tributos deste ano são ainda mais deploráveis do que do ano passado. Para falar a verdade nem tenho tanto medo deles, por que eles também já sofreram como eu. Os garotos do ano passado estavam confiantes, sorridentes, animados, pois nunca haviam se apavorado numa arena. Os tributos deste ano são tão perigosos que chegam a ter medo, eles já sofreram algo, alguns como Ryan do Distrito 5 sofreram lesões incuráveis, outros como Finnick sofreram com lesões de própria mente. Eu tenho a sorte de não está neste grupo de lesões, pois já sofri tanto na infância que a dor de ver alguém morrer não é mais tão dolorosa como antes.

Ando pelos corredores do 8 andar nas pontas dos pés e me tranco calmamente em meu quarto. Dispo-me e fico só com as roupas de baixo. No silencio da noite me enrosco em meu cobertor na esperança de me esquentar. Pois minha alma estava tão rígida e gelada que chega a dar medo.

Sonhei com Marcus, perdendo sua vida novamente na minha frente. Brutus com um riso malévolo e com mãos ensanguentadas, segurando um facão que estava atravessado às costelas de meu irmão. Grito, berro, me esperneio, mas ninguém me dá assistência emocional, ao longe vejo Enobaria e Cashmere rindo de minha cara. Começo a berra obscenidades para elas então Gloss aparece do nada, enfiando uma faca em meu pescoço.

Acordo sentindo a dor da faca entrando em minha traqueia e me dou conta da loucura que terei de fazer.

Meus sonhos são tão amedrontadores que acordo suando frio no meio da noite. O calor no quarto estava incessante, me fazendo ficar com uma dor de cabeça irritante. O céu ainda está negro quando decido tomar um banho para relaxar minha mente. Caio sobre as gotas geladas de cabeça e tudo, e só então vejo que ainda estou com as roupas intimas.

Aonde eu estou me metendo? Digo em minha mente. Esse meu sonho só foi um presságio, quando todos estiverem mortos, eles começaram comigo. Ou até mesmo iram me enganar, se aliando a mim e me matando facilmente no banho de sangue. Brutus e Gloss são como Cato e Marvel só que muito mais experientes. Eles podem muito bem fazer um joguinho de encenação para me matar de primeira. Mas eu serei mais inteligente, com certeza. Amanhã mesmo irei convencer eles a me aceitar como aliada. Mostrando meus truques e manipulando as mentes maquiavélicas deles.

Deito-me para acabar o sono que restou. Ninguém me acordou nesta manhã. Acho que este ano você só se apresenta ao treinamento se quiser. Visto um traje me arrojado para o treinamento e como algumas frutas para não desmaiar novamente.

Marcus não deu suas caras desde o jantar de ontem e muito menos o resto da turma do 8. Desço sozinha no elevador até o subsolo novamente. Respiro algumas vezes para não me precipitar e tento manter a calma.

Ao abrir vejo que menos da metade dos tributos compareceram ao treinamento. As únicas pessoas que estão presentes são os carreiristas e alguns tributos avulsos, como os do 3 e do 6.

Avisto Marcus no fundo do setor de armamentos. Sua expressão é seria, em sua mão uma espada e ao seu lado bonecos de treinamento estão dilacerados.

Seus dentes estão expostos e suas sobrancelhas curvadas. Às vezes ainda escuto alguns gritos saírem de sua boca. Uma coisa é certa, Brutus não iria mata-lo facilmente. Muito menos Gloss.

– Este Marcus é novo para mim! – Digo ao seu lado. Ele leva um pequeno susto e se vira para mim.

– Eu aprendi algumas coisas no isolamento! – Fala ele rodando a espada entre os dedos. - Você tem que aprender a se defender de algum modo!

– Há é! Eu também aprendi algumas coisas com o sofrimento! – Digo a ele agarrando outra espada ao meu lado. Dou alguns golpes nuns bonecos esfolados e vejo que sua expressão também mudou.

– Vejo que também aprendeu novos truques! – Fala ele rindo. Ele joga a espada ao chão e me dá um abraço apertado. – Que saudade!

– Marcus... Por favor... – Digo lhe soltando. – Estamos em publico! Não quero passar vexame...

– Tá com vergonha de seu irmão favorito? – Diz ele rindo com um sorriso entre os dentes.

– Não Marcus... Mas você não percebe que isso daqui não é brincadeira? Isso é serio tá legal? - Aponto para Brutus que estava espetando dois bonecos com uma só lança. – Está vendo aquilo! Daqui a alguns dias poderemos ser nós espetados naquela lança!

