Burning escrita por Absolutas


Capítulo 13
Capítulo 12


Notas iniciais do capítulo

Eu gostaria de dedicar esse capítulo às minhas leitoras: Duuh Mikaelson Rajaram, lady Bane, Duda Magalhães, Cliss e principalmente à Carol - que recomendou essa história. Muito obrigada, amei a recomendação!
Boa leitura...



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CAPÍTULO 12

Nathan sorriu com a minha pergunta.

– Está mesmo curiosa, não é? – disse.

– Sim. Mas não é isso que importa no momento... você prometeu! – lembrei-o.

– Prometi. E vou cumprir minha promessa. – garantiu-me.

– Acho ótimo que pretenda cumprir sua promessa! Então porque não começa agora? – sugeri e seu sorriso ficou maior, com um ar de deboche.

– Meu segredo é bem parecido com o seu, de certa forma...

– Como assim? – interrompi-o, curiosa.

– Também tenho um poder. – falou simplesmente.

– Você...o que? – eu estou pasma, agora.

– Também tenho um poder, assim como você. – quando fiz menção de perguntar ele não deixou. – Mas não é igual ao seu. O meu é diferente. – informou.

– O que é o seu...poder? – perguntei, curiosa.

– Antes de te contar, vou ter que avisar que... a minha...habilidade, não é tão fácil de demonstrar como a sua. Ela é mais...sutil, acho que posso dizer assim.

– Sutil? Como assim? – eu estava muito confusa agora. O que ele queria dizer com isso? Qual era a habilidade dele? – Você faz o que?

– Eu crio ilusões na mente das pessoas. Eu as faço ver e ouvir o que eu quiser...mas não posso interferir nos sentimentos delas. Isso está fora do meu alcance. – o olhar que ele me lançou ao dizer isso, me deixou confusa. Ele parecia...triste. Frustrado. – Mas antes que decida não acreditar em mim, tenho algumas provas, não muito concretas, mas tenho.

– Que provas?

– Hoje, por exemplo. Não acha que eles deixaram o seu dormitório e o meu, abertos por descuido, acha?

– Foi você quem fez isso?

– Sim. Eu os fiz acreditar que já haviam trancado as nossas celas, eu pus essa lembrança na mente deles, como se realmente tivesse acontecido.

Eu estava sem palavras.

– Também teve outra vez em que usei ele, e na sua frente. – informou-me.

– Quando?

– Aquele dia na cozinha, quando fomos assaltar a geladeira dos funcionários. – lembrou-me. – Não sei se você percebeu, mas eles não nos enxergavam, nem nos ouviam. Embora pudessem sentir nossa presença lá. Só que eu convencia a mente deles de que não havia ninguém além deles lá.

– Uau! – de repente me lembrei de uma coisa. – Você não usou isso em mim, usou? – perguntei apavorada.

– É claro que não! – ele disse como se fosse uma coisa óbvia até para uma criança.

– Como posso ter certeza? – perguntei desconfiada.

– Vou te dar uma dica: Quando uso essa minha habilidade,meus olhos ficam mais escuros. Assim como os seus, quando usa os seus poderes.

– Meus olhos ficam escuros?

– Acho que ninguém te falou isso, não é? – assenti. – Eles passam de castanhos a preto.

– É, acho que ninguém teve tempo de reparar nisso. – murmurei. Ainda estava pasma e feliz por não ser a única diferente no mundo. E estava impressionada com a habilidade dele.

– Isso tudo deve ser...desconcertante para você. – comentou.

– É. – concordei.

– Eu ainda não contei tudo o que eu tinha que contar. – disse ele depois de um minuto de silêncio.

– O que mais falta? – perguntei curiosa.

– Muita coisa... – disse, pensativo.

– Que tipo de coisa?

– Bom, você vai ter que ser paciente agora. Não vá fazer nenhum julgamento precipitado e nem ficar com raiva de mim por algo que não está no meu controle, certo? Apenas me escute. – sua voz era...ansiosa.

– Tudo bem. – concordei nervosa. O que ele queria me contar agora?

