Altas Loucuras em Hogwarts escrita por Guedes


Capítulo 11
Conversas na Torre de Astronomia


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoal! Aqui está o capítulo de vocês e acho que eu vou postar de uma em uma semana mesmo. Ficou um pouco grandinho e pode até parecer meio tediante, mas ele vai ser importante depois.
Bem, espero que vocês gostem do capítulo!



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POV ALVO

– Você e e Rose o quê? - eu perguntei a Escópio, quando ele terminou de contar a história. Era noita de Halloween e nós estávamos no Salão Comunal da Sonserina.

– Sério, Alvo? Eu acabei de te contar que sua prima soltou hipogrifos e que está totalmente arrasada e a única parte em que você presta atenção é a que ela me beija? - perguntou o loiro meio exasperado.

– Não, não foi a parte do beijo em que eu prestei atenção. Foi a parte em que você afasta ela. No que diabos estava pensando?

– Que ela não gosta de mim! E que ela me beijou porque achou que gostasse! Se eu não a tivesse afastado, se eu tivesse acreditado que ela gostava de mim, nossa amizade iria para o ralo!

Naquele momento eu não aguentei, e tive que dar um soco na cara dele.

– Seu retardado! - exclamei. - Rose gosta de você, e a única pessoa em toda Hogwarts que ainda não percebeu isso é exatamente você!

– O que? - ele perguntou me olhando com os olhos arregalados.

– Foi exatamente isso que você ouviu: Rose. Gosta. De. Você. - Eu falei pausadamente para ver se dessa vez ele entendia.

– Mas... - ele sussurrou. - Ela... sempre esteve brigando comigo... e me chamando de filhote de doninha e... e sendo grossa e…

– E aí pessoal, como vão? - perguntou Lorcan Scamander se juntando a nós. - E Escórpio, por que você está com o nariz sangrando? - acrescentou.

– Alvo me deu um soco porque eu afastei Rose quando ela me beijou - explicou o outro, ainda parecendo meio perdido.

– Um: estou começando a chegar a conclusão que os Weasleys e seus parentes têm sérios problemas - falou Lorcan se sentando em uma poltrona. - Dois: Escórpio, me diga, porque você fez isso?

– Deixe-me adivinhar: você também vai vir com aquele assunto de que "Rose sempre gostou de mim".

– Exatamente! - respondeu nosso amigo.

– Viu? - eu perguntei apontando para ele. - Eu não sou o único. Se quiser, pode até perguntar a Roxanne.

– Ah, se eu fosse você não faria isso - disse Lorcan adotando um ar um pouco mais sério. - Roxy e Rose estão... brigadas.

– Brigadas? - perguntei. - Por quê?

– A esse ponto do campeonato os dois já devem saber que Rose soltou um hipogrifo por que Roxy pediu - ele começou a explicar. Nó dois assentimos. - Pois então, ela ia soltar mais um, só que aí Hagrid chegou. Não sei o que aconteceu, mas Rose ficou arrasada - e colocou toda a culpa em Roxy. Pelo visto, pediu para nunca mais falar com ela.

– Uau - comentei. Era a única coisa que tinha falar. Rose e Roxy sempre foram muito próximas. Melhores amigas. Imaginar as duas sem se falar era tão difícil quanto imaginar Lílian e James tendo uma conversa sem nenhum grito - o que era muito, muito difícil.

– É - comentou Lorcan. - São nessas horas em que eu dou graças a Deus por não ter ficado na Grifinória.

POV ENNELIZE

Um fato sobre ajudar hipogrifos: dá fome. Muita fome.

Por isso que depois de terminar o que Meg e Mari chamaram de "loucura suicida" eu fui para o Salão Principal e eu ataquei todas as coisas do banquete (caso vocês tenham se esquecido, ainda era Dia das Bruxas). Morcegos voavam pelo local e pessoas pegavam aqueles chapéus maneiros que davam brindes. E tinha muita comida.

Não sei se era verdade, ou se era porque eu estava com muita fome, mas acho que a comida estava mais gostosa nesse ano.

