"Outro dia morgado nessa escola desinteressante, é parece que tudo que aquele encontro com o espírito do vento me rendeu foi um problema de visão e uma dor de barriga estranha" Pensou Alan ao chegar no portão do colégio.

"Não, não foi só isso, o ar parece estar mais limpo desde o encontro, e... eu não sei se isso tem alguma coisa a ver, mas não consegui calçar os sapatos hoje de manhã (Ele estava se sentindo ridículo por ter de ir descalço para o colégio) é como se eu ficasse sufocado..., ok, alguma coisa realmente mudou, humpf, espero que tenha algum benefício nisso"

 Alan seguiu para o pátio do colégio, na verdade era como uma praça dentro do colégio, ele teve que pisar descalço na areia que ficava envolta da praça, não era desconfortável, então não se preocupou mais com isso. Quando Alan deu o passo para sair da areia e pisar no chão de paralelepípedo, sentiu vertigem, antes que encostasse seu pé direito ao dar o próximo passo, seu pé esquerdo havia saído do chão, e o que devia ter sido um passo foi um pequeno pulo, leve e lento.

Assustado, sentou-se no primeiro banco de mármore que encontrou e se segurou no banco, será que se corresse acabaria desprendendo do chão e "cairia para cima" ? pensar nisso o assustava, então se manteu sentado, esperando seu coração relaxar.

De alguma forma ele estava mais leve, assustadoramente mais leve, isso provavelmente não era culpa do iogurte diet que havia tomado naquela manhã, eles avisavam no comercial que te deixaria leve, mas isso é exagero, com certeza era mais um sintoma do encontro com o dragão, ele queria ao menos lembrar de que o dragão havia falado, se lembrasse... possivelmente o dragão havia mencionado todos os "sintomas" que estava sentindo agora.

O medo de "cair pra cima" passou, Alan se levantou e começou a andar em direção a escada que leva pra o corredor do ensino médio, cruzando a praça em diagonal, olhou para o canteiro japonês, as belas pétalas das cerejeiras se balançando numa dança convidativa, aquele lugar lembrava muito a Yui, como ele queria poder ficar deitado com ela naquela mesa coberta de pétalas de sakura.

Isso era tão surreal, como se fosse acontecer algum dia, ele e Yui eram amigos, e Alan acreditava que se depender dela, provavelmente, a condição de amigos não ia mudar, "ok, certas coisas nunca vão mudar, vão permanecer congeladas no próprio ciclo de realidade" ele pensava.

Olhou para o corredor do ensino médio, ainda faltava metade do caminho até a escada (o corredor era do lado de fora, como uma varanda grande que ia do começo do prédio ao outro lado dele).

-Humpf, impossível? imutável? do que eu tou falando? essa é minha vida, minha realidade, eu dito as regras.

---------------------------------------------------------------------------------------------  O Coração do vento 

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-WOOOOOOW!!! CARA!!!

-AHHHHHHHHH!, MINHA NOSSA!

-CARAMBAAAAAA!

-O QUE?! COMO ELE FEZ ISSO???

Todos murmuravam e olhavam pasmos para Alan, alguns não conseguiam falar com o susto, palavrões foram ditos em voz alta, uns correram para ve-lo mais de perto, outros se afastaram lentamente, todos estavam chocados: Alan acabara de saltar vinte metros no ar, partindo da praça la de baixo e aterrissando com um giro mortal no corredor do ensino médio. 

-NINJAAAAAAAAAAAA!!!!!!!!!! Gritou Renato. - Que é isso cara! como foi isso?? isso foi incrivel!!! 

-Hmm... -Alan tambem não tinha palavras. Renato o seguiu em direção a sala.

-Afinal, você vai me dizer como fez isso?

-Hm.. Le Parkour. Foi a única coisa em que pensou.

-Le Parkour? você faz Le Parkour?

-Uhum.

-Incrível, mas eu não sabia que era possivel saltar, quanto, vinte e cinco metros?, usando Le Parkour.

-É possivel fazer coisas aparentemente impossíveis com Le Parkour. Disse Alan com um sorriso, estava feliz, ele quase não caiu nessa, mas caiu.

-Acho que vou praticar Le Parkour também, imagina só se eu combinar esse salto com um chute em algum idiota, a cabeça dele ia voar cinco metros, de boa.

-Boa sorte.

-Página 389, quero que vocês resolvam as questões de 25 a 60, quero prontas até o final da aula.- O professor de matemática era motivo o suficiente para fazer um adolescente desesperado se trancar no quarto e esperar a morte, Alan já estava exausto só de olhar para a primeira questão, começou a lembrar da sensação que teve durante o salto, quando pegou impulso do chão, sentiu o vento girar ao seu redor, varias tirinhas brancas o rodearam e se juntaram ao redor dos seus pés, a poeira se ergueu como se uma boca gigante houvesse soprado o chão, sentiu um empurrão na base dos pés e foi arremessado no ar, na subida parecia não ter peso, até que começou a descer num giro, fácil como respirar, tocou os pés no chão e sentiu os olhares o atacando.

"Foi como voar", pensou. O que mais o aguardava?,bem, afinal... houveram benefícios.

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Capítulo 3 - Leve como uma pena - Fim