No capítulo anterior:

As mãos afoitas de ambos começaram a se livrar das peças e foi como se eu estivesse bem comigo mesmo, como se tudo estivesse na mais completa perfeição.

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Bella POV.

Os dias não eram suficientes para que eu me sentisse satisfeita com Edward. Nós nos amávamos de forma inconseqüente e louca. Já tinha perdido o número de vezes que transamos sem camisinha, isso fez com que eu voltasse a usar anticoncepcionais. Mas de certa forma era bom, eu preferia ele livre da camisinha, era muito melhor.

Ainda estávamos escondidos, por assim dizer, a única que sabia era Alice, pois nos flagrou na cozinha no dia do chá de bebê dos gêmeos. E desde então ela vinha me cobrando, queria saber como tudo tinha acontecido. E aqui estou eu − depois de me render a Alice, e olha que eu durei muito, foram duas semanas agüentando suas lamúrias, tanto por parte de Edward quanto por mim – chegando ao restaurante que Alice adorava para almoçarmos e eu contar toda a história.

Entrei e escolhi uma mesa, ela disse que iria se atrasar um pouquinho já que estava resolvendo os últimos detalhes do quarto dos gêmeos em sua casa, pois ainda estava na mansão dos pais, a pedido da mãe.

Eu estava de folga pela tarde, só iria dar plantão a noite, o contrário de Edward, que estava pela manhã e ainda enfrentaria uma tarde de pacientes. Eu já havia atendido meus pacientes mais cedo. Então, Alice chegou, acenei para ela e a baixinha se aproximou. Abracei-a de leve, já que seu imenso barrigão não deixava direito.

- Como vão esses bebês? – a indaguei, acariciando sua barriga.

- Estão quietos, por incrível que pareça – sorriu – Vamos escolher? Estou faminta. – disse e chamou o garçom – Finalmente o quarto deles está pronto!

- Que bom! – sorri – O quarto deles na mansão a sua mãe que aprontou todo, não é?

- Sim, sim... Ela não me deixou palpitar em nada! – choramingou.

- Imagino que isso deve ter sido um suplício pra você, né? – ri.

- Não ria! – ralhou comigo, mas sorrindo – Você irá sentir na pele quando for a sua vez. – disse, debochada.

- Ai... Credo! – fiz careta – Eu não pretendo me casar e ter filhos tão cedo, Alice. – falei seriamente, mas me peguei imaginando a cena: eu com um barrigão e com Edward sorrindo bobo com as mãos sob meu ventre.

- Aham... Sei. – Alice falou, incrédula – Mas falando nisso... Pode ir me contando tudo, você e Edward me enrolaram muito. – disse, séria.

Tomei fôlego, ela não me deixaria em paz se eu não contasse. Então comecei a narrar toda a história, não havia motivos para esconder os detalhes a ela, eu confiava bastante em Alice.

Contei dos nossos desentendimentos, da nossa primeira vez no meu consultório e Alice abriu a boca num “O”. Então falei sobre meu relacionamento com James – já que infelizmente ele estava envolvido – e sobre como eu descobrir estar apaixonada por Edward. Contei das vezes que transamos no ano novo e depois disso... E finalmente disse como percebemos que estávamos realmente nos amando.

Alice me fitou intensamente e sorriu feito boba. Limpou uma lágrima teimosa e me contive para não rir, hormônios de grávida eram foda.

- Nossa... – ela disse, ainda sorrindo – Que avalanche emocional!

Então eu ri.

- Realmente, Allie – disse.

- Acho que se fosse eu, não agüentaria. Já teria confrontado Edward há muito tempo... – disse, afoita – Mas vocês são iguaizinhos em certos pontos, são dois confusos e teimosos. – riu.

Eu apenas assenti sorrindo. Nossos pedidos chegaram e comemos conversando coisas amenas. Pedi a conta quando havíamos terminado e Alice brigou comigo, querendo pagar, então para ela não se estressar, pedi para dividirmos meio a meio e ela aceitou, a contragosto.

- E quando vocês irão se assumir? – me indagou, quando saíamos do restaurante.

- Não sei... – falei, sincera – Ainda não discutimos isso... Mas sabe, está tudo tão legal só entre nós... – suspirei.

- Eu compreendo – ela disse, afagando meu braço – Vocês é que decidem, pelo menos eu vou poder dizer que já sabia desde o início. – piscou, marota e eu ri.

- Vou levar você até em casa, espere aqui que vou pegar o carro. – disse, já que ela não estava dirigindo e Jasper que a trouxe até aqui.

Fui até o estacionamento e tirei meu carro da vaga, quando parei a frente do estabelecimento, percebi que Alice estava com uma expressão de dor e sua mão estava no ventre, como se estivesse segurando algo.