– Desculpe... Eu... Eu estava com muita saudade de você! – Diz ele desapontado.

Dou-lhe um beijinho na bochecha. – Abre o olho! Isso daqui não é qualquer edição! – Digo a ele. – A propósito, preciso falar com você!

– Na hora do almoço agente se falar melhor, estamos sendo “vigiados”! – Fala ele apontando com seus olhos para os patrocinadores.

Ando um pouco entre as estações do treinamento e vejo pouca variedade. Os viciados na camuflagem. Os inteligentes aprendendo a acender uma fogueira. A maluca do 7 lutando com óleo no corpo.

Me junto a setor dos tributos do 2 e tanto me enturmar com eles.

– Posso? – Digo pegando uma faca.

– Fique à-vontade! – Diz Brutus rindo. – Fiquei sabendo que seu estilista quis copiar o ouro de nosso Distrito...

– Você não gosto? – Pergunto.

– Achei que você produzisse tecido! E não ouro...

– Nós produzimos algo tão precioso quanto o ouro! Meu estilista só quis mostrar algo que temos por dentro, e que conseguimos produzir! – Digo-lhe encarando com meus olhos.

– Nós vimos você ano passado... – A voz de Gloss ecoa em meus ouvidos. – Boa aparição, barrinha de ouro!

Quando Gloss faz esta piada mal feita todos os babacas carreiristas caem na gargalhada. Para não me fazer de idiota abro um sorriso meio falso por sinal e levo a piada na boa.

– Você poderia treinar conosco estes dias, poderia até chamar seu irmão! Vocês dois tem um porte forte! – Diz Brutus pousando a mão em meu ombro.

– É... Pode ser! – Respondo. – Agora me mostre oque vocês sabem!

Em menos de 1 hora os carreiristas viraram praticamente meus aliados. Troquei ideias com eles sobre os outros tributos, treinamos alguns instrumentos, eu já era praticamente uma assassina sádica. A única coisa de que não estava gostando era do olhar do Marcus. Como se ele estivesse com nojo de mim. Eu também ficaria se visse ele junto e esses malucos mas, é por uma boa causa, lá encima prometo contar a ele sobre o plano.

– Cashmere é um tecido muito caro! – Digo atirando algumas lanças nuns alvos. Ao meu lado a irmã de Gloss também esta mirando os círculos.

– E muito fino também! – Completa ela com um tom irônico. – Sua destreza é admirável!

– Obrigada! – lhe respondo. Cashmere era a única que ainda desconfiava de mim. Mas eu enrolei tanto a cabeça dela que agora já somos até amigas intimas.

Gloss me ensinou como proteger seu corpo com apenas uma espada, ele me pediu para mostra-lo o golpe do ano passado. Quando matei duas crianças ao mesmo tempo. Eu lhe disse que é só se concentrar e pensar no que vai fazer, e ele fez exatamente igual a mim.

– Gostei de você garota dourada! Se quiser pode nos apresentar seu irmão! – Ele aperta minha mão como se fossemos amigos.

– Irei falar com ele, poderemos ser grandes... Aliados! – Digo rindo. Somos chamados para o almoço que será servido na sala de jantar principal, onde todos os tributos comeram juntos. Ando silenciosamente para a porta quando Marcus me puxa pelo braço.

– Você está louco! – Berro.

– Não, você está! Oque estava fazendo com aqueles malucos? – Pergunta ele enfurecido.

– Eu estava garantindo minha sobrevivência por alguns dias dentro daquela arena, tá legal? – Digo. – Precisamos se juntar a eles ou seremos os primeiros petiscos na arena!

– Prefiro ser o primeiro morto dessa edição do que se juntar a eles! – Ele diz serio.

– Marcus, precisamos da ajuda deles! Eu sei que não somos carreiristas...

– É, absolutamente não somos carreiristas!

– Quando a barra pesar a gente foge, quebra a aliança, sei lá! Não podemos se fazer de difíceis, isso aqui não é só mais uma edição dos jogos, entendeu?

– Lisa, pode se juntar a eles, eu...

– Não! Você também vai comigo, por que eu não quero te perder novamente! – Afirmo, lhe encarando com meus olhos. – Não quero mais sofrer sem você... Por mim, por favor!

– Vamos ver no que isso irá dar! – Ele sussurra em meu ouvido. Comemos a algumas mesas longe dos carreiristas que fitavam meus olhos a cada minuto. Certamente estavam falando de nós, o casal de irmãos desalentes do Distrito 8. Ao olhar para meu lado vejo o resto de pessoas enfurecidas comendo tranquilamente. Os estranhos do 3. Os casados do 5 conversando através de gestos. Finnick obrigando a velha Mags a comer e os tributos do 12 como sempre fechados na deles.

