Anjos e Demônios escrita por dobreva


Capítulo 4
Eu tenho um anjo da guarda.




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Eu fiquei parada fitando ele nos olhos, aqueles olhos castanhos que me deixavam hipnotizada. Ele abriu mais uma vez aquele sorriso bobo e estendeu a mão com o celular nela para mim.

– Muito obrigada Max. De verdade. – Sorri.

– Por nada Mandy... Quer dizer... eu... Posso te chamar de Mandy?

– Aah ... – acho que não teria problema por ele me chamar assim, afinal é meu apelido. Espera, como ele sabe? – Claro, pode sim.

– Ok. Então, Mandy, topa algum dia desses sair? – eu fiquei vermelha. Senti um arrepio e um friozinho na barriga.

– Bom, eu acho que sim. – Juro ter ouvido uma comemoração de Mayara.

– Tudo bem, eu te ligo. – Ele chegou perto de mim, e me deu um beijo na bochecha. – Até amanhã.

– Está bem. – Quando ele se virou e foi embora, esperei que ele se afastasse um pouco para me virar, sorria de orelha à orelha. E quando me virei, May pulava de alegria, me abraçava.

– Isso é demais! – ela gritou. Acho que corei com medo que ele tivesse escutado. – Isso é... Maravilhoso! Ele é muito gato, se você não quiser, eu pego pra mim.

– O que? Se eu não quiser? Está maluca? Ele só me convidou pra sair. – não queria admitir que estava mais animada quanto May.

– Viu o jeito como ele te olhava? Ele simplesmente não tirou o olho de você o tempo todo!

– Mayara, não viaje.

– Tudo bem, não escute, mas meu palpite é: ele gosta de você. – Isso seria bom. Ou não, poderia ser ruim para mim, e para ele. Se acontecesse algo, e eu tivesse aquelas alucinações de novo, ele iria achar que sou louca. Ou talvez me apoiasse assim como May. Percebo por um instante que estou imaginando coisas impossíveis. Talvez ele só queira sair comigo e nada mais. Seremos bons amigos. E nada mais.

– Vamos embora May, preciso avisar meu pai.

Durante o caminho ela ainda falava sobre Max. Eu só não mandei ela calar a boca, porque queria que ela continuasse falando dele, assim me sentia feliz. Quando cheguei na porta da minha casa, vi que estava aberta. Tinha alguém lá dentro. Agora sim mandei ela fechar o bico para ouvir. Minha mãe não deve ser, porque está fazendo plantão naquela droga de universidade, que só me afasta mais dela. Eu entrei e coloquei a bolsa em cima da mesa.

– Papai? Está em casa? – Eu subi as escadas. Não obtendo resposta May e eu, fomos até meu quarto e trocamos de roupa rápido, estávamos morrendo de fome.

– Você quer o que? – Ela fez cara de quem pensa muito, o que não é caso dela.

– Vamos lá em baixo e depois eu digo chefe Mandy.

Quando descemos fomos até a cozinha e ouvi a voz de uma mulher e um homem. Ficamos em silêncio e fomos de mansinho até o corredor da sala. Escondemos-nos e tentamos espiar. A voz masculina era de meu pai. Mas a de mulher não era nem um pouco parecida com a de minha mãe. Tentei ouvir.

– Rony, eu não aguento mais isso! Diga logo à Amanda o que estamos fazendo.

– Eu não posso, sabe como ela ficaria. – Como eu ficaria por quê? O que ele estava escondendo de mim e minha mãe? – Prometo que vou contar, mas agora não. Amanda já deve estar chegando.- Eu tinha que ver o que estava acontecendo. Então me inclinei para frente vi a mulher beijando meu pai. Samantha Jones era o nome dela, secretária do meu pai. Nós saímos de trás do corredor e gritei. Meu pai assustado olhou para mim a May que estava com a mão cobrindo a boca.

– PAI COMO PODE? – Eu já estava chorando. Meu pai, traindo a minha mãe com a secretária. Como ele teve coragem, minha mãe nos ama mais que tudo, mas ultimamente o trabalho está vindo primeiro.

– Amanda, deixe-me explicar! – ele veio até mim, mas me afastei.

– Cansou de ficar solitário sem a mamãe e agora arruma carne fresca? – apontei para ele, e estava pouco me importando se a ofendi.

– Olha como fala!

– Você é um canalha, é assim que ama minha mãe? Você é um mentiroso, descarado, nos trocou por essa aí. – Apontei mais uma vez para Samantha, mas dessa vez, recebi algo em troca. Um tapa na cara. O tapa foi tão forte que caí no chão.