- Você está bem? – perguntei, assim que ela entrou no carro.

- Estou sentindo as contrações. – disse, respirando fundo.

- Quer ir ao hospital? – indaguei, preocupada.

- Não... – disse – Já fui três vezes lá essa semana, alarme falso. – deu de ombros.

Então prestei atenção nela, sua barriga estava baixa demais.

- Alice, você está perdendo liquido? – perguntei, séria.

E ela me olhou, alarmada.

- Que eu saiba não. – disse, assustada.

- Sua barriga está mais baixa que o normal. – falei, começando a dirigir – Vamos ao hospital agora. – disse, firme – Vá ligando para o Jasper.

Dirigi feito bala e chegamos ao hospital em tempo recorde. E demos sorte de encontrar Edward na emergência.

- O que houve? – ele me indagou, assim que viu a irmã.

- Ela não percebeu que está perdendo líquido e a barriga dela está descendo – falei depressa.

- Então não iremos perder tempo! – ele disse e já foi encaminhando Alice.

A baixinha estava tão nervosa que nem conseguiu ligar para o marido, então eu tratei de ligar para a família toda. Carlisle também estava aqui e logo apareceu. Sem demora Alice já estava num quarto e já tinha feito vários exames, e estes haviam constatado o que eu percebi. A médica dela chegou rapidamente e já estava organizando tudo para o parto. Esme e Elizabeth já estavam aqui, Jasper também. Rose e Emmett também, a pequena Anna estava na escola.

Minha mãe estava trabalhando também e passou rapidamente só para desejar boa sorte para Alice, assim como papai. Estavam todos no quarto da pequena, e ela estava muito nervosa, assim como Jasper. De repente a doutora Baker chegou e se assustou com a quantidade de pessoas dentro do quarto.

- Alice está tudo pronto no centro cirúrgico, teremos que fazer um parto cesariano querida, não podemos fazer o normal, ok? – ela disse.

- Tudo bem doutora – ela disse, chorosa – Eu só quero que meus filhos venham com saúde.

- E eles virão, querida. – ela disse – Alguém irá assistir ao parto?

- Eu gostaria que a Bella assistisse. – Alice pediu, encarando-me.

- Eu? – perguntei, surpresa.

- Sim, se não fosse por você eu nem teria percebido nada – ela disse.

- Ah... – murmurei apenas – Mas e o Jasper? – perguntei.

- Não sei se eu irei agüentar. – ele mesmo que respondeu – Estou muito nervoso e a Alice acha melhor eu ficar aqui.

Então eu assenti, iria assistir ao parto de um dos meus afilhados. Sem demora Alice foi levada para o centro cirúrgico e eu fui colocar a roupa apropriada para ficar lá dentro, Edward estava ali e me observava atentamente.

- Estou tão nervosa... – falei, suspirando ao final.

- Nunca assistiu a nenhum parto? – ele me indagou.

- Sim, vários... Mas parece que esse é diferente, sei lá. – respondi.

- É porque esse tem um peso emocional. – ele disse, afagando meu rosto – Mas vai dar tudo certo, a Dra. Baker é ótima e segundo ela está tudo sob controle. – falou com convicção.

- Você acha? – perguntei, sentindo-me mais nervosa ainda.

- Claro. – respondeu, sorrindo – Só dê apoio a minha irmã, ok? Contamos com você.

Eu assenti com a cabeça, incapaz de dizer qualquer coisa. Edward me abraçou forte e me beijou de calidamente. Encaramo-nos por fim e ele deu um beijo em minha testa, então saiu, iria desmarcar alguns pacientes e ficaria na sala de espera com o restante da família.

Adentrei ao centro cirúrgico e fui até Alice, ela já estava preparada e também já haviam aplicado a anestesia. Segurei sua mão e lhe disse palavras de conforto. A médica entrou e então começou o procedimento. Mesmo com o campo simples* empatando a visão dela, eu consegui visualizar o corte e o sangue jorrar.

Alguns segundos depois ouvimos um chorinho agudo invadir o ambiente, então não consegui me controlar e as lágrimas caíram,  Alice também chorava.

- É a menina – disse a médica – Gostaria de fazer as honras, Dra. Swan? – ela me indagou.

- Volto já, Alice... Só vou cortar o cordão umbilical da Jenny – disse a baixinha que assentiu.

Foi uma emoção gigantesca ver aquele ser pequeninho e sujo de sangue, ainda chorando, cortei o cordão umbilical e entreguei a uma das enfermeiras presentes. Então voltei a Alice e logo a enfermeira trouxe a bebezinha para a mãe ver.

- Minha pequenininha, bem vinda ao mundo Jen – Alice falou, emocionada, e beijando a testa suja de sangue da bebê.

