Trevas e Fogo escrita por Nathally Howard


Capítulo 9
Luke Castellan Bônus //Sofia


Notas iniciais do capítulo

Capítulo totalmente dedicado a um ursinho de pelúcia.
Espero que goste :)



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Não sei em que estação estava, mas um vento geladíssimo, típico de inverno batia em meu rosto, fazendo-me desejar mais do que tudo voltar para o clima controlado do Acampamento. Eu havia saído do Acampamento Meio Sangue para dar uma olhada no mundo mortal... Ultimamente vários semideuses têm feito isso, a guerra contra os titãs se aproxima, e nós precisamos dar uma olhada no mundo fora das barreiras de vez em quando.

De qualquer maneira, estava ventando muito. Eu andava com dificuldade em direção ao Acampamento, lá teria um clima agradável, não aquela ventania. Os deuses dos ventos levaram bem a serio essa de “ajudar o mundo com ventos”. Aquilo chega a piorar tudo!

Só alcancei a colina depois de uns 20 minutos de pura tortura, assim que ultrapassei as barreiras mágicas que protegiam o meu lar, fui atingida por fortes e quentes raios de sol, que logo acabaram com todo o frio dos gelados ventos.

– Hey! Sofia! – Virei o rosto para ver quem me chamou e dei de cara com o meu companheiro de chalé, Guilherme.

– Oi? O que foi?

– Hoje de manhã apareceu uma carta para você. – Ele respondeu.

Uma carta... Para mim. Certo, porque eu receberia cartas? Eu havia deixado minha mãe e minha tia quando soube que era meio-sangue... Elas não podiam ser. Meu pai não era o tipo de pai que escreve cartas para os filhos. Qualquer um no Acampamento se quisesse falar comigo poderia vir me procurar.

Então... De onde raios essa carta surgiu?!

– Tem certeza, Guilherme? – Perguntei.

– Estava em cima da sua cama e está escrito “Sofia” nela... É, eu tenho certeza. – Ele me respondeu com um pouco de ironia na voz.

– Ok, ok... Só queria ter certeza. Mas, onde está essa tal carta?

– Em cima da sua cama.

– Ok, obrigada. – Agradeci ao garoto e fui procurar a carta.

Achá-la não foi o maior desafio do mundo, como Guilherme afirmara, ela estava em cima da minha cama.

Sentei na cama e peguei-a. Não parecia que alguém havia mexido nela, acho que os meu irmão sabem as regras. Tocou em algo que não é seu, é pedido para morrer.

Antes de abri-la reparei no meu nome escrito em grandes letras. Algo naquela caligrafia me dizia que... Não. Não, não, não, não e não!

Desdobrei rapidamente o olhei as primeiras palavras... Não podia ser... Simplesmente aqui não podia estar acontecendo...

Foi meio difícil terminar de ler sem o meu coração fazer pequenas apresentações de sapateado sem a minha autorização. É, ele era um coração bem rebelde. Bem... Na carta estava escrito naquela mesma linda... Digo... Conhecida caligrafia.

Sofia... Primeiramente oi.

Olhe, eu realmente sinto muito por tudo que aconteceu com Cronos e a guerra. Ainda é tarde demais para te dizer que você estava certa? Eu sei que fui um completo idiota e totalmente burro. Desculpe-me.

Eu sei que você não vai gostar de ler isso, mas eu preciso da sua ajuda. É sério. Cronos vai me usar para despertar... Agora eu percebi o quanto foi horrível o que fiz... Me ajude. Me mate. Me esconda. Mas não deixe que aquele titã me use para destruir o mundo.

Eu estarei na floresta hoje de noite, por favor, me procure.

E mais uma vez, eu fui um imbecil, me desculpe.

Xxx. Luke.

Então... Luke... Ele... Na floresta... Aii, deuses!

Por quê? Por que sempre comigo? Por que a maldita Afrodite simplesmente quis que fosse assim? Pois bem, não era para ser assim!

Pode ser difícil admitir, mas... Luke Castellan... Aquele garoto que estava me esperando na floresta depois de tanto tempo, para que eu o ajudasse... Bem, aquele cara foi... A minha primeira paixão...

Bem, acho que pela maldita Afrodite ele ainda é a minha paixão! Quando eu penso que finalmente eu o esqueci, quando finalmente coloquei na minha cabeça que ele havia traído a todos... Ele vem e fala que Cronos o estava usando e que ele precisava de ajuda.