– Mandy! Você está bem? – Mayara me pegou pelo braço e me ajudou a me levantar. – Sr. Rony se acalme, por favor! – Quando levantei os olhos vi meu pai branco, assustado com o que ele mesmo tinha feito. Ele nunca tinha levantado a mão para mim. Samantha viu aquilo e também ficou espantada.

– Rony, por que você fez isso?! – ela disse, vindo até mim. – Ela tem todo direito de estar assim, eu te entendo Amanda, por favor, me perdoe. – Eu olhei para ela, que estava começando a chorar. Parece que ela não queria esconder aquilo, porque realmente gostava de meu pai.

– Amanda me desculpe. Filha, eu – ele quis me abraçar, mas eu me soltei e o empurrei.

– Não encoste em mim! – eu corri e fui para a porta.

– Espere filha, vamos conversar! – eu ouvia meu pai gritar e junto gritava Mayara e Samantha. Mas não dei atenção, a única coisa que eu queria é ir embora daquele lugar.

Quando cheguei lá fora, eu estava apavorada, triste e magoada pelo o que meu pai fez com minha mãe. Como ele pode? COMO?

Eu decidi ir até a estúpida universidade e levar minha mãe à força para que ela soubesse de tudo. Eu fui atravessar a rua, mas não olhei se o sinal estava verde. Na verdade só corri. Mas tive tempo de me olhar para o lado quando ouvi o barulho alto da buzina de um caminhão. No mesmo instante senti alguém me abraçando e me empurrando para a calçada, e lá fiquei inconsciente sem saber o que realmente aconteceu.

Só acordei a noite numa cama de hospital. Minha cabeça doía muito, não sei se foi por causa do quase-atropelamento, ou do esbarrão com o deus... Ops, Max. Eu só conseguia ver tudo embaralhado, pisquei até conseguir ver novamente tudo em ordem. Eu vi uma figura masculina ao meu lado.

– Pai?

– Calma aí, sou muito jovem pra ser pai. Na verdade tenho idade pra ser seu namorado. – Quando ouvi aquilo me assustei e vi que não era meu pai. E sim, um garoto, devia ser um pouco mais velho que eu. Ele era loiro, olhos azuis, e tinha um sorriso fascinante, na verdade ele era um tremendo bonitão.

– Quem é você, por que está aqui? Por que eu estou aqui?

– Ei, uma pergunta de cada vez garota. Muito prazer – Ele pegou minha mão e a beijou, assim como Max. Não é todo dia que encontramos dois garotos extremamente gatos e educados em NYC. – Meu nome é Jon. Por que eu estou aqui? Vejamos. Eu estava andando pela rua quando vi uma garota muito bonita atravessando a rua, e nesse meio tempo havia um caminhão para esmagá-la, então corri e a joguei para a calçada. Senti-me em um filme de ação, e claro. – Ele sorriu – Eu fui o herói. Acho que não preciso responder por que você está aqui não é?

– Precisa. – Ele revirou os olhos.

– Você bateu a cabeça dãr – ele fez um careta. E não consegui resistir, eu ri daquilo. Ele também. – Que bom que fiz você rir. Sabe fiquei meio angustiado de te ver nessa cama apagada.

– Você ficou preocupado comigo?

– É claro, pensei que tivesse te matado ao invés de ter te salvado. – ele pareceu meio incomodado mesmo com aquilo.

– Mas não matou. Venha aqui. – Eu fiquei meio envergonhada de fazer aquilo, mas precisava agradecer. Ele chegou mais perto, e lhe deu um beijo na bochecha. – Obrigado por ter salvado minha vida. Fico te devendo uma.

Ele deu uma risadinha muito carismática, me olhou bem nos olhos.

– É. Talvez. Pode começar me dizendo seu nome.

– Amanda. Amanda Araujo.

Ele ficou me fitando por um tempo, ficou meio desconfortável aquilo, mas não falei nada. Porque naquele exato momento chega minha mãe e meu pai.

– AMANDA! VOCÊ ESTÁ BEM?! – minha mãe estava apavorada e me abraçou tão forte que dei um gritinho. – Desculpe. Ah meu Deus, que bom que está bem. O que aconteceu, seu pai me ligou desesperado e...

– Papai? – eu olhei para ele, que estava tão apavorado quanto minha mãe. Provavelmente ele ainda não tinha contado para ela sobre o caso com Samantha. – Como você sabia?

– Me ligaram do hospital. Mary estava aqui quando Jon te trouxe. – ele olhou para Jon que estava ainda ao meu lado. – Obrigada Jon. Lhe devo uma.

