Encarei Ryan com cara de poucos amigos, ou melhor, com cara de quem iria pegar um cabo de vassoura e enfiar no rabo dele. Mas que diabos de desafio é esse? Pra provar que não sou gay? Mas porque logo a Cameron?Não tinha uma menos piranha? Tipo, NINGUÉM! Eu não vou beijar menina nenhuma aqui.

– Ryan! Mas que diabo de desafio é esse garoto? - O fuzilei com o olhar – Eu não posso beijar menina nenhuma e tu sabe muito bem o porque! - Coloquei uma de minhas mãos para frente e fiz cara de desgosto. É, uma posição meio gay.

– Sei? - Ele me olhou confuso. Revirei os olhos e olhei para Cameron que estava com um sorrisinho no rosto. Nem pra ter um feijão no dente dela.

– Mas é claro, querido – É agora que eu mato esse garoto. Coloquei uma de minhas mãos em seu ombro e fiz biquinho. Ai como tô poderosa gente.

– Mas o quê? - Ele arregalou os olhos. Apenas confirmei com a cabeça e olhei para Cameron. Essa me encarava de boca aberta.

– Você é gay? - Ele ergueu uma sobrancelha e cruzou os braços.

– Olha, se for pra ter que te beijar eu viro gay nesse instante – Bufei e voltei a minha posição normal. Ryan me encarou de boca aberta e depois olhou para Cameron. Essa já estava vermelha de tanta raiva.

– Quem você pensa que é pra falar assim comigo, garoto? - Ela levantou um dedo. Ai que medo.

– Sou John, mas isso você já sabe. Agora vaza daqui, anda. - Fiz sinal com as mãos para que ela saísse. Depois de me fuzilar com os olhos e bufar ela foi. Amém.

– O que deu em você cara? - Ryan se colocou em minha frente.

– Nada, só não queria beijar ela. - Dei de ombros.

– Por um momento eu pensei que você era gay e estava gostando de mim – Ele me olhou de lado e pareceu mais aliviado.

– O quê? Não brinca cara – Dei um tapinha em seu ombro e ri de leve. E se for? E se eu realmente estiver apaixonada por você? Não, acho que isso não.

– É... - Ele encarou o chão – Você perdeu o desafio, vou pensar em alguma coisa que tenha que fazer pra mim – Lá vem trabalho escravo.

– Não me coloca pra lavar tuas cuecas – Apontei o dedo da na cara dele.

– Não farei isso, será algo melhor – Ele agarrou meu dedo e sorriu.

– E quem disse que lavar tuas cuecas é bom? - Franzi o cenho.

– As meninas daqui adorariam lavar elas – Eca, que nojo.

– Ainda bem que não sou as meninas daqui – Fiz cara de nojo, Ryan gargalhou e depois saiu.

Fechei os olhos e respirei fundo. Mas o que foi isso que aconteceu agora? Imagina só, eu beijando a Cameron, não, não imagina. Se fosse o Ryan... O quê? Não imagina isso também não! Eu tô ficando louca. Socorro.

Saí do meu transe e fui atrás de Dylan, precisava me divertir um pouco. Dylan estava sentado em baixo de uma árvore, sozinho. Tadinho, vou lá deixar seu dia mais colorido.

– Ei Dyn – Acenei e corri até ele.

– Oi... - Que desânimo.

– Mas que desânimo é esse? - Me sentei do seu lado.

– Não é nada – Aham, e eu sou bonita. Não, pera, é claro que eu sou.

– É sim. Vai, me conta – O cutuquei. Ele sorriu. Adoro quando ele sorri.

– John... Eu acho que tô gostando de alguém – Ele me encarou. Havia tristeza em seus olhos. Poxa.

– Sério? E quem é ela? - Sorri de orelha a orelha.

– Aí é que tá. - Ele encarou o chão.

– Hã? Como assim?

– Eu não sei se devo te contar. Aliás, eu estou muito confuso com isso também – Ele se levantou e seguiu rumo a trilha que eu estava com Ryan mais cedo. O segui.

