Jogos Vorazes - Reerguendo das Cinzas escrita por Herdeira de Sonserina


Capítulo 10
Capitulo 10 - Armando Armadilhas


Notas iniciais do capítulo

|| Parte :3
Agora é que as coisas vão esquentar mesmo!
Vamos ver como a Lisa se sairá na arena :)



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As pessoas vibravam quando toquei aquele palco. Algumas ficavam entusiasmadas pelo meu novo corte. Outras olhavam para meu vestido. Todos eles só queriam me enlouquecer. Estava surda, em meio aquele revolução. Caesar balançou a mão e todos ficaram em silencio rapidamente. Ele beija minha mão e me conduz ate uma cadeira branca.

– Elizabeth! Que mudança radical no visual! – diz Caesar, querendo esquentar o papo.

– Primeiramente, pode me chamar de Lisa Caesar! – falo um pouco zonza por causa do enorme barulho.

– Claro...Claro! – diz ele rindo.

– Eu quis mudar meu visual antes de entrar na arena... – Digo.

– E que mudança hein! Fantástico! – Fala ele gritando.

Sentada dava para olhar bem o publico. As bastantes ao meu redor. Com roupas mais estranhas do que nunca. No alto de um prédio avistava os patrocinadores. Bebendo. Comendo. Não se importavam com quem iriam gastar suas notas de dinheiro. Caio num transe em condicional e Caesar me liberta.

– Querida tudo bem? – fala ele, pegando em meu ombro.

– Tudo...Tudo! Oque você quer saber de mim? – falo.

– É disto que eu estou falando, vamos começar a entrevista! – ele dá um alto grito para a multidão. – Bom Lisa! Você é uma garota em que todas da Capital estão comentando...

– Estão? Oque eu fiz pra virar alvo de fofocas? – digo indignada.

– Quem esta sendo entrevistada aqui é você meu bem! – diz ele rindo.

– Eles tão falando bem não estão? Eu sei! – falo dando um riso irônico.

– Claro querida, você foi uma dos tributos mais lindas que vimos! – fala ele. – E você. Gostou da roupa? – diz ele.

– Qual? A lata de sardinha? – digo.

As pessoas caem em uma risada sádica. Todas elas estavam se retorcendo em seu próprio riso. Foi só uma piada irônica. É por isso que esse povo da Capital cai em qualquer besteira.

– É, a Lata de sardinha dourada! – diz Caesar rindo.

– Eu simplesmente amei! Não vou mentir, apesar de ser feita de puro aço, era revestida de seda por dentro. – falo.

– E o adorável apelido de Deusa de ouro? Já se acostumou? – fala Caesar.

– Não me acostumei muito com o apelido Caesar! Nunca fui rica, nem mesmo tenho toda essa beleza, para que me chamem de ‘’Deusa’’! – falo.

– Você tem uma coisa que outras não tem, Querida! Força! Poucas garotas tem essa personalidade. – Diz Caesar, me elogiando.

– Obrigada! – digo num sussurro.

– Vamos mudar de assunto! Fale sobre aquela nota 10 no treinamento. Que nota hein...

– Ate me espantei com aquela nota! Mas poderia ter me saído melhor! – falo.

– Alguns patrocinadores disseram que você foi fantástica! - Diz Caesar com um sorriso.

– Como sempre não é Caesar! – digo rindo.

– E seu irmão, se voluntariou por ele? – fala.

Estava rezando para que ele não falasse do Marcus. Mas como sempre a sorte nunca estava a meu favor.

– Bom... Meu irmão estava aqui há alguns anos atrás! – digo, tentando esconder meus olhos.

– Sim! Um garoto extraordinário, como você! – diz Caesar.

– Estou aqui para terminar seu trabalho. Marcus morreu, mas dizem que ele ainda vive em mim! Vou honrar a sua morte! – digo a Caesar.

– Espero querida. Irei ficar muito feliz se você ganhar os jogos desse ano! – fala Caesar beijando minha mão.

– Estou aqui por ele! E irei fornecer um grande show este ano! A toda Capital! – Diz rindo para Caesar.

– E nos sabemos! Ousadia está em seu nome! – fala ele.

– Preparassem todos! Os Jogos Vorazes nunca mais serão os mesmos! – digo.

Num milésimo de segundo todos os habitantes da Capital se levantam e batem palmas para mim. Acho que pelo menos alguns patrocinadores iram me bancar. E eu irei fazer oque prometi. Irei dar um show para Capital. Eles ainda não me conhecem direito.

– É disso que precisamos! – Grita Caesar segurando minha mão. – Conversei com Elizabeth White do Distrito 8! – Diz ele. Ele me da um abraço meio falso, e me entrega na mão de alguns pacificadores que me levam a mesma sala de espera. Não vi mais James. Ele já estava posicionado para sua entrevista.

Derick estava ao meu lado e observamos James sendo carismático para a Capital. Caesar o cumprimenta e grita para multidão. Como sempre.

– Ele é o queridinho das garotas. James Histon, mas conhecido como Deus Dourado! – fala Caesar gritando e abraçando James.

– Nem tanto assim não é Caesar! – Diz James. As garotas ficaram histéricas quando viram James com o terno sem mangas. Elas gritavam seu nome. As câmeras gravavam os rostos das garotas frenéticas e modificadas que chamava ele de Deus Narciso. – Que loucas! – Falam de um garoto que nem ao menos sabiam sobre sua vida.

– James... James... O Distrito 8 esse ano está dando oque falar! – Diz Caesar rindo.

– É mesmo? Eu pensava que eles não iriam aprovar nossas mudanças! – fala ele.

– Vocês estão mudando a cada dia. Tanto você quanto a Lisa! – fala Caesar. – E essa tatuagem ai? – pergunta.

– Essa tatuagem eu já tinha! – fala ele. – É um prisma. Uma tatuagem que mostra sua personalidade! – Diz James, mostrando o grande desenho em sua pelo para Caesar.

– Um sol! O Distrito 8 é muito iluminado! – Fale Caesar rindo. – Agora me diga! Você sempre foi assim com as garotas? – fala Caesar, segurando no seu ombro esquerdo.

– Nem sempre! Não era muito ‘’notado’’ no Distrito 8... – fala James com os lábios enterrados.

– Como não? Você esta deixando todas as garotas loucas por você! – fala Caesar.

– Acho que... Eu não tinha tempo para pensar em amor... – fala ele com as bochechas rosadas de vergonha.

– Vejo que o nosso Deus Narciso é um pouco tímido! – Diz Caesar com uma risada sincronizada.

– Não dou muita sorte no amor, sabe! – Diz ele, olhando para o chão.

– Bom, vou mudar de assunto. Como você conseguiu aquela nota 9. – Diz Caesar. Isso é estranho. Os tributos não vão revelar as verdades do treinamento. Muitos tributos usam o treinamento ‘’secreto’’ com sigilo.

– Para falar a verdade, eu não sei! – Diz James com um sorriso irônico. – Fiz coisas que nunca tinha feito na vida! – diz ele.

– Quer compartilhar conosco? – Diz Caesar.

– Prefiro que todos me vejam atuando! – Fala James. Lembro-me da frase que ele me disse antes do treinamento. - Enganar. Sou o mestre do fingimento – Será que ele teria cartas nas mangas? Será que ele teria inventado aquela historia de fugir, para me matar mais rápido? James era um garoto cheio de mistérios, como a garota do 12. Suas semelhanças estavam começando a aflorar meus pensamentos. Acho que ele não precisaria me matar. Eu só quero fugir não esfolar ninguém naquela arena. – Só se for preciso – Vejo a expressão em seu rosto. Mestre do fingimento! Não posso cair nesse fingimento.

– Belas palavra Sr. Dourado! – Diz Caesar numa risada causticante.

Sentei em alguns cômodos e a entrevista de James havia acabado. O grande ‘’Mestre do fingimento’’ poderia estar armando para mim. Mas acho que James não precisava disso. Eu sou como uma Abelha. Só mexo com você se você mexer comigo.

James subiu com sua equipe de preparação. – Tão esquisitos quando os meus macacos treinados! – Subi um pouco depois com Gary e toda sua trupe. Meu vestido ainda estava intacto. Meus cabelos numa simetria assustadora. E meu estomago faminto. Nunca havia sentido tanta fome assim. Demorei algumas horas no banheiro para retirar toda a ‘’ obra de arte’’ de Ginger. Retirei meu vestido, e penteie o que restará do meu cabelo. Estava tão faminta que decidir me juntar ao time do 8 hoje.

Mirla, Lindsey, Derick e Gary estavam sentados em suas cadeiras ao redor da velha mesa de jantar. Taças de vinho foram servidas. Pratos gigantescos e suculentos me esperavam. Sopas diversificadas. Pratos autênticos e cheios de sabor.

– Aos dois jovens mais ousados que tivemos! – Diz Derick, e todos nós brindamos. Esse era o ultimo jantar decente antes da arena. Queria que fosse especial. Não comi que nem uma esfomeada, mas provei de tudo um pouco.

Avoxes invadem a sala com cada vez mais comida. Sirvo-me por mais uma vez e fico satisfeita. Um Avox moreno me entrega uma pequena taça de vinho. Seu sabor era doce. Mas enjoativo demais. Interagi com os outros sem falar muito com James. Derick e Lindsey dão algumas dicas finais. Não presto muita atenção graças ao poder do vinho. Volto cambaleando para meu quarto. Não estou com sono. Só estou um pouco tonta.

Depois de algumas horas sozinha, decido descer mais uma vez. Sem medo. Caminhei entre os corredores do 8° andar. Entrei no elevador de cristal e desci em poucos minutos. Ao andar ate o velho banco da noite anterior vejo uma silhueta meio estranha. Chego um pouco mais perto e James estava atravessado sobre nosso banco, cochilando.

– Estou vendo que tem gente que chegou primeiro! – Digo. Num instante ele acorda.

– Gostei desse banco. É confortante... – Diz ele.

– Posso? – pergunto.

Ele senta um pouco mais evacuado. Deixando um bom espaço para mim.

– James... Eu estava pensando... – Digo.

– Oque que você estava pensando? - Diz ele me completando.

– Estava pensando no que você tinha dito a Caesar hoje. Sobre atuar. – Falo sem medo.

– Hum... Oque você queria que eu dissesse? – Diz ele me abraçando.

– Lembrei também do treinamento. Daquela frase. Mestre do fingimento! – Digo.

– Você não esta achando que...

– Que você está querendo me enganar? - Completo.

– Lisa... Eu só engano quem eu quero! – Fala ele. – Não preciso te enganar, e você sabe disso! –Diz ele me fazendo cafuné.

– Como posso saber? Se você estiver inventando isso tudo para me matar mais rápido naquela arena?

Minhas palavras são interrompidas pelos seus lábios. Como na noite anterior. O garoto ruivo havia me desafiado mais uma vez com aquele beijo.

– O que eu quero mais nessa vida é que você continue viva! – Diz ele. – Iremos fugir! Como combinamos! – Fala ele me dado um longo abraço.

– Tudo bem... Irei acreditar em você! Mas qualquer facada nas costas eu nunca te perdoarei...

– Lisa... Eu não quero te enganar! Eu quero enganar o Snow. Quero engar a Capital! – Diz ele.

– Irei acreditar em você! – Digo num sussurro.

Enroscamo-nos uns nos outros naquele pequeno banco de praça. Olhamos para a lua que estava cheia. As estrelas estavam cintilantes.

– Olha! – Disse James apontando para a cobertura do centro de treinamento.

– Oque será que eles estão fazendo lá? – Pergunto.

– Sei lá. Devem está trocando palavras como nós aqui embaixo. – Diz James.

– Distrito 12. O Distrito mais miserável que tem. Mas ainda acho que esse ano é do 12! – Digo rindo.

– Aquela garota tem garra. Acho que ela vai se virar muito bem naquela arena! – Diz James.

– Katniss. A garota das chamas. Não quero cruzar com ela na arena! – Digo.

– Está com medo? – Diz James com um tom irônico.

– Desde que Snow dilacerou toda minha família, não sinto mais medo. – Falo. – Só não quero encontrá-la!

– Devem está falando de suas vidas no 12! – Fala James.

– Como eu queria está ali encima. Aqui embaixo não temos tanta privacidade quando aquela cobertura. - Falo.

– Mas aposto que aqui em baixo é mais romântico! – Diz ele rindo.

– Que coisa melosa, você só pensa em amor! – Digo a ele.

– É difícil pensa em outra coisa quando olho para você! – Diz ele.

– Para com isso, nós não podemos pensar em amor. Quando estamos na véspera de começar com nosso plano! – Digo.

– Desculpa... Eu só estou te atrapalhando não é? – Diz ele com murmúrio.

– Não! Você entrou agora vai ficar! Não vou conseguir fazer isso sozinha! – Digo. – Primeiro vamos pegar oque pudemos na Cornucópia. Barracas. Comida. Sacos de dormir. Oque poder pra gente carregar! Sem morrer é claro! – Digo aflita.

– 1° Conseguir comida e abrigo. E a 2°? – Diz ele.

– Caçar na arena e despistar suspeitas! – Digo. – E por ultimo iremos à busca ao muro que nos separa da liberdade! – Falo rindo.

– Parece fácil! – Diz ele.

– Bom... Poderia ser fácil se os Idealizadores não nos caçassem! – Falo. – Eles iram colocar armadilhas para nos afastar do campo de força! – Digo.

– Tudo bem! Podemos nos virar diante as armadilhas...

– Não se preocupe com elas tenho uns dispositivos que podem desativa-las! – Falo. – Você só não pode morrer! – Digo.

– Eu não vou morrer! Nem eu nem você! – Diz ele. – Vou subir! Já está tarde e preciso juntar forças para amanhã! – Diz ele sumindo na escuridão. Vi seu corpo truculento entre as vidraças do elevador de cristal.

Fiquei mais um pouco. Era a ultima noite antes da arena. Queria que fosse especial. Olhei de relance para o telhado e eles não estavam mais lá. Katniss. Garota determinada. Ainda aposto minhas fichas nela. Se eu fosse jogar ‘’mesmo’’ ela poderia ser uma forte aliada. Ela e Rue eram obviamente as pessoas em que eu poderia contar.

Depois de alguns minutos subi para o 8° andar. Estava cansada. O dia foi estressante. Escutava os gritos dos lunáticos nas ruas iluminadas. Minha boca estava ressecada então tomei um copo com água e fui para o meu quarto. O 8° andar estava silencioso. Nunca havia visto silencio assim. Caminhei ate meu quarto e deslizei sobre as cobertas.

Sonhei com Phil. Seus braços longos entre meu tórax. Seus cabelos negros e seus olhos castanhos me encarando. Seu sorriso amarelado que me confortava. Pensei nas tardes junto a Phil naquele galpão velho. Quando brincávamos de matar. Atirando. Golpeando.

Pensei em Anna e Nicolas e como eles estariam se virando. Minhas duas pontadas de esperança. Chorei. Chorei como se nunca tivesse chorado. Não me arrependi. Mas senti suas faltas. Gritava de raiva no meu quarto sem medo de acordar outro individuo. Vi algumas pequenas peças de decoração entre a cabeceira do meu quarto e lancei contra a parede. O barulho intrigante de vidro se quebrando me fez se acalmar. Berrei. Soquei a parede. Extravasei toda minha raiva da Capital e de seus habitantes inúteis. As pessoas estão num sonho tão pesado que nem se deram conta do meu ataque súbito. Chorei entre os travesseiros e tentei dormir com as bochechas rosadas e os olhos borrados por causa das lagrimas.

Sonhar foi pior. Meus pesadelos não deixavam minha mente. Pensei em minha morte eminente na arena. Em meus irmãos anorexos. Em Phil chorando junto a eles. Eu sentia meu corpo se revirar entre o lençol. Mas não conseguia sair do sonho. Senti o vento da tubulação de ar entre meus pulmões. Mas a vontade de respirar havia se esgotado.

Acordei com os olhos manchados. Um olho mais negro que o outro. Não amanheceu totalmente. Os raios do sol invadiam as frestas do meu olho, me acordando. Levantei com uma dor nas costas perturbante.

Era Hoje. O dia. O dia de começar a tirar sarro da cara do Titio Snow. Minha mente estava tão cansada mais ao mesmo tempo tão animada. Eu mesmo sem dormir por causa dos pesadelos estava feliz. Feliz por não desistir. Feliz por não desanimar. Outros tributos poderiam estar com medo, tristes, agoniados, mas eu estava feliz. Isso me torna especial.

Deitei em minha cama novamente. Não para dormir e me assombrar de novo. Deitei para pensar acordada. Imaginei Eu e James correndo da arena. Os pacificadores nos seguindo, e nos dois rindo, um da cada do outro. Pensei em Phil, e como ele está tratando o resto da minha família. O conheço desde criança e provavelmente ele não iria abandonar minhas duas crianças.

Ainda com as roupas no corpo saio do meu quarto. Ando sobre os corredores do nosso 8° andar e percebo que ele ainda está vazio. Todos os quartos estavam silenciosos. Pensei em brecha o quarto de James. Ele poderia está lendo os seus velhos livros. Mas não, só tomei um copo pequeno de água e sentei sobre o sofá apreciando o por do sol. Não tinha mais nada para fazer, só apreciar aquela belíssima vista. Uma enorme bola de fogo surgir da terra e enraiar o nosso apartamento.

Voltei para meu quarto abafado. O quarto em que ninguém se atreveria a entrar, mesmo com as portas abertas. O quarto mais misterioso daquele 8° andar. Vi as porcelanas quebradas em meio ao chão. Cacos e mais cacos chamuscados. Eu somente rir. Rir da loucura que fiz enquanto estava inconsciente. Caminhei sobre o banheiro e tomei um banho demorado. Seria meu ultimo banho antes das imundices da arena. Lavei meu pequeno e louro cabelo. Passei alguns sais de banho em minha pele. Cantarolei algumas melodias. O dia havia começado razoavelmente bem.

Bateram na porta e fui atender de toalhas. James me chamou para o café da manhã. A me ver daquele estado sua cara virou um grande tomate. Ele poderia ser o garoto mais ousado da fase da terra, mas em algumas situações ele ficava tímido como um molusco em uma concha. Dei um leve’’ estou indo’’ e me tranquei novamente. Vestir um dor vestidos que estavam entre as gavetas e penteei oque restava do meu cabelo.

A mesa estava farta como sempre. Comida e mais comida. Aquele banquete poderia sustentar uma família do 8 por semanas. Pães variados. Sucos diversificados. Bolos. Café de todos os tipos e gostos. Mas só Derick e James estavam desfrutando do Coffe break. Isso é que me da raiva. Enquanto pessoas fúteis da Capital, estão comendo e jogando comida no lixo. Pessoas necessitadas estão passando fome entre os vastos Distritos. Eu sei que esta situação não se repetia só no 8.

Sentei-me em uma das cadeiras e os dois cavalheiros me cumprimentaram. Derick não estava tão animado assim. Para ele parecia um dia normal de trabalho cansativo. James estava com seu velho topete ruivo entre a cabeça. Seus olhos direcionados a um prato de ovos mexidos e seus lábios encolhidos entre sua face.

– Bom dia! – Digo sem muito entusiasmo.

– Bom dia Sr. White! – Diz Derick.

– Oque tem de bom, nesse dia? – Fala James com um tom irônico.

– Eu acordei bem disposta hoje! Mesmo não conseguindo pregar os olhos à noite...

– Isso explica uns barulhos estranhos anoite! – Diz Derick rindo, enquanto leva uma pequena xícara de café puro a boca.

– Eu tive um pequeno... Surto! – Falei.

– Não aguentou a pressão? – Fala James.

– Eu... Tinha que extravasar minha ira! – Falo pegando alguns bolinhos decorados.

– Hoje quero que vocês continuem vivos! – Diz Derick mudando de assunto.

– Eu não vou morrer hoje. Nem se preocupe! – Falo.

– Nem eu. Acho que dou conta dos 24 loucos! – Diz James.

– Eu irei fazer de tudo para que vocês continuem vivos. Irei fazer o impossível! – Diz Derick com firmeza.

– Agradeço Derick. Você é um grande mentor! – Digo-lhe.