– Só fiz o que deveria ter feito Sr. Rony.

– Espera aí... Como o conhece? – Estranho meu pai conhecer ele, meu pai não interage muito com adolescentes, com exceção de mim e May.

– Eu sou primo de Samantha, que trabalha com seu pai. – Eu fiquei meio irritada por ter se lembrado dela, é, ela deve trabalhar muito com meu pai. Eu olhei para minha mãe que estava meio desconfortável ao ter ouvido o nome dela. E quando ela olhou para mim, mudou direto de feição. Eu descobri naquele instante, que ela sabia.

– Você sabia sobre o papai e Samantha mamãe? – ela me olhou com tristeza e naquela hora, vi que ela já sabia daquilo.

– Sim filha, eu já sabia.

– E não me contou nada? Por quê?! – como minha mãe pode deixar aquilo acontecer? E ainda esconder de mim! Estou cheia de segredos!

– Não queríamos magoar você.

– E acha que estou como agora? – eu já estava chorando de novo, não podia me conter.

– Jon. Será que podemos conversar à sós?

– Claro. Eu já estou indo... – eu agarrei o braço dele.

– Não Jon, você pode ficar. – eu me surpreendi como poderia querer tanto a presença de um estranho?

– Tudo bem Amanda, te vejo lá embaixo. – Ele sorriu e se foi.

Quando ele saiu, meu pai sentou na cama, e suspirou.

– Amanda, eu quero que você escute bem o que vamos dizer. – meu pai parecia ter um pouco de medo no que ia dizer. – Vamos contar o que está acontecendo.

– Acho bom mesmo, estou farta de segredos. – disse nervosa. Minha mãe sentou-se no outro lado de minha cama, ela estava vermelha, mas não sabia se era de vergonha ou de chorar.

– Com todo esse meu trabalho, não tenho dado atenção nem a você e seu pai. E quando estou sem trabalhar, só brigamos pelo trabalho. – ela olhou para meu pai.

– Nós não estávamos agüentando viver em discussão, então decidimos... Nos separar. – quando ele falou isso, eu quase tive um ataque histérico. Meu pai e minha mãe haviam se separado, e eu não sabia disso. MORAM NA MESMA CASA QUE EU, E EU NÃO SABIA DISSO!

– O que? Vocês se separaram? Como? Quando? Por que não me contaram?

– O processo do divórcio está andando. Foi um pouco antes de você ter aquelas vi... Alucinações loucas. – disse minha mãe. – Mas querida, não se preocupe, nós dois concordamos com isso. Estamos bem.

– Mas e eu? Preocuparam-se com o que eu poderia sentir? Estou magoada, decepcionada. – eu comecei a chorar me debulhei em lágrimas. Eu não estava com raiva, ódio, eu não conseguia sentir isso. Mas estava magoada por terem me escondido uma coisa importante.

Eles também estavam chorando, e me abraçaram. Eu retribui, eu tinha medo de perdê-los, de que se eles fossem embora um da vida do outro, isso me afetaria muito.

– Vamos continuar os mesmo de sempre, Amanda, mas separados. – disse meu pai.

– Prometam que nunca vão me deixar. – eles sorriram.

– Prometemos. E já prometemos isso desde o dia em que você nasceu minha querida. – disse minha mãe, que estava cheia de lágrimas no rosto.

Demos mais um abraço antes do doutor Chad chegar no quarto.

– Vejo que atrapalhei um momento de alegria... – Dr. Chad era nosso médico preferido, sempre foi amigo da família.

– Não Chad, está tudo bem. Agora está. – minha mãe disse. – Amanda sofreu algo grave?

– Nada. O raio X mostra nada. Ela está bem, teve sorte por aquele rapaz ter te empurrado. Mas da próxima vez, olhe muito bem antes de atravessar a rua viu mocinha?

– Claro. Eu estava nervosa, e não vi. Desculpem-me.

– Tudo bem filha, o importante é que está viva. Obrigada mais uma vez Chad. – ele agradeceu.

– Bom, é meu trabalho, e também faço o melhor para meus amigos. Amanda, eu vou aplicar uma dose de um remédio, no qual você vai apagar e dormir. Já estará em casa quando acordar eu suponho. E ele também ajudará na lesão da cabeça.

– Espera aí. – por que aplicar esse remédio? Jon! Jon esta lá fora me esperando! Eu tenho que ir lá, tinha que dizer que estou bem e posso ir acordada pra casa. Mas era tarde, eu havia fechado os olhos e caído num sono profundo. E de quebra, ganhei um sonho mais profundo ainda.


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