California 1997

Sete horas, nem um minuto a mais para o despertador de Annabeth decidir soar acordando em um piscar de olhos a loira, que alias já se sentia acordada visto que ela nunca precisará de algo assim para despertar porque tinha o habito de acordar cedo. No entanto mesmo assim seu pai bateu na porta avisando da hora.

– O que tem para comer, mãe? – perguntou assim que saiu do quarto, já arrumada.

Não costumava demorar muito se arrumando geralmente apenas colocava um jeans velho, a blusa do colégio e um cabelo com um coque mal feito, não era de grandes produções pela manhã e odiava o fato de que precisavam estabelecer um parâmetro social que para ela era ridículo, logo ela optava sendo sempre ficar o mais simples possível.

– Bom dia para você também Annie – uma voz, que já estava sentado na mesa, disse enquanto comia um pedaço de bolo.

– Você é de casa já Percy, não é preciso ficar com falsas formalidades – ela respondeu sentando ao lado do amigo que apenas dava nos ombros.

– Mesmo assim é necessário educação – um homem de cabelos tão loiros quanto o de Annabeth falou enquanto comia também na frente de Percy.

– É complô vocês dois? – perguntou a loira já irritada.

A verdade é que Annabeth não tinha a menor paciência durante a manhã, para ela a sua vida só começava a partir das doze horas e embora ela tivesse o costume de acordar cedo era mais por uma questão de obrigação com o fato de ter escola do que por um “gostar” de acordar cedo.

– Não filha. Só queremos te dar um pouco de educação – sorriu brincalhão o pai de Annabeth.

Frederick Chase: homem de uns quarenta e dois anos, atualmente trabalhando como técnico de um famoso time de basquete, loiro, brincalhão e bem teimoso. Poucas coisas Annabeth tinha parecido com seu pai, tirando é claro o cabelo loiro e a teimosia que eram as únicas coisas que ambos compartilhavam em comum.

– Sem brigas vocês três logo cedo – repreendeu uma voz saindo da cozinha e sentando ao lado de Frederick, era Atena Chase mãe de Annabeth.

Atena Chase: uma mulher que foi ficando mais bonita conforme o tempo ia passando, forte, orgulhosa, desistiu do maior sonho da sua vida que era ser uma arquiteta em prol de sua filha Annabeth. Hoje em dia vive apenas como dona de casa cuidando de sua filha e de seu marido. Dela, Annabeth tinha puxado os olhos cinza, o orgulho e o sonho de ser arquiteta. Resumidamente enquanto que ela não tinha muito em comum com seu pai, em outra mão sua mãe era o seu maior orgulho.

– Preciso ir rápido, eu tenho prova logo no primeiro tempo – avisou Annabeth para Percy que apenas assentiu.

Annabeth assim que terminou de comer, foi ao banheiro fazendo sua higiene pessoal e foi correndo para fora onde um Percy impaciente já a esperava pronto. Ambos foram para o ponto de ônibus onde o pegaram e foram para a escola. Sim porque além de vizinhos eles também estudavam no mesmo colégio.

– O que é isso? – perguntou Percy, ao ver a amiga entregando um envelope para o mesmo assim que entraram no ônibus.

– É uma lista dos tipos de pedidos que você pode fazer para mim, depois de ontem eu percebi que preciso ser bem especifica em quais os tipos de pedido você poderá fazer – respondeu a loira enfatizando a palavra “pedidos”.

O garoto então abriu o envelope e começou a folhear a lista de coisas que poderia pedir enquanto a amiga sorria de orelha a orelha como se aquilo que tivesse feito fosse a melhor coisa do mundo.

– Esta de brincadeira, não é? – perguntou o moreno irritado e agora negou – Mas todos esses pedidos são idiotas! Por que eu pediria a você para almoçar comigo na minha casa, sendo que o único que sabe cozinhar aqui sou eu?! – exclamou em forma de pergunta.

– Mas iremos estar juntos, não é isso que você mais quer? – a garota retrucou com sorrido estampado no rosto.

– Bruxa, você só quer que eu cozinhe para você quando sua mãe não estiver a fim de fazer comida – respondeu irritado fazendo-a revirar os olhos.

Enquanto isso um pouco mais perto da escola Thalia já estava arrumada e tomava café da manhã para ir à escola. A menina já estava totalmente pronta como de costume, pois esta não tinha o habito de demorar ao se arrumar sempre colocando apenas um jeans rasgado e a blusa do colégio junto com sua maquiagem preta.

– Thalia, vai ver se o Luke já acordou caso contrario ele irá se atrasar.

– Sim, mãe – bufou Thalia impaciente.

Era sempre assim desde que Luke viera morar na pensão da família dela, já que os pais do mesmo moravam no interior, todo o santo dia de aula Thalia tinha que ir acordar o garoto, pois este não conseguia acordar com um despertador e pelo fato de que seu irmão mais novo (Jason) tinha costume de sair mais cedo porque era o capitão do time de basquete.

