Burning escrita por Absolutas


Capítulo 53
Capítulo 44


Notas iniciais do capítulo

Sei que não vão me perdoar nunca pela demora, mas eu tenho uma razão:
— Fiquei sem computador e depois quando comprei um novo, não tinha editor de texto, então ficou impossível de escrever.
Mas graças à Deus deu tudo certo e já instalei tudo certinho, e se vocês ainda quiserem ler o final de Burning, eu vou continuar postando, ok?
Boa Leitura!!



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CAPÍTULO 44

Meus olhos estavam vendados impedindo qualquer vislumbre do caminho que eu seguia. Eu tropeçava à cada quatro passos pelo menos e a única coisa que me impedia de cair, eram as mãos de Nathan em meus ombros.

– Para onde está me levando? – perguntei ansiosa. Não era a primeira vez que eu fazia essa pergunta, mas Nathan se recusava a me responder.

– Você já vai ver. – assegurou-me.

Eu suspirei. Estava começando a ficar irritada com a situação; era frustrante não saber para onde estava indo!

– Nathan, por favor...

– Espera só mais um pouquinho, já estamos chegando. – garantiu.

– Ta legal. – falei, o sarcasmo presente em cada sílaba.

Ouvi-o rir.

Ele parou por um momento e ouvi o som de seus passos, enquanto ele se movia até ficar de frente para mim.

– Está estressada? – perguntou, o tom de voz debochado. Ele estava perto demais, eu podia sentir. Seu hálito banhava meu rosto e cada partícula de meu corpo, mesmo sem poder vê-lo, sentia sua presença.

Eu ri, e o som pareceu um pouco nervoso; principalmente devido a sua proximidade.

– Não estou estressada, estou frustrada. – corrigi-o.

– Sua frustração vai acabar logo, logo; eu prometo. – falou e então se aproximou mais um pouco, até seus lábios estarem em meus ouvidos. – Seja paciente.

Eu bufei.

–Ok, então.

Nathan então voltou para trás de mim, novamente guiando-me até o local onde ele queria me levar. Eu tinha que admitir: ele havia me pego desprevenida. Eu jamais pensara que ele fosse fazer algo assim, não tinha a mínima idéia de onde ele estava me levando.

De repente, Nathan parou e retirou suas mãos de meus ombros, movendo-se novamente até estar na minha frente.

– Agora – começou ele. – eu vou tirar a venda, mas você só vai olhar quando eu disser, tudo bem?

– Nathan, o que...

– Prometa. – interrompeu-me.

– Tudo bem, eu prometo. – falei com um suspiro, levantando as mãos para o ar, em sinal de rendição.

– Muito bem, então.

No mesmo instante, senti ambas as mãos de Nathan em meu rosto, uma de cada lado. Ele afagou-o, devagar meu queixo, minhas bochechas, meus cabelos...

Alguém pigarreou em algum lugar próximo dali. Eu corei, e senti a curiosidade aumentar dentro de mim.

– Desculpe. – ouvi Nathan murmurar, e então suas mãos alcançaram o nó da venda, atrás da minha cabeça – puxando uma das pontas, fazendo a venda cair de meus olhos. Permaneci de olhos fechados. – Pode abrir. – falou Nate.

Eu respirei fundo uma vez e obedeci. Meu coração parou, e depois voltou a bater no dobro da velocidade. Eu sorri – um sorriso feliz, satisfeito, pleno. Senti as lágrimas, que a muito eu segurava, escaparem de meus olhos, escorrendo pelas maçãs do meu rosto, deixando rastros por onde passavam.

Eu me virei e olhei para Nathan, só para confirmar que eu realmente estava enxergando direito. Ele sorriu, encorajando-me. Foi então que entendi tudo.

– Nathan, você...?

– Você sentia falta deles, não é? Bom, eu quero que você seja feliz...

– Você é incrível! – exclamei, antes de me virar para olhar para meus pais novamente.

Estávamos em um salão, nos fundos da casa de Jerry, local onde eu nunca estive antes e só reconheci, por causa da decoração antiquada. O local era praticamente vazio, se não fosse por quadros retratando a era medieval e alguns vasos antigos espalhados estrategicamente pelo espaço.

