Ouvi o telefone tocar, e logo enxuguei meus olhos e me levantei para atender. Era a Gina.

– Mione, o Rony brigou com você?

– Brigou? Ele me traiu com uma garota de programa!

– Pelas brarbas de Merlim, eu não sabia que era tão sério!

– Pois é, eu tentei te ligar mas não consegui.

– É que estamos com problemas para aprender a usar o telefone trouxa. Mas indo direto ao assunto, a mamãe quer que você venha aqui nos visitar.

– Visitar vocês? Mas o Ronald não está aí?

– Está e é por isso que a mamãe quer que você venha. Ela quer conversar com vocês dois juntos.

– Gina, eu não quero falar com ele. Você me entende, não é?

– É claro, Mione, mas faça isso pela mamãe. Ela precisa entender as coisas.

– Gina, você pode passar pra Molly?

– Claro! Só um minuto.

– HERMIONE, QUERIDA? VOCÊ ESTÁ AÍ?- ela disse, gritando.

– Sra. Weasley, você pode falar num tom normal.

– Assim está melhor?- ela ainda falava alto, mas estava melhor que antes.

– Está. Então, você quer que eu vá aí?

– Se você puder vir, eu agradeceria muito. O Rony também virá. Acho que vocês precisam conversar.

– O.K. Sra. Weasley, eu vou. Mas é por você. Quando?

– Você pode vir jantar aqui hoje às 20:00 horas?- Meu ouvido já estava doendo de tanto ela gritar.

– Até o jantar então. Tchau Sra. Weasley.

– Tchau, querida, até.

Desliguei o telefone e suspirei. Voltei ao sofá e sentei-me ao lado do Draco.

– O que houve?- ele perguntou, sem olhar para mim.

– Eu vou jantar fora.

– Então eu me viro aqui sozinho. Ainda tem daquele pão que você truxe.

– O.K., quando eu sair de lá eu passo no supermercado e compro mais coisa se você quiser.

– Por favor.

– Agora eu vou subir e me arrumar para o jantar.

– Mas ainda são 17:00 horas.

– Eu sei, mas eu quero estar perfeita.

– Você sabe que não precisa se esforçar pra isso.

– Eu sei- então nós dois rimos e eu subi as escadas.

Na hora do jantar eu aparatei na frente da nova Toca. Bati na porta e quem atendeu foi a Gina.

– Uau, Mione! Você tá linda!- ela disse, me olhando de cima a baixo.

– Obrigada, Gina. Como você está? Faz tempo que não conversamos.

– Eu estou bem.

– Digo... você e o Harry?

– Tá... perfeito! Nós estamos namorando realmente sério.

– E vocês já... fizeram?- eu disse, dando um sorriso maroto.

– Mione!- a Gina corou- Já- ela disse dando pulinhos e eu a abracei.

– Merlim! Como foi?

– Perfeito! Ele foi delicado e selvagem ao mesmo tempo. Só doeu um pouquinho no começo, mas foi perfeito.

– Hmmmm sua danadinha- eu estava sorrindo de um jeito pervertido, mas não conseguia evitar.

– Para com isso, Mione. Você também não deve ser nenhuma santa na cama.

– Também? Então quer dizer que você é uma diabinha?- e eu comecei a rir.

Nós duas entramos e Molly veio direto me abraçar, um abraço sufocante, claro.

– Hermione, querida! O jantar já está pronto, venha sentar.

Toda a família estava à mesa, menos o Charlie e o Gui, que provavelmente estavam viajando. Me sentei ao lado da Gina.

Durante todo jantar ninguém falou nada a não ser "passa a batata". Depois da sobremesa, Molly pediu que todos fossem para a sala para que ela pudesse conversar apenas comigo e com o Ronald.

– Então? Quem vai falar primeiro?

Eu levantei a mão e ela fez um gesto pra que eu falasse.

– Eu encontrei o Ronald e uma mulher de programa se beijando dentro de um carro.

– Isso é verdade, Ronald?- ela falou, com cara de desaprovação.

– Sim, isso é verdade- ele começou a ficar com a orelha vermelha.

– Ronald, eu estou decepcionada com você- ela disse.

– E se eu não chegasse lá provavelmente eles levariam aquilo adiante, ele não nega um bom boquete, independente de quem faça.

– NÃO FALE DESSE JEITO COMIGO- ele se levantou e veio até mim.

– NÃO GRITE RONALD- era Molly quem gritava agora.

Logo, todos entraram na cozinha.

– DEIXE ELE GRITAR! MAS EU NÃO ESTOU MENTINDO- eu também me levantei- RONALD É UM TRAIDOR! UM MENTIROSO!

– NÃO FALE ASSIM COMIGO- então ele apenas me bateu. Me deu um tapa na cara.

Mas não foi um tapa simples. Foi um tapa forte. Então Jorge veio e puxou ele.

– Cara, o que é isso? Para!

– Esquece! Eu vou embora! Não vim aqui para aturar isso!Eu gosto de todos vocês, mas é a última vez que ponho os pés aqui!- eu estava chorando muito, as lágrimas escorriam sem parar.

Quando cheguei no jardim, Gina veio correndo ao meu encontro. Ela me abraçou, então eu desabei. Não conseguia parar de chorar apesar de o Ronald não merecer nenhuma daquelas lágrimas.

Eu havia lhe dado uma segunda chance de se explicar, mas ao invés disso ele me bateu. Além de mentiroso e traidor, ele era um covarde. Fez aquilo na frente de toda a família, mas eu saí de queixo erguido.

Não ia chorar por ele, não mais. Apenas prometi a Gina que ficaria bem, promessa que eu ia tentar cumprir, e aparatei de volta na casa de praia.

Corri em direção ao Draco e o abracei.

– Aquele covarde me bateu- falei, sem chorar dessa vez.

– Quem te bateu? Você estava com o Weasley?

– Tá tão na cara assim?- falei, afastando meu corpo do corpo do Draco para poder olhar em seus olhos.

– Hermione, você não devia ter ido encontrá-lo.

– Foi em nome da família dele. Eles são pessoas boas.

– Espera, a família dele estava lá?

– Estava! Aquele covarde me bateu na frente de todos!

– Merlim! Eu sinto muito mesmo, Mione!

– Não sinta por mim, sinta por ele. Isso vai ter volta.

– Você está nervosa. Vá descansar. Te vejo amanhã.

– O.K. Vem dormir comigo? Eu não quero ficar sozinha.

– Claro, Mione. Vamos subir.

Nós subimos e nos deitamos do jeito que estávamos. Eu me deitei com a cabeça em seu peito e ele estava envolvendo meu corpo com seu braço. Ficamos uns dois minutos só olhando para o teto, sem falar nada, e então eu adormeci.