O Diário de Cecília escrita por Larissa Armstrong, malulixx


Capítulo 2
Rumo aos E.U.A


Notas iniciais do capítulo

espero q gostem, xx



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Querido Diário

Estou nesse exato momento dentro do avião esperando que as aeromoças terminem de explicar como não entrar em pânico, se tiver turbulência.

Sério, não tem sentido pedirem calma se o avião começar a chacoalhar a mais 30 mil pés de distancia da terra e ainda mais quando estamos em riscos de cair.

Cara aeromoça/comissária de bordo, se o avião tiver turbulência eu NÃO vou ter calma, e provavelmente vou gritar que nem doida. Grata.

Tá, meu pânico pode parecer drama se você souber que já viajei de avião algumas vezes, mas agora está tudo mudado.

Talvez seja a ansiedade por chegar logo na minha nova casa, ou o tratamento inédito da primeira classe. Por que olha, falando sério. Isso é completamente diferente do que eu estou acostumada. As cadeiras são muito mais espaçosas; o ar condicionado é muito mais eficiente; o silêncio prevalece, e invés de torradas duras e secas eles oferecem macarronada, pizza, caviar, sushi e mais tudo de gostoso que você imaginar.

Está bem difícil escrever agora, por que não consigo parar de olhar para um cara (muito) gato que está do meu lado. Ele tem uma barba mal feita e um cabelo louro bagunçado, olhos verdes e roupas descoladíssimas. Mas não sei porque D, eu tenho as minhas dúvidas. Ele já leu umas três revistas de moda, incluindo a Vogue, a V Magazine e a Visionaire. Sem contar que de 15 e 15 segundos ele umedece a ponta do dedo com saliva e passa a pagina de um jeito muito “diva”. Nada contra as escolhas sexuais de alguém, mas quando eu o vi comecei a imaginar diálogos e um fim de vôo quase casada com ele.

Esqueci de te contar, mas ontem foi o meu ultimo dia de aula num colégio no Brasil, e como eu disse anteriormente, as pessoas voltaram a falar comigo do nada, e um dos garotos mais bonitos do colégio (que antes nunca me olhou) me desejou boa viagem e me deu um beijo no rosto com a maior intimidade do mundo. Por fora eu sorri, e por dentro eu dançava macarena. Até eu infelizmente lembrar o real motivo do beijo na bochecha. Ah, e a maior bitch da escola (que me odiava até 3 meses atrás) veio falar comigo. Foi mais ou menos assim:

–Hey Ciz! – por que diabos meu apelido seria ‘’Ciz’’? – Nossa, a Califórnia deve ser muuuito legal. Vê se não esquece dos pobres quando tiver lá fazendo compras e se divertindo tá? – ela riu pelo nariz, de um jeito nojento que só ela conseguia.

Eu apenas dei um sorriso e virei o rosto. Ah, fala sério. Era incrível a capacidade deles de serem falsos.

O resto do dia foi muito corrido, os professores vieram falar comigo e me desejaram boa viagem, “amigos” falaram que iriam ficar com saudade e até a tia do corredor me deixou entrar na sala de aula quando eu cheguei atrasada.

Depois de todo um dia cansativo, fui para o hotel, para poder terminar de arrumar minhas coisas e minha mãe me deixar em paz, afinal ela estava mandando eu arrumar as minhas malas de dois em dois minutos.

Pra falar a verdade, depois de toda essa coisa de loteria, minha mãe está muito mais exigente com tudo. Além de ficar querendo ‘’entrar para a sociedade’’, ela fica tentando me vestir feito Barbie, o que com toda certeza não é meu estilo.
Gosto de shorts jeans e camisetas de bandas, ou com frases idiotas, como por exemplo a que eu estava usando antes de vir para o aeroporto. Uma blusa branca escrita ‘’I like cheese’’ com uma fonte que parece queijo derretido. Gosto também de calças jeans e tênis, tipo All Star, algo que seja bonito, mas ao mesmo tempo confortável.