– Por que tá fazendo isso? – Marcus pergunta a meu ouvido.

– Fazendo oque? – Olho em seu rosto.

– Se juntando aos carreiristas, essa não é a Lisa que eu conheço! – Seu sussurro sai espremido de sua boca.

– Tá vendo aquela garota! – Digo mirando Katniss aos olhos. – Aquela garota é a salvação de Panem, e para que aquela garota continue viva precisamos se misturar com eles!

– Oque? – Pergunta indignado. – Você está pondo sua vida em risco por esta garota!

– Não é só a minha vida que está em risco meu irmão, aquela garota pode garantir nosso futuro! – Digo-lhe mas, sei que ele não está por dentro do plano. – À noite eu falo com você melhor, mas precisamos nos juntar com os carreiristas!

– Tudo bem... Deve ter uma boa explicação para isso! – Ele levanta e leva seu prato as mãos de uma avox que impede que ele entre na cozinha. Meu irmão era tão jeitoso e afetivo as vezes que eu chegava a ter ciúmes da pessoa que recebe um favor dele.

– Seu irmão é um verdadeiro garoto de ouro! – Sussurra Finnick atrás de mim. Tudo bem que ele gosta de mulheres, mas não sabia que também era atraído por homens, principalmente homens como meu irmão. Ele da uma leve piscada para mim e acho que ele está gostando de me ver amiga dos carreiristas.

O almoço acaba e terminamos a tarde treinando. Marcus e juntou a mim e os carreiristas e contamos nossas historias de vida para eles.

– Eu não acredito que vocês conseguiram mesmo fugir da arena! – Diz Enobaria frustrada. – Isso é impossível!

– Se fosse impossível não estaríamos aqui! – Diz Marcus com a voz rígida. Dou um chute em uma de suas canelas e solto um olhar amedrontador para ele.

– Eu fui treinada desde criança para fugir! Eu não seria louca a ponto de entrar sem saber ao menos tocar numa lança! – Digo pra eles.

– Então quer dizer que por um lado vocês também são carreiristas! – Fala Brutus rindo.

– Mais ou menos isto! – Diz Marcus lançando algumas facas.

– Mostre-me oque sabe, fugitivo! – Gloss enfrenta meu irmão e vejo a irá em seus olhos. Ele encara alguns bonecos de treinamento e dilacera os bonecos em segundos.

– Está bom para seu nível!? – Pergunta Marcus com um riso sádico.

– Gostei deste cara! – Brutus pousa a mão dele no ombro de Marcus que solta um rosnado silenciosamente. – Bom por hoje é só, queremos treinar mais com vocês!

– Poderemos nós dar muito bem! – Respondo com uma voz maliciosa.

O primeiro dia de treinamento foi cansativo e entediante. Tive que contar todas as coisas que sei sobre o plano do tordo e a rebelião para Marcus. Ele ficou surpreso e até pediu para que eu não entrasse dentro desse plano de revolução. Mas consegui submete-lo a se tornar um carreirista.

– Agora me entende? Entende por que eu estou fazendo isso? – Digo-lhe.

– Ainda não gosto de te ver junto a aquelas pessoas desumanas, mas se é por algum motivo bom! – Ele acaricia o cabelo no meio da noite. Ele puxa os fios do meu cabelo para meu ombro e recoloca meu colar no mesmo canto de sempre. – A filha do sol não pode ficar sem seu amuleto!

– A filha do sol não pode ficar sem você! – Digo-lhe abraçando forte. – Agora vai dormir, amanhã seremos carreiristas!

– Aonde fomos nos meter... – Ele sibila em meu quarto e sai caminhando contra o vácuo do corredor.

Passamos os dias de treinamento inventando todo tipo de historia que pudesse brincar com os miolos dos carreiristas. Mechemos com facas, artilharia pesada e nem vimos muito os outros tributos ao nosso redor. Algumas vezes via a garota do 12 no treinamento de flechas, ela era tão boa que chegava a ser melhor que Phil em combate. Sua mira era impecável e ela tinha uma desenvoltura no arco. Mas os carreiristas não estavam com olhos nela, eles se juntaram algumas tardes aos tributos do 12 mas não foram tão afetivos.