– Ennie, vai com calma ou daqui a pouco vai comer a comida das quatro mesas toda - aconselhou Meg.

– Hahahahaha, muito engraçado, Megs - retruquei.

– Não disse que era para ser - respondeu ela calmamente (agora os seus cabelos estavam pretos com mechas roxas escuras). - Enfim, como foi voar em um hipogrifo?

– Legal - comentei.

Legal? - espantou-se Mariana. - Ennelize Stanford voa em um hipogrifo e a única coisa que tem a dizer sobre isso é que foi legal? Céus, o mundo vai acabar.

– Okay, foi fantástico– admiti. - Melhor do que voar em uma vassoura. Acho que é porque você não está voando em um objeto inanimado, cujo o qual todos têm controle. Você está voando em um animal vivo– que a qualquer momento pode pirar e resolver fazer algo muito louco, como mergulhar no Lago Negro. É mais emocionante, entende?

– Não - respondeu Meg. - E não pretendo entender.

Revirei os olhos.

– É claro que não - resmunguei para baixinho, apenas para mim mesma. - E se você não consegue entender isso, também não vai conseguir entender o meu dilema. O mais importante.

Mas a última parte, eu falei apenas dentro da minha cabeça.

***

Quando eu finalmente terminei de comer, resolvi andar por aí. Precisava de um tempo sozinha para pensar. Na verdade, o que eu realmente precisava era de alguém com quem conversar, mas não havia ninguém com quem eu pudesse fazê-lo sem ser zuada.

Então eu optava pela mesma alternativa sempre: pensar. Sozinha.

Fui andando pelos corredores, olhando se não havia ninguém olhando, nem seguindo. Não porque já passava do horário de recolher (para os quintanistas ele era 21h, ainda eram 20:30), mas porque eu estava indo para a Torre de Astronomia (o que era proibido, a não ser que você estivesse na aula).

Chegando lá encima, me sentei no chão gelado e olhei para o céu estrelado, geralmente ele me ajudava a pensar. Mas antes de eu começara refletir sobre o meu problema, eu ouvi um soluço baixinho, quase inalditível.

Fui até lá. Não fiquei com medo que o aluno (ou a aluna) fosse me dedurar, pois não teria como fazê-lo sem admitir que também estava quebrando as regras.

E, a poucos passos de mim, encontrava-se ninguém mais, ninguém menos que Rose Weasley.

Ponderei se deveria falar com ela ou ir embora, afinal nós nunca tínhamos nos falado direito, apenas trocado apertos de mãos nos jogos de quadribol. Mas antes de chegar a uma conclusão, ela me viu.

– Ennelize! - exclamou, meio surpresa. - O que está fazendo aqui?

– Vim pensar - respondi. - Mas parece que eu não sou a única que costuma vir aqui de vez em quando…

– Mas não venho - respondeu Rose. - Eu só precisava de... um lugar diferente. Novo. Onde os meus amigos não me achem.

– Você nunca teve nenhum lugar secreto? - perguntei erguendo a sobrancelha e me sentando ao lado dela.

– Não - respondeu ela. - Nunca precisei de um. Sempre que tinha um problema ou estava triste tinha os meus amigos, a minha família... Nunca precisei ficar sozinha antes. Me isolar.

– Então bem vinda ao meu mundo - comentei.

– Por que? - ela perguntou. - Por que este seria o seu mundo? Você tem amigas. E o seu irmão.

Dei um suspiro. Era a primeira vez que alguém além de Mariana, Meg, Elmond ou Thais (uma garota que divide dormitório comigo), parecia realmente interessada em mim.

– É complicado - respondi.

– Você poderia tentar explicar - sugeriu ela.

– É só que... - comecei. - Elas são minhas amigas e eu amo elas e tudo o mais, mas... tem certos assuntos nos quais elas não me entendem. E Elmond... eu nunca conversaria com Elmond sobre isso.

– É um garoto, não é? - Assenti com a cabeça. - Deixe-me adivinhar: Alvo. - Assenti novamente.

– E você? - perguntei.