Vou descansar D, afinal não quero chegar como uma zumbi em solo americano, e prefiro dormir do que ficar tarando o cara do meu lado, chega a me dar nos nervos o quanto ele pode ser gostoso e ao mesmo tempo ser tão espalhafatoso ao ouvir música. É verdade, ele esta balançando a cabeça e sussurrando trechos da musica que desconfio ser Vogue, da Madonna e fazendo toda aquela coreografia com as mãos.
Prevejo que meu plano de agarrar nunca iria dar certo. Eu só tenho que tomar cuidado para ele não ver por canto de olho tudo o que já escrevi sobre ele.
Agora eu vou cochilar. Próxima parada: Califórnia.

Com amor, Cecília.

O vento frio soprava meus cabelos de forma suave, me envolvendo de forma lenta e sedutora.

Eu estava com vestido vinho por baixo do sobretudo preto. Mesmo não conseguindo me ver, eu sabia que estava estonteante. Meu longo cabelo ruivo estava de lado e descia pelo meu ombro, meus olhos maquiados de preto, e a minha boca de vermelho ardente.

Ele também estava deslumbrante. Seu cabelo normalmente bagunçado esta penteado para trás, totalmente arrumado. Ele usava terno e uma blusa incrivelmente branca, que combinava com a cor dos dentes e que complementa o sorriso sacana que estampava seu rosto enquanto me servia uma taça de champanhe.

Eu estava em paris. Estava em um restaurante muito refinado, que dava visão total da Torre Eiffel e as luzes da cidade. Estávamos na varanda de um prédio alto, o lugar mais disputado do restaurante. Talvez por que era também o lugar mais exclusivo, afinal, não dividíamos o ambiente com mais nenhuma mesa.

O homem ergue a taca, e eu o sigo imediatamente.

– A nós! - ele diz olhando fundo nos meus olhos.

–A nós. - Eu repito como se estivesse hipnotizada pela aquela atmosfera.

–Cecília? - ele indaga, seu sorriso se desfazendo com a sobrancelha franzida. – Cecília, vamos! - sua voz se metamorfoseava, ficando cada vez mais feminina e estridente. – Levante logo Cecília, acorde!

Com uma súbita queda, meu mundo fica preto e volto à realidade.

Argh.

–Filha querida, você anda no mundo da lua não é? Vamos, temos que fazer a troca do avião. – Minha mãe diz, dando um sorrisinho. Eu sei que, no fundo, ela não queria dizer nada disso. Que mulher é essa que está no lugar dela? No mínimo ela diria que eu tenho que parar de ser preguiçosa e levantar minha bunda gorda da cadeira, mas agora ela está mais ‘’refinada’’.

Obrigada mamãe, por estragar meu sonho perfeito com o cara que ainda está sentado ao meu lado. Ele olha pra mim com um sorriso divertido nos lábios, como se tivesse assistido meu sonho e estivesse achando muita graça daquilo.

–Querida, como você dorme hein? Sua Mami glamurosa aqui, super chique e toda trabalhada no brilho estava te chamando e você dormindo feito pedra! Aposto que estava sonhando com um bofe bem gato!

Você nem imagina. Penso.

–Érm, era mais ou menos isso... – tento rir junto com ele. Viro-me para a minha mãe, que olhava aquela cena de braços cruzados e batendo o salto no chão do avião. Pigarreio. – Onde estamos? – perguntei a ela, ignorando que a realidade tenha me dado um tapa na cara depois de ter escutado o cara mais bonito do avião falar comigo como uma Drag Queen.

– Nos E.U.A Cecília, onde mais estaríamos? E muito obrigada querido, e devo me atrever a dizer que suas roupas são divinas. - E caras, completei no pensamento.

–Ah, você acha? Obrigado digo eu! – eles riem.

Já vi que se eu não arrastar a minha mãe pelo avião a fora, vou ficar ouvindo essa conversa ridícula sobre roupa.

–Desculpa interromper, mas mãe, você não estava com pressa? Temos que fazer a troca de avião.

–Ah, é verdade. – ela diz em um tom triste. Pego em sua mão e vou em direção a porta. Antes de ir, me viro e me despeço.

–E, foi um prazer sentar ao seu lado. - falei, dando uma ultima olhada para o-cara-sexy-que-lê-a-vogue-e-que-é-extremamente-bonito-para-ser-gay.

–Foi um prazer também baby! Beijinhos!

Nem dei tempo para minha mãe se despedir dele.