Meu pai estava de pé, no meio do salão, trajando uma camisa social branca, jeans escuros e um par de sapato pretos – os cabelos castanhos penteados para trás. Já minha mãe permanecia sentada em uma cadeira ao lado dele, uma leve protuberância visível em seu ventre. Ela trajava um vestido rosa folgado e tinhas os cabelos castanho e lisos presos em um rabo de cavalo frouxo. Ambos sorriam para mim, os olhos brilhando, tal como os meus deviam estar.

Num ímpeto, corri na direção deles e os abracei, sentindo cada célula de meu corpo gritar de alegria. Instantaneamente senti meu coração ficar mais leve. Alguns minutos depois, desfiz o abraço e dei um passo para trás para observá-los.

– Eu nem acredito que estão aqui realmente. – falei enquanto meu pai ajudava minha mãe a se sentar novamente na cadeira. – Eu senti tanto a falta de vocês!

– Nós também. – falou minha mãe, a voz embargada pelas lágrimas.

– Você nem sabe o quanto. – completou meu pai.

Eu sorri docemente para eles. Nathan pigarreou e só então me lembrei que ele ainda estava lá.

– Eu... – começou ele. – vou deixá-los a sós. – então se virou e saiu por onde – acredito – nós tínhamos entrado.

Fiquei observando-o enquanto ele saia e depois me virei para meus pais. Notei que meu pai me observava com uma sobrancelha arqueada. Resolvi ignorar essa parte e andei até estar do lado da minha mãe. Estendi a mão e a toquei na barriga.- Como vai meu irmãozinho? – perguntei afagando o local onde ele ou ela devia estar.

– Por que acha que é um menino? – minha mãe perguntou com um olhar debochado.

– Não acho, eu só... falei por falar. – esclareci. – Vocês já sabem o sexo?

Eles se entreolharam com um sorriso e depois ambos se viraram para mim.

– É uma menina. – disseram em uníssono.

Meu coração saltou e não consegui segurar o riso.

– Uma menina?

– Sim. – concordou meu pai, passando o braço esquerdo por meu ombro. – Você vai ter uma irmãzinha.

– É perfeito. – falei. – E como ela vai se chamar?

– Ravenna.

Eu sorri. Assim como o meu nome fora inspirado em uma cidade da França, o nome da minha irmã seria inspirado em uma cidade também, só que da Itália.

– Qual é a história? – perguntei. Eu recebera o nome da cidade de Lorena, pois fora lá onde meus pais se casaram, e quando minha mãe engravidou e souberam que era uma menina, meus pais viram aí a oportunidade perfeita de imortalizar o dia em que assumiram o compromisso eterno do casamento.

– Bom, foi em Ravenna, na Itália que eu vi seu pai pela primeira vez. – explicou minha mãe. – Nós estávamos no Museo Dantesco. – minha mãe deu um suspiro apaixonado e olhou para meu pai, que sorriu bobamente para ela.

Eu me senti mal de observá-los nesse momento. Era como se eu estivesse invadindo a privacidade deles presenciando esse momento – tamanha a intensidade dos sentimentos presente em seus olhares.

– É um belo nome. – concordei depois de um momento.

– Por falar em belo... – começou minha mãe. – Quem é aquele garoto dos olhos azuis? – minha mãe abriu um sorriso ambivalente.

– É o Nathan. –falei corando com o tom que ela usou.

– E por acaso foi ele quem a trouxe para cá.

– Sim, por acaso foi ele. – assumi.

– Por falar nisso, - interrompeu meu pai. – ainda não nos contou essa história direito. Como foi que chegou aqui?

– Bem, é uma longa história.

– Temos tempo. – falou meu pai, com um sorriso afável.

Com um suspiro, contei a eles toda a história; desde quando Nathan chegou ao reformatório até quando ele me salvou de Dorothea e eu a matei.

– Então passou por tudo isso depois que saiu de lá. – perguntou meu pai, uma ruga de preocupação vincando-lhe a testa.

– É.

– Eu nem acredito que ficamos longe enquanto você enfrentava tudo sozinha...

– Não estava sozinha. Nathan estava comigo.

– Sim – concordou ele. – E pelo jeito devemos muito a ele.

Eu sorri com a declaração dele.

– Sim devemos. – concordou minha mãe. – Além de ter permanecido do seu lado, foi ele que ajudou a nos trazer aqui para vê-la. Sei que é um bom garoto.

– Sim, ele é.