– Que tal a gente fazer a assim: você fala comigo o seu problema e eu falo com você o meu problema. E quando sairmos daqui a gente esquece tudo o que foi dito.

– Okay - concordei. - Você primeiro.

Ela deu um suspiro pesado.

– Eu beijei Escórpio Malfoy - admitiu. - E ele me afastou. - Ela colocou a cabeça nas mãos.

– Oh, Rose…

– Eu fui uma burra. Burra, burra, burra. Nós pelo menos éramos amigos antes disso. Agora... eu não sei o que vai acontecer.

– Você gostava dele, não é? - Eu já sabia a resposta, mas perguntei assim mesmo.

A ruiva assentiu.

– Sinto muito - sussurrei. Fiquei com medo de que ela não tivesse ouvido, mas então tirou a cabeça dentre as mãos.

– Mas eu meio que já sabia. Afinal, o que ele iria querer comigo, uma Weasley, uma traidora de sangue idiota?

Fez-se silêncio por uns segundos, antes de eu falar:

– Você é inteligente. Bastante. Poderia muito bem ter entrado na Corvinal, mas não. Você entrou na Grifinória, o que mostra que você é corajosa. E você nunca me tratou como os outros, sempre foi legal comigo. Daria uma boa lufana. Mas também não é idiota. Não sei por que as pessoas associam gentileza à idiotice. Isso sim é algo idiota. Mas você não faz isso, você sabe ser gentil e esperta. Não só isso. Você é gentil e esperta e corajosa e engraçada e leal e inteligente e amigável e sangue frio. tudo ao mesmo tempo - e na medida certa. Sinceramente? Se Escórpio não quiser nada com você, ele é o burro da história, e não ao contrário.

Ela me examinou por vários segundos, então disse:

Como você sabe disso tudo? - Dei de ombros.

– Gosto de observar as pessoas.

– Estou vendo... E agora, vamos ao seu problema: Alvo. O que ele fez dessa vez?

Levantei a cabeça e falei, fitando as estrelas:

– Nada.

– Mas então por que...? - Rose não precisava terminar a pergunta.

– É exatamente esse o problema: Alvo não fez nada demais, e mesmo assim continua sendo um problema. Então, ele arranja uma namorada e problema cresce. Aí ele me pede para chamá-lo "Alvo" e não de "Potter", e vira um problema maior ainda. Céus, isso é insuportante!

Rose riu.

– Ei, por que você está rindo? Eu não ri do quanto você é lerda por não perceber que Escórpio gosta de você! - protestei.

Imediatamente ela parou.

– Você acha mesmo… que Escórpio gosta de mim? - ela perguntou hesitante. Revirei os olhos.

– Sim - eu falei. - Algumas coisas são meio óbvias.

Ela deu um sorriso malicioso.

– Pois então você é uma boa atriz. Escondeu bem que está a fim do meu primo.

– Eu… O quê? - Não conseguia acreditar que tinha acabado de ouvir aquilo.

– Ah, vamos lá Ennelize, acho que a esse ponto da história você já deve ter percebido que gosta do Alvo.

– Não, não gosto, não - falei. Rose não disse nada, apenas me olhou. Eu soube naquele momento que aquele olhar era do tipo que sempre funcionava com todo mundo, e não foi diferente comigo. Ele me fez pensar.

Não, eu definitivamente não odiava Alvo Severo Potter. Sim, naquela manhã eu tinha sentido um impulso louco de beijá-lo quando ficamos a dois centímetros de distância. Depois que ele e Stéfany começaram a namorar eu me sentia como se gostasse ainda menos dela a cada vez que via os dois juntos nos corredores ou em outro lugar de Hogwarts. Eu gostava de quando tínhamos que fazer o trabalho de Herbologia juntos, pois, por mais que eu jamais vá admitir isso a ele, as suas piadas eram engraçadas. E eu gostava do jeito como ele ficava concentrado enquanto procurava algo de útil. Eu simplesmente gostava.

Mas eu jamais diria isso a ele. Nem mesmo para Rose, mas eu não precisava - ele tinha percebido.

