Altas Loucuras em Hogwarts escrita por Guedes


Capítulo 21
Duelo


Notas iniciais do capítulo

N/Todos: Ei, Júlia, pare de dar spoilers no título dos capítulos!
Foi mal, pessoal, é maior do que eu. Bem espero que gostem! :=)



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POV Ennelize

Sabe quando você acorda se sentindo bem e achando que o dia vai ser ótimo, mas no final tudo dá errado? Então, aquele foi um desses dias. Ah, como eu odeio eles.

– Ah, bom dia! – cumprimentou Meg quando eu acordei. – Então, Ennelize, hoje você pretende nos trocar por Alvo o dia inteiro de novo?

Eu revirei os olhos.

– Isso soa a ciúmes – provoquei. – Quem deveria ter isso é o mocinho da história e não a melhor amiga. – Ela bufou.

– Ah, claro, eu estou morrendo de ciúmes – ironizou. Mas depois de um minuto de silêncio ela sussurrou: - Só não quero perder minha melhor amiga para um garoto... Ainda mais para um que tem namorada.

Eu gemi à menção de Stéfany. Esse tinha sido um ponto de discussões frequentes entre eu e Magarret nos últimos três dias. Todas as noites ela vinha com um “Você não deveria estar fazendo, isso. Está parecendo uma daquelas piranhas que ficam com os caras independentemente de ele ter uma namorada ou não”, e eu respondia “Nossa, Megarret, o seu amor por mim me toca”, ao que ela retrucava “Deveria tocar mesmo, eu estou fazendo isso para o seu bem. Na hora em que aquela loira voltar, veremos quem é que está certa!”. E assim por diante.

– Eu sei – concordei com um suspiro. – Mas eu já te disse que eles vão terminara quando ela voltar.

– Não é por causa disso, Ennelize – Meg retrucou. – Eu não tenho nada contra vocês dois, é só que, quando Stéfany descobrir, ela não vai aceitar. Por mais que o namoro deles já... – Meg parou por um segundo, com a testa franzida. – Espera aí, que dia que os alunos que foram para casa voltam, mesmo?

Eu arregalei os olhos. Droga! Tinha me esquecido totalmente disso.

– Hoje – sussurrei.

Meg riu.

– Acho melhor você descer com a sua varinha, só para o caso dela chegar mais cedo, sabe... – brincou. Eu joguei o meu travesseiro nela.

– Cala a boca – resmunguei, mas mesmo assim, não fiquei menos preocupada. Minha amiga não estava errada quando disse que Stéfany não iria aceitar eu e Alvo.

Depois de trocar de roupa (e checar se tinha realmente pego minha varinha) nós descemos para o Salão Principal para tomar café da manhã.

E quando eu vi aquela cena, a minha vontade foi vomitar a comida que ainda nem tinha comido.

Alvo estava sentado na mesa da Grifinória e empoleirada em seu ombro estava... Stéfany.

Acalme-se, Ennelize, disse para mim mesma, ela acabou de chegar. Provavelmente ele ainda não teve tempo de contar tudo à ela. Calma. Ele não vai te trocar por ela. Vai ficar tudo OK. Mas apesar dos meus esforços, tinha uma vozinha idiota dentro da minha cabeça que dizia que nada disso era verdade, que ele mentira quando dissera que estava apaixonado por mim, que ele gostava dela e que eu fora uma estúpida por achar que ele iria preferir à mim. Então, a única coisa que eu consegui fazer foi ficar parada, enquanto olhava estática para a cena à minha frente.

– Ennelize, você está bem? – perguntou Meg do meu lado.

– Eu... – sussurrei. – Eu... eu preciso... eu...

Então simplesmente virei as costas e saí correndo.

***

A biblioteca estava vazia àquela hora da manhã: nenhuma alma viva, tirando a Madame Pince. Isso, de certa forma, era bom. Queria dizer que ninguém iria me incomodar... ainda. Porque logo esses corredores se encheriam de alunos fazendo deveres, estudando ou apenas usando as estantes e pilhas de livros como esconderijo, assim como eu.

Mas o que importava era que eu conseguiria ter ao menos um único momento de paz, por isso eu fui até o fundo dela, e me sentei em uma cadeira com a testa encostada em uma das janelas. Droga, por que raios eu fui me apaixonar por um cara que tinha uma namorada como aquelas? Por que eu não poderia ter simplesmente continuado com à nossa inimizade?

Eu suspirei, e continuei com esses pensamentos, até que...

– STANFORD! – o grito de Stéfany poderia ter sido ouvido até mesmo por alguém no recanto mais sombrio da Floresta Proibida.

Eu olhei desanimada para ela.

