Sally's POV

Vou tropeçando até parar na frente da casa. Bato na porta.

– Ô DE CASA! TEM ALGUÉM AÍ?

Não obtenho resposta, então resolvo entrar.

Hum, deve estar abandonado, uma pena, se notar bem até que é uma mansão e tanto! Muito bonita! Mas não vou ficar muito tempo, só até amanhã, depois vou procurar ajuda.

Empurro a porta, que se abre com facilidade.

– Ué, não deveria oferecer um pouco de resistência ou coisa assim? - falo me dirigindo à porta, como quem não quer nada. Entro. - Uaaaaaaau!

Caramba, que lugar é esse?! Só esse tapete deve ter custado os olhos da cara de umas 7 pessoas! Hum? Credo, acho que estou vendo coisas, parece que a imagem do quarto piscou pra um lugar com uma porta e depois voltou ao normal... Deve ser coisa da dor no braço, vou procurar um lugar pra descansar de uma vez. Ok, temos duas portas, vamos para esquerda ou direita? Ok, quem sabe o lado do coração me dê sorte!

Vou em direção à dita porta, a abro e vejo um guarda-roupas velho, uma mesa com uma tesoura amarrada a correntes (credo, que mancha é aquela na mesa? Estranho...) e uma outra porta. Tento abri-la, mas ela não se mexe. Muito bem, hora de voltar.

Dessa vez, entro na porta da direita, e vejo adiante uma outra porta, e um corredor subindo em direção a um relógio (que por sinal é tão grande que eu caberia lá dentro sem esforço), vou ver a porta da minha frente primeiro.

Entro em um quarto vazio, com um cesto contendo um urso grande e um urso pequeno, sem os braços e pernas. Que coisa estranha de se ver! E que coisa, eu devo estar sofrendo de alucinações, parece que o cesto se mexeu... Volto e subo o corredor, entrando numa sala com montes de presentes, uma escrivaninha e um armário. Abro o armário, mas está vazio, dou uma olhada na escrivaninha, tem uma mancha quadrada no tampo, como se um livro estivesse ali a muito tempo e tivesse sido retirado. Normal, já que a casa é velha, a mobília também deve ser. Saio e volto para a sala de entrada, quando passo por um vaso de flores, este cai de cima da mesa do nada.

– AH! - grito de sobressalto. Não havia vento nenhum, nem a mesa cedeu por cupins ou coisa do tipo, como ele caiu? - N-não pe-pense em fantasmas a-agora, S-Sally! Sem se apavorar!

Quando recomeço a caminhar em direção do quarto da porta trancada (vou derrubar essa coisa na base da porrada!), outro susto:

– Não dê mais nenhum passo! - ouço um grito vindo de algum lugar. É um homem?

– AAAAH! QUEM É VOCÊ? ONDE VOCÊ ESTÁ? EU NÃO FIZ DE PROPÓSITO, O VASO SIMPLESMENTE CAIU, EU NÃO TENTEI PROFANAR SEU LOCAL DE REPOUSO! ME DEIXE EM PAZ! - ok, estou apavorada. E acidentalmente dou uns passos pra frente.

E do nada, BUM! Um estouro. Olho para frente e não acredito no que vejo: tem um urso ENORME com os olhos vermelhos vindo na minha direção! Ele tá quicando?

Black Cat POV

Ouço um barulho vindo do hall. Estava dormindo, deve ter sido um animal que entrou fugindo da chuva, vou voltar a dorm... Isso foi o cesto dos ursos se mexendo? Ah, que droga, não é possível que tenha entrado alguém aqui!

Vou em direção ao hall quando ouço uma voz reclamando algo sobre derrubar a porta na base da porrada. Foi uma mulher quem disse isso?

Entro no hall por uma passagem secreta e vejo uma garota ruiva, com os cabelos totalmente bagunçados, a roupa toda rasgada e um braço numa tipóia que ela tinha improvisado.

Droga, pelo que sinto, o feitiço dessa área da casa ainda está surtindo efeito, e ela está indo exatamente na direção dele.

– Não dê mais nenhum passo! - tento ajudar, mas em vez disso, ela apenas se assusta mais, e acaba entrando na zona perigosa do feitiço, o que o ativa.

Vejo uma cena que se repetiu inúmeras vezes: um urso entra na sala com sede de sangue... quicando. Sinceramente, ainda não entendo o motivo de Ellen não ter simplesmente colocado um urso de verdade na armadilha, essa coisa enorme de pelúcia quicando sempre foi estranha. Engraçada até. Ele está indo para cima da ruiva, não vou ter tempo de chegar até lá!

PUF! Ele desaparece numa nuvem de poeira, parece que o feitiço não teve força para se completar. Que sorte!

A nuvem de poeira vi abaixando e vejo que a garota está no chão, vou até ela e vejo que está desmaiada. Bom, é até compreensível. A viro de barriga para cima e dou uma olhada em seu braço. Está bem feia a situação, melhor levá-la para um dos quartos e esperar que acorde. A pego no colo e vou em direção ao quarto mais próximo, evitando as áreas com armadilhas e desativando as que não seria possível contornar.

Assim que encontro um quarto a deito na cama e vou me sentar na escrivaninha, que fica de frente para uma janela. Que bela tempestade está jorrando lá fora, ein... Olho para a garota deitada tão calma na cama, a luz que entra pela janela a ilumina de um jeito etéreo, quase consigo acreditar que olho para um quadro animado, já que a única luz que entra lá de fora é a dos raios. Melhor acender uma vela, está ficando muito escuro. Acendo uma vela (não que seja uma vantagem muito grande, visto que o quarto é enorme, mas é o bastante para eu poder enxergar melhor). Que tédio é esperar que ela acorde, o que posso fazer para matar o tempo? Hum, tem folhas em branco e uns lápis, e a iluminação da vela está até boa, acho que posso matar um tempo desenhando, mas o que? Olho ao redor, é tudo tão entediantemente familiar que decido ir desenhando qualquer coisa aleatória que me viesse à mente. É, acho que assim o tempo vai passar mais rápido.