– Eu... - comecei, mas pensei melhor e comecei de novo. - Eu não sei.

– Okay - sussurrou Rose. - Vou fingir que acredito em você.

Por mais que não quisesse, dei um sorrisinho, ao qual a ruiva retribuiu.

– Bem, acho melhor irmos voltando para nossos salões comunais antes que dê nove horas... - Ela comentou, o que me fez olhar no relógio. Arregalei os olhos.

Já são nove horas! - exclamei dando um pulo.

– É, é bem melhor a gente ir indo - comentou ela.

Nos despedimos e fomos cada uma para o seu respectivo Salão Comunal. Mas no meio do caminho eu encontrei sabe quem? Um galeão para quem disse que era o Potter.

– Mas quem está...? - ele começou, mas interrompeu-se quando viu que era eu. - Ennelize? O que está fazendo aqui?

– E é da sua conta? - perguntei com uma sobrancelha erguida.

– Tecnicamente...

– Deixe-me adivinhar: sim, porque você é monitor e eu estou fora da cama depois do horário.

– É, exatamente isso - ele respondeu.

– Pois respondendo à sua pergunta, eu estava na cozinha, okay? Eu não comi direito no jantar e depois me deu fome e decidi ir até lá comer algo - respondi tentando soar o mais convincente o possível, e torcendo para que ele não tivesse prestado atenção em mim durante o jantar.

– Ennelize - ele falou -, a cozinha fica pra lá - ele disse apontando para um lado que não era o que eu tinha vindo.

– Eu sei que fica - retruquei o mais rápido que pude. - Mas eu resolvi pegar um atalho. Algum problema?

– Aham... - ele comentou com cara desconfiado.

– Olha aqui, Po... Alvo, se você não quiser acreditar em mim, não acredite. Eu estou indo para o meu Salão Comunal. - E saí andando passando direto por ele.

– Ei! Não pense que vai ficar por isso, não! - gritou ele. - Eu vou tirar essa história a limpo, e se descobrir que você não estava na cozinha...

Eu revirei os olhos. É claro que ele ia me dar uma detenção, porque é claro que ele vai descobrir que eu não estava na cozinha. Essa foi PÉSSIMA, Ennelize, PÉSSIMA, repreendi a mim mesma. Mas afinal o que eu poderia fazer? Há alguns minutos atrás a Rose estava insinuando que eu gostava dele, é claro que eu iria ficar desconcertada e inventar uma desculpa muito esfarrapada.

Mas Alvo que me desse a detenção que quisesse. Eu não ia cumprir mesmo.

***

No dormitório, as meninas estavam jogando cartas.

– Hey, onde você estava? - perguntou Meg quando eu entrei.

– Por aí - respondi me jogando na minha cama. Ela revirou os olhos.

– Em que lugar de por aí?– perguntou.

– Algum - respondi dando de ombros.

– Eu também já sabia disso. Dá pra parar de ser tão vaga e responder logo a pergunta descentemente?

– Eu estava na cozinha - respondi. Já que tinha que contar uma história esfarrrapada, pelo menos que fosse a mesma para todo mundo. - Antes que você comece a falar, eu fui tomar chocolate quente.

Okay, eu não sou muito boa nessa coisa de desculpas em cima da hora.

– Aham... - dessa vez foi Mariana. - Nós te conhecemos bem demais para acreditar nessa historinha. Pode ir desembuchando: o que aconteceu?

– Vou tomar um banho - anunciei. O que fez com que elas revirassem os olhos.

Quando saí do banheiro dez minutos depois já estavam todas de pijamas e indo dormir.

– Boa noite - disse Meg indo se deitar na cama dela.

– Boa noite - respondemos.

Mas eu não dormi. Na verdade, eu fiquei deitada na cama acordada fitando o dossel até algo perto das três da manhã.

– Na verdade, aconteceu sim - sussurrei para mim mesma no escuro. - Eu estou apaixonada por Alvo Severo Potter.


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Notas finais do capítulo

E aí, gostaram? Reviews surtando são bem vindos. Até terça feira que vem!