– Conta cara, sou teu amigo, lembra?

– Eu sei... É sei lá, muito estranho isso – Ele fez uma careta que me deu medo.

– O que é estranho Dyn?

– Esse sentimento – Ele parou.

– Porque? Ela não corresponde? Já falou com ela? - Parei do seu lado.

– Não, nem pretendo falar.

– E porque não?

– Porque acho que... Ah, deixa pra lá. - Ele sorriu. - Vamos dar mais uma volta e por favor, não toque nesse assunto. - Ele voltou a andar.

– Ok. - Sussurrei.

Dylan e eu estávamos conversando animadamente, sobre várias coisas. Eu simplesmente confio em Dylan pra tudo, até pra falar se eu peidei. Não ligo muito. Ok, ligo sim, essas coisas intimas eu guardo pra mim.

Quando voltamos já havia escurecido. Estavam todos ao redor de uma mesa com bastante comida. Era hora do jantar. Vou logo pular a parte em que jantamos e blá blá blá. Quando já estava todos prontos para dormir eu simplesmente congelei. Eu teria que dormir com Ryan, em uma mini barraca, isso não é nada bom. E se ele me agarra lá dentro? Que medo.

Já dentro da barraca, eu esperava Ryan entrar, ele estava lá falando com uns amigos. Enquanto isso eu tremia e suava frio. Porque eu tô nervosa? Ah, deve ser porque eu vou ter que dormir em uma barraca com ele, sozinha. Ok, sem drama Eliza. Você divide o quarto com ele. Mas lá tem duas camas e elas são bem separadas uma da outra. Ai socorro. E pra completar o meu surto, tá um frio aqui. É hoje que minha vida acaba em desespero.

Ryan entrou alguns minutos depois. Ele tava sorrindo. Isso era bom, diminuiu meu nervosismo um pouco. Ele não disse uma palavra, apenas se deitou e ficou me encarando. Resolvi me deitar também. Deitei o mais afastado possível dele. Evitar contato é o melhor. Tratei logo de fechar os olhos, mas quem disse o nervosismo deixava eles fechados? Eu abria toda hora e encontrava Ryan me olhando. Fiquei da cor de um tomate. Escutei Ryan rindo.

– O que foi John? Não consegue dormir? - Ele tá tirando uma comigo, só pode.

– Acho que deu pra perceber isso, não? - Abri os olhos e o encarei.

– Só estava querendo ser legal – Fez cara de chateado. Ai meu Deus.

– Desculpe – Fiz careta. Porque estou pedindo desculpas mesmo? Não fiz nada.

– Tudo bem. - Ryan fechou os olhos e foi minha vez de o encarar.

Após um tempinho resolvi tentar dormir, já que Ryan não reagiu mais, acho que dormiu. Fechei os olhos e o frio aumentou. Comecei a tremer igual vara verde e me encolhi. Mas que droga. Não podia deixar pra fazer esse frio enquanto estava de dia? Não, nada coopera para minha vida. Virei para o outro lado na tentativa de fazer parar, mas não deu certo. Estava inquieta.

– O que foi agora, cara? - Ryan me encarou. Ui, tá nervosinho.

– Frio. - Dei de ombros e continuei me encolhendo mais.

– Vai parecer estranho isso, vou me arrepender depois, eu sei, mas não quer chegar mais pra perto? Você tá quase furando a barraca de tanto se afastar – Ele ergueu a sobrancelha. Não sei me controlar perto demais de você.

– Tenho medo de você – Tremi mais.

– Deixa de besteira. Anda, vem – Ele fez sinal com a mão. Relutante eu me aproximei mais. Ryan deu um meio sorriso e fechou os olhos. - Melhor?

– Um pouco – Sussurei.

Ainda com frio fechei os olhos e tentei dormir, tentei. Quem consegue dormir com um ser desse na sua frente, e ainda tão próximo? Ninguém.

É, esse acampamento promete.