Little Soldier escrita por Ysmiyr


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Ai gente me senti tão feliz ocm os reviews tão lindos e rápidos que nao teve como esperar para postar esse outro.Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/437545/chapter/2

Me sentia culpado.

Não por algo que eu tenha feito; mas justamente por uma coisa que eu não fiz. Sim, não faz sentido! Não era aquela culpa que você sente quando faz algo de errado a alguém; é aquela culpa que você sente quando deixa de fazer uma coisa e fica se perguntando a cada segundo e se? E se eu tivesse deixado Nico me ver ali, e se eu tivesse me abaixado e o abraçado, e se eu tivesse dito alguma coisa?

É, eu viveria sempre com essa dúvida.

Bati minha cabeça contra a porta do quarto em que me apoiava e respirei fundo. Mesmo que ele me odiasse (como odiava todo mundo, claro, porque comigo seria diferente?) eu não podia continuar brincando de casal feliz com Piper. Ela é incrível, foi uma ótima namorada, mas não é nada justo com ela. E para ser bem sincero, eu nunca realmente a amei. Eu simplesmente gostava. Deixei isso ir tão longe pelo simples fato que, eu não tinha motivos para impedi-la.

Ok, vamos lá, não tem porque ser tão difícil assim. Não é?

(...)

–Piper?-chamei-a depois do jantar. Nico não apareceu dessa vez e tudo que eu queria era correr para o piso de cima e dar uma checada nele. Só pra ter certeza que ele continuava por perto.

–Hm? Ah, Jason!-ela exclamou parecendo feliz. Controlei minha careta o melhor que pude. Não queria ter que estragar essa felicidade dela, ainda mais agora que era tão difícil conseguir algum tipo de conforto; mas também, como poderia ser justo continuar com ela enquanto minha cabeça está em outro lugar?

–A gente pode conversar um minuto?-pedi inclinando a cabeça para as escadas. Uma ideia ridícula me ocorreu, e eu não tinha razões para não concretizá-la.

–Tudo bem. - Ela respondeu franzindo a testa. Como filha de Afrodite, suspeito que ela suspeitasse do que eu ia dizer. Espere isso não saiu certo... Ah, dane-se.

A conduzi até o piso de cima, onde o vento da noite era suave e fresco. Pelo canto dos olhos anotei a figura escura encolhida no mastro e segurei um sorriso. Era infantil que eu quisesse de forma tão desesperada que ele soubesse que eu estava livre. Não que eu achasse que isso me daria alguma vantagem. Claro que não daria, especialmente porque ele não gostava de mim. Senti uma fisgada desconfortável no peito.

–Sobre o que você quer falar?-ela perguntou apoiando-se na beira do navio. Tomei outra respiração funda e senti o vento correr mais rápido ao meu redor.

–Nós- Como ela pareceu não entender exatamente em que sentido isso se aplicava, continuei, torcendo para não soar muito bruto- Piper, eu quero terminar. - A surpresa que foi seguida pela tristeza e decepção quase me fizeram desmentir e fingir que era só uma brincadeira. Quase. Se meu peito não gritasse tão alto por outro alguém, eu podia considerar isso como opção.

–O que? Mas... Por quê? Nós estávamos indo tão bem! Foi alguma coia que eu fiz? Ou disse?-ela perguntou com uma voz quebrada e os olhos brilhavam em promessa de lágrimas. Mas nem de longe elas pareciam tão tristes quanto às de Nico.

–Não, não. Você não fez nada. Eu só sinto que isso- apontei um dedo entre nós e tentei olhar para a figura encolhida no mastro. Eu queria uma reação, qualquer uma que fosse. -Não está funcionando. Mesmo tento de conhecido melhor, eu não sinto que você é minha namorada. Isso faz algum sentido?-ela desviou os olhos para o chão e fungou coisa que a deixou parecendo uma criança birrenta.

–Não muito, mas acho que entendi o que você quer dizer. -ela meneou a cabeça, parecendo conversar consigo mesma.Franzi a testa e me inclinei para ela, pronto a perguntar se ela estava bem.-Está tudo bem, eu só.... Preciso pensar. -Surpreso, tanto pela forma que ela adivinhou o que eu faria, quanto pela reação dela a assisti descer os degraus e sumir.

Soltei o ar devagar e me escorei na madeira mais próxima. Foi mais fácil do que eu achei que seria. Mas odiava ser a causa do choro de uma garota. Suspirei meio aliviado e meio culpado.

–Não que isso seja da minha conta... Mas eu acho que você podia ter sido mais gentil. - A voz veio seguida por arrepios e pequenos choques espalhados pelo meu corpo. Sem olhar eu sabia que era ele, mesmo não tendo visto quando ele desceu do mastro.

–Também acho. Mas eu não tinha outra opção. -dei de ombros e me virei para o olhar. Continuava com aquela atadura na mão, e ainda tinha os olhos inchados e um tanto vermelhos, o que atribuía a ele uma aparência quase de um drogado. Mas, fora isso, continuava bonito.

–Sempre tem. -ele replicou cruzando os braços e puxando a jaqueta de aviador para mais perto de si, como nem ela conseguisse reter calor o suficiente. Senti vontade de jogar a jaqueta longe e assumir o lugar dela no papel de aquecer o garoto. -Alem do mais, vocês pareciam bem.-ele disse, encostando-se no mastro, encarando-me como se quisesse ler minha alma.

–Não é que nós tenhamos brigado. Só... Não era mais pra ser. -dei de ombros, desesperado por qualquer brecha que me mantesse em conversa com ele.

–Não era mais pra ser... Ou você gosta de outra pessoa?-A pergunta dele, tão incisiva me deixou sem saber o que fazer. Será que ele já sabia? Será que eu estava dando muita bandeira? Será que agora, me achando um idiota ele resolveu brincar um pouco comigo? Não o culparia se o fizesse. Eu me sentia um idiota.

–O que te faz pensar isso?- apesar do leve calor em meu rosto tentei soar o mais firme e despreocupado possível. Ele suspirou desviando o olhar e corando de leve no alto das maçãs do rosto, coisa que me fez querer abraçá-lo como um urso de pelúcia.

–Você sempre sorri mais quando está longe dela. -Resmungou de um jeito extremamente fofo. Senti meu rosto tentar se contorcer num sorriso e esquentar ainda mais, mas me contive.

–Eu aparentava isso?-perguntei mais que para mim mesmo. -E você, pulou a janta de novo. Vai acabar ficando doente. -comentei mudando bruscamente de assunto, louco para sair do assunto irrelevante que agora era Piper.

–A comida não faz tanta falta. - ele deu de ombros e saiu andando lentamente até as escadas, jogando um ‘boa noite’ por cima do ombro, meio encolhido com o frio que só ele sentia.

Quando me vi sozinho novamente, eu ri. Não, não uma risada de incredulidade, uma risada pura de felicidade. Porque agora Nico sabia. Ele sabia que eu estava livre e que gostava de outra pessoa. Talvez ele suspeitasse que fosse ele. Talvez não. Quem sabe?

É tudo tão imprevisível, mas ao mesmo tempo, e exatamente por isso, é tão bom; um sentimento tão completo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Novamente, muito obrigado a todos que comentaram no ultimo capitulo, muito obrigado mesmo! Amei todos eles!!!!!