– Fale baixo – resmunguei. – Estamos em uma biblioteca. E eu estou com dor de cabeça.

– Ah, é? – ela questionou. – Mas não estava com dor de cabeça na hora de ficar se agarrando com o meu namorado!

– Vocês tinham dado um tempo e já estavam praticamente terminados – afirmei. – Não me venha com essa historinha.

Ela me fuzilou com o olhar. Pelo visto estava mesmo furiosa.

– É – sussurrou ela. – Você disse bem, estávamos... do sentido de não estamos mais.

Como assim?!

– Hã, Stéfany, você não precisa me ensinar o sentido dos tempos verbais, eu aprendi isso antes de...

– Você sabe muito bem o que eu quis dizer, Sta. Espertinha – ela me interrompeu com um tom desafiador. Era claro que ela ia tornar as coisas ainda mais difíceis.

Desviei o olhar dela e voltei a olhar lá para fora.

– Você não consegue – riu-se ela. – Você não consegue dizer isso em voz alta, porque partiria o seu frágil coraçãozinho de nerd... – E então acrescentou com um sussurro, para que apenas eu pudesse ouvir: - Eu sei porque você não entrou na Grifinória, Ennelize. Porque você é uma covarde.

Eu pude ouvir o som do sapato dela dando meia volta para ir embora. Isso bem que poderia terminar naquele momento, mas não eu tinha que abrir a minha boca, ao invés apenas de deixar ela ir embora e procurar Alvo para perguntar se isso era verdade.

– Antes covarde do que calculista... Antes nerd do que vadia.

Ela parou, antes de dizer, com os dentes cerrados:

– Do que você me chamou?

Eu me virei para encará-la e encontrei os seus olhos cheios de ódio.

– Eu te chamei de duas coisas – disse indiferente. – A qual delas você está se referindo?

– Você sabe qual é.

– Hã... eu não te conheço tão bem assim, sabe. Tenho mais coisas para fazer do que tentar desvendar a sua pessoa. – Dei de ombros. Como era bom ver a expressão frustrada no rosto dela.

– Eu estava me referindo ao... – ela engoliu em seco – ao “vadia”.

– Ahhhhhh, sim. A esse! E eu pensando que era o calculista... Bem, caso você queira saber o termo “vadia”, na linguagem formal, significa alguém que não tem ocupação ou que não faz nada, que vagabundeia, mas ele também é usado informalmente para classificar mulheres que...

– EU SEI MUITO BEM O QUE ESSA PALAVRA SIGNIFICA, SANTOFORD – ela gritou, com o rosto vermelho de raiva. – Se eu não soubesse, você não estaria morta!

– Eu não acho que eu esteja morta, sabe? Pareço bem viva... – Coloquei a mão no meu pescoço, fingindo que ia checar a minha pulsação. – É, eu estou viva.

– Ora... Como você ousa... Eu vou MATAR você!

– Sério? E como pretende fazer isso? – perguntei erguendo uma sobrancelha. Ela respirou fundo por um segundo e então, em um movimento que eu mal consegui registrar, sacou sua varinha, apontou para mim e gritou:

Levicorpus!

Viu o que você fez, Ennelize? Agora você está no meio da biblioteca pendurada pelo seu calcanhar. Muito inteligente. Eu olhei para o meu calcanhar e soltei um gemido de frustração. Eu tentei contrariar a vozinha irritante e dizer que estava tudo bem, e que logo alguém chegaria e me tiraria dali. Mas o que me preocupava era: e até lá?

Stéfany sorriu e se aproximou de mim.

– E agora, Sta. Espertinha? O que você vai fazer para sair daí?

Eu bufei. Não poderia simplesmente usar a minha varinha agora, se não ela iria usar o Expelliarmus e aí que eu realmente ficaria pendurada aqui para sempre. Eu teria que esperar enquanto ela não estivesse olhando para mim, distraída com alguma outra coisa.

Ela riu com escárnio.

– O que aconteceu? Esqueceu a sua varinha no dormitório? – provocou.

– É – eu falei com o máximo de dignidade que consegui achar. – Eu não achei que fosse ser atacada do nada e injustamente no meio da biblioteca durante o horário do café da manhã. – Encarei ela por um minuto, mas depois percebi uma coisa: - Espera aí, como você sabia que eu estava na biblioteca?

– Você não estava no Salão Principal, então deveria estar em algum lugar, certo? Eu sabia que você não estava no dormitório, porque a sua amiguinha estava tomando café... Então simplesmente deduzi que você estaria aqui. É bem a sua cara. Ah, e você não pode falar do “injustamente”, porque eu não fui injusta! Você poderia muito bem ter se defendido, a culpa não é minha se esqueceu a sua varinha!

