Depois do quase-beijo, Juliana admitiu a si mesma que havia ficado confusa.Ao mesmo tempo que ela se sentiu aliviada por ter sido interrompida, ela no fundo, queria ter dado aquele beijo, sempre sentiu uma coisa por Benjamin, mas não tinha coragem de admitir isso e ele sabia.

Por outro lado, Benjamin, que sempre amou sua melhor amiga, não sabia que ela gostava dele também, mas sabia que mesmo que ela gostasse, nunca ia dizer pra ele, embora ele pensasse que um dia, ela fosse ceder e lhe dar o tão aguardado beijo, além de perceber que ela também era insubstituível.Porém, Juliana tinha medo de que um dia, fosse se separar de Benjamin pra sempre, já que ela queria ser bióloga marinha e estava um ano à frente dele, ou seja, ia se formar antes dele.

–Não seja boba Juliana, tá na cara que vocês foram feitos um pro outro.Ah, se eu tivesse com o seu pai naquele dia, não teria deixado ele interromper vocês dois, acho que teria resultado em alguma coisa.-disse a madrasta de Juliana, quando a menina lhe contou o que pensava.

–Mamãe!

–O que foi? Não resta dúvidas que vocês se amam, só que você não quer admitir.Então por quê não dá uma chance pra ele?- Apesar de não ser a mãe legítima de Juliana, ela conhecia a menina muito bem, sabia quando ela mentia.

Mais tarde, naquele mesmo dia, depois do jantar, Juliana foi ver se Benjamin havia postado uma nova frase no Facebook, não havia postado outra frase, mas compartilhou umas coisas bem bonitas, e quando ela estava prestes a fechar o Facebook, ele apareceu na janela de bate-papo.

–Oi Ju,tudo bem? Queria saber se o seu pai te botou de castigo naquele dia.

–Não, tá tudo bem, ele só ficou meio bravo na hora, mas já esqueceu, nem castigo ele me botou.

–Ah bom, porque se ele te botasse de castigo por minha causa, acho que eu ia ter um troço.

–hahaha, não precisa se preocupar!

–Tudo bem então.

Atormentada pelo incentivo de sua madrasta de dar uma chance pra ele, ela ficou cerca de um minuto sem falar com ele tentando resistir à vontade de pedir ele em namoro, ainda mais porque pela internet não é muito convincente, mesmo assim, depois de um minuto, ela pensou "que mal haverá?" e digitou:

–Posso te fazer uma pergunta?

–Claro.

–Mas seja sincero.

Ao ver a palavra sincero o garoto sentiu um frio na barriga e percebeu a seriedade da pergunta, mas ele sabia ser honesto mesmo, então digitou:

–Tá legal.

Durou cerca de um minuto pra ela conseguir digitar e enviar a mensagem:

–Eu sei que eu sou feia, atrapalhada, tenho um monte de defeitos, mas apesar disso, você namoraria comigo?

Benjamin quase caiu da cadeira, dois dias depois daquele quase-beijo ela vem e o faz uma pergunta que ele nunca imaginou que ela fosse fazer, será que eles quase terem se beijado fez ela perceber que eles têm sentimentos um pelo outro? Entretanto, ele se recuperou do susto e imediatamente digitou pra ela:

–Sim, claro que sim.

–Tá falando sério?

–Eu tô, você tá?

–Claro.

Como ele não conseguiu pensar numa nova frase pra digitar pra ela, ela digitou pra ele alguns segundos depois:

–Espera aí, eu já volto.

–Ok.

Ele ficou pensando no que ela foi fazer quando disse que era pra ele esperar, será que o pai dela mandou ela fazer alguma coisa? Será que ela foi chamar alguém pra ler a conversa deles? Suas dúvidas sumiram depois que ela colocou na linha do tempo do Facebook dela que eles estavam namorando, e havia enviado pra ele uma solicitação pra confirmar, e ele aceitou. No que ele aceitou, em menos de um minuto muitas pessoas curtiram e comentaram, coisas como "Aleluia", "Já não era sem tempo", "Amém", "Puxa, que bom", entre outras coisas, depois enquanto eles recebiam curtidas e comentários, ela ainda digitou:

–Amanhã eu posso ir aí na sua casa pra falar com sua mãe?

–Claro, eu aproveito e peço pra ela preparar um prato pra você, aí você almoça aqui e quando voltar, não vai ficar com fome.

–Tá bom então, bjs.

–Outros mil pra você.

