Todos ficam bem quietos para conseguir ouvir algo, nada.

– Não to ouvindo nada. – Fala Nico infeliz enquanto se espreguiça.

Mas quando todos conseguem ouvir o rugido já é tarde demais. Um leão de Neméia ataca o carro fazendo o capotar. O leão vai ate o carro e começa farejar, fazendo o sacudir, todos seguram a respiração.

– O que é isso? – Sussurra Jôh com os olhos arregalados.

– Leão de Neméia. – Sussurra Nico de volta. – Leo sai pelo lado esquerdo e distrai ele enquanto tiro elas daqui.

Ele não respondeu só começou a sair do carro sussurrando.

– Acabou com o meu Camaro.

Depois que ele saiu só era possível ouvir-lo gritar insultos para o Leão.

– Não temos muito tempo. Anne você consegue sair?

Anne se mexe dá um gemido, mas começa se arrastar para fora do carro, quando já esta fora da ela segura o tornozelo. Nico nem precisa dizer nada para Jôh, ela coloca uma mão no teto e com a outra tira o cinto. Com as duas mãos apoiada no teto, que agora era o chão, puxou as pernas para baixo com muita graça como se fizesse aquilo sempre(era um tipo de acrobacia) e saiu.

Jôh viu como a prima estava, ela gemia muito segurando o pé, que Jôh suspeitou estar deslocado. Leo chegou correndo, e com as pontas dos dedos fumegando.

– Rápido! Montei uma armadilha improvisada, não vai o segurara por muito tempo. – Falou ele ofegante.

O carro começou a se amassar com seu próprio peso. Nico saiu no exato momento que o carro cedeu totalmente e ouviu-se os som do Leão chegando perto.

Os garotos se colocaram na frente delas de novo, e isso estava irritando as duas pois elas não gostavam de sentir-se inúteis. Jôh em um ataque de loucura, chegou em Leo e pediu:

– Me deem uma espada.

– Não! – Exclamou Nico olhando para ela como se fosse louca.

– Eu posso ajudar.

Eles não deram ouvidos, então arrancou a espada de Nico da sua mão e tomou a dianteira. Jôh caminhou ate o monstro arrastando a espada, seus olhos brilhavam, literalmente, deixando ela com uma beleza diferente, quase macabra.

Ela sacudiu os braços na frente do leão para ele prestar atenção nela e saiu correndo, assim que o leão a localizou. Ela o levou para bem longe, mas parou de correr e fechou os olhos, assim ela conseguia ouvir melhor ele chegando. Ao ouvir o leão bem perto deu um salto para trás, igual os dos ginastas, ela calculara para cair em cima do leão e quando cairá levantara a espada, que era muito pesada e fria, e cravou no leão.

Ele se transformou não em pó dourado, mas em uma jaqueta de couro, ela o juntou do chão e foi ate os garotos, que estavam boquiabertos. Ela jogou a espada para seu dono e foi ate Anne, que tinha a mesma expressão.

– Como? – Perguntou Leo olhando para Jôh como se ela fosse uma maquina problemática.

– Não sei.

– Como não pode saber? – Perguntou Nico abismado.

– Não sabendo, ok? A única coisa que posso explicar ali é, o salto, faço ginástica olímpica. Agora podem me ajudar com ela?! – Ela gritou para eles.

Mas se eles pensavam que ela estava bem, erraram, por que ela estava assustada quanto eles só se fingia de forte.

Os garotos se reuniram em volta de Anne que estava segurando ainda o pé.

– Acho que esta deslocado, o que acham? – Perguntou ela para os dois.

Nico tirou o sapato da garota e apertou, ela deu gritinho agudo.

– Tem razão. – Disse ele serio. – Segurem ela que eu coloco no lugar. – Declarou sem cerimônia.

– O que? Não! - Gritou ela.

Mas ninguém deu ouvidos. Jôh se postou ao um lado e Leo do outro, deitaram ela no chão e seguraram seus braços, ombros e a perna direita contra o chão.

– Não se mexa, se não vai se pior. – Avisa Nico. – No três.Um... – No um ele já puxa o pé dela para direita.

Ela morde os lábios e tenta se mexer, mas não consegue.

– Deu. – Diz Jôh sentando do lado da prima e começando a tremer.

Leo mexe no bolso de um dos cintos e entrega um cantil para Anne.

– Beba. Vai melhorar a dor.

Anne assente e bebe, parecia ter um gosto bom.

Nico da uma olhada no lugar que era um deserto sem fim a não ser pela estrada, eles estava em um cruzamento, estava muito frio.

– Tem uma barraca dentro do porta malas e um mapa. – Diz Jôh para Leo que entende o recado, e vai para a traseira do carro acabado.

Três minutos depois ele volta com uma mochila. Eles decidem montar um acampamento ali mesmo. Jôh Le o mapa e diz que se margearem a estrada que vai reto chegam na cidade de Colorado, deduzindo que eles estavam em Utah.

Montaram a barraca, e resolveram que iam revezar menos Anne que ainda estava machucada, então ficaria na barraca ate o amanhecer. Nico foi o primeiro a ir dormir.

– Aquilo que você fez foi incrível. – Disse Leo estalando os dedos e formando pequenas labaredas.

– E o que você está fazendo também é impressionante. – Ela falava com sinceridade.

Ele olhou para os dedos.

– Obrigada. É um dom que só os filhos de Hefesto têm, na verdade um dom especial que eu tenho.

– Interessante. – Ela fala olhando para as estrelas. – Você saberia me dizer quem é minha mãe? – Pergunta ela timidamente.

– Não, mas se você não tivesse pai diria que seu pai é Hades, que nem o Nico.

Ela tremeu só de pensar em ser irmã de Nico.

– Eu não gostaria de ser irmã dele, ele me da medo, pânico, pavor. Parece que ele sempre esta tramando algo que não sabemos, esta sempre pensando como seria melhor me matar.

– Você se acostuma, mas se melhora alguma coisa ele que devia ter medo de você agora.

Leo olhou para o céu e viu que a Lua marcava 3 hora da manha, era a vez dele entrar na barraca e Nico ficar de vigia.

– Quer que eu fique, não me importo? – Leo sentia que a garota falara a verdade sobre o medo de Nico.

– Que isso. Vá dormir. Eu aguento algumas horinhas, mas mesmo assim obrigada. – Ela sorriu para Leo em agradecimento.

Antes de acordar Nico, ele deu uma analisada em Jôh. Parecia que a noite ela ficava mais bonita e seus olhos mais acessos.

Nico aparece alguns segundos depois. Jôh se manteve a distancia. Ela viu que depois deu uma hora ele começara tremer então jogou o casaco de pele de leão para ele, que vestiu sem falar nada. E assim ficou um silencio ate a seis horas da manha quando eles foram acordar os outros para começarem a caminhada até o Colorado.

Desmontaram o acampamento, mas antes de saírem Nico decidi ensinar alguns golpes básicos de esgrima para as garotas, para elas saberem se defender e não depender só deles.

– Anne, você começa! – Diz Nico tirando a jaqueta que Jôh dera. – Leo, tem mais alguma coisa nesse cinto?

Depois de remexer no seu cinto ele pega uma adaga e uma espada.

– Anne, uma espada é mais pesada, mas te dá mais distancia do seu adversário e vantagem se você for mais lenta. A adaga, é mais leve, mas te dá desvantagem por que você tem que chegar mais perto do adversário. Mas se você for rápida, há uma chance. – Anne esta na frente dele ouvindo tudo com muita atenção. – Escolha!

Ela pega as duas armas, analisa o peso das duas e acaba escolhendo a espada.

Nico mostra como segura a rama. Diz que é para sempre deixar a perna oposta da mão que esta segurando a espada uns centímetros atrás da outra e sempre se apoiar nela.

– Quando você esta mais perto a estocada é melhor, tem menos chance de errar e de ser bloqueada. – Ele demonstra com sua espada em Anne, mas não chega tocar nela. – E se você estiver longe, tente desarmar e imobilizar seu alvo no chão. – Demonstra de novo batendo a parte chata da lamina nos dedos dela, fazendo ela soltar e deixar cair a espada.

– Ai!! – Exclama ela esfregando os dedos.

– Agora, duele comigo. – Ele posiciona-se.

– Bem capaz. – Diz dando uma risadinha debochada.

– Vai, não seja chata!! – Ele bate de leve em Anne, que toma posição. – Vou pegar leve com você!

– Mas, ela esta em desvantagem por causa do pé dela. – Diz Jôh voltando de perto do carro com uma mochila nas mãos.

– Não se preocupe, ela já esta melhor. – Relata Nico.

Os dois posicionam-se. As espadas se chocam. Anne é muito boa, consegue aparar a maioria dos golpes com facilidade, e não o deixa chegar muito perto. Em algum momento ela chuta areia no rosto dele, fazendo o se distrair limpando os olhos, nesse momento ela o desarma e chuta a espada dele para longe. O combate acaba.