Não sei ao certo se isso me deixava feliz ou enraivecida. Feliz porque eu sempre soube que ele não era mal. Sabia que ele estava sendo controlado. Luke sempre... O melhor, aos meus olhos.

Enraivecida porque eu estava decidida e aceitar que eu estava errada, que Luke não era lá tudo isso que eu pensava. Daí o cara chega e destrói todas as expectativas de esquecê-lo. Isso é muito irritante! Eu não queria gostar dele! Mas, simplesmente acontecia.

De qualquer maneira, eu não me imagino aqui, sem fazer nada enquanto Luke precise de ajuda. Odiando-o ou amando-o, ele continuava a ser meu amigo. Era meio que obvio que eu ia ajudá-lo. Que fique bem claro que era óbvio porque ele era meu amigo, nada mais, nada menos.

Peguei a carta novamente e a reli, prestando atenção aos mínimos detalhes, como a caligrafia, as palavras usadas, os pedidos de desculpa. Tudo, resumindo. Eu apenas queria ter certeza que realmente era o loiro, e não um dos filhos de Hermes sendo trolls.

No final, não achei nada que pudesse indicar que não era Luke. Tudo indicava que era o mesmo. Droga.

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Aquele final de tarde e inicio de noite pareceu se passar em câmera lenta... Eu tentava me distrair com outras coisas, mas as palavras do bilhete insistiam em voltar-me a mente. “Me ajude. Me mate. Me esconda.”, tudo aquilo ecoava em minha mente como um interminável pedido. “Me mate.”... Eu nunca iria matá-lo, por dois motivos.

1. Não era o certo a fazer.

2. Eu não teria coragem, admito.

Mas, assim que o sol deu suas despedidas finais e a escuridão cobriu o céu, não pude deixar de sentir meu coração fazer seus números incrivelmente irritantes de sapateado. Se aquilo já estava acontecendo só da ideia de ver Luke... O que ele aprontaria assim que eu falasse com ele? Malditos sentimentos.

A resposta para essa pergunta foi muito simples, ele simplesmente teve a brilhante ideia de querer sair pela boca e iniciar um concerto de tambores. Ótimo coração, se eu não precisasse de você para viver, saiba que já estaria bem encrencado.

O pior foi quando eu pude o ver com clareza... Deuses! Ele parecia estar bem... Terrível. Sua aparência não era das melhores, mas, pensando bem, não deve ser fácil ficar bonito quando se está morrendo. Talvez a feiura seja um efeito colateral de se estar morrendo.

– Sofia! Você veio afinal... Você está... – Luke disse assim que me viu.

– Estou...?

– Bonita.

Opa, opa, opa... Espere aí... Luke Castellan disse que eu esta bonita? LUKE CASTELLAN OUSOU PREFERIR TAIS PALAVRAS?! Será que ele não aprendeu que é feio mentir?

– Mentir é feio, Luke. – Respondi.

– E quem disse que estava mentindo? – Okay, isso foi suficiente para me fazer calar a boca.

– Mas, bem... Sofia... Me desculpe pelo que aconteceu... Eu fui um imbecil.

– O pior é que não posso discordar, Castellan.

– Você pode me perdoar? – Ele indagou enquanto fazia aquela carinha super fofa e irresistível de criancinha que fez uma coisa muito errada. Awnt... Quem não resiste?

– Isso eu posso. – Declarei para a alegria dele.

Ele primeiro sorriu. Depois me abraçou. Então ele me deu um beijo na bochecha. E enfim o meu coração parou por um segundo. Mas depois ele decidiu voltar a bater, mas dessa vez era como se ele estivesse numa corrida e decidisse sair a mil por hora.

– Obrigado. – Ele agradeceu assim que me soltou.

– N-não foi nada. – Gaguejei, para minha infelicidade.

E então para me humilhar mais, ele sorriu.

– Mas... Você mencionou algo sobre Cronos... – Disse na esperança de acabar com aquele clima estranho.

– Ah... Claro. Bom... Cronos quer meu corpo para renascer. Eu não quero.

– E o que você espera que eu faça? – Respondi sem soar grossa, mas como uma amiga preocupada (O que na verdade eu era).

Ele me encarou por um bom tempo com aqueles incríveis olhos azuis. Aqueles olhos... Por que tão perfeitos?

– Na verdade... Nem sei por que te chamei... Se você tentar se meter nisso, Cronos provavelmente te matará... Eu não quero que você morra.

