– Era para isso que você queria uma camiseta barata? - ri ao ver que minha camisa ficou um pouco acima de seus joelhos.

– Você achou que eu coloquei no seu banheiro para quê? Para bagunçar? - ela levantou uma sobrancelha e sentou em minha cama.

– Achei que você tinha esquecido ela lá. - ouvi uma risada leve. - Não precisava pegar a mais barata Rose, poderia ser qualquer uma. - ela franziu o cenho e deitou em meu peito, passei o braço por sua cintura, para que ela se aninhar melhor.

– Eu não pretendo usar uma camiseta que custou 10 galeões só porque esqueci meu pijama. - ela suspirou.

– Eu não me importaria se você pegasse uma que custou 30 galeões. - dei de ombros e ela virou se rosto incrédulo para mim. - O que?

– Você tem camisas que custaram isso tudo? - seus olhos estavam arregalados, ela ficava fofa assim.

– Rose, você sabe muito bem que eu não ligo para isso, mas, sim, eu tenho. - ela balançou a cabeça negativamente.

– Lembra quando papai e você saiam para comprar roupas e ele ficava dizendo: Scorpius, desculpe-me por não poder comprar aquelas roupas chiques que seus pais compravam, é que eu ainda tenho mais dois filhos para criar? - eu gargalhei.

– Lembra que eu... - ela sorriu docemente.

– Revirava os olhos e dizia que ele não deveria nem comprar roupas para você? Ah sim, lembro. - ela mordeu o lábio.

– Eu nunca poderei agradecer aos seu pais e os Potters como deveria, eles fizeram por mim, o que ninguém mais fez. - a minha ruivinha suspirou.

– Eles são pessoas maravilhosas. - percebi os seus olhos brilharem.

– Com certeza. – levei uma mão ao seu rosto e afague sua bochecha. – Que ótimo modo de agradecer ao seu pai, roubando a princesinha dele. – o corpo de Rose tremeu sobre meu peito.

– Acredite em mim, se não fosse por você, eu já teria ido morar na Itália. – franzi o cenho.

– Que rebeldia é essa jovem? – ela riu outra vez, e negou com a cabeça.

– Não é rebeldia, eu recebi uma proposta de emprego para lá, e eu sempre sonhei em conhecer a Itália, então, além de não contar para os meus pais sobre minha doença, eu iria para morrer sem que ninguém se preocupasse. – teria sido um bom plano, ela iria para a Itália, trabalhava por alguns meses e depois morreria, seria uma surpresa para todos, só que, pensar nisso foi como uma pedrada no meu coração, decidi por mudar de assunto.

– Além de ser jornalista e conhecer a Itália, quais são seus sonhos? – ela me encarou por alguns segundos e depois virou seu olhar para a parede.

– Não são muitos, mas não poderei realiza-los, infelizmente. – ela suspirou. – Dirigir um carro trouxa, casar-me com uma pessoa que eu ame... – senti seu dedo pressionar meu peito e eu entendi o recado. – ter filhos, cozinhar um bolo que dê certo, - ela frisou a palavra certo, o que me fez rir. – e encontrar a cura para minha doença, se alguém encontrasse a cura para o estágio inicial, eu já ficaria satisfeita. – percebi o que ela quis dizer, ela não se importava em morrer, ela só queria que encontrar a cura.

– Entendo. – suspiro.

– E você, quais são seus sonhos? – franzi o cenho, a alguns meses atrás, eu possuía vários sonhos, mas agora, eu só conseguia pensar em uma coisa.

– Passar o resto de minha vida com você... – sussurrei – mas, me contentarei em passar o resto de seus dias com você. – senti seu corpo endurecer.

– Mais algum?

– Não. – senti seu corpo amolecer e tremer um pouco. – Você está chorando? – ela virou seu rosto banhado a lágrimas para mim e assentiu. – Hey, não chora.

– Eu estraguei a sua vida. – ela se agarrou a mim com força e eu fiquei perplexo. – como pude ser tão egoísta?

– Ei, pode já parar. – bufei – você não estragou nada Rose. – coloquei minha mão em seu rosto. – Pequena, quando eu estou com você, eu me sinto feliz, eu me sinto completo, e mesmo que isso não dure para sempre, vale a pena pelo tempo que dure. – puxei seu rosto para o meu e a beijei.

– Obrigada. – encachei seu corpo no meu e deixei que o sono me invadisse aos poucos.

