Burning escrita por Absolutas
Notas iniciais do capítulo
Bom, aqui está mais um capítulo - acho que não demorei tanto assim, né? Enfim, vamos para de ladainha e ler, né? Espero que gostem, de verdade.
Boa Leitura!!
P.S. Não recebi muitas respostas à minha pergunta das notas finais do capítulo anterior - com isso eu quero dizer que recebi uma resposta - e realmente preciso saber se vocês leriam uma continuação de Burning contando a história de outro personagem. Leriam? Respondam por favor!
CAPÍTULO 43
A primeira coisa da qual me dei conta quando despertei, foi que já era de manhã – a julgar pela luz do sol invadindo o quarto através da janela.
E então, quando, aos poucos, minha mente foi clareando e meus sentidos se aguçando, outras coisas vieram a minha percepção: eu não estava sozinha, sentia a mão de Nathan repousada em minha cintura e sua respiração ritmada em minha nuca; e apesar de tudo, sentia-me melhor que ontem. É claro que não podia dizer que estava realmente bem – eu nunca estaria, mas a dor hoje parecia mais sutil. Mais suportável.
Abri os olhos e os semicerrei quando senti a luz do sol incomodá-los. Devagar, para não acordar Nathan, sentei-me na cama e estiquei meus braços diante de mim, alongando meus membros. Acostumados agora com a claridade, deixei meus olhos vagarem pelo cômodo, mas logo pararam ao ver um objeto que fez meu coração se encolher em meu peito.
Sobre a escrivaninha, meio escondido atrás dos objetos que ali repousavam, estava meu exemplar de “Orgulho e Preconceito”, o qual minha mãe me dera em uma de suas visitas à mim no reformatório. Era estranho, mas parecia outra vida; eu me sentia outra pessoa agora. Tantas coisas aconteceram nesse período de tempo que eu me sentia, de certa forma, mais madura, senão mais velha.
Mas apesar de tudo, mesmo tendo prometido a mim mesma que deixaria o passado para trás, não consegui me impedir de levantar da cama e andar até a escrivaninha para segurar o livro entra as mãos.
Eu me lembrava com perfeição do dia em que minha mãe me entregara aquele livro; lembrava-me que ela tinha um olhar condescendente enquanto me dizia que o livro ajudaria a tornar menor o meu fardo, que não seria tão difícil enfrentar tudo se eu tivesse algo para me distrair. Não posso dizer que funcionou, mas lembro-me de, na época, ter agradecido a Deus por meus pais gostarem e se importarem comigo. Ainda sou grata, principalmente pela gravidez da minha mãe que, acredito, vai tornar mais fácil o meu sumiço para eles.
– Ainda não decorou todas as passagens desse livro? – disse uma voz brincalhona atrás de mim, sobressaltando-me.
Nathan, pensei com um sorriso.
– Se sente melhor hoje? – perguntou enquanto eu me virava para olhá-lo.
Nathan estava meio sentado, meio deitado na cama – o cabelo levemente desgrenhado, a camisa amarrotada e um sorriso de tirar o fôlego nos lábios. Eu tinha que admitir que ele ficava lindo quando acordava.
– Sim. – respondi retribuindo o sorriso, embora não tão genuíno quanto que ele me dera. – Obrigada por ter dormido comigo essa noite. Ajudou muito.
– Não por isso. Não me importo de dormir com você – comentou. – eu o faria todas as noites se fosse por mim, sabe disso.
Eu ri.
– Você realmente não jeito! – exclamei colocando o livro de volta no lugar e voltando a me sentar do lado dele. Nathan envolveu-me em seus braços e me aninhou em seu peito.
– Eu nunca disse que tinha. – sussurrou ele em meu ouvido.
Eu sorri e suspirei, me sentindo confortável na posição em que me encontrava.
– Sinto tanta a falta deles. – murmurei depois de alguns momentos, quando a lembrança de meus pais veio à tona novamente.
– Deles...? – perguntou Nathan.
– Meu pai, minha mãe, meu irmão que eu nunca vou conhecer. – esclareci. – Gostaria de vê-los . Saber se estão felizes, se conseguiram seguir com suas vidas...
– Também sinto falta da minha mãe. – disse Nathan, surpreendendo-me ao tocar no assunto. Ele nunca fizera menção a sua família, exceto no dia em que me revelara a verdade sobre si e seu dom. – Mas isso eu já senti antes mesmo de vir para cá, na Academia de Não-Humanos. – ele riu sem humor.
