Burning escrita por Absolutas


Capítulo 52
Bônus 8


Notas iniciais do capítulo

Aqui está mais um bônus, espero que gostem...
Boa Leitura!!



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BÔNUS 8

Nathan

Todos pareciam deliberadamente felizes na Academia de Não-Humanos. Havia sorrisos nos lábios das pessoas por quem eu passava, enquanto elas seguiam, satisfeitas, suas rotinas.

Eu também me sentia feliz - aliviado para dizer a verdade – por ter conseguido, com a ajuda de Josh e Sarah, salvar Lorena e trazê-la de volta a salvo; embora não completamente sã.

Não que ela estivesse louca, mas era loucura sentir remorso por ter matado alguém que lhe fizera tão mal. Ela concordara quando eu dissera isso a ela,mas eu não estava convencido de que ela aderira ao sentimento. Eu sabia que, no fundo ela ainda se flagelava por ter feito aquilo. Vez ou outra, enquanto estávamos juntos, eu via um resquício de arrependimento em seus olhos castanhos, e isso me matava por dentro, pois eu me sentia impotente diante da sua dor. Mas no fundo eu sabia que era questão de tempo até a culpa aliviar e ela se permitir viver novamente.

Outra coisa que me machucava, era quando ela falava de seus pais: sempre com dor e saudade. Eu me sentia culpado por ela ter se afastado deles, pois, afinal, foi eu quem buscou-a no reformatório. E mesmo sabendo que fora o melhor para ela, eu não podia evitar pensar em como ela estaria sem toda essa confusão de dom e morte e Academia de Não-Humanos. Provavelmente ela estaria na faculdade, cursando literatura e indo para casa dos pais nas férias para contar sobre suas aventuras universitárias. Provavelmente ela conheceria um cara comum, universitário também. Alguém menos complicado, alguém normal– com quem ela pudesse ter um namoro estável e depois, quem sabe, um casamento duradouro.

Suspirei. Eu não queria que ela encontrasse alguém comum – até porque ela não é comum. Eu queria apenas que houvesse um jeito de ela ficar comigo e ser plenamente feliz com isso. Mas eu sabia que, embora ela me amasse quase tanto quanto a amo, ela nunca estaria cem por cento enquanto tivesse longe de sua família; pois embora a Academia fosse meu lar e meus companheiros fossem minha família, não era exatamente assim com ela. Ela ainda tinha sua família viva – e devia ser ainda mais doloroso o fato de não poder vê-los.

Estava tão absorto em meus pensamentos – sentado nos degraus da frente da minha casa – que mal percebi a aproximação de alguém até que esse alguém se sentasse ao meu lado. Era Sarah.

Notei que ela parecia um tanto temerosa e desconfortável enquanto me lançava um sorriso nervoso. Retribui o sorriso de forma genérica e voltei a recostar no degrau de trás, permitindo-me observar tudo, exceto ela.

Não que eu ainda estivesse com raiva por ela ter feito Lorena e eu brigarmos, mas eu ainda não me sentia pronto para permitir que nossa amizade voltasse a ser o que era antes; principalmente depois de tudo o que ela havia me dito em relação aos seus sentimentos. Eu me sentia no mínimo culpado por fazê-la sofre, pois afinal, ainda éramos amigos.

Ouvi Sarah suspirar. Continuei olhando fixamente para frente.

– Nathan... Eu sei que ainda está chateado comigo por ter lhe beijado, mas eu queria me desculpar formalmente por isso. – ela respirou fundo. – Não parece que você me perdoou e eu me sinto culpada por ter atrapalhado você... com Lorena... Enfim, prometo que não vai acontecer de novo.

– Não estou chateado com você. – falei, ainda olhando para frente.

– Não é o que parece. – discordou. – Você sequer está olhando para mim enquanto falo.

Contrariado, virei o rosto e a encarei. Sarah soltou uma risada alta e curta.

– Fale sério Nathan, eu te conheço. Tem algo de errado com você, você nunca foi pensativo.

– Agora sou. – tentei despistá-la.

– O que está acontecendo? – perguntou, sem se deixar enganar.

Bufei. Ela não ia me deixar em paz tão cedo.

– Só algumas coisas, as quais não consigo parar de pensar à respeito. Só isso.

– E o que seriam elas? – perguntou arqueando uma sobrancelha.- Talvez eu possa ajudar. – sugeriu.

– Duvido muito.

– Por que não descobre?

Fitei-a por alguns segundos antes de levantar as mãos – em um gesto de rendição e começar a falar:

– É Lorena. – revirei os olhos quando ela me lançou um olhar debochado, como se soubesse que eu diria isso. – Foi você quem insistiu em saber! – exclamei.

– Eu sei, continue.

– Bom, digamos que ela não está plenamente satisfeita por ter matado outra pessoa...

Pessoa? – questionou Sarah.

– É o que ela diz.

– Ah, por favor! Ela sente remorso por causa daquela mulher ridícula? – eu dei de ombros. – Ela nem me prejudicou tanto e já dou graças a Deus por ela ter morrido.

Eu ri.

– Concordo com você, mas...

– Eu sei. Ela é boa. Nunca ficaria feliz com a morte de outro.

– Está dizendo que sou mal?

– Você entendeu. – respondeu ela, revirando os olhos.

Eu fiquei feliz por estar conversando com Sarah, não havia percebido antes, mas sentia falta de sua amizade.

– Não é só isso, é? – perguntou.

Eu estava pronto para mentir, mas já havia começado a contar para ela, não fazia sentido me fechar de novo.

– Bom, ela também sente a falta dos pais, e eu queria desesperadamente poder trazê-los aqui para vê-la, ou levá-la até eles....

Sarah não disse nada por alguns momento, apena fitou-me, os olhos cinzento mais concentrados que nunca.

– Você a ama mesmo, não é? – perguntou ela depois de vários minutos silenciosos.

– Achei que essa parte estivesse clara.

Ela suspirou.

– Na verdade, está sim; eu só não notei antes porque... – ela sacudiu a cabeça, mas não terminou o raciocínio. De certa forma eu fiquei feliz por ela ter deixado a frase no ar. Eu sabia a essência do que ela diria e não queria estragar o momento de amizade entre nós. Por isso, não disse nada. – Nathan , eu acho que posso ajudar.

– Como assim? – perguntei virando-me para olhá-la.

– Posso falar com meu tio, pedir que permita uma coisa ou outra. Ele sempre me escuta.

– Nem sempre. – discordei, tentando não criar falsas esperanças.

– Mas tenho certeza de que ele vai fazer o possível para ajudar nesse caso. - afirmou ela. – Nunca houve casos de famílias vivas aqui, não que eu saiba. Talvez seja por isso que ninguém mais vê a família... Porque eles não têm mais. – explicou. – O que não é o caso de Lorena. Ela tem uma família, e não é certo ser proibida de vê-la.

Eu estava no mínimo boquiaberto com o senso de justiça dela – nuca pensara que ela faria algo para ajudar Lorena.

– Vai mesmo fazer isso? – perguntei em dúvida. – Por vontade própria?

– Posso não ser tão boazinha, mas não sou um monstro, Nate. Se minha família ainda fosse viva, eu iria querer vê-la.

Não consegui reprimir um sorriso. Ver a família era tudo o que Lorena precisava no momento, algo crucial para ajudá-la a se recuperar da ferida recente.

Sarah levantou-se do degrau em que estava sentada e estendeu a mão para mim.

– Vamos?

– Para onde?

– Não achou que eu fosse fazer isso sozinha, não é? – ela deu um sorriso sarcástico.- De nós dois o mais interessado é você.

Resolvi então aderir ao sarcasmo.

– Não sei, talvez eu esteja com um pouco de medo de acompanhá-la.

– Está com medo do Tio Jerry? – ela riu.

– Na verdade não.

– Do que tem medo então.

– Bom, o caminho até lá não é tão curto... Como vou saber que não vai me agarrar novamente?

Ela ofegou de surpresa e me deu um soco no braço.

– Não seja ridículo!

– Não consigo evitar.

Sarah revirou os olhos.

– Venha, vamos logo antes que eu desista!

Então levantei e a segui – as esperanças renovadas em relação à felicidade de Lorena e à minha própria. Talvez um “felizes para sempre” não fosse algo tão fora da realidade quanto eu sempre pensara.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Mereço reviws?



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