– Mas queremos que volte para casa conosco. – continuou minha mãe. – Nem acredito que passou por tudo isso e principalmente agora queremos que fique por perto.

– Não posso ir embora. – falei simplesmente.

– Filha, - disse meu pai. – sei que tem amigos aqui, e que tem treinamento também; mas agora que não é mais obrigada a voltar para o reformatório, o mais sensato seria voltar conosco para casa. Sei que ninguém vai prendê-la aqui.

– Não, mas e meus amigos? E Nathan? Não posso ir embora como se nada tivesse acontecido, como se nunca tivesse estado aqui, vocês me entendem?

– Sim, mas e sua vida de antes. Sua faculdade, nós... como fica? – perguntou minha mãe.

– Mãe, pai. Não posso deixar Nathan. – falei, os olhos enchendo de lágrimas. – ele já sofreu muito, não quero ser o motivo de fazê-lo sofrer de novo. – as lágrimas em meus olhos escorreram e eu as limpei. – A mãe dele se matou, o padrasto batia nele. Se não fosse o dom dele, provavelmente teria virado um saco de pancadas na mão do sujeito. Ele teve que fugir de casa porque queriam o mandar para um orfanato... E só então veio para cá. – expliquei. – Ele não tem mais família, a não ser a nós da Academia de Não-Humanos... A não ser a mim.

– Ele não tem família? – perguntou meu pai, aparentemente comovido.

– Não. – confirmei. – Ele diz que nós somos sua família.

–Mas...

– Pai, eu adoraria voltar com vocês para casa e viver uma vida normal. Fingir que nada disso aconteceu, mas não posso. Não posso deixá-lo. – ele não pareceu convencido, por isso soltei meu último argumento; que era a verdadeira razão da minha relutancia em voltar com eles. – Eu o amo, pai. Tanto quanto você ama a mamãe. – eu olhei para a minha mãe. – Tanto quanto você ama o papai, mãe. – eu suspirei. – Não me peçam para fazer isso.

O silêncio se instalou por alguns momentos e meus pais se entreolharam preocupados. Eu entendia o argumento deles. Entendia porque eles queriam que eu voltasse para casa, mas eu não podia virar as costas para todos que me ajudaram como se nunca tivesse precisado de ajuda e principalmente, não podia virar as costas para o amor da minha vida. Estava fora de cogitação.

– Bom, nesse caso... – disse minha mãe. – ele pode vir junto.

Eu sorri com a tentativa deles, fiquei feliz em saber que me amavam o suficiente para passar por cima de suas regras para me ter por perto.

– Ele não iria. – eu respirei fundo. – Ele ama esse lugar, tal como eu passei a amar.

Meu pai suspirou, o som parecia carregado de tristeza; e senti uma pontada forte de dor em meu coração.

– Não queremos ficar sem vê-la de novo. – dessa vez foi minha mãe quem falou.

– Vocês não têm que ficar sem vê-la. – falou uma voz grave vinda de algum lugar atrás de mim.

– Jerry? – falei quando o vi parado na soleira da porta: os cabelos grisalhos levemente desgrenhados e os olhos cinzentos extremamente gentis. Jerry sorriu para mim por alguns segundos antes de se virar para meus pais.

– Sr. e Sra. Williams, Lorena não está presa aqui. Vocês não têm que se privar de visitá-la. – garantiu ele. – As portas da Academia de Não-Humanos estarão sempre abertas para quando quiserem vir vê-la.

– Sério? – perguntei descrente, a esperança de uma vida plena crescendo em meu peito.

– Sim. – garantiu.

– Então podemos vir quando quisermos? – confirmou meu pai.

– É claro que sim. – disse Jerry. – Acima de tudo, Lorena é filha de vocês, não podemos privá-los disso.

– Eu agradeço. – disse minha mãe.

– Não por isso. – falou Jerry, e então, todos estávamos sorrindo.

***

Quando meus pais foram embora, eu saí do salão dos fundos da casa de Jerry, com um sorriso estampado no rosto. Eu sabia que, a partir de agora, tudo seria mais simples, eu poderia ter Nathan e meus amigos da Academia e minha família ao mesmo tempo em minha vida. Era algo que eu nunca imaginara ser possível quando entrei nessa vida de soldado.

Uma movimentação na praça de entrada me chamou a atenção, fazendo-me mudar o caminho – uma vez que meu intuito inicial era ir até a casa de Nathan para contar-lhe tudo e agradecê-lo.

Segui curiosa até a praça de entrada enquanto reconhecia alguns rostos – Katherine, Ian, Chloe, Kiara – todos compondo uma roda. Aproximando-me mais um pouco, abri caminho entre as pessoas, e consegui enxergar as pessoas no centro do círculo. Jerry – que havia saído pouco antes de mim do salão, Josh, Nathan e Sarah – que, por sua vez, tinha uma mochila nas costa e vestia roupas apropriadas para uma caminhada na floresta. Fiquei confusa sem entender direito o que estava acontecendo.

– Lorena. – ouvi alguém me chamar. Olhei para o lado, e dei de cara com Jessica que vestia um macacão cinza e tinha os cabelos louros presos em um coque frouxo. – Como foi lá com seus pais? – perguntou ela.

– Foi ótimo... – respondi, sem me concentrar muito na pergunta dela. – O que está acontecendo, Jess?

– Ah, bem, Sarah está indo embora. – explicou com certa indiferença, dando de ombros.

– O que? Como assim? – perguntei espantada. – Para onde?

– Eu não sei direito, acabei de chegar também.

Eu arfei e virei novamente para o centro da roda,tentando abrir caminho para mais perto. Com muito esforço, consegui chegar na frente, em um lugar privilegiado; tanto para ver, quanto para escutar.

– ... não pode ir assim, sem nenhum motivo. – dizia Jerry, os olhos arregalados de espanto.

– Não é sem motivo, tio, acredite. – ela suspirou. – Eu só não quero dividir meus motivos com todos...

– Ao menos pode dizer-nos para onde está indo? – interrompeu Josh. – Para ficarmos mais tranqüilos?

–Não, não posso.

– Sarah, qual é? Você decide ir embora, do nada, eu nem ao menos diz para onde está indo. Isso é muita imprudência de sua parte. – disse Josh.

– Eu não chamaria de imprudência, chamaria de férias por tempo indeterminado.

Josh revirou os olhos.

– Sarah, por favor. – pediu Jerry.

– Sinto muito, tio. Eu tenho que ir, e vocês não vão me impedir. Eu tenho dezoito anos, sei me defender sozinha e tenho meios de sobreviver. – Sarah respirou fundo duas vezes. – Eu só queria me despedir de todos vocês. Eu vou falta de todos... Sem exceção. – ela me olhou quando disse isso.

Notei que Nathan ficou em silêncio por todo esse tempo.

Sarah, então, abraçou Jerry e vi lágrimas escorrerem dos olhos dos dois. Depois ela foi até Josh que a olhava incrédulo. Ela o abraçou também e ele retribui o abraço automaticamente. Quando se separou dele, ela foi até Nathan, o qual a olhava sem expressão.

– Eu não entendo. – disse ele quando ela se posicionou em sua frente. – Eu realmente não entendo.

– Eu só preciso ir embora, preciso tentar viver minha vida.

Nathan trincou os dentes.

– É minha culpa, não é? – perguntou ele de repente. – É por causa daquela história de você estar apaixonada...

– Não vou mentir para você, Nate. – ela desviou o olhar para o céu azul. E depois voltou a encará-lo. – Adeus.

Sarah o abraçou forte e depois se separou voltando-se para mim. Ela andou até estar a trinta centímetros de mim.

– Cuide bem dele. – disse ela me fitando com seus olhos cinzas cortantes. – Ame-o. É só o que te peço.

Minha garganta se fechou, e eu senti vontade de chorar novamente.

Eu não convivi muito com Sarah, tivemos apenas uma relação de professora e aluna. Mas eu sabia o quanto ela era importante para Nathan, e sabia que, apesar de parecer me odiar, ela era uma boa pessoa.

– Eu o farei, fique tranqüila.

Os lábios de Sarah se abriu em um meio sorriso e então ela se virou; indo até o portão de saída, deixando-nos observando-a, atônitos, até ela desaparecer de vista.


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Notas finais do capítulo

Sei que não deva pedir, mas é difícil para alguém continuar escrevendo sem saber o que os leitores estão achando da história, então, se tiverem um tempinho vago, comentem, por favor..
Bom, é isso. Beijos e até o próximo capítulo - que prometo, não vai demorar tanto.



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