X

Eu não conseguia tirar nossa conversa da cabeça, talvez a minha decisão não tivesse sido tão esperta assim. Afastei-me devagar do abraço de Scorpius e sai de seu quarto, em direção a cozinha, que foi mais difícil de achar do que pensei que seria. Haviam tantos corredores e portas, que me perguntei como encontraria o caminho de volta. Depois de muito percorrer, encontrei as escadas que levavam a sala, e as desci devagar, tentando lembrar qual o caminho para a cozinha. Percebi uma sombra no sofá da sala e reconheci sendo Draco.

– Atrás de algo? – ouvi sua voz e assenti.

– Eu queria saber onde é a cozinha. – uma risada saiu do senhor Malfoy e meu gato pulou de seu colo. – Hypp realmente gostou de você. – ele se levantou e foi em minha direção.

– Ele é adorável. – ele colocou a mão em minhas costas, - Venha, eu te mostro onde é. – assenti prontamente e começamos a caminhar.

– Foi seu filho que me deu.

– É, eu sei. A senhorita Frozen fez uma piada sobre isso. – franzi o cenho.

– Emily esteve aqui? – perguntei, virando meu rosto para encará-lo.

– Frozen mora a um quarteirão daqui, no mesmo prédio que o Scorpius estará morando em breve. – franzi o cenho, não sabia que Scorpius iria se mudar em breve. – Ele não sabe ainda, vai ser o nosso presente de aniversário para ele.

– Ah, entendi. – ri pelo nariz, e chegamos na cozinha. – É um presente bem legal. – Draco sorriu para mim.

– É sim... – ele me analisou por alguns segundos e depois sorriu. – Você faz aniversário daqui a duas semanas, não é? – assenti e comecei a procurar por copos.

– Onde estão os copos? – meu gato subiu na mesa e eu fui prontamente tirá-lo de lá.

– Pode deixar. – o loiro foi até um armário e tirou um copo. – Quer água? – assenti e ele colocou água no copo.

– Então, por que não conta para o Scorpius que você sabe de minha doença? – o Malfoy ficou pálido a minha frente.

– Como você sabe que eu sei? – dei de ombros.

– Minha mãe ficou dizendo que eu deveria contar a vocês e de repente ela veio com uma história que ele deveria dizer mesmo, que eu estava certa em não contar. – suspirei. – eu deduzi que ela tivesse contado, e quando eu vi a cara da Astória para mim, eu tive certeza. – o loiro balançou a cabeça.

– Quero que Scorpius tenha confiança o bastante para nos contar. – assenti e ele me entregou o copo.

– Ele ainda precisa de tempo... – tomei um gole da água. – quando a ficha dele cair, ele vai atrás de vocês. – Draco sorriu.

– Espero que sim. – ele me olhou de forma estranha. – Quando eu tinha mais ou menos a sua idade, morrer não era uma opção tão ruim. – franzi o cenho e ele caminhou até mim, alisando meu cabelo. – Quando eu tinha a sua idade, a guerra tinha acabado, e eu estava do lado errado. – ele não precisava continuar, eu já sabia o que ele queria dizer, mas deixei que ele continuasse. – Meu pai havia sido preso e sentenciado ao beijo do dementador. Minha mãe estava em pânico, ela nunca foi a frente da família e ela não sabia como o fazer. – mordi o lábio.

– Ela amava seu pai. – não era uma pergunta, e soou como uma acusação.

– Muito, apesar das pessoas acharem que eles eram um casamento arranjado, minha mãe amava o meu pai. Quando eu conheci Astória, eu estava à beira do suicídio Rose, aquela mulher salvou a minha vida, e eu devo muito a ela. – eu quis soltar um Não pareceu, mas não tive coragem. – Eu cometi muitos erros, e sou totalmente culpado disse, eu fiquei tão empolgado de ter minha mãe de volta, eu passei 16 anos sem ouvir a voz da minha mãe, quando ela apareceu para me ajudar, não tive como recusar. – e nesse momento, eu pude sentir pena dele, e agradeci por não ter dito.

– A maioria das pessoas fariam a mesma coisa, você não tem realmente culpa. – tomei mais um gole da água e ele revirou os olhos.

