“Mesmo naqueles dias calmos meu coração gritava de forma descontrolada, mas eu não conseguia sentir aquilo. Mesmo quando tudo se passava pela mais silenciosa calmaria. Debaixo de meus pés a Tempestade começava a esmagar tudo aquilo que aos poucos havia se formado.”

Ayumi estava carregando uma caixa com ambas as mãos. Uma enorme quantidade de papel que tinha que levar para a sala do conselho estudantil. Aqueles trabalhos eram algo comum em semanas que precediam um festival. Aquela semana, todos só teriam aulas no período da manhã e a tarde ajudaria com as coisas do festival.

Contudo, no rosto dela não tinha uma expressão feliz. Estava um pouco preocupada com algumas coisas. Já fazia dois dias que Takeru não ia a Aula. Perguntou aos professores e estes alegaram que ele estava gripado. Mas sabia que aquilo era mentira. Não podia visita-lo, pelo fato da parte da manhã ter aula, de tarde ter de ajudar com as coisas do festival, e mesmo que quisesse ir depois de ter ido ver o por do sol, não podia, pois a região onde ele morava era um pouco perigoso de noite para ela ir sozinha. Aquilo a fazia ficar cada vez mais triste.

Capítulo 9 – Pedido Inesperado

Naquela quarta-feira, estava tudo muito movimentado como sempre. Todos trabalhavam incansavelmente para o Festival que seria feito na sexta no sábado. Tudo deveria sair perfeitamente, pois com o trabalho de todos, sabiam que seria possível fazer algo muito melhor do que fizeram no ano anterior, procurando sempre superar as expectativas do publico que estaria para visita-los. Diante daquilo, Ayumi não podia deixar-se levar pela maré de tristeza que estava então decidiu por um momento focar-se naquilo que estava fazendo e depois pensar no que devia fazer a respeito de Takeru.

Chegando com a caixa na sala do conselho estudantil, viu-se com dificuldade de abrir a porta, pois a caixa estava muito pesada e não sabia se conseguiria levanta-la se a colocasse no chão. Foi então que viu uma mão abrindo a porta para si. Ao olhar para o lado viu Fujikawa Suzumu abrir a porta para si com um sorriso estampado ao rosto.

– Takemiya-san, isso parece muito pesado ao meu ver, deixe-me pegar para você. – Ele argumentou, pegando a caixa e levando para dentro da sala, colocando esta em cima da mesa.
– H-hai... – Ela entrou na sala, fechando a porta. – Então, como estão indo as preparações para o festival?
– Estão indo muito bem, isso que você trouxe, deixe-me ver. – ele pegou o primeiro papel que havia no topo da caixa. – ah, perfeito, são os formulários dos clubes sobre os orçamentos finais. Isso chegou bem na hora. – Ele abriu um sorriso. – Muito obrigado Takemiya-san, você realmente é a melhor de todas.
– N-não precisa me agradecer por algo deste tipo senpai. – ela corou um pouco por causa do elogio, afinal, era muito tímida quando se tratava de falar com pessoas que tinha pouca intimidade. – Eu vou fazer a inspeção das turmas para ver se esta ficando tudo em ordem, okay? – perguntou se direcionando a porta.
– Claro, faça isso, por favor. – ele respondeu mantendo o aconchegante sorriso de sempre.

Ao sair da sala ela percebeu que seu rosto estava quente. Por mais que já tivesse decidido seu amor por Takeru, agora parecia estar um pouco diferente em relação à Suzumu. Percebendo aquilo, ela balançou a cabeça diversas vezes batendo em seguida duas vezes com as palmas das mãos sobre as bochechas.

– Ahhh, no que estou pensando a uma hora dessas – pronunciou em voz alta enquanto percebeu que algumas pessoas olharam para ela. Deu uma pequena risada e continuou andando em direção a algumas das salas.

Tudo parecia estar indo completamente bem. Todas as turmas estavam quase terminando os preparativos, outras estavam adiantadas até demais. E aquilo a deixou um pouco animada pois sabia que tudo daria certo naquele festival. Então após checar tudo, ela resolveu dar uma pequena caminhada pelos arredores da escola. Tudo estava tão movimentado por ali. Alunos passando com placas enormes, madeiras para construir barracas, todos muito agitados.

Foi então que ao chegar ao pequeno espaço onde ficavam as bicicletas que seus olhos se abriram mais, voltando a ter uma expressão meio triste. Andou um pouco em direção até o local onde Takeru costumava deixar sua bicicleta e ficou ali um pouco de tempo parada, olhando enquanto procurava saber o que deveria fazer naquele dia. Olhou para o relógio bem transparente que havia em uma pequena sala logo ao lado que dava para ver dali. Eram quase cinco horas e logo decidiu começar a pensar enquanto olhava para o por do sol. Então se direcionou para a sala para pegar sua bolsa e ir para a colina. Resolveu primeiramente ir avisar ao presidente do conselho que já havia terminado. Ao chegar lá abriu a porta da sala adentrando a esta sem bater antes.

– Fujikawa-senpai... Eu já termi... – quando abriu a porta inteira viu este dormindo sobre a mesa.

Pensou que ele devia estar muito cansado pelo tanto de trabalho que estava tendo naquela semana, não havia descansado um sequer segundo desde que os preparativos para o festival começaram. Aproximou-se pegando um pano de tamanho médio que tinha em um armário e o cobriu, olhando para este dormindo por alguns segundos. Os óculos dele estavam sobre a mesa e os cabelos lhe saltavam sobre o rosto de forma suave. Quando foi se virar para sair, sentiu alguém pegando seu braço e tomou meio que um susto ao olhar para trás e ver Suzumu a segurando. Aos poucos viu a face deste se virar para olha-la.

– Takemiya-san... – ele disse de forma calma como sempre.
– O-o que foi senpai? – Ela estava um pouco corada ali.

Contudo, naquele instante seguinte, seus olhos tiveram se aberto completamente com o que estava para ouvir logo em seguida, fazendo seu rosto tomar uma coloração bem mais avermelhada e de certa forma, ficou bem surpresa por aquilo que este disse. Aquele tivera sido um Pedido Inesperado.

– Eu te amo, por favor, saia comigo. – Ele foi direto com suas palavras, sem vacilar enquanto os olhos fixaram-se nela.