Por muito pouco que Benjamin conseguiu enviar a mensagem pra Juliana, porque àquela altura, eles já tinham recebidos tantos comentários e downloads que deu pane no servidor deles, o que os deixou chocados com a alegria repentina deles, mas ele também ficou tão feliz que dormiu sorrindo, que ia de orelha a orelha.

No dia seguinte, Juliana, como combinado foi à casa de Benjamin, mas não conseguiu contar a verdade pra Carla.

–Ai, eu tô com muita vergonha, não consigo falar.-ela disse à Benjamin.

–Quer que eu fale?-ele disse.

–Tá bom, se você conseguir.-ela riu.

–Falar o quê filho? Me conta que eu tô ficando nervosa já.-disse Carla.

Eles se olharam com um sorriso, Benjamin a abraçou e disse:

–A gente tá namorando!- ele confessou, sorrindo.

Como era de se esperar, a reação de Carla foi boa, ela deu um abraço nos dois, desejou felicidade e deu os parabéns aos dois, sorrindo, e foi servir o almoço deles.

Terminado o almoço, Benjamin e Juliana ficaram na maior zoeira, ele ligou o seu DVD no karaokê e os dois ficaram cantando músicas no último volume, depois ela mexeu no Facebook dela no computador dele, ele ainda mostrou as frases que ele prometera mostrar e quando foi na hora de sair, ele tentou dar um beijo nela, mas antes que ele o fizesse, ela disse:

–Olha Benjamin, eu andei pensando durante a noite e, você sabe como meu pai é, não sabe?-ela perguntou.

–Sei, ele é português e meio pão-duro.-ele disse, rindo.

–Pois então, ele com certeza não ia gostar de saber disso, talvez se eu fosse maior de idade, tivesse 18 anos, talvez ele até deixasse a gente namorar em paz, mas eu acho que ele não deixaria, então, acho melhor a gente começar a namorar depois da faculdade, que aí, eu já vou estar com carteira de motorista e com toda a liberdade.Você me entende né?-ela perguntou pra ele, séria.

Ele respondeu que sim com a cabeça, mas sentiu um nó na garganta e teve a impressão de seu coração estar se desmanchando.Ela nada disse, apenas depois que ele afirmou que entendia, deu-lhe um beijo no rosto, virou-se e foi embora, Benjamin fechou a porta atrás dela chorou muito, além de se debater pra todos os cantos ao redor da porta.Ele até entenderia se ela tivesse dito pra ele que não podiam namorar ainda, mas agora ela pede ele em namoro e depois dá o fora nele? Aí já era diferente, ele se sentiu um otário.No dia seguinte, Benjamin entra na escola com os olhos vermelhos e com olheiras escuras, todo abatido, muitas pessoas pensaram que ele havia usado drogas, já que ele não quis comentar com ninguém sobre o motivo, mas Paulina, sua colega de sala e a melhor amiga dele naquele colégio, de tanto insistir, acabou convencendo o garoto a falar a verdade. Quando ele acaba de contar, ela o consola:

–Calma, eu sei que tá doendo mas vai passar.Você vai ver, vai passar, calma.-dizia ela.

Quatro dias depois, Benjamin está sentado sozinho no pátio da escola durante o recreio e Paulina decide conversar com ele.

–Oi, tá tudo bem com você?-ela perguntou.

–Claro, por quê não estaria?- ele disse, forçando um sorriso.

–É que ainda há pouco você estava triste e calado, ainda bolado com o que aconteceu.- ela disse.

–É, mas só de ver você aqui comigo já me tornou um pouco mais feliz.-ele disse, virando o rosto para o outro lado.

–Ah, pára com isso.-ela disse, rindo.

–É sério.Desde que você me consolou naquele dia, eu tenho me sentido mais feliz e mesmo não esquecendo dela, eu consegui lidar bem com ela, já superei.-ele disse.

–Já superou?-brincou Paulina-Rápido hein?

–Graças à você. Você tem um sorriso que me fascina, seu abraço me conforta, sua voz me hipnotiza, tudo em você me faz bem.- e ele segurou o rosto da menina com as mãos, ainda bem que o sinal já havia tocado e o pátio estava quase vazio, se alguém visse, não ia se importar, e ele, querendo voltar pra aula, se adiantou:

–Eu acho que eu tô me apaixonado por você.-ele disse, num tom de sussurro, e logo os dois se beijaram, pelo menos daquela vez seria pra valer, já que ela cedeu também.

Voltando pra sala, Benjamin estava bem feliz com sua nova namorada, e todos estranharam ele estar tão feliz, mas ninguém comentou.