– Você me atacou só porque não gosta da verdade! A culpa não é minha se ninguém em Hogwarts tem coragem o suficiente para falar isso na sua cara!

– Você não pode me chamar de vadia, porque vadias não têm namorados e eu tenho um! E, por acaso, ele é o garoto por quem você está apaixonada.

– Mas isso não quer dizer que você não tenha passado o rodo em meia Hogwarts antes – afirmei indiferente. Ela me fuzilou e então respirou fundo.

– Talvez – ela disse. – Mas pelo menos tem pessoas que gostam de mim, ao contrário de alguém que foi rejeitada pela própria mãe.

Não ouse meter a minha família nisso, Mckenzie! – sibilei.

– Ah, não? Por que? – Ela me encarou com uma expressão inocente completamente falsa. – Não era você que estava dando lição de moral sobre falar a verdade na cara das outras pessoas? Então, vamos falar a verdade - havia uma pontada de diversão na voz dela. – A sua mãe foi embora. Há o que? Dez, onze anos? Sabe o que dizem por aí? – ela começou a andar ao meu redor. – Que ela foi embora porque ela tinha nojo de vocês. Porque ela tinha nojo de bruxos. A sua própria mãe não te suportou, Stanford. – Ela parou na minha frente e me encarou na linha dos meus olhos. – Então porque alguém te suportaria? – ela sussurrou. – Seguindo o seu exemplo... antes ser uma vadia com várias opções de companhia do que ser uma insuportável que...

Nesse ponto ela parou, porque eu dei o meu melhor soco bem no meio da cara dela.

Enquanto Stéfany se afastava alguns passos, com a mão no nariz que sangrava, eu saquei a minha varinha, apontei para o meu pé e gritei:

Liberacorpus!

Eu caí de cabeça no chão, o que me causou uma dor imensa. Toque no local e senti sangue. Ótimo, o duelo mal começou e eu já quebrei a cabeça.

Me levantei com alguma dificuldade e apontei a minha varinha para ela.

– Você vai me pagar! – ela gritou. – Furnunc...

Fedorini! – eu fui mais rápida. Quase imediatamente, um cheiro horrível atingiu as minhas narinas. Me segurei para não vomitar com o fedor.

Obscuro! – retrucou ela. Uma venda se formou ao redor dos meus olhos, fazendo a minha visão ficar escura.

Relaxo! – gritei apontando a varinha para o meu rosto. A venda se soltou, mas esse pouco tempo foi precioso para ela.

Alarte acesdere! – eu subi e caí com um baque no chão.

Aquamenti! – gritei, ainda deitada, apontando para os olhos dela. OK, eu sei que esse não é um feitiço de duelos, mas serviu para distraí-la tempo o suficiente para que eu pudesse me levantar sem que ela me atacasse de novo.

Depulso! – ela apontou para a cadeira na qual eu estava sentada alguns minutos antes. Ela voou na minha direção, mas eu desviei a tempo.

Densaugueo! – A cena foi realmente engraçada: Stéfany, ainda com o nariz quebrado e os dentes cada vez maiores.

Ela parou, olhando desesperada para a boca. Seus olhos se arregalaram e ela tentou dizer algo, mas o máximo que saiu de lá foram grunhidos. Então me olhou, como se dissesse “Acabe com isso logo”. Eu respirei fundo, prestes a gritar “Estupore!”, mas não consegui.

Porque eu não era ela.

– Você não pode falar – anunciei. – E isso quer dizer que não pode proferir feitiços. Acabou, Stéfany. Eu venci. – Guardei a varinha no bolso da calça. – E que isso sirva de lição para nunca mais provocar uma nerd. - E saí andando, fazendo questão de esbarrar no ombro dela ao passar.

No final do corredor, uma figura apareceu e olhou para o fundo, provavelmente procurando por alguém - pude distinguir os olhos verdes de Alvo mesmo de longe. E pude ver também quando eles se arregalaram fixos em alguma coisa atrás de mim.

Eu sequer tive tempo de me virar, antes de lançada no ar à minha frente. Eu pude registrar a ponta da mesa à minha frente, uma dor aguda, e então mais nada.


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Notas finais do capítulo

Podemos odiar ainda mais a Stéfany! o/
Uma perguntinha: o que vocês acharam da parte do duelo? Tipo, ficou confusa? Porque eu não sou muito boa para escrever esse tipo de cena, sabe. Eu tentei fazer o meu melhor, mas eu quero saber a opinião de vocês.
Escrevam ela nessa caixinha mágica ali embaixo, que foi feita exatamente para isso.
P.S.: vocês já notaram que a Ennelize tem tendência à sair correndo quando acontece alguma coisa? Eu só fui perceber isso quando estava escrevendo a cena do Salão Comunal.