Jogos Vorazes - Reerguendo das Cinzas escrita por Herdeira de Sonserina


Capítulo 26
Capitulo 24


Notas iniciais do capítulo

Demorei um pouco pra postar, me desculpem pelo atraso :)
Espero que gostem, boa leitura :3



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Vejo Phil correndo atrás de mim e tento me afastar dele. Não por que eu o odiava. Mas por que eu quero a um tempo para derramar minhas lagrimas sozinha.

Entro em desespero quando ele encosta suas mãos em minha cintura. – Me deixe em paz! – Berro. No fundo do meu coração eu estava com pena dele. Por ter que me aturar em meus momentos de fúria.

Depois do grito ele me solta rapidamente e me tranco no banheiro de sua casa. Pouso as mãos sobre a pia e me olho no espelho. – Desgraçado! – Berro entre as paredes do pequeno banheiro. Tropeço no chão molhado e caio inconsciente. A ultima coisa que vejo é os raios solares do começo da tarde, entrando pela janelinha do banheiro.

Acordo com um grito. – Lisa! – Grita Anna. – Precisamos arrombar! Ela esta a mais de 4 horas ai dentro!

Não consigo me levanta e nem ao menos falar que ainda estou viva. Meus músculos estão rígidos e meus ossos doloridos. Minha cabeça doi como nunca e barulhos agonizantes tocam meus tímpanos.

4 horas aqui dentro. Sem ar. Sem vida. Sem compreensão. Minha mente esta em colapso. Não consigo pensar em nada neste momento. De repente a porta é arrombada. Phil salta para junto ao meu corpo e junta seu lábio ao meu. Mas não para um beijo sufocante. Para uma respiração boca a boca forçada.

– Ela esta respirando! – Grita Phil. – Lisa... Fale comigo! Lisa...

Meus olhos começam a pistar novamente. Sinto meus lábios que antes estavam secos mas agora estavam molhados graças a boca de Phil. Meu corpo ainda não esta totalmente reanimado então Phil me carrega ate a cama. Solto gemidos e grunhidos para ele me colocar no chão, que já estou bem e que não preciso de ajuda. Mas ele insiste em me tratar como sua filhinha querida.

Anna chega ao quarto as presas e trás uma espécie de pano quente. – Oque deu em você? – Pergunta ela. Sua expressão era fechada como se eu estivesse violando uma lei. – Uma hora você esta confiante e destemida e na outra você corre como uma louca em busca de abrigo!

– Desculpa... – É a única palavra que consigo pronunciar. Provavelmente quando cai devo ter batido com a cabeça em algum lugar. Na parede ou ate mesmo na pia.

– Você não tem que me pedir desculpas... – Fala ela cuidando de um ferimento em minha testa. A tolha fica ensanguentada rapidamente e ela passa uma espécie de pomada em mim. Minha cabeça dói como se alguém houvesse a martelado ate ela rachar. Solto um grito estrondoso quando Anna acaba de analisar meu ferimento.

– Como foi isso? – Pergunta.

– Eu... Eu não sei... – Digo. - Estava chorando e... Cai no chão...

– Esta vingança esta te levando a loucura... – Diz ela com um sorriso entre a boca. Logo depois de ela acabar de cuidar da minha testa, Nicolas entra no quarto e chega pertinho do meu corpo.

– E ai maninha? Tudo bem...

– É... Parece que eu cortei a cabeça e... – Anna me interrompe e resmunga dizendo que não posso fazer muito esforço enquanto falo. Lembro-me da vez em que desmaiei no treinamento ainda na Capital. Lembro-me de como eu estava fraca e James me acolheu. Lembro-me dos doces horrorosos que me fizeram adoecer. O fato de Margo esta sozinha no mundo foi como uma espécie de doce que me fez passar mal.

Nicolas trouxe algumas ervas para Anna fazer um chá. Ela não era médica, mas sabia lidar com imprevistos.

– Você não pode dar um desses surtos na arena! - Diz ela me encarando. Seus minúsculos dedos massageiam minhas bochechas e ela beija minha testa bem aonde eu bati. Dei um pequeno sorriso e tentei lembrar-se do que ela falou. Certamente ela estava certa. Eu não poderia surtar em pleno massacre quaternário. Ou fico lucida e viva ou enlouqueço e morro. Esse massacre não será como os jogos do ano passado. Neste ano eu estarei sozinha. Sem James para me ajudar. Sem as pessoas me consolando. Sem ninguém.

– Vocês são os melhores irmãos que já pude ter! – Digo rindo. Esses eram meus pequenos. Só meus. Eles poderiam ser fracos, terem medo, chorarem como animais indefesos. Mas quando algo acontecia a mim eles sempre estavam lá para me ajudar. Desde pequena. Nunca tive discussão ou briga com nenhum dos dois. Eram meus anjinhos. Marcus era mais indelicado, vivíamos brigando por bobagens.