Thalia chegou ao quarto do mesmo, bateu umas duas vezes na porta chamando pelo nome do melhor amigo, mas ao ver nenhuma reação decidiu abrir a porta e foi cutucar o mesmo para acordar, só que ao invés dele abrir os olhos o mesmo a puxou para ele abraçando-a enquanto esta tentava sair dos seus braços.

– Vamos dormir um pouco mais Thalia – dizia Luke ainda sonolento.

– Temos de ir para escola agora, levanta Luke – falava a menina pausadamente tentando respirar, pois este a apertava muito e ela não conseguia respirar.

– Tudo bem – bufava o garoto tirando as mãos de Thalia, esta por sua vez não sabendo que reação esboçar pela perda repentina dos braços do loiro entre seu corpo – vai querer ficar aqui enquanto troco de roupa ou vai terminar de tomar café? – perguntou ao ver que Thalia continuava parada imóvel.

Ela recobrou os sentidos saindo do quarto, mas antes dando um tapa no braço dele que riu. A relação deles sempre fora assim. Pelas famílias de ambos serem muito amigas, acabou crescendo juntos e como a diferença de idade entre eles não era tanta quanto à de Luke para Jason, que tinha apenas 15 anos (sim Jason era o mais novo, enquanto Thalia tinha 17 e Luke 19, sim este tinha repetido um ano) o que fazia do loiro um irmão mais velho para Jason enquanto para Thalia já era mais como um melhor amigo, porque ate mesmo as mesmas classes eles dois faziam juntos.

– Isso são horas garota? O que seu pai diria se visse você acordando atrasado para ir para escola? – reclamou um homem dos seus quarenta e quatro anos.

Zeus Grace: Pai de Thalia, delegado de uma rede de policia, autoritário e bastante serio. Era com ele que Thalia mais se parecia em personalidade e aparência já que ela tinha os mesmos traços e o cabelo semelhante.

– Desculpe, eu perdi a hora – justificou com um sorriso sem perceber, porem que deixava mostrar os pedaços de pão que comia.

– Você cresce, mas continua um lixo mesmo em – comentou a mãe de Thalia para o menino que apenas sorria de forma marota.

Hera Grace: Amável, bonita, loira e de olhos bem azuis. Já para a mãe Thalia apenas herdará os olhos que também eram de um azul elétrico de resto toda a aparência bela e principalmente os cabelos sedosos foram tudo para o irmão que tirando o fato dele ter o olho azul escuro, como os do pai, era a copia esculpida da mãe.

Depois de uns dez minutos Luke e Thalia saíram finalmente de casa, como a escola não ficava muito longe não precisaram pegar um ônibus, mas chegaram assim que o sinal bateu e por pouco não entravam nas respectivas salas.

– O que aconteceu com você? – perguntou Annabeth ao ver a amiga entrando na sala.

– Luke, como sempre atrasou – respondeu a mesma revirando os olhos, o que fez a amiga sorrir.

Foi só então que Thalia reparou que tinha falado com a amiga e fechou instantemente a cara. A verdade é que estava ate hoje ressentida por conta do vídeo que esta junto com Luke tinham feito e não gostava do fato da sua amiga sempre brincar com isso.

– Você também? – bufou – Thalia, você sabe muito bem que eu fiz isso para implicar com o Percy e eu jamais podia imaginar que você gostava do – não pode terminar a frase, pois Thalia tampou sua boca.

– Já disse mil vezes para não falar esse nome aqui no colégio e sim estou chateada, droga sabe muito bem que eu não gosto que me lembrem desse incidente – exclamou cruzando os braços.

– Tudo bem, prometo que não irei falar mais sobre isso aqui – levantou a mão em sinal de rendimento. A amiga apenas assentiu e então as duas voltaram para aula.

– Alunos, eu tenho uma nova aluna para apresentar a vocês – disse o professor chamando a atenção de todos ali presentes.

Todos na mesma hora olharam para a porta observando a garota entrar. Alta, bonita, ruiva e com uma aparência simpática, logo que entrou a menina foi motivo de assobio por parte dos garotos enquanto as garotas olhavam decidindo o que achariam dela. Ela vestia um jeans apertado e tênis, no entanto ao contrario de todas ali, as roupas que ela usava parecia com que a mesma tinha comprado no melhor fabricante.

– Meu nome é Rachel Elizabeth Dare, eu realmente espero que possa ser bem vinda – a garota se apresentou parecendo acostumada com processos desse tipo.

– Pode se sentar ao lado da senhorita Chase – o professor apontou para a cadeira que estava vazia logo ao lado de Annabeth que apenas deu nos ombros.

Depois disso a aula no lado das meninas transcorreu sem nenhum movimento maior, exceto é claro os olhares que a nova garota recebia. Já do outro lado da escola Percy e Nico dormiam enquanto Luke e Grover prestavam atenção na aula como se fosse à última de todas as suas vidas.