Enquanto eu andava pelo corredor procurando a saída, a minha tagarelava sobre como meu ‘’vizinho’’ de vôo era simpático. Fingi que ouvia, mas na realidade não parava de pensar na realidade do sonho. O cheiro, as sensações, o gosto... Tudo parecia tão real...

Quando estávamos quase saindo, percebi que minha mãe não estava com meu pai.

–Hey, cadê o meu pai? - perguntei, olhando pra ela e ao mesmo tempo, olhando para frente tentando não tropeçar nos meus próprios pés.

–Ele foi na frente, pois estava com frescura. Sabe como é seu pai. Estava com tanto medo da viagem que tomou um remédio, dormiu voo inteiro e quando acordou quis sair o mais rápido possível. Onde já se viu, deixar uma esposa tão bonita como eu sozinha em um avião, por um medo idiota… - depois que ela começou a falar mal dele, parei de ouvir. É sempre assim, ela sempre está reclamando de qualquer coisa que ele faça, até mesmo se for uma coisa boa, que qualquer mulher gostaria, como um presente ou um jantar. Se ele comprar qualquer presente para ela, ela não está satisfeita. Se ele a leva para jantar em algum lugar, ela reclama da comida, do atendimento, ou até mesmo das pessoas que frequentam.

–Uhum. A senhora tem toda razão. – murmuro tirando meu celular da bolsa e pondo meus fones de ouvido no último volume.

Assim que saímos do avião, a luz do dia agride meus olhos. Tento procurar um óculos de sol, mas não devo ter trazido nenhum. Assim que minha visão se acostuma, e eu paro de grunhir e me contorcer feito uma vampira, olho para os lados e não encontro a minha mãe falando pelos cotovelos. Fui andando mais rápido, a procura dela, mas fico distraída com uma livraria super diferente, cheia de luzes e com livros até no teto. Ah, se eu não tivesse em plena troca de um avião. Eu entraria lá e compraria tudo o que eu visse pela frente, bem, quem sabe na próxima oportunidade? Quando me dou conta do que realmente estava acontecendo, volto a procurar minha mãe, mas só tinha pessoas de diversos lugares do mundo, andando, falando, gritando e brigando/reencontrando/abraçando/beijando seus filhos/maridos/namorados/parentes.

– Ah, céus, onde essa mulher se meteu?

Começo a procurar-la de um lado pro outro, subo e desço cadeiras, olhando em volta, grito o nome dela, mas ninguém aparece.

– Não acredito, de novo não!

O fato é que minha mãe sempre some quando vamos ao hipermercado. O diferente é que lá eu poderia ir naqueles funcionários que ficam com o microfone e era só falar onde eu me encontrava.

Tentei me concentrar e pensar em onde ela poderia ter ido, mas nada parecia claro na minha cabeça. Não sei se eu já falei, mas tenho claustrofobia, não é em todos os lugares, e nem acontece sempre. Mas acho que ela resolveu aparecer logo agora, por que esse aeroporto está tão cheio que não consigo nem ver qual cor é o chão.

– Calma Cecília. Respira e inspira. 1,2,3,4,5…. - me sentei em uma cadeira, tentando conter a falta de ar. Meu coração palpitava, e eu estava suando feito uma porca prestes a ser abatida. Precisava de ajuda.

Minha cabeça estava latejando, e a sensação essa hora é de que tem alguém pisando no meu peito, comprimindo meus pulmões. Já estou ficando tonta quando deixo a vergonha de lado e puxo pela camisa a primeira pessoa que passa pela minha frente.

O cara olhou pra mim, e percebendo que eu não estava passando bem, sentou-se ao meu lado.

–O que foi? – Ele pergunta em inglês gentilmente em uma voz rouca. E sexy. Extremamente sexy, que não está ajudando em nada a conter minha falta de ar. Balanço a cabeça em negativa e ele se levanta, indo em direção à lanchonete mais próxima de nós dois, e em seguida volta com uma garrafa d’água nas mãos.

– Você não me parece bem, respira um pouco.

– Eu estou com… Um pouco de falta de ar. Des…desculpa o incô…modo. - tentei falar o mínimo possível para não perder o restante de oxigênio que ainda tinha nos meus pulmões.

– Tudo bem, não estou com pressa, meu voo sai daqui a umas 2 horas... Toma essa água e vá respirando aos poucos... com calma... – ele falava lentamente, me deixando relaxada.