Poucos segundos depois ouvimos o segundo choro, forte e também agudo. A doutora Baker me chamou novamente e eu fui receber o meu afilhado, as lágrimas caíam livremente pela máscara que eu usava, mas consegui cortar o cordão dele também. Entreguei-o a enfermeira e ela o colocou num manto, e o levou até a Alice, que ainda estava com a Jenny no colo.

Ela o pegou e também o beijou. Uma das enfermeiras tirou uma foto da Alice com os dois bebês e comigo. As enfermeiras pegaram os bebês para os exames de praxes e para limpá-los. Enquanto isso a médica suturava Alice e a limpava.

- Você foi incrível, Alice – falei a ela – Meus parabéns, eles são lindos.

- Vá avisar ao Jasper, Bella – ela pediu.

Eu assenti e dei um beijo na testa dela. Dei uma última olhada nos bebês e saí da sala de cirurgia. Limpei as lágrimas teimosas e fui até onde todos esperavam.

- Parabéns papai! – disse, chegando a sala e abraçando Jasper – Eles são lindos. – falei.

Jasper começou a chorar e todos o seguiram, ele ria e dizia: “Eu sou pai! Eu sou pai!”. Então um par de mãos me puxou do meio do tumulto, reconheci imediatamente, era Edward. Ele me abraçou fortemente e tomou meus lábios de forma urgente, eu estava tão emocionada e envolvida que nem me toquei que estávamos a frente de todos.

Ficamos abraçados e nos beijando de forma tão apaixonada que perdemos a noção, até que ouvimos um pigarro e nos soltamos. Minhas bochechas queimaram instantaneamente, e então todos os Cullen e Hale nos olhavam de forma maliciosa, porém felizes.

- Antes que todos perguntem – disse Edward, quebrando o silêncio – Sim, estamos juntos. – sorriu.

- Que notícia maravilhosa, meu filho! – disse Esme, e veio nos abraçar.

Edward pegou minha mão e não desgrudou mais. De certa forma, era bom que todos soubessem mesmo.

Algum tempo depois Alice foi levada para o quarto e estava meio grogue por causa da anestesia. Jasper já tinha corrido para ver os bebês assim como toda a família. Eu já havia trocado de roupa e estava com Edward.

- Foi incrível presenciar tudo – falei, pois ele me indagou como tinha sido – Cortei o cordão umbilical dos bebês, peguei-os no colo por um breve segundo, eles são muito lindos. – disse sorrindo.

- Imagino – ele disse, sorrindo bobo – Deve ser emocionante mesmo.

Então me veio um fato: Elizabeth estava grávida de Edward quando descobriram a leucemia, na verdade ela perdeu o bebê por causa da doença. Então me senti mal de repente. Se não tivesse acontecido tudo isso, ela seria mãe de um filho dele e ambos ainda estariam casados, provavelmente teriam outros filhos e seriam felizes... Senti-me ocupando o lugar dela.

- O que foi? – Edward me indagou – Ficou com uma expressão estranha de repente.

- Nada. – menti – Besteira que veio a minha cabeça – desconversei.

Ele me fitou desconfiado, mas não prolongou o assunto.

Alice ainda ficaria mais alguns dias no hospital. Eu fui para o apartamento com Edward. Fomos diretamente para meu quarto, eu queria descansar um pouco antes de ir trabalhar. Ficamos assistindo a um filme bobo na TV, mas minha mente estava a mil por hora... Eu queria me concentrar em Edward, mas sempre ficava imaginando como as coisas seriam se a Lizzie ainda estivesse viva.

O restante da tarde se passou depressa, então comecei a me arrumar para trabalhar. Edward me observava, é claro.

- Você está estranha desde que saímos do hospital, Bella – disse ele – O que houve?

- Já disse que não foi nada – menti novamente – Não precisa se preocupar com isso.

Ele me encarou desconfiado, mas eu fiz a minha melhor expressão de “você está imaginando coisas”, então ele suspirou e mudou de assunto.

- Vai passar na Alice antes de começar a trabalhar? – ele me indagou.

- Sim – respondi – Vou dar um beijo nela e nos gêmeos também.

Peguei minhas coisas e me despedi dele com um beijo rápido. Ele ficaria aqui no apartamento, já era comum dormimos na casa um do outro. Então saí para trabalhar, ainda invocada com os meus pensamentos idiotas.

[...]

Alice saiu do hospital três dias depois do nascimento dos gêmeos, e eles também tiveram alta no mesmo dia que ela. Jennifer Claire Hale tinha poucos cabelos e estes eram loiros, também tinha os belos olhos azuis do Jasper e todos diziam que ela era parecida com ele, mesmo sendo só uma recém-nascida. David Thomas Hale tinha muitos cabelos, parecia um ursinho, e estes eram escuros como os da mãe, também tinha os olhos azuis do Jasper e também era muito parecido com o pai.

