Acho que estou passando um pouco dos limites. Mas pensei, depois de alguns dias, que somente bilhetes não eram suficientes. Então, sim, comprei um lindo buquê de rosas para Lina. E, apesar de ela ter ficado extremamente envergonhada, não me arrependo do que fiz, porque eu amo vê-la vermelha. Todos ficaram olhando para nós, mas de que importa os outros?

Durante a semana anterior, tentei agir normalmente com Lina. Tentei esquecer que na verdade ainda não somos um casal, apesar de eu desejar ardentemente que nos tornássemos. Sei que ela não quer atenção, sei que ela está com medo.

Mas o desejo de tê-la é mais forte do que eu.

Agora estamos na porta do refeitório, após uma longa tarde de estudos. É fim de tarde e, por isso, aquele local está vazio. Há somente eu e ela, e o silêncio entre nós. Se para alguns, aquele silêncio e o vazio são desconfortáveis, para mim é ainda mais excitante.

Eu desejo beijá-la. Um beijo de verdade. Não apenas colar meus lábios sobre os dela, como tenho feito durante esses dias. Não. Eu quero senti-la.

Penso em como tudo aconteceu. Em como somente o olhar dela conseguiu revelar coisas em mim que nem eu mesmo sabia que existia.

Olho seu rosto, cuidadosamente, analisando cada traço ou cada expressão sua. Não quero que ela recue, que sinta medo. Não quero machuca-la ou magoá-la.

– Em que está pensando? – pergunto.

– Em nada.

– Conheço a sua expressão – digo. Ela abre a boca provavelmente para me contestar, mas eu a interrompo: – Eu a observo há nove meses, lembra?

Ela faz aquela cara de exasperada e revira os olhos. Aquele é um charme dela. E eu amo.

Aproximo-me, devagar. Tenho medo de assustá-la ou ofendê-la, então espero que ela se afaste. Mas Lina não faz isso. E eu quase sorrio.

Ainda cauteloso, coloco minha mão na sua cintura. Puxo-a para mim, lentamente, ainda esperando que ela me xingue e saia correndo. No entanto, ela deixa acontecer. Meu coração se acelera. Eu não entendo o que está acontecendo comigo. Estou nervoso, mas não quero que ela perceba. Coloco minha mão na sua nuca e meu olhar desce até sua boca. Penso em seu beijo. O beijo que estou prestes a ter agora.

Chego ainda mais perto. A respiração dela está um pouco acelerada, posso ver que seus ombros estão tensos. Surpreendo-me quando ela coloca sua mão sobre meu peito, deslizando-a até a minha nuca. Ela não me rejeita e eu sorrio. Sorrio porque isto é tudo o que sonhei durante meses.

Eu a beijo. Os lábios dela são quentes e doces. Beijo-a devagar, experimentando todas as sensações que aquele beijo me propicia.

Mas eu a desejo muito. Aperto seu corpo contra o meu e o beijo se acelera. Ela me retribui e sinto a temperatura do meu corpo aumentar. Encosto-a na parede e, quando ela toca meu peito, um arrepio passa por meu corpo. O toque dela me acalma e me excita, ao mesmo tempo.

Preciso me controlar. Não quero que Lina pense que sou desse jeito. Sim, eu já fui. Mas ela me fez mudar. Mesmo que ela jamais saiba disso. Ela me fez desejar ser diferente. Agir como um homem, para ter uma mulher.

Afasto-me com dificuldade. Meu corpo e minha boca ainda pedem por ela. Porém tenho que ir com calma. Minha respiração está ofegante e eu tento me recompor. Abro os olhos e vejo que ela está me encarando. Nós ficamos assim, olhando um para o outro por longos segundos.

Quero guardar este momento. A primeira vez em que ela realmente me olha. Olha-me como homem, e não só como um colega de faculdade, que por um acaso ela esbarrou no primeiro dia. Sorrio ao me lembrar daquele dia e de todo o tempo que esperei por este beijo.

– Acho que nunca esperei tanto por um beijo – digo, acariciando seu rosto. Encosta meus lábios nos seus mais uma vez, e faço o meu pedido. – Pense em mim esta noite? Só dessa vez, quero que nossos pensamentos estejam conectados. Porque penso em você todos os dias antes de dormir. Mas hoje, quero sentir que você pensa em mim também.

Eu a abraço, meu rosto enterrado nos seus cabelos, sentindo seu perfume. Quero gravar este cheiro, este momento, este beijo. Então dou-lhe um beijo no rosto e digo:

– Boa noite, princesa.

E viro-me para ir embora.

Sei que se eu continuar perto dela por mais alguns minutos, não manterei o controle sobre mim mesmo.