“Aqueles dias passavam com tanta calma, de forma a fazer meus sonhos parecerem um pequeno barco em uma calmaria. O vento estava ao meu favor e aquilo era tudo o que eu queria. Porém, mal eu sabia que, por menos que eu quisesse, a tempestade estaria por começar logo logo.”

Ouvia-se uma grande agitação naquele dia. Em uma plena segunda-feira, todos os alunos da sala comentavam diversas coisas. Ao olhar pela janela, via alguns alunos carregando placas, caixas. Sim, estava chegando à época do festival de verão do colégio. Não sabia que o tempo estava passando tão rápido assim. Os dias que passara pensando já estavam para trás e agora ela tinha um grande sorriso no rosto.

Capítulo 8 – Momentos desconfortáveis.

– Você vai para casa Ayumi? – Perguntou Takeru enquanto terminava de comer seu almoço ali mesmo.
– Não, não... – Ela balançou a cabeça negativamente enquanto respondia. – O festival de verão esta chegando e eu tenho que ajudar com as coisas do Conselho estudantil, afinal, eu sou membro dele também.
– Ah, é verdade... – Ele olhou para a janela. – Parece que o tempo está passando rápido não é mesmo?
– Sim... – Apenas sentiu a brisa vinda da janela balançando seus cabelos.
– Então façamos assim... Eu vou para casa e quando tu estiver indo para a colina você me manda uma mensagem. Tudo bem assim? – ele perguntou após guardar todas suas coisas.
– Ok!

Ayumi, terminando de comer, começou a guardar suas coisas. Esta tinha ainda um sorriso no rosto pois, todos aqueles dias estavam sendo perfeitos para si e queria muito que aquilo continuasse. Foi levantar-se quando um jovem apareceu na porta. Este usava um óculos e parecia ser mais velho. Aquele era o presidente do conselho estudantil, Fujikawa Suzumu.

– Takemiya-san. – Disse o jovem levantando o braço com um sorriso logo olhando para Takeru que estava diante dela.
– Já estou indo Fujikawa-senpai – Ela respondeu levantando-se para ir até a porta. – Até mais tarde Takeru-kun.
– Até... – Takeru tinha um olhar meio serio no rosto enquanto olhava para Suzumu.
– Então vamos? – Perguntou Ayumi direcionando a palavra a Suzumu.
– Claro... – respondeu deixando um pequeno sorriso no rosto.

Takeru colocou sua bolsa no ombro, andando para fora da sala. Quando havia feito isso, ambos já estavam longe no corredor e ficou olhando para os dois caminhando de longe. Aquilo o incomodava um pouco, mas não podia fazer nada sobre aquilo, apenas tinha como ficar observando os dois sem reclamar afinal, ele ainda não tinha coragem de dizer que gostava dela, assim como ele não conseguia descobrir nada sobre quem Ayumi gostava. De longe, os dois se afastavam cada vez mais.

– Fujikawa-senpai... – Ayumi começou a falar calmamente ali.
– Sim? – Permaneceu então esperando que esta falasse.
– Temos que terminar isso logo, pois eu tenho coisas a fazer as cinco horas. – Ela abriu um pequeno sorriso, olhando para baixo.
– Claro, sem problemas, até lá já teremos terminado o que temos a fazer. – Ele respondeu com um tom de voz calmo. – Mas o que você vai fazer depois das cinco?
– N-na-nada demais Senpai, hehehe. – Ela soltou uma pequena risada levando a mão até a frente da boca enquanto havia corado um pouco. – Não é nada demais mesmo.
– Você é muito misteriosa Takemiya-san. Para a menina mais inteligente da sua sala você é bem misteriosa. – Ele disse fazendo algumas afirmações.
– I-isso não é verdade – Ela disse meio corada enquanto fiava meio constrangida pro ele estar a elogiando.
– Não? Então você deve receber a ajuda de algum espirito enquanto faz as provas. – Disse ele levantando os braços imitando um fantasma.
– Hahaha, não fale besteiras Fujikawa-senpai – ela disse enquanto dava algumas risadas sobre o que ele havia dito. – Você é tão engraçado.

Ayumi por um segundo tivera virado o rosto para trás, vendo o reflexo de alguém passando no corredor, mas achou que devia ter se enganado e voltou a andar. Takeru que até então estava os observando, fora quem havia virado no corredor naquele momento. Começou a andar em direção a saída de maneira calma enquanto sua mão destra segurava a alça da bolsa fazendo força. Em vez de virar no pequeno hall dos armários da entrada, seguiu direto indo para onde ficava a bicicleta.

Por morar longe, ele sempre tinha de vir de bicicleta, sendo um dos poucos alunos daquela escola a vir por aquele meio. Alguns, sabendo onde ele morava, se perguntavam por que ele teria escolhido estudar numa escola ali, se no lugar que morava havia uma escola bem mais prestigiada que aquela ali. Ao chegar onde até onde estava sua bicicleta, ele soltou o pequeno cadeado, guardando este na bolsa e logo começou a caminhar em direção da saída. Os olhos estavam direcionados para baixo enquanto estava envolvido em uma maré de pensamentos sobre aquilo.

Começou a pensar no que deveria fazer. Sabia que se esperasse muito tempo poderia nunca mais conseguir o que queria, contudo, contradizendo seus próprios pensamentos ele não queria perder a amizade que tinha com ela, pois se fosse rejeitado, ele não sabia se conseguiria continuar falando normalmente com ela. Ao chegar à saída do colégio ele subiu em cima da bicicleta, começando a pedalar rapidamente desviando de alguns alunos.

Em poucos minutos ele estava ali em cima da colina. A respiração ofegante de ter subido a pequena estrada pedalando o fez deixar a bicicleta no chão e então se sentou encostado em uma arvore. Quando foi perceber, aquela arvore, havia sido a mesma daquele dia. Levantou um pouco o corpo, olhando para o outro lado da arvore, onde tivera procurado anteriormente e ao ver, viu que havia um formigueiro logo adiante. Aquela o fazia ficar cada vez mais pensativo e então ele abaixou a cabeça.

Aqueles dias, mais que outros, ele começou a ter vontade de acabar com tudo isso, mas não podia fazer as coisas como queria. Não podia deixar expressar apenas o que sentia. Por que, mais que tudo, sabia que não podia deixar de enfrentar aquelas situações, não podia deixar de passar por aqueles Momentos Desconfortáveis.