No final das semanas até que aprendi algo com os carreiristas veteranos. Aprendi que você não ganhar ou simplesmente sobrevive, você vende sua alma a Capital e nunca mais tem sossego em sua vida. Aprendi que Brutus e Gloss são homens normais que foram obrigados a treinar desde crianças e a se tornar assassinos, para que seus pais pudessem gastar sua fortuna depois de ganha. Aprendi que o sonho de Cashmere era brincar com bonecas e não com espadas e lanças. Aprendi que as pessoas são fúteis a ponto de transformaram seus filhos em monstros e apostarem todo seu dinheiro neles.

Outra coisa que percebi foi que os patrocinadores não gostaram de nossas amizades com os maiorais. Eu tirei uma nota 4 e Marcus um 5 no treinamento. Não ligava para a opinião de ninguém, desde que os carreiristas estivessem do meu lado e não do lado da 12.

– Parece que os patrocinadores não gostaram dos mortos vivos deste ano! – Diz Woof rindo.

– Que se danem os patrocinadores, não precisamos de nada vindo de fora! – Fala Marcus autoritário.

– É... Vocês só precisam de esperanças! – Diz Cecelia duramente.

– Não precisa jogar na cara que estamos mortos antes mesmo dos jogos começarem! – Digo para Cecelia lhe encarando pela primeira vez. – Não somos tão idiotas de sermos os primeiros mortos...

– Nenhum deles são! Todos eles nunca foram um dos primeiros mortos! – Fala Cecelia. Sua expressão era dura e nunca mudava. Ela não era misteriosa, Nem irônica. E muito menos sarcástica. Era um jeito meio bruta de ser.

– Bom... Agora vão ser! – Fala Marcus se dirigindo ao quarto. – Boa noite, amanhã o dia será irritante!

– Oque tem de bom na noite! – Diz Cecelia irritada, ela se dá de ombros e foge para seu quarto também.

– Vocês estão ficando mais insuportáveis do eu nunca... Eu prefiro morrer no primeiro segundo naquela arena! – Solto também deixando o resto da equipe no vácuo.

– Só eu que ainda sou paciente nesta equipe? – Pergunta Woof e sua resposta é o vento. Tranco-me no quarto e deixo todos de graça como Marcus e Cecelia. Duas pessoas que já estavam cheias de olhar nos olhos das outras. Cecelia eu não intendia a dureza, por que ela continuaria viva mesmo que minha nota fosse 0, mas Marcus tem motivos suficientes para estar enfurecido com aqueles imprestáveis da Capital.

Encharco meus olhos de lagrimas a pensar em Phil e meus irmãos que devem estar sem esperanças da minha volta. Se é que irá ter volta com a revolução.

– Me tire deste inferno! – Berro para mim mesma, segurando com a mão os raios no meu pescoço. As lágrimas encistem em descer e eu me jogo na cama como uma alucinada. Litros e mais litros são derramados e gritos são pronunciados pelo travesseiro.

Toco a aliança em meu dedo e lembro que uma parte Phil ainda está comigo. E a carta? Cadê a maldita carta? Já deveria estar no lixo num momento desses! Dormi com o rosto borrado pelo choro e acordo com socos em minha porta.

– Quem é!? – Digo bocejando. Escuto o silencio atrás da porta e um sussurro mais baixo ainda.

– Sou eu... Marcus! – A voz calma e lâmgida me hipnotiza por alguns minutos. Quando Marcus soca a porta novamente me dou conta de abri-la.

– Oque foi? – Pergunto rápido e claro ainda não enxergando seu rosto.

– Nada... Eu só queria ver como minha irmã favorita está! – Sua voz me guia entre a escuridão do quarto. – O clima tá muito pesado sabe, queria passar as últimas horas de vida, junto a você!

– Tudo bem... – É a única coisa que sai de minha boca. Sinto seu braço forte em uma de minhas mãos e ele me guia até a beira da cama.

– Lembra... Quando você só tinha uns 5 anos e eu cantava todas as noites para você dormir? – Ele sussurra em meu ouvido.

– “Brincando com as estrelas” eu nunca irei esquecer esta musica! – Digo rindo. Ele faz aquele cafuné de anos atrás e deita minha cabeça em seu peito. Seus lábios começam a cantarolar a canção das estrelas. Que tanto ele quanto meu pai cantavam para mim a noite.

Pense na estrela...

Que te guia todo dia...

Que te faz companhia...

Que te faz aprender!

Pense na estrela...

Que limpa tua alma...

Te trás alegria...

E vontade de viver...

Pense em mim, Quero te encontrar...

Aonde a lua e o sol se amam,

Aonde nossos sonhos nos guiam...

E os pesadelos nos chamam


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Notas finais do capítulo

Como será a entrevista?
Será que Cecelia continuará junto dos tributos do 8?
Será que Lisa conseguirá sobreviver a arena?
No proximo capitulo...



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