A nova mamãe exigiu que fosse pra casa, não que ela não gostasse de ficar com os pais, mas queria curti-los, ter todas as experiências de marinheira de primeira viagem. Eu concordo com ela, Alice tem todo o direito de querer curtir a maternidade com o marido.

Saindo desse assunto, a família inteira ficou em êxtase com a notícia de que eu e Edward estávamos juntos.  Esme faltou construir um altar pra mim, nem ao menos perguntou como tudo aconteceu, ela só disse que estava muito feliz, pois fazia anos que ela queria ver seu filho caçula tão bem como ele está agora. Senti-me comovida com isso, eu era a razão de Edward estar saindo de uma depressão de oito anos.

Os dias começaram a se passar tão depressa... Edward e eu estávamos tão bem. Não havia dia que eu não suspirasse ao vê-lo, ou ficasse feito boba rindo sozinha. Já fazia um mês que estávamos juntos. Não tínhamos o rótulo de namorados, mas não era preciso isso.

Eu estava chegando ao refeitório, precisava comer depressa que ainda teria dois plantões para dar. Estava na fila, completamente distraída e me assustei quando alguém tocou meu braço.

- Ai que susto! – reclamei – Oi James. – sorri, um tanto constrangida.

Lembro-me quando James me viu com Edward no estacionamento, eu e ele estávamos aos beijos e quando nos soltamos percebi que alguém nos observava, não precisei procurar muito e encontrei o olhar doloroso de James sob nós dois, ele não disse nada apenas sorriu. Um sorriso triste, e eu me senti mal por isso. Eu sei que fui honesta com ele e tudo mais, só que não gostava de fazer as pessoas sofrerem por mim.

- E aí, como está? – ele me indagou.

- Estou bem e você? – rebati a pergunta.

- Levando – respondeu, dando de ombros.

Mordi os lábios, tensa, mas não disse nada.

- Que bom que você seguiu o meu conselho – ele disse – Fico feliz por você e por... Edward. – falou meio ressentido.

- Er... Obrigada. – falei – Não queria que as coisas tivessem acontecido desse jeito.

- Sem problemas Bella, eu não de guardar ressentimentos. – ele disse, sorrindo torto – É sério que me sinto feliz por você estar bem, é só isso que me importar... O seu bem estar.

James era um cara incrível. Sorte da mulher que ganhar o coração dele.

- Você é incrível – falei, comovida com suas palavras.

- Obrigado Bella – ele riu – Se você está feliz, eu estarei feliz. Só quero que Edward a faça feliz, você merece isso. – disse sério.

- E você também merece, James – disse, sincera.

- Obrigado novamente.

Chegou a minha vez de me servir, então voltamos ao silêncio. Coloquei o que eu queria em meu prato e paguei, sentei-me sozinha numa das mesas e estava distraída – pra variar – quando Edward chegou de repente, assustando-me.

- Você tem que parar com essa mania. – choraminguei.

- Você tem que parar de ser distraída. – rebateu, e eu revirei os olhos enquanto ele ria – O que você tanto pensava? – me indagou, tomando um gole da minha soda.

- Estava pensando na conversa que tive agora pouco com James. – falei.

- Você conversou com James? – indagou, e um vinco formou-se em sua testa.

- É... – suspirei – Ele veio dizer que estava feliz por eu estar feliz.

- Nenhum cara fica feliz quando uma mulher o chuta pra ficar com outro. – ele disse, sério.

- James é diferente, Edward – defendi-o.

- Aham... Sei. – ele disse, incrédulo.

- Ok, não irei discutir com você. – falei.

- Não é necessário, amor... Deixe James comigo. – falou, sorrindo maroto.

- Não quero brigas, Edward. – pedi.

- Nem eu. – disse sério – Mas se ele se atrever a tentar algo contigo...

- Edward! – repreendi-o – Ele não vai tentar nada. – falei séria – Eu já estava apaixonada por você quando comecei a sair com ele. – confessei.

- Sério? – me indagou, com um brilho diferente em seus olhos.

- Sério. – bufei – Agora podemos esquecer esse assunto? – pedi, enfadada.

- Tudo bem – aceitou e me deu um beijo rápido.

Eu terminei de comer com Edward ali, ele já havia almoçado, então assim que acabei. Saímos do refeitório de mãos dadas. Senti que estava sendo observada, mas deixei pra lá.

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Campo simples*: o nome do pano que estendido a frente, impossibilitando do paciente visualizar qualquer coisa.

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