– Você esta se oferecendo para a morte por nos... A melhor irmã do mundo... – Diz Nicolas colocando uma flor branca em minha orelha. – Bom irei dormir... Hoje foi um dia cansativo e amanhã tenho um turno inteiro para inspecionar!

– Te amo... – A frase soluça de minha boca.

– Eu também... – Ele retruca com uma voz macia e lânguida. Ele sai do quarto que antes era de Martin, mas Anna continua a meu lado. Dizendo que vai passar a noite aqui comigo, por causa de qualquer coisa.

Acordei com a cabeça latejando. Meu ferimento havia inchado e meus olhos estavam negros de sono. Meu corpo estava tão enfadado e desesperado por energia. Meus dedos percorrem minhas coxas tremulas que não queriam se mover. Anna havia saído do quarto. Fiz um leve esforça para levantar e acabei me esgotando de energia.

– Acordada á esta hora? – Me surpreende Dan.

– Obrigado por arrombar a porta... – Digo com um sorriso doloroso. Ele me olha e tenta disfarçar a pena. – Como uma garota tão forte e confiante pode fraturar sua cabeça em um minúsculo banheiro?

– Às vezes eu sou fraca... Mas depois eu me posiciono na vida! – Digo rindo. – Dan... Você parece tanto com seu irmão...

– Eu e o Phil sempre fomos os mais...

– Rebeldes! – Completo.

– É... Rebeldes e loucos... – Diz ele rindo. – Meu irmão e eu temos uma ligação em comum, que o Martin não vivenciou...

– Ligação?

– Antigamente... Antes de ele te conhecer, nossa mãe havia morrido. Martin enlouqueceu como você... Querendo fugir. Mas eu e Phil, só sentávamos em voltada da fogueira e... E falávamos um para o outro o sentimento de perder uma mãe!

– Queria ser como vocês! Mas não tenho esse luxo! – Digo.

– É... Nós sabemos, vocês sofreram demais na mão daqueles inúteis!

Dan era um Phil mais velho e ordinário. Seu rosto era quadrado mais seus traços leves. Seus braços eram um tom suave alaranjado e seus cabelos encaracolados e bem negros. Dan era um tipo de filho prodígio. Era inteligente, engraçado, tinha habilidades. Ele sabia de tudo um pouco. Phil era mais despojado. Cabelos lisos como sua mãe e olhos negros como seu pai. Braços largos e rosto alongado. Eles poderiam ser diferentes nas características, mas eram aparentemente siameses com os sentimentos.

Anna chegou com uma tigela de ensopado grosso e me de em minha boca. Quis tomar sozinha, mas meus dedos não respondiam minhas ordens e deixei-a cuidar de mim. Dan saiu do quarto em silencio e deixou Anna me alimenta. Meus olhos estavam tão centrados no ensopado que deixei cair na colcha da cama um pouco.

Meus hematomas sararam três dias depois. Um pequeno calombo ficou acima do olho. E em meus braços, pequenos arranhões se formaram e minha dor irritante de cabeça havia passado um pouco.

O dia da revolta havia chegado. Mesmo com meus ferimentos um pouco aguçados eu ainda estava destinada a liderar as pessoas. Meus pés estavam persistindo em ignorar minha mente. Margo havia mesmo acabado com meu ego. Com minha vontade de persistir com meus planos e meus truques contra a Capital.

O silencio estava dominando o Dromo. Pacificadores arrumando telões, para ser exibido ao vivo o s vitoriosos na Capital. Encontrei Twill entre as ruas e perguntei a ela se o plano ainda estava ativo. Ela deu um sinal de concordância para disfarçar e seguiu para a escola.

A o chegar na fabrica vejo que as pessoas ou estão fingindo muito bem, ou elas estão efetuando suas rotinas normais de trabalho. – Tirou uns dias de folga, Lisa? – Grita Saara do segundo andar. Não respondo apenas me dirijo ate meu setor. As pessoas olham fixamente para meu hematoma acima do olho. Mostro meu olhar rancoroso e elas continuam nas suas rotinas.

– O clima estar tão calmo... – Digo a Saara quando chego bem perto das maquinas.

– As pessoas não estão afobadas... – Diz ela sussurrando. – E suas filhas? Já achou um local seguro para elas passaram a noite?

– Bom... A Bonnie vai se virar... Ela disse que queria participar! Não posso questioná-la! – Diz ela. Bonnie era sua filha mais velha. Ela era um pouco mais alta que eu e tinha cabelos castanhos claros, como nozes e olhos cor de chocolate. Alguns dos seus dentes eram tortos e acima de seu olho existia uma marca de nascença como a do pai. Penny era a mais nova. Conhecia-a por estudar com minha irmã. Cabelos castanhos escuros como os de Nicolas, e seus olhos eram acinzentados como a névoa toxica do Distrito em que vivíamos.

– Mas você não ira deixar Penny sozinha... Não é? – Pergunto.

– Não... Ela irá ficar com meu marido! – Diz ela.

– E ele não vai... Participar? – Pergunto.

– Ele estar muito debilitado para um evento como este, ele decidiu ficar em casa tomando conta da Penny! – Exclama ela em um de meus ouvidos.

– Acho bom... – Retruco com segurança. – Cadê a Melissa?

– Ela teve que resolver alguns problemas... – Diz Saara com um olhar severo. Melissa vivia sozinha com sua vó doente. Ela dizia que estava tudo bem, mas sabíamos que ela vendia seu corpo por dinheiro pelos remédios da vó. Por conta disto, ela era envolvida em qualquer tipo de encrenca possível.

O Distrito 8 não era um lugar qualquer, onde você pode viver feliz com sua família ou com quem você ama. O Distrito 8 te faz sofrer, ele consome sua alma aos poucos. Conviver neste lugar é pior que a própria morte. E todas as pessoas que vivem aqui, tem uma historia horrível Para contar. Minha vingança. Saara e seu marido alucinado. Melissa vendendo seu corpo. James que morreu sem conhecer seu pai. Todos por aqui têm algum fato para contar.

A tarde ficou tão entediante que decidir tercelar para passar meu tempo. Meu trabalho era um dos mais cansativos aqui, mas pelo menos eu se esquecia dos problemas que havia deixado em casa. Fio por fio, vou juntando para formar os pequenos pedaços do tecido. Olho de relance para meu lado e vejo Saara com uma expressão de desanimo fazendo o mesmo processo que o meu.

Voltei para casa na hora do almoço, pois minha cabeça latejava muito. Tomei alguns analgésicos e me preparei para na noite. Molhei os cabelos que estavam quentes devido ao sol. Vestir uma roupa decente e sentei no sofá da casa de Phil, sozinha.

Estava procurando uma segurança emocional que por anos eu não achava. Eu tinha que parecer segura. Tinha que ser forte. Eu não poderia surtar e sair correndo em meio à rebelião, eu teria que fazer algo.

Caio numa espécie de transe e penso em Panem depois de que isso tudo acabar. Uma terra sem escravidão, pessoas vivendo livremente, falando o que bem entenderem, cuidando de seus filhos. Isso era tão surreal naquele momento que caio de volta ao mundo real. O mundo em que a Capital insiste em controlar. Pessoas como animais, mães oferecendo seus filhos como um banquete de entretenimento, um mundo onde os selvagens ainda se denominam superiores.

Lembro-me do meu colar. Não era um tordo especificamente. Mas me fazia sentir-se bem. Marcus colocou ele em minhas mãos naquela noite, me lembro de como se ele ainda estivesse vivo.

Seus cabelos soltos e loiros em sua testa lisa. Seus olhos amedrontados e azuis como ametistas. Ele retirou o colar do bolso e colocou sobre minha mão.

– Lembre-se... Você é a filha do sol! – Foi como ele me falou. Eu poderia ser filha do sol por algum instante, mas o sol não queria brilhar sobre mim, em quase toda minha vida. – Eles não podem meter medo em você!

– Se cuida... Faz oque tem que ser feito! – Lhe digo dando um abraço nas suas costas largas. Eu tinha exatos 12 anos quando ele se ofereceu com 18.

– Eu te amo mais do que tudo! E se eu não voltar...

– Você vai... Eu confio em você, no seu potencial! – Completo a sua frase.

– Enquanto houver vontade de lutar haverá esperança de vencer. – Diz ele. Quando as palavras saem de sua boca dois pacificadores o arrastam para fora da sala, me deixando sozinha para sempre. Esse foi o ultimo momento em que escutei sua voz.

Enquanto houver vontade de lutar haverá esperança de vencer. Essa era a chave para meus problemas. Eu tinha que motivar as pessoas a lutar e acender a esperança que esta morta. Marcus era tão poético quanto o canto de um tordo. E minhas respostas sempre estavam em suas prosas.

Obrigado irmão. Mesmo morto, você sempre tem a solução dos meus problemas. Tento relaxar de alguma forma. Dormindo. Comendo. Vendo o sol repousar, mas não consigo. A ansiedade toma conta do meu ser. Eu estou mais ansiosa do que quando me voluntariei. Meus dedos tremiam e minhas mãos estavam geladas.


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Notas finais do capítulo

Será que Lisa ira mesmo liderar os rebeldes?
E Snow ira ficar sabendo?
Será que ela criara coragem mesmo para liderar todo o Distrito 8?
No proximo capitulo...



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