– Astória não queria deixar Scorpius, nenhum de nós queríamos, eu e Astória tentamos resolver as coisas com a minha mãe, eu não podia abandoná-la, ela precisava de mim, já havia perdido o meu pai, então, eu me senti na obrigação de cuidar dela. – assenti e bufou. – Quando Astória foi embora, eu surtei, simplesmente não tive capacidade para mais nada, e com muita dificuldade, decidi que minha mãe teria que aprender a viver com Scorpius, independente de tudo, eles eram mais importantes que minha obrigação de filho. – mordi o lábio.

– Por que está me dizendo isso? – ele alisou meu rosto, e se abaixou um pouco para ficar da minha altura e me encarar.

– Porque você é jovem Rose, deveria ter uma vida pela frente, está prestes a deixar tudo para trás, e você conseguiu aceitar isso, você não tem raiva do mundo por isso, tem todo esse amor para dar, dentro de você, quando meu filho fala de você, ele fica totalmente admirado com a pessoa que você é. – ele suspira. – Eu quero que alguém me entenda, pelo menos uma vez e eu sei que você é capaz disso, porque eu sei que você é capaz de tudo para deixar os outros felizes. – suspirei, e olhei para o chão, tentando evitar as lágrimas de saírem.

– Obrigada. – quando consigo controlar o emocional, e olho para a frente, ele sorri e deposita um beijo em minha bochecha.

– De nada. – ele alisou meu cabelo mais uma vez, levantando-se em seguida, bebi o resto da água e senti meu rosto ficar vermelho.

– Ér, Draco... – sussurrei e ele me encarou curioso. – É que eu... – minha bochechas estavam mais vermelhas. – eu meio que... – respirei fundo. – não sei o caminho do quarto. – falei de uma vez e o loiro gargalhou.

– Vem, eu te levo lá. – assenti.

(...)

– Rose... – a senhora Malfoy adentrou o quarto e suspendia no ar por magia uma grande caixa vermelha. – Seu primo Fred deixou aqui. – abri um sorriso.

– Muito obrigada Astória. – ela colocou a caixa no chão.

– De nada querida. – sentei-me no chão e lá havia uma bilhete colado em cima, retirei e o abri.

“Querido enfeite de jardim, da próxima vez que você tentar me fazer passar cinco horas do meu dia em lojas trouxas e depois ter que entregar na casa dos MALFOYS, como se eu fosse uma coruja super-poderosa, vai ficar na vontade.

Do seu primo favorito Fred Lindo Weasley II.”

Revirei os olhos e abri a caixa, encontrando tudo que eu precisava. Quando Scorpius saiu do banheiro, sorri abertamente.

– Vamos ao trabalho? – ele encarou a caixa e eu sorri, fazer como os trouxas era minha mais divertido.

(...)

– Não está perfeito... – o meu namorado disse, encarando o local com as sobrancelhas levantadas.

– Claro que não, nós só pintamos as paredes, colocamos um quadro, um espelho e alguns porta-retratos, não faço milagres também. – ela estirou a língua para ele, que gargalhou.

– Não é isso pequena, falta um toque final. – Scorpius retirou algo de trás do guarda-roupa, um quadro, para ser mais especifica, caminhou até sua cama, subindo nela e pregando o quadro logo acima dela. – E ai, gostou? – arregalei meus olhos ao ver o que estava ali, ela uma pintura minha e dele quando crianças, nós dois jogando quadribol.

– Quem fez isso? – ele sorriu docemente.

– James... – suspirou. – descobrir quando morava com eles, e antes de ir embora, comprei pela pechincha de 10 galeões. – eu demorei a processar o que ele estava falando, estava totalmente encantada pela pintura maravilhosa que estava ali. James realmente tem talento e... ESPERA AI.

– COMO ASSIM 10 GALEÕES? – senti uma vontade descontrolável de rir. – Não vale nem 2 galeões um quadro desses. – Scorpius desceu da cama e passou os braços ao redor de minha cintura.

– Para mim, vale muito mais que só 10 galeões, eu pagaria até mil por esse quadro. – senti um sorriso se apoderar de meus lábios.

– Eu te amo muito, sabia? – ele assentiu.

– Eu também minha pequena. – ele beijou minha testa e em seguida levou suas mãos ao meu rosto. – Você é tudo para mim Rose. – eu realmente não podia deixar que Scorpius ficasse longe, porque se eu o fizesse, seria pior, ele ficaria pensando que poderia ter feito mais e ficado mais tempo ao meu lado, então é melhor deixar só a saudades e o amor.