– Não Lisa... Eu que te agradeço! Não poderia ter tributos mais confiantes que vocês! – Disse ele com o rosto repleto de felicidade.

Não poderia morrer. Eu tinha mais um na minha lista de sofrimento. Mais um que certamente estaria contando comigo. Derick. O velho e barrigudo mentor. Ele, Lindsey, Gary, Phil, Anna, James... Minha lista só aumentava a cada dia. Se morresse, essas pessoas iriam viver na amargura. Perder a esperança. Iriam querer se matar. Derick e Lindsey tinham que conviver com isso todos os anos. Meu apetite foi embora ao pensar na grande ‘’Lista do Sofrimento’’. Uma lista que poderia aumentar em segundos. Comi um pouco para não desmaiar novamente. James me mandou comer mais. Mas eu não poderia me empanturrar de comida nesse dia. Teria que ficar leve como uma pluma, para não ter problemas na arena. Conversamos ate que Mirla se juntou a nós. Acho que Mirla Gret é a única Mulher desse andar que ainda não esta na minha ‘’ Lista do sofrimento’’. Conversamos abertamente sobre táticas na Cornucópia até que Lindsey sentou em uma das cadeiras alternadas. Derick continuou falando sobre se virar na Cornucópia. Se nós tivéssemos calma e atenção, dava para pegar oque necessita e cair fora dali.

Tudo parecia um pouco atrasado. O tempo estava quase parando. O tedio estava querendo me levar para seu mundo. Meus olhos estavam querendo se fechar. Mas eu lutava contra eles.

Meus pequenos fios de cabelo ainda estavam úmidos. Meus lábios secos. E meus olhos trêmulos. Lá estava eu. Uma pequena garota sentada numa mesa de jantar. Numa manhã comum. Com gente comum. A fadiga estava querendo me dominar. Mas como sempre eu não desisto sem lutar.

Voltei ao meu quarto .Depois de algumas horas, Mirla aparece com um conjunto de vestimentas. Lindsey e Derick não estavam mais em nosso 8° andar. Sou conduzida ate um aerodeslizador no teto do centro de treinamento. Não vi James depois dali. Caminhei com Mirla e subi sem resmungar. Adeus Capital. Adeus quarto abafado. Adeus. E olá arena! Estou feliz por te ver.

Em uma pequena janela, via as pessoas caminhando embaixo dos meus pés. Mirla não era a pessoa com quem eu quisesse estar nesse momento. Poderia ser o Gary. Poderia ser James. Poderia até ser Derick. Mas não tinha muita afinidade com Mirla.

A viagem não demorou muito. Um homem com o uniforme da Capital se aproxima de mim.

– Seu rastreador! – Diz ele.

Não o encaro. O rastreador poderia ser um grande problema em minha fuga. Mas como eu sou esperta daria um jeito de me virar.

Os dispositivos estavam em meu bolso. São três no total. Um amenizador – Uma espécie de micro chip que ameniza o poder dos aparelhos eletrônicos. – Irei usá-lo para não me ferir muito no campo de força da arena. Pois sabia que iriam revestir o campo com alguma força eletromagnética. Todos os anos tem isso. Meu segundo dispositivo é um Catalisador – Outro Micro Chip que quando ativado, causa defeitos em aparelhos eletrônicos num raio de 1 km de distancia. – Iria usar para conversas indesejadas, eu que toda Panem não precisasse ficar sabendo. E por ultimo o Metalizador – Um botão do tamanho de um broche que destrói qualquer equipamento com fiação embutida. – Todos fabricados no Distrito 4. Snow não fazia ideia dos contrabandos que circulavam pelo país.

Finalmente paramos no ar. Alguns pacificadores nos levam entre corredores subterrâneos. Debaixo da arena. Em alguns Distritos chamamos de Curral. É o local onde os animais ficam antes de serem abatidos. Meio irônico. Mas não passa de uma verdade.

