Can I love you? — Clary & Jace escrita por Giovana Serpa


Capítulo 2
British Prince?


Notas iniciais do capítulo

Gente, como já teve alguns reviews, eu decidi já aprontar mais alguns capítulos da história pra postar hoje. Espero que gostem desse, boa leitura.

Enjoy!



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— Então quer dizer que o nome da banda mudou de novo? – perguntei, balançando meu copo de milk-shake de morango. – Seus bipolares

Simon fez uma careta para mim, e eu dei de ombros.

— Como se chama agora? – continuei, bebendo o último gole daquele delicioso néctar dos deuses. – Panqueca Enegrecida?

— Não – ele grunhiu, me fazendo rir. – Se chama Desacato Nuclear.

— Nossa – balancei a cabeça. – Vocês se superaram dessa vez. Um desacato nuclear... Quem imaginaria? Mas, é o que dizem, o que importa é a música.

— Bem, estou feliz por você ter vindo, de qualquer modo – ele sorriu e olhou para o pequeno palco de madeira do Java Jones. – Quem sabe isso daqui tem um futuro.

— É, quem sabe? – concordei. – Simon, é melhor você ir antes que eles comecem sem você.

— Tem razão – ele se levantou e sorriu nervosamente para mim. – Obrigada, Clary.

Sorri de volta para ele e o observei ir para trás do palco, com pulinhos hesitantes. Ele sempre ficava assim antes de um show, e agora chega a ser engraçado o jeito como ele fica nervoso.

O show estava demorando para começar. Eu pedi mais dois milk-shakes, para que os outros pudessem vir de graça. Pedi de todos os sabores possíveis, e me lembro de ter bebido cinco antes de o show começar e sete antes de a porta se abrir.

Era incomum haver pessoas entrando no Java Jones depois que escutam a música (que, eu admito, não é lá das melhores), eles geralmente se afastam e procuram outro bar. Por conta disso eu olhei para trás assim que escutei o pequeno sino acima da porta tocar quando ela se abriu, revelando um garoto alto, bonito e moreno que tinha os olhos azuis mais brilhantes que eu já vi. Ele rodou os olhos por todo o bar, deu de ombros e entrou. O acompanhando havia uma linda garota que se parecia com ele, com longos cabelos negros e olhos grandes, mas os dela eram escuros. Mas não foi neles que eu reparei primeiro. Foi no outro garoto que os seguia como se fosse o cara mais importante do mundo.

Ele era diferente dos outros dois. Tinha os cabelos dourados e olhos de uma cor que eu não conseguia identificar de longe. Os outros dois poderiam soar confiantes, mas ele parecia algum tipo de príncipe da Grã-Bretanha que não tinha preocupações na vida, apenas gastar o dinheiro da família enquanto os parentes governavam todas aquelas pessoas.

Pensando bem, ele parecia mesmