O inverno havia chegado. Já nevava havia 3 dias. Tudo que eu via ao olhar pela janela era branco. Aquelas rochas na praia que eu conhecia desde criança, agora estavam irreconhecíveis, apenas cobertas pelo branco mais puro que eu já vi em toda a minha vida.

Olhando aquela neve, aquelas rochas e tudo aquilo, eu senti um aperto no coração. Aquele branco me invadiu, tão puro, tão inocente, e fez despertar toda a saudade que eu sentia das pessoas que eu mais amava nesse mundo: meus pais.

Quando eu percebi, minhas bochechas estavam molhadas e algumas lágrimas escorriam pelo meu rosto.

Peguei meu casaco e abri a porta. Um vento gelado bateu muito forte no meu rosto. Pisei na neve fofa e eu olhava diretamente para os meus pés. Fechei a porta atrás de mim com cuidado, para que Draco não percebesse que eu saí.

Andei até uma pedra e sentei-me, encostando minhas costas nela. Fiquei olhando para o mar semi-congelado e pensando. Pensava nos meus pais, pensava em Draco, pensava em Harry, pensava no Rony. Pensava na vida que eu poderia ter tido. Talvez eu merecesse tudo isso. Talvez eu não tenha dado o meu melhor. Talvez tudo isso que está acontecendo fosse culpa minha.

Quando eu percebi, mais lágrimas escorriam no meu rosto. Eu me deitei e comecei a mexer meus braços e minhas pernas, fazendo um anjo, enquanto olhava para o céu e via mais neve caindo no meu rosto e derretendo logo depois.

Não lembro quanto tempo fiquei ali, olhando para o céu, mas deve ter sido muito, por que Draco veio me chamar. Ele abriu a porta e veio caminhando até mim. Ainda nevava forte.

–Hermione?- falou ele, se ajoelhando ao meu lado.

Eu não respondi, apenas olhei para ele.

–Já está escurecendo e você está toda molhada. Não quer entrar?

Eu apenas continuei olhando-o.

–Mione, tem alguma coisa errada?

–Eu estou com saudade dos meus pais- falei, depois de alguns segundos.

–Eu também sinto a falta dos meus- falou ele, deitando ao meu lado e fazendo um anjo ao lado do meu.

–Ai meu Deus, Draco, me desculpa. Eu estava tão preocupada comigo mesma. Que esqueci que seus pais... também não podem estar perto de você. Me desculpa mesmo.

–Não é culpa sua, Mione. É culpa da neve. Tudo é culpa da neve.- nesse momento ele olhou para mim e apenas sorriu. Um sorriso tão lindo e tão sincero quanto o branco ao seu redor. Também sorri para ele e nada mais precisou ser dito.

E então eu tive um pensamento. Vendo aqueles olhos azuis eu pensei: e se eu realmente gostasse de Draco?

Ele se levantou e esticou a mão para me ajudar a me levantar. Quando eu já estava de pé, ele pegou um pouco de neve e virou de costas para mim. Então ele se virou de repente e jogou uma bola de neve na minha barriga.

Nós dois começamos a rir e então eu fiz outra bola e joguei bem na cara dele.

–100 pontos, uhuul- eu falei, levantando os dois braços.

–Ei, assim não vale, você me pegou desprevenido!

–Eu aposto que mesmo se você me pegasse desprevenida não acer...- eu fui interrompida com uma bolada na cara.

–E estamos empatados- falou ele e se curvou como uma reverencia.

Era impressionante como Draco me fazia esquecer todos os meus problemas e todas as coisas tristes. Ele sempre conseguia.

Nós passamos um bom tempo jogando bolas de neve um no outro e fizemos um boneco de neve também. Foi como na manhã em que nos beijamos. Nós só brincávamos como se nada de ruim pudesse nos acontecer.

–O boneco ficou muito bom. Qual vai ser o nome?- falou Draco, depois que acabamos de colocar a cenoura como nariz.

–Orácio- falei

–Orácio? Coitado, Mione- falou Draco, rindo.

–E qual nome você sugere, Senhor Eu-Sei-Dar-Nomes-Incríveis-A-Bonecos-De-Neve?

–Hmmm, que tal esse?- falou ele, fazendo cosquinha na minha barriga.

–Draco... para... eu não consigo... parar de rir- eu disse, parando no meio das frases pra rir.

Ele continuou fazendo cosquinha e eu tentando correr, até que em algum momento nós caímos e rolamos pela neve. Quando paramos, eu estava em cima dele e ele olhava diretamente nos meus olhos.

Por um momento, nada mais importava. Apenas Draco, eu e a neve que caía sobre nós. Passamos algum tempo nos olhando, meu coração estava batendo muito forte, eu estava com um frio na barriga. Então, tudo isso parou quando Draco me beijou.

Lá estava aquele gosto de menta de novo. Os lábios dele estavam úmidos por causa da neve derretida. Eu não queria parar com aquilo. Minha cabeça parou, eu não pensava em mais nada, eu apenas queria ficar lá, beijando Draco, pra sempre.

Dessa vez, foi ele quem separou nossos rostos. Eu abri os olhos, ainda sentia o gosto de menta na minha boca. Definitivamente aquele foi o melhor beijo da minha vida.

Senhoras e senhores, eu estou completamente apaixonada pó Draco Malfoy.