– Nem eu quero que você morra.

– Isso seria ótimo... Mas algum de nós terá que morrer... Se não os dois. – Ele relatou a terrível verdade depois de passar um tempo pensando.

– Eu morreria por você. – Eu murmurei o mais baixo o possível, para que ninguém além de mim escutasse.

Acontece que o lugar estava silencioso demais. Luke era bom em escutar as coisas. E eu não disse aquilo tão baixo como pensei.

– O que disse? – Luke perguntou com um sorriso irritante nos lábios. Aquele foi o momento que eu desejei ter calado a boca e não ter dito nada.

Não pude deixar de corar violentamente, ficando com o rosto todo rosado e uma vergonha do tamanho do Monte Olimpo (que é meio muito gigante).

– C-co-como as-assim? – Gaguejei involuntariamente. Então o mais inesperado por mim, porém totalmente esperado por qualquer outra pessoa aconteceu.

Luke se aproximou ainda mais de mim, fazendo com que eu tivesse que olhar para cima para encará-lo cara a cara.

– Eu ouvi mal, ou você disse que morreria por mim? – A cada palavra ele se aproximava cada vez mais e mais.

Eu não consegui responder. Apenas olhei para aqueles olhos deslumbrantes e pisquei para ter certeza que não estava mais num sonho maluco. Eu não estava.

– Sofia Breverman... Você não disse aquilo no sentido de minha linda melhor amiga, disse? – Ele continuava a se aproximar, tanto que na última palavra apenas o que nos separava eram milímetros pouco maiores que a grossura de um papel. Nossos narizes se tocavam. Eu desejei profundamente não soltar ar ao respirar, mas isso era humanamente impossível. – Você disse aquilo em outro sentido, não foi?

A resposta para a pergunta dele foi curta e direta. Eu não disse nada, apenas fechei os olhos e balancei a cabeça num movimento leve em sinal de afirmação.

Depois disso, não fiz mais nada. Fiquei imóvel como estava, deixando o que estava por acontecer nas mãos do destino. Ou de Luke, se preferir pensar assim. Bem, ele me beijou.

Não consigo definir com palavras o que senti. Só consigo dizer que foi uma das melhores sensações que provei em toda minha existência. O que senti era diferente de fogos de artifício explodindo dentro de mim. Era diferente de uma coisa explosiva. Também não era as mil calmarias. Era um sentimento diferente, que acredito que pouquíssimas pessoas provarão disso na vida. Você se sente seguro e ao mesmo tempo explodindo de felicidade, mas essa explosão é sentida de uma maneira calma e cheia de... Amor? Nunca senti nada igual, aquilo era incrível.

Era mais para uma coisa abstrata do que real, como se a cada momento eu fosse acordar e descobrir que tudo aquilo foi invenção de minha mente. Porém eu não senti medo disso na hora. Apenas de me lembro daquilo como o melhor sentimento de todos os tempos. Não era nem calmo, nem explosivo. Era diferente de tudo que você já sentiu ou sentirá em todos os anos de sua miserável existência. Depois de muito tempo refletindo sobre aquilo, cheguei à conclusão de que o que senti era amor. O amor mais puro e sincero do mundo, a sensação mais estranha e deliciosa do mundo. Afrodite com certeza saberia daquilo.

O chalé 10 sentiria muita inveja de mim se soubessem o que aconteceu. Mas ninguém nunca saberá da verdade. Aquilo que aconteceu também deixou claro mais uma coisa: Luke faria o que o destino o havia dado. Ele seria um herói e aceitaria os desafios, nem que isso significasse a morte.

Ele também havia me prometido que nunca esqueceria, nem a mim e nem tudo que ele sentiu assim que ficamos juntos.

Então era assim, eu finalmente descobri que amo e sou amada. Daí ele se vai... Vai fazer a coisa certa, sim. Vai ser o herói... O herói de todos, não apenas o meu herói. Mas ele será para toda a eternidade o Luke, o meu Luke. O que há entre nós é tão puro e sincero que horas ou minutos foram suficientes para deixar marcas pela vida inteira.

Pela minha vida, pelo menos. Para o Luke, infelizmente será pela morte inteira. Mas o que sentimos... Isso será eterno e apenas nosso, ninguém nunca soube e talvez nunca saberá, pois as melhores sensações não compartilhamos pela boca, e sim pela memória que nos mantém unidos mesmo que estejamos vidas de distancia.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que achou?



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