Fiz o que ele mandou, e aos poucos fui melhorando.

Depois de uns 2 minutos, controlando a respiração, finalmente quebro o silêncio:

– Obrigada pela água. Precisava mesmo disso.

– Sem problemas. É sua primeira vez sozinha num aeroporto, ou sempre acontece isso?

Por um momento me senti envergonhada. Senti-me ridícula por fazer todo aquele escândalo.

–Anh, sim, é a minha primeira vez. – minto, para não parecer mais patética do que já estava. - E não, faz tempo que não fico assim. Acontece quando eu estou nervosa e em lugares muito cheios, como aqui. Eu acabei me desencontrando da minha mãe. – confesso a ele, olhando para os lados.

– Desculpe ficar perguntando essas coisas. Instinto de médico.

– Não se desculpe! Eu tenho que te agradecer por ficar preocupado comigo... Mas, médico? Não é muito novo não? - ele me olhou como se achasse graça do que eu falei.

– Não sou médico, mas meus pais sim. Eles colocam tanta pressão para eu ser como eles que acabei aprendendo alguma coisa. – ele dá de ombros.

–Ah... – quando o meu nervosismo passa, eu reparo em como ele é bonito. Sua pele é lisa, o que não combina nada para a idade dele, que presumo ser a mesma que a minha. Seu cabelo curto que acabava em um pequeno topete tem tom loiro acastanhado, e a cor de seus olhos verdes e meio castanhos se harmonizam suavemente com o resto do seu rosto. Ele é alto e largo, praticamente o dobro de mim, e isso me faz querer me aninhar nele. Ele usa uma calça caqui, bem parecida com a de um militar, uma blusa preta e um tênis da Nike super cool. Nos olhos óculos de sol estilo aviador.

Ele sorri de lado enquanto eu o encaro. Quando percebo o que estou fazendo, tento disfarçar, mexendo no celular que – graças a Deus – toca.

–Hm, licença. – Afasto-me um pouco e suspiro tomando coragem para atender, por que eu sabia que meus ouvidos seriam estraçalhados. Era minha mãe.

– Alô? - perguntei

– GAROTA, ONDE VOCÊ SE METEU? VOCÊ SABE QUE A SENHORITA PERDEU O VOO NÉ? – afasto o aparelho do meu ouvido, e sorrio ao perceber que a voz dela fica parecida com a de Tico e Teco quando não está grudada na minha orelha.

–Mãe...

–Não acredito nisso. Tanto tempo planejando e você some assim! – ela estava irritada. Muito irritada.

– Mãe, me desculpa. Eu me distrai com uma livraria e...

– SEMPRE ESSES LIVROS NÉ CECÍLIA? Olha, fala com seu pai, porque não to com saco pra você e a sua lerdeza.

– Tá. – finjo que não me magoo com a última parte e espero a voz calma do meu pai aparecer ao telefone.

–Filha?

– Oi pai. Desculpa, eu me desencontrei sem querer e...

– Tudo bem querida, você precisa ser rápida por que o meu avião já vai decolar. Compre a próxima passagem para a Califórnia com o cartão que eu te dei. Eu ia deixar para você começar a usar em quando estivéssemos firmados aqui, mas acho que isso é uma emergência. Vou te mandar a senha por mensagem, por que é mais seguro, e assim que você colocar apague a mensagem tudo bem? Agora preciso desligar porque o avião já vai sair. Boa sorte Cecília!

Volto para as cadeiras e me sento ao lado do garoto que me ajudou.

–Eu acabei perdendo o voo mais recente, então eu vou ter que ir comprar outra passagem... – digo colocando meu celular na bolsa.

–Quer que eu compre para você? Acho mais seguro você ficar sentada...

–Não precisa, você já me ajudou muito! - tento falar de maneira doce (o que é extremamente difícil para mim).

–Claro que não, eu faço questão de ir comprar para você. – nem que eu estivesse passando muito mal, eu não o deixaria comprar. Até porque: a) meu pai me degolaria se eu desse meu cartão para alguém que mal conheço e b) eu já estou me sentindo uma inconveniente.

–Não, não precisa - falei sorrindo para ele, e confesso: flertando um pouco também. Pego a minha bolsa e vou andando. Ele se levanta e corre para ficar ao meu lado.