– 1ª regra: Nunca deixe seu adversário te distrair. – Fala Leo com uma voz de locutor e segurando um microfone imaginário.

Jôh da um sorrisinho para ele.

– Ok. – Fala esfregando os olhos. – Jôh, sua vez.

Jôh levanta, pega a adaga. Anne senta no lugar de Jôh para poder ter uma boa visão do combate, pois a ultima vez que viu Jôh lutando foi demais.

– Agora, vou explicar as regras. – Diz dirigindo se para as duas. – A primeira regra vocês já sabem. A segunda regra: Perder não é uma opção. Terceira: Não morra, isso pode acabar com sua vida. Entenderam?

As duas assentem.

– Acredito que prestou atenção nas primeiras explicações, não vou explicar mais de uma vez.

Os dois tomam suas posições. Os primeiros golpes desferidos por Nico ela desvia com tanta facilidade que parece que é brincadeira, Jôh realmente é muito rápida. Tem uma que se Jôh não tivesse esquivado para o lado provavelmente estaria sem cabeça, nesse momento ela aproveita para desviar com a adaga a espada dele, chuta seu estomago e o derruba no chão. Ela coloca a sua adaga no pescoço do garoto, mas ele empurra para o lado invertendo a historia. Ele a imobiliza, colocando um pé no seu pulso direito, um joelho em seu ombro, uma das mãos segura seu outro pulso e a espada agora esta em seu pescoço.

Os olhos negros dele são bem profundos quando ele fala olhando bem nos olhos dela.

– Perder não é uma opção. Isso pode te matar, e assim você infligiu duas regras.

Os dois se levantam arfando. Jôh devolve a adaga para Leo, mas ele recusa e diz que agora é dela, e que pelo jeito que ela lutou a adaga gostou dela.

– Vocês lutaram bem, mas Anne foi melhor, prestou atenção em tudo que eu disse e usou com sabedoria o que estava em volta. – Ele fala com frieza.

Um miado no meio do deserto. Jôh corre ate o miado e volta com uma criatura nos seus braços.

– O que é isso? – Pergunta Nico com uma sobrancelha erguida.

– Um tigre. – Responde Jôh com ironia. – Um gato, imbecil.

O gato era de um cinza encardido com a pelagem espessa, orelhas de pé, com um olho bom e outro era só uma cicatriz e ele era enorme.

– Coisa fofa! – Exclama Anne chegando perto. – Podemos ficar com ele?

– Claro que não. Pode ser um monstro disfarçado de gato. – Fala Nico com a maior convicção do mundo.

– Você acha que essa coisa fofinha é um monstro? – Pergunta Jôh afagando o gato.

Ele olha para o gato que chia, mostra as garras e sai correndo.

– Você assustou ele! – Exclama Anne.

Leo cai na risada na hora.

– Chega! Vamos começar a caminhar.

Todos calam a boca na hora e começam a andar margeando a estrada. Eles teriam que ir de Utah, onde eles estavam, ate Colorado. Era uma longa caminhada, mais ou menos sete horas.

Todos caminham no maior silencio durante umas duas horas. Leo ia caminhando enquanto pegava pedaços de couro do seu bolso e fazia alguma coisa. Nico ia a frente, sempre com aquela expressão fria. Anne ia ao lado de Leo batucando os dedos nas pernas. Jôh era a única que parecia entusiasmada, caminhava cantarolando qualquer musica e teve uma hora que todos olharam para ela por que ela estava falando sozinha, mas na verdade ela falava com o gato que seguia eles.

– Ela esta bem? – Pergunta Leo preocupado.

– Não sei. Na verdade nunca a vi tão feliz. – Responde Anne aos sussurros.

Depois de mais duas horas eles decidem descansar 20 minutos. Todos estão muitos cansados, mas quem esta a ponto de desmaiar é Jôh. Ela esta vermelha e com as mãos suando frio, mas ninguém percebe e ela não fala nada.

Todos tomam água e voltam a andar lá pelas onze horas da manha, mas antes Leo entrega um cinto totalmente de couro para as duas garotas para elas colocarem as suas novas armas.

***

Chegam no Colorado a uma hora da tarde. Colorado é uma cidade quente, com deserto em volta, não tem muitos, se vê muito poucos carros e pub’s é o que mais tem.

Eles se sentam no primeiro banco que veem pela frente.