– Eu... Eu já sabia da sua história. Do seu dom.

– Você, o quê? – perguntei desesperada.

– Deixe-me terminar, por favor. – pediu.

Eu assenti e ele continuou:

– Eu descobri o que eu podia fazer com treze anos de idade, quando enlouqueci o meu padrasto com imagens confusas que colocava na cabeça dele. – ele respirou fundo. – Ele era um homem muito violento. Me batia, batia na minha mãe, antes de ela se matar é claro.

– Sua mãe cometeu suicídio?

– Sim. Ela não suportava mais a vida. Nem eu, aliás. – ele murmurou tristonho. Por algum motivo, eu não gostei de vê-lo assim. Isso doeu mais do que quando relembrei o pior dia da minha vida. Eu queria interrompê-lo, encontrar um jeito de retirar a tristeza de sua voz...do seu coração. Contudo, ele me pediu para ouvi-lo, e era o que eu iria fazer. – Enfim, depois do funeral, eu voltei com ele para casa. Eu estava destruído! Eu perdera a única pessoa que eu amava de verdade, e estava sozinho. Nas mãos daquele monstro.

“Assim que chegamos a minha casa, ele agarrou meus braços e saiu me arrastando pela casa. E eu achei que ele iria me bater, como fizera tantas outras vezes. Mas eu estava enganado. Ele fez pior que isso.

“Ele me levou até os fundos, onde havia uma piscina e me jogou lá dentro. Estava frio naquela noite, e eu comecei a tremer quando fui jogado na água gelada.Mas eu sabia nadar, o que era o ponto crucial da história. Então ele pulou na piscina também e agarrou meus ombros.

“- Seu garoto idiota! – ele disse. – Agora vai ter o mesmo fim estúpido da sua mãe.”

– Dito isso ele me empurrou para baixo, para me afogar. – ele deu um meio sorriso. – Naquela época eu cheguei a pensar que devia ter sucumbido. Seria mais fácil acabar logo com tudo, mas o instinto de sobrevivência era mais forte. E eu não sei como, mas eu meio que entrei na mente dele e o obriguei a não enxergar nada, como se ele fosse cego.

“Na mesma hora ele se desesperou e me soltou. E no momento em que o fez, voltou a enxergar novamente – meu poder ainda era fraco naquela época, uma vez que eu nem sabia de sua existência ainda.Mas mesmo assim ajudou muito. Ele ficou confuso por alguns segundos e foi o suficiente para que eu saísse da piscina e corresse para o meu quarto, onde eu fiquei trancado por alguns dias.

“Mas eu precisava comer e fui obrigado a sair novamente para pegar comida. Assim que me viu fora do quarto, ele tentou me matar de novo. E eu usei minha habilidade recém descoberta novamente, mas dessa vez, fiz com que não enxergasse apenas a mim. De novo, consegui confundi-lo por tempo o suficiente para pegar o que eu queria e voltar para o quarto. Quando descobri que podia usar meu poder sempre que quisesse, passei a viver normalmente de novo. Voltei a freqüentar o colégio e a andar pela casa. E toda vez que ele tentava me bater ou me matar, eu o fazia ver coisas que não existiam e então...ele foi enlouquecendo. Aos poucos.”

Eu estava chocada com sua história de vida, principalmente por que eu era egoísta o suficiente para pensar que eu era a única que sofrera traumas na vida. Por isso demorei um pouco para conseguir falar.

– Nossa! – ofeguei. – Mas como você soube sobre mim?

– Já vou chegar nessa parte. – garantiu-me.

– Então, continue, por favor. - pedi. Ele assentiu.

– Eu tentei mantê-lo trancado em casa, quando percebi seu estado mental, por que eu era menor de idade. Mas um dia, enquanto estava na escola, ele fez uma besteira e constataram seu estado de insanidade total e o internaram. Eu ainda tinha quinze anos quando isso aconteceu e quiseram me mandar para um orfanato, já que eu não tinha mais nenhum parente, e é claro que isso era a última coisa que eu queria, então eu fugi. Fugi para a floresta.

“Isso pode parecer estupidez, mas eu já havia me acostumado com a liberdade não queria que me prendessem de novo.

“Depois de alguns dias, acabaram meus suprimentos, e eu quase morri de fome e de sede. Mas, no meio de todo esse sofrimento, eu encontrei um cara. Ele parecia ter uns vinte anos de idade. Eu fiquei com medo, pensei que ele fosse me reconhecer e me levar de volta à cidade, onde eles me trancariam em um orfanato até os dezoito anos e, pode parecer idiota, mas eu preferia morrer a me sentir preso de novo. Então, usei meu poder contra ele. Fiz com que não enxergasse nada. Eu fiquei surpreso por poder fazer isso sem precisar tocá-lo, mas me concentrei em tentar fugir ates que esse “bônus” acabasse. Porém, ao invés de gritar por ajuda, como pensei que faria, ele me disse uma coisa que me deixou ainda mais surpreso. Ele disse:

“- É você quem está fazendo isso garoto?”

“Lembro-me de ter ficado muito assustado, ao ponto de esquecer de cegá-lo. E ele voltou a me enxergar novamente.

“- Foi você? – perguntou novamente”

“- S-sim. – gaguejei. Eu estava pasmo por ele ter percebido o que eu fiz.”

“Acho que ele percebeu minha expressão apavorada, porque ele falou:

“- Não tenha medo. – disse colocou as mãos acima da cabeça, como se estivesse se rendendo. – Eu também tenho poderes, - continuou. – sei que é difícil controlá-los. – eu assenti. – Onde eu moro, temos pessoas que nos ensinam isso. A nos controlar e aprimorar nosso dom, por assim dizer.”

“- Onde você mora?”

“- Se chama Academia de Não-humanos. Eu posso te levar lá se quiser. Não fica longe.”

“Lembro-me de ter pensado: o que eu tenho a perder? E o segui. Moro lá desde então...”

– Como veio parar aqui? – interrompi.

– Há alguns meses, ouvimos notícias de uma garota que matara dois homens queimados, porém não havia isqueiros ou fósforos no local, e ela foi rotulada como louca e mandada para um reformatório. Todos nos reunimos e concluímos que ela – ele deu um sorrisinho. – era uma de nós. Então fui designado a encontrá-la e levá-la até lá.

– Como soube que era eu?

– Vi sua foto nos jornais. – tinha me esquecido da mídia. – E depois do incidente com Halle...não precisei de mais confirmações de que era você.

– Se sabia tudo sobre mim desde o início, porque não me disse? – agora eu estava curiosa.

– Precisava que estivesse pronta para encarar a sua realidade, que estivesse pronta para aceitá-la. – esclareceu.

Fiquei alguns segundos digerindo tudo o que ele disse. Era tudo muito surreal, porém verdadeiro.

– Então você quer? Vir comigo até a Academia de não-humanos? – perguntou esperançoso.

Eu estava pronta para aceitar. Isso parecia muito melhor do que a minha atual situação. Na verdade era tudo muito atraente. Mas então, lembrei de uma coisa.

– E meus pais? Não poderei mais vê-los?

– Duvido que seja possível, Lorena. E tenho certeza que eles não aprovariam se você fugisse daqui, estou certo?

Sim ele estava certo, mais do que certo até. Porém, como eu poderia abrir mão da presença deles em minha vida, assim? Eles foram os únicos que ficaram do meu lado, quando todos me viraram as costas. Não podia decidir nada agora.

– Eu...Eu preciso pensar, Nathan.

– Tudo bem, eu entendo. E vou esperar você tomar a sua decisão. – ele me lançou um olhar encorajador. – Eu vou embora. Vou deixá-la pensar, tudo bem? – assenti. – Boa noite! – disse ele já abrindo minha cela e saindo em direção a sua.

– Boa noite. – respondi, baixo de mais para que ele escutasse e, antes que pudesse evitar, cai na cama, exausta demais para pensar, e dormi a noite inteira.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por lerem!!



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