CAPÍTULO 27

Assim que guardamos nossas coisas, Nathan, Josh e eu voltamos à caminhada rumo a Academia de Não-Humanos.

Após algumas horas de caminhada, nós paramos e, uma vez que estávamos todos morrendo de fome, devoramos todo o alimento que tínhamos reservados. Como estavam cansados, Josh e Nathan resolveram tirar um cochilo antes de seguirmos em frente. Aproximadamente uma hora depois, nós nos levantamos e seguimos viagem.

Enquanto caminhávamos, os “garotos” não paravam de conversar sobre os últimos acontecimentos da Academia de Não-Humanos, enquanto eu apenas ficava calada, observando-os. Com isso notei que, embora Josh fosse bem mais extrovertido, ele e Nathan eram bem parecidos no jeito de ser. Era como se eles fossem irmãos, mesmo não se parecendo em nada fisicamente.

Mal percebi o tempo passar, porém quando me dei conta, o sol já estava se pondo, manchando o céu com um belo tom alaranjado. Distraída com a beleza da paisagem, não percebi que eles tinham parado de andar e acabei trombando em Nathan.

– Ai! – gemi, quando meu corpo bateu no dele.

Nathan não falou nada a princípio, apenas ficou encarando algo a sua frente. Algo que eu não conseguia ver, uma vez que ele estava bloqueando minha visão. Contudo, antes que eu pudesse questionar qualquer coisa, ele se virou de frente para mim, com um sorriso feliz no rosto.

– Chegamos. – disse ele simplesmente. Meu coração parou por um segundo enquanto contornava-o para poder ver onde eu havia chegado, e então eu deixei um som surpreso escapar por meus lábios.

O lugar que está na minha frente era incrível!

A Academia de Não-Humanos era uma clareira enorme no meio da floresta, com várias casas no meio. Na entrada havia duas torres altas com um portão de ferro entre elas, e um gramado incrivelmente verde se estendia além do portão por onde Josh entrou correndo, antes que eu pudesse registrar qualquer coisa. Nathan apenas ficou do meu lado, parado, observando minha reação.

– Nossa! – falei por fim.

– Isso não é nada, você tem que ver por dentro! – falou ele empolgado, me puxando em direção ao portão. Eu hesitei. – Vamos lá! – insistiu ele, com o olhar brilhando de empolgação. Eu o encarei por alguns segundos, mas depois suspirei e permiti que ele me arrastasse para dentro, só para confirmar o que ele me disse. O lugar era ainda mais incrível por dentro.

Havia um jardim na entrada cheio de flores silvestres com alguns bancos, parecendo uma praça. Logo atrás, tinha uma casa grande de dois andares com as paredes verde-claras e uma placa de metal sobre a porta de madeira escura, onde eu podia ler “A, B, C e D”. Instantaneamente fiquei curiosa.

– Nathan..? – comecei. Ele se virou para mim. – Por que tem aquelas placas sobre a porta?

– Ah, sim, as... casas são divididas por ordem alfabéticas.

– Ah. – respondi voltando a observar. As outras casas vinham logo atrás, cada qual com uma placa contendo letras diferentes e, rapidamente, deduzi que eu ficaria na casa com a placa “I, J, K e L”.

Nathan pegou minha mão e nós continuamos andando, de forma que consegui ver algo além das casas. Logo após uma casa menor com uma placa escrita Jerry Louis Bennet, havia algo parecido com uma quadra de basquete com as paredes de vidro. Porém, ao invés de cestas, a sala era completamente vazia, salvo por uma porta que dava acesso a outra sala, essa com as paredes de tijolos. Vários outros compartimentos como este, estavam espalhados pela clareira e eu reprimi o impulso de perguntar a Nathan para que eles serviam. Um pouco afastado do restante, havia mais duas construções: Uma delas era uma casa grande com uma placa onde se lia Tutores e a outra era um prédio de quatro andares, que sobre a porta de entrada estava escrito Biblioteca Comunitária.

– Bom, - disse Nathan quando terminei de observar tudo. – o que achou?

– É incrível... e enorme! – falei com sinceridade. Ele riu. – Mas o que são essas salas de vidro?

– São os centros de treinamento. É onde nós treinamos nossas habilidades. – eu assenti. Ele se posicionou de frente para mim e, antes que pudesse dizer alguma coisa, a porta de uma das casas se abriu e, Josh apareceu seguido de um garoto, e três garotas.

O garoto que o acompanhava, aparentava ter uns catorze anos. Ele tinha cabelos loiros , olhos verdes e altura mediana. Sua pele era clara, porém não tanto quanto a minha.

Já as garotas, uma era negra e alta com olhos e cabelos pretos. As outras duas se pareciam muito, ambas ruivas com olhos castanhos, porém enquanto uma delas aparentava ter a minha idade, a outra é visivelmente mais nova e mais baixa, devia estar na faixa de seus doze anos.

– Ali estão eles. – disse Josh quando nos vê. Eles vêm até nós, todos com um sorriso simpático no rosto. – Viram? Ele ainda está vivo! – Nathan riu da observação do amigo enquanto cumprimentava os outros.

– Então, você é a Lorena, não é? – perguntou a garota ruiva mais nova.

– Sim. – respondi timidamente. – E você é..?

– Sou Kiara. – ela se apresentou estendendo a mão para mim. Eu a peguei em um aperto de mão. – Aquela é a minha irmã mais velha Katherine e a amiga dela Chloe. – diz ela apontando para a garota ruiva e a morena, respectivamente.

– Prazer em conhecê-las, Kiara, Katherine e Chloe. – eu digo dando um sorriso inseguro. Elas sorriem de volta.

Então o garoto loiro entrou na frente de Kiara e estendeu a mão para mim.

– Prazer, sou Ian. – ele disse com um sorriso. – Acho que a Kiara se esqueceu de mencionar a mim.

– Na verdade eu o fiz de propósito. – disse Kiara com uma expressão cínica.

Ian revirou os olhos e a ignorou, apertando minha mão e se afastando logo em seguida. Nathan riu e se aproximou de Ian e bagunçou seus cabelos.

– Então, Lorena – começou a garota chamada Chloe. – é verdade o que dizem sobre a sua habilidade? Você consegue fazer fogo? – perguntou, se aproximando um pouco de mim com Katherine ao seu lado.

– Sim, é verdade. – respondi relutante. Embora esteja em um lugar cheio de pessoas com habilidades especiais como a minha, eu ainda não gostava de falar sobre isso.

– Eu gostaria de ver um dia desses. – completou Katherine.

– Um dia eu te mostro. – digo, torcendo para que esse dia nunca chegue. Ela sorri e antes que pudesse dizer qualquer coisa, uma voz feminina chama a atenção de todos.

– Nate? – chamou. Nathan para sua brincadeira com Ian e olha na direção da garota. Ela é loira, alta e bonita. Incrivelmente bonita. Ela tem os olhos cinzentos e a pele clara está usando um vestido azul um pouco acima dos joelhos, que deixava seus olhos ainda mais brilhantes.

– Sarah! – exclamou Nathan sorrindo assim que a viu.Logo me lembrei de Josh ter mencionado-a assim que nos encontrou na floresta, porém não tive tempo de pensar em mais nada, enquanto observava incrédula a cena que se seguiu.

Sarah correu, eliminando o espaço entre ela e Nathan, e pulou em seus braços, juntando seus lábios em um beijo urgente.