James

Voltamos para a aldeia sem falarmos nada. Sinceramente, acho que não precisava falar nada. Ela ainda devia estar surpresa com a minha transformação ilegal e eu quase a havia beijado. Ela estava vermelhíssima. Mas eu ainda não entendo. Ela parecia querer me beijar e então desvia. Uma hora ela quer, outra não. Assim está difícil. Como mulheres são estranhas.

Voltamos para o centro da cidade e fomos para Zonko’s. Quando chegamos no povoado, percebi que enfeites de natal já estavam sendo postos.

– Nossa, ainda nem chegamos exatamente em dezembro e já estão pondo enfeites de natal.

Lily deu de ombros – Devem fazer isso para chamar atenção para sua loja.

Continuamos andando pelo povoado e avistamos uma loja com artigos bem peculiares. Corações de pelúcia com cobras saindo de lá, fazendo uma mancha escura por volta dos buracos. Duendes e papais noéis de todas as cores com as caras mais bizarras possíveis. Um duende em especial, tinha o tamanho de uma pessoa normal, era rosa, com calças boca de sino e blusa colorida, fazendo uma pose de vitória, mas com uma expressão de raiva.

– Que estranho – disse Lily olhando para um papai Noel vestido com roupa de praia, óculos de sol, filtro solar no nariz e segurando um coração enorme em uma das mãos e mandando beijo com a outra fazendo uma pose meio... Feminina.

– É, acho que qualquer época é época de brincadeira.

Lily abafou um riso.

– É, mas então, vai para sua casa no natal?

– Hã, sim, eu e Almofadinhas.

– Almofadinhas mora na sua casa né? – perguntou Lily.

– Sim.

– E você, er, desculpe, e sua família veio sendo perseguidos pelos comensais da morte – sussurrou Lily vindo mais para o meu lado.

– Sim.

– E como você disse antes, Sirius acompanhou você durante esse tempo.

– Sim Lily, onde você quer chegar?

– Então como a Marlene pode ter saído com Sirius nas férias se ele estava fugindo junto com vocês dos comensais?

– Ah – eu ri rapidamente – Eu e minha família não somos tão idiotas assim Lily, enganávamos muito eles. Às vezes ficávamos em um local bastante tempo e em um desses locais, descobrimos que Marlene morava por perto. Eles saíram e então acho que começaram a namorar.

– Hum.

– Mas aí mudamos de casa só por precaução e eles se separaram. Acho que Marlene ficou chateada.

Lily pensou por um instante – Não, Marlene não é do tipo que chora por alguém igual ao Sirius.

– Como assim igual ao Sirius?

– Que logo arranja outra.

– Lily, quando ele está com uma, não fica com outra.

– Está certo, mas aí, ele se separa da primeira e parte para a segunda.

– Não seja tão maldosa. Almofadinhas é legal.

– Eu sei James, apesar de tudo ele é uma boa pessoa. Se não fosse, não seria da Grifinória.

– Nem todas as pessoas da Grifinória são boas pessoas.

Lily pensou um pouco até responder – É, mas pelo menos, são melhores que os soncerinos.

James deu de ombros e voltou a caminhar em silêncio. Ao chegarem à Zonko’s, perceberam que seus amigos já estavam lá.

– Ei, Lily, James, aqui – disse Marlene acenando no meio da confusão de gente que estava na loja.

Eu e Lily entramos e conseguimos chegar lá.

– Venham, olhem isso aqui – disse Marlene com um sorriso no rosto.

Olhamos para uma das prateleiras e no mesmo instante, eu e Lily sorrimos de lado. Caixas cor-de-rosa estavam postas com a seguinte legenda.

Produto limitado. Essência de veneno da planta Mimbulus Mimbletonia. Ela garante uma explosão magnífica e mal cheirosa do veneno dessa magnífica planta. Recomenda-se não usar em locais muito apertados.

– Deve ter sido a causa daquela confusão no sétimo andar ontem – disse Franco.

– Aquilo foi bem engraçado – disse Alice.

– Tirando a parte de que muitos sonserinos e grifinórios se atacaram – disse Dorcas.

– É, mas ainda assim foi bem engraçado – disse.

Pelo canto do olho vi Lily revirar os olhos. Esqueci que ela não aprovava esses tipos de brincadeira.

Continuamos conversando até termos que voltar. Infelizmente, não tive mais chances de conversar com Lily a sós depois. Mas tudo bem, um dia eu ainda a consigo para mim. Já no dormitório, Almofadinhas e Aluado começaram a me perturbar.

– Anda Pontas, diga o que aconteceu – pediu Aluado.

– Ela gostou do encontro? Ficou entediada?

– Hã, creio que não. Eu acho – disse.

– Fala logo como foi, Pontas – disse Almofadinhas.

– Aonde você a levou primeiramente? – perguntou Aluado.

– Hã, à madame Rosmerta.

– Razoável – disse Almofadinhas.

– O que quer dizer com isso Almofadinhas?

– Não ligue para ele James, conte logo, e o quê mais?

– Ficamos conversando, oras.

– Sobre o quê?

– Ah, diversas coisas.

– Ela bocejou em algum ponto da conversa.

Pensei um pouco – Não!

– Bom. Ela pareceu com raiva em algum momento?

Pensei outra vez – Acho que sim.

– Por quê?

– Ah, eu devia ter falado logo pra vocês. Eu contei a ela que sou animago.

– VOCÊ O QUÊ?- perguntaram aos gritos Almofadinhas e Aluado.

– Eu sei, eu sei, eu não devia ter contado, mas eu confio nela. Aliás, Aluado, ela já sabia que você era lobisomem.

– O quê? Como? Você não contou a ela, contou Pontas?

– Não, não, ela descobriu por si só.

– Como?

– Ela associou a sua doença com os dias de lua cheia.

– Ela é uma garota muito esperta – constatou Almofadinhas e Aluado concordou.

– Uhum – disse.

– E você aproveitou e disse que era animago não é?

– Bom, se ela escondeu as suspeitas sobre Aluado sobre tanto tempo, provavelmente, guardaria esse segredo também. Ah, e eu também falei sobre você e Rabicho.

– Você realmente confia em Lily? – perguntou Almofadinhas ainda contrariado.

– Sim – respondi sem pestanejar.

– Tá legal. E como ela reagiu?

– Ficou surpresa e um pouco preocupada, porque nós podemos acabar presos.

– É.

– E depois?

– Bom, depois voltamos para o vilarejo.

– Voltou?

– Nessa hora estávamos perto da casa dos gritos.

Então ficamos falando sobre o que havia acontecido em Hogsmeade um pouco mais, mas logo nosso centro de conversa mudou para Quadribol. E eu ainda estou em êxtase. Lílian Evans realmente saiu comigo. Tomara que ela tenha gostado tanto quanto eu.