– Eu sinto muito. – sussurrei afagando de leve seu rosto. – Qual era o nome dela? – perguntei depois de um momento de silêncio.
– Marie Walker. Marie Hill, depois que se casou com o crápula.
– E como ela era?
– Não posso dizer que ela era a pessoa mais amorosa do mundo. Mas era amorosa o suficiente. Pelo menos para mim. – ele sorriu com a lembrança, seu olhar distante enquanto revivia suas lembranças antigas. – Também não era aquele tipo de mãe que faz tudo o que o filho quer, mas sempre foi dedicada a mim. Ela era uma mulher forte, persistente, independente, auto-suficiente... Bom, essa última parte até conhecer meu padrasto; ela realmente amava aquele monstro covarde. Não que ela tenha se esquecido de mim depois disso, mas ela mudou quando o conheceu, só que ele não fazia bem para ela e... bom, o resto você já sabe.
Ele não conseguiu conter as lágrimas diante de tais lembranças, algumas delas escorreram por seu rosto e, com todo o amor do mundo, eu as limpei, uma a uma, antes de depositar um beijo terno em sua bochecha.
– Sinto muito. – sussurrei e então recostei minha cabeça em seu peito.
E ficamos assim, chorando, consolando uma ao outro, por longos minutos.
–--
Precisou de uns dois dias para que eu conseguisse enfrentar todos novamente.
Era difícil para mim ter que encará-los, enquanto mal conseguia me encarar no espelho. A culpa me abatia todos os dias, mas eu sabia que não podia ficar trancada em meu quarto com Nathan para sempre – embora a idéia osse extremamente tentadora.
Por isso, na quarta manhã após o pequeno combate que ocorrera no reformatório, levantei-me da cama, tomei um banho, vesti-me e desci as escadas pela primeira vez desde que voltara. Porém, ao invés de acompanhar meus companheiros de casa no café da manhã, rumei em direção a casa onde Taylor estava morando. Precisava vê-la, constatar por mim mesma que ela estava bem e feliz na medida do possível. Taylor se tornara uma amiga para mim e eu devia muito a ela, principalmente porque eu sentia como se fosse minha culpa a morte de Jordan, seu irmão.
– Taylor? – chamei ao ver um emaranhado de cabelos ruivos de relance saindo pela porta da casa com a placa “Q, R, S e T”.
Taylor rapidamente se virou e um sorriso sincero brotou em seus lábios quando me viu.
– Lorena, você saiu do quarto! – ela veio até mim e abraçou-me forte antes de se afastar. – Como se sente?
– Tão bem quanto e possível depois de tudo, mas é bastante para mim. – falei, sincera. – E você?
– Apesar da saudade de Jordan, eu estou ótima e tenho que agradecê-la por isso. Se não fosse por você, ainda estaria naquele inferno.
– Não agradeça. – pedi, os olhos enchendo-se de lágrimas ao lembras das cenas ocorrentes naqueles dias. – Eu matei uma pessoa.
– Você matou um monstro. – corrigiu.
– Nathan disse a mesma coisa.
– E ele esta certo. Não pode se culpar por algo que está fora de seu alcance. – Taylor colocou uma mão em meu ombro. – Lorena, você salvou minha vida, não só a minha, mas também de toda aquela gente que estava sendo feita de “soldados justiceiros” da Dorothea. Ela era uma mulher medonha e vingativa. Não merece seu remorso.
Ouvindo aquilo, parecia até que ela e Nathan tinham combinado de fazer discursos semelhantes, porém eu sabia que não era bem assim. Eles tinham razão. Eu devia esquecer essa história.
– Você está certa. – concordei. - Prometo que vou tentar.
– Isso me deixa feliz. – ela sorriu novamente. – Também estou construindo uma nova vida aqui, esse lugar é incrível.
– Também acho.
– Bom, agora eu tenho que ir. Josh ficou de me ensinar umas técnicas de luta agora...
Foi então que eu entendi o que Nathan dissera à alguns dias.
– Ah, claro. – falei tentando esconder o sorriso. – Não quero atrapalhar.
– Te vejo mais tarde.
– Até. – despedi-me e segui meu caminho, agora até a biblioteca – feliz ao ver que Taylor estava se adaptando, se enturmando. Feliz que ela parecesse feliz.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Só para reforçar, estou sentindo falta dos comentários de vocês... Principalmente agora que estou esperando a resposta à minha pergunta do capítulo anterior. Espero que me respondam e sejam sinceras.
Beijos e até o próximo.