– Não sei como o Percy consegue, dorme as aulas todas de humanas e ainda tem a maior nota da classe – murmurou Grover visivelmente chateado.

– É porque ele tem facilidade com essas matérias, em contra partida se não fosse pela Annabeth o mesmo já teria sido reprovado nas áreas de exatas – Luke explicou rindo para si mesmo.

– Pode ser, soube que ela tem um QI de 110 - comentou para Nico que apenas assentiu-. Mas e quanto a ele? – apontou para Nico.

No momento que ele ia responder um homem entrou na sala. Ele deveria ter não muito mais que vinte anos, era alto, forte e muito bonito, mas de olhar triste como se tivesse perdido muitas coisas ao longo de sua vida. O homem olhou para o lado e quando se deparou com Nico e Percy dormindo, o mesmo foi ate eles e disse.

– Isso aqui não é a cama de vocês para dormir! – exclamou visivelmente nervoso.

– Desculpas senhor! – falou prontamente Nico e Percy.

– Você – apontou para Percy- vá lá na frente, onde já se viu o representando de turma da esses exemplos.

Percy foi para frente enquanto todos acompanharam o mesmo com o olhar. Assim que ele chegou à frente, o homem então mandou escrever no quadro a frase “não devo dormir na sala de aula” ate cobrir o quadro inteiro e então saiu deixando todos ali presentes abismados com tamanha autoridade.

– Ele é um inspetor bem rígido – comentou Nico enquanto via o amigo apanhando.

– Soube que o mesmo abandonou todos os sonhos para cuidar do irmão mais novo depois que os pais morreram – murmurou Grover.

– Já eu escutei que ele era um jogador de basquete pronto para ingressar realmente como profissional quando a namorada morreu num acidente de ônibus enquanto viajava com os amigos – retrucou Luke.

– Mas dizem que ele é bem rico – argumentou Nico.

– O que quer que tenha acontecido, deve ter mexido muito com ele para agora ele ser assim tão severo – disse Grover pensativo olhando para o quadro onde Percy escrevia as frases sem hesitar um só minuto.

Não demorou muito depois desse episodio e o sinal da escola finalmente soou anunciando o final do primeiro tempo de aula. Percy voltou rapidamente para a sua mesa e se sentou como se nada tivesse acontecido enquanto os amigos apenas o encaravam.

– Bom, deu a minha hora – anunciou Luke, quebrando o silencio.

– Vai aonde? – perguntou Percy ao ver o garoto arrumando suas coisas.

– Hoje não tem treino, então vou para a praia o sol hoje esta escaldante – respondeu como se aquilo fosse obvio.

– Mas ainda temos aulas e hoje é o dia que costuma ser mais puxado – tentou argumentar Grover, mas já era tarde demais – eu não entendo Luke quando não tem treino do time de futebol ele sempre mata aula, mas no final do dia ele tem a maior nota da turma.

– O mesmo tem facilidades nas matérias, não é um extraterrestre como a Annabeth, mas é bem inteligente também – explicou Percy.

Depois desse incidente a professora de historia entrou dando inicio a mais uma aula, no qual quase ninguém estava querendo prestar atenção, a não ser Percy que adorava a matéria e foi assim que a aula transcorreu ate o sinal bater anunciando o intervalo. Não muito longe dali Thalia e Annabeth conversavam enquanto iam para o refeitório a espera dos amigos.

– Annabeth? – chamou uma garota indo na direção da loira que apenas olhou confusa.

– Rachel? – perguntou um tanto receosa e a garota apenas assentiu.

– Eu gostaria de saber se você poderia me ajudar com álgebra, vi que você domina bem a matéria e como você foi uma das poucas pessoas que não me tratou diferente só por eu ser a herdeira dos Dare gostaria de fazer amizade com você - a ruiva falou surpreendendo a loira, mas assim que a mesma ia responder um garoto surgiu abraçando a garota por trás.

– Annie, muito obrigado pela sua ajuda com química se não fosse você teria me ferrado.

– De nada, Percy – respondeu a garota- e tudo bem Rachel podemos ser amigas – falou sorrindo.

Foi só então que o moreno olhou para a garota ali na frente. Tanto Rachel quanto Percy ficaram se olhando por um bom tempo como se o mundo todo tivesse parado, o moreno porque a beleza da garota realmente o impressionava enquanto a ruiva só conseguia ouvir os batimentos do seu coração batendo rapidamente.

– Essa é Rachel, Percy – apontou para a garota apresentando-a – é ela a guria que eu iria te apresentar – disse a mesma percebendo o olhar do amigo para a menina a sua frente.

Nova York- 2013

Todos estavam conversando animadamente enquanto Annabeth jogava no celular alheia a qualquer evento, quando de repente um homem apareceu por trás da loira fazendo a mesma dar um grito e todos ao redor gargalharem.

– Só passei para dar um oi – o homem disse sorrindo amigavelmente.

– Vem sentar com a gente, inspetor Tyson – chamou Luke.