–Isso é tudo medo de ser roubada pelo bonitão aqui? – ele passa a mão na barriga de um jeito que me faz rir.

–Não, não é. – puxo uma mecha da minha franja para trás da orelha. – Mas bem que eu gostaria de ser roubada. – falo baixinho.

–Como é que é? – ele riu muito alto. A risada dele era contagiante, e logo eu estava rindo da maneira de como ele ria.

–Nada. Deixa pra lá. Mas olha, pensando bem, você está implorando tanto para a mamãe aqui, que eu cedo a você a minha companhia.

Ele está sorrindo e de braços cruzados o que me faz pensar automaticamente ‘’uau’’ e em como os braços deles são quase do tamanho na minha cabeça.

–Ok, vossa majestade. Obrigada.

Ele faz um arco com o braço direito e eu passo meu braço por dentro, engajando com o dele e saímos em busca da minha nova passagem. Nós tentamos sincronizar os nossos passos, o que eu acho que foi idiota, mas com certeza engraçado.

–Hey, reparou que não sabemos nossos nomes? – eu pergunto me distraindo com uma loja de presentes, onde tinha um urso de pelúcia (muito fofo) agarrando um coração com os dizeres ‘‘Se a saudade apertar,é só me abraçar”. Me pergunto se um dia eu vou ter alguém que me dê algo do tipo. Sorrio.

–É verdade. Meu nome é Bond. James Bond. – o olho séria e acabamos rindo de novo.

–Tá, eu começo então. Cecília.

–Cé-cí-lee-ah? – ele pronuncia meu nome com um sotaque muito lindo. Suas sobrancelhas se juntam e ele olha para mim como se eu fosse louca.

–Eu sou brasileira. – dou de ombros – é um nome comum lá...

–Brasileira, é? – ele sorri e um jeito que soaria pervertido se ele não fosse tão gato. Já que ele é muito gato, vamos dizer que ele só sorriu de maneira sexy.

–Argh. Já sei no que você está pensando.

–Eu duvido. Se você acertar eu...

–Você me compra um livro.

Ele ri.

–Ok. Um livro. E se você perder...

Um beijo? Eu torço para ele dizer.

–Um milkshake.

Merda.

–Tá, tudo bem. Hum, vamos ver... – eu tamborilo os dedos da mão livre no queixo, fingindo estar pensando. – Bundas.

O queixo dele cai.

–Mas como?

–Vocês homem são os caras mais previsíveis do mundo. Pensou em Brasil? Carnaval, bundas e praias.

–Nossa. – ele para de andar de repente, o que me puxa para trás sem querer.

–O que? Oh. – eu rio – Desculpa. Não era minha intenção de ofender...

–Desculpe aí sabe-tudo, mas eu que não quero te ofender. Eu não pensei em bundas.

–Não?

–Não. Eu pensei na Amazônia. E agora trate de pegar sua passagem e pagar pra mim o maior milkshake desse aeroporto.

Ele balança as mãos no ar como se fosse um vencedor e eu bato de leve em seu peito, fazendo bico. Mas na verdade não estou chateada. É muito melhor saber que ele pensou na Amazônia do que em bundas. Afinal, esse pensamento é machista e preconceituoso pra caramba.

–Tá, tá bom. Eu não pensei na Amazônia.

–Não?

–Não. Eu pensei em como as brasileiras são hot. (N/A: Eu (Lari) não achei nenhuma tradução eficiente para essa expressão, então eu deixei em inglês mesmo, haha)

Esquece o que eu disse sobre o pensamento machista.

–Ok, então você tem que me dar meu livro! - eu sorrio para ele.

–Não, não tenho. Eu pensei de forma geral, então nada feito.

Suspiro.

–Tá, você tem razão. Mas agora falando sério. - mudo de assunto. -Qual seu nome?

–Christopher. - ele revira os olhos.- É um nome tão idiota!

–Ué, por que?

–Eu não sei. Eu não gosto dele. Chame-me de Chris.

–Okay, Chris.

*

–A próxima passagem para a Califórnia, por favor.

–Não brinca! – Christopher exclama atraindo a minha atenção e atenção da garota que me atendia.

–O quê?

–Você vai dividir voo comigo!


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Notas finais do capítulo

:B