Mirla sai da sala me deixando sozinha. Enquanto ela é dispensada escondo meus três dispositivos no bolso da peça de roupa que irei vestir para entrar na arena. Gary chega e espera eu me vestir. Uma calça jeans negra. Uma blusa branca. Uma bota de couro puro que parecia com as botinas da minha mãe. Era tudo que eu vestir. Para certificar de que os dispositivos estão mesmo em um dos meus bolsos, passo meus dedos entre o tecido e localizo as três placas de metal. Gary trás uma jaqueta cinzenta. Não totalmente negra. Ele penteia meus cabelos curtos, fazendo entrarem em simetria novamente. Numa grande franja para o lado esquerdo do meu ombro. Beija minha testa e coloca meu pequeno colar entre meu pescoço nu. Que saudade do meu grande sol entre meu pescoço.

– Aonde você o achou? – Digo, quase chorando.

– Estava junto a sua armadura! Você havia esquecido...

– Obrigado Gary! Obrigado por trazes o Marcus de volta para junto de mim! – Digo o abraçando.

– Você fica mais bonita com ele! – Diz ele me confortando. – Não chore! Garotas determinadas como você não choram por qualquer coisa! – Diz ele rindo.

Coloco as botas de couro puro. Negras. Apertadas mas boas para correr. A jaqueta era projetada para refletir calor. Para que não morrêssemos de frio anoite. Gary conversa comigo por mais alguns minutos ate uma senhora de cabelos grisalhos o chamou para se retirar. Ofereceram-me um banquete, mas não estou com animo para comer agora. Estava só pensando na arena. Como seria? Que armadilhas eu e James teríamos que enfrentar? Como os outros tributos iriam se sair? Eram as perguntas que mais me deixavam nervosas. Eu queria mesmo era uma bala de caramelo naquele momento. Para tirar meu nervosismo. Não aquelas balas industrializadas da Capital. Mas aquelas do Distrito 8 que me faziam lembrar de Phil.

Sentei. Andei em círculos e nada da voz calorosa de me convocar. A sala onde eu estava era abafada ao extremo. Parecia nova. Iria usá-la em passeios turísticos meses depois. Dei-me de cara com Gary novamente.

– Insistir em ficar! Não queria te deixar aqui inquieta! – Fala ele. – Você acha que consegue? - Diz ele num tom baixo.

– Eu sobrevivi durante todos esses anos 16 anos de sofrimento. Acho que consigo aguentar! – falo.

– Lisa... Se você perceber que é arriscado ir para a Cornucópia não vá! – Fala ele. – E tome cuidado com as minas! – Fala ele rindo.

– Eu não irei explodir pelos ares! Não se preocupe! – Falo eu. Ele me abraça novamente. Eu adorava os abraços de Gary. Eram confortáveis e ao mesmo tempo calorosos. Ele poderia ser meu namorado ou ate mesmo meu irmão. Gary era certamente uma das pessoas que estavam no topo da minha ‘’Lista do sofrimento’’. Ao deixar seu abraço, o cheiro de rosas inunda minhas roupas. Uma voz eletrônica e modificada avisa para eu me preparar para o lançamento.

– Essa é a minha deixa! – Fala Gary. Pela primeira vez vi uma única lagrima dança entre sua bochecha esquerda.

– Não quero que você chore. Por favor! Não quero ver você sofrer... – falo a ele.

– Não se preocupe comigo! – Diz ele enxugando a lagrima com seu terno negro.

A voz avisa novamente e decido entrar antes que me forcem. Depois de alguns segundos um vidro lustroso me separa de Gary. Era um vidro tão antipático que estava com vontade de quebrá-lo como fiz com os pratos em meu quarto. Gary fez um aceno e deu um sorriso. Seus lábios se moveram e observei atenciosamente.

– Não desista White! Não desista! – Fala ele.

O tubo começa a se mover para cima. Era a hora. A hora da verdade. A hora de brincar com a cara do Snow e dos otários da Capital. A claridade despertou meus olhos. O cheiro forte de terra úmida entrava entre minhas narinas. Estava cega. Cega de raiva. Cega de ódio por eles. Estava posicionada junto aos 24 tributos. Quando Claudius Templesmith grita entre alguns alto falantes.

– Senhora e senhores, está aberta a septuagésima quarta edição dos Jogos Vorazes!


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Notas finais do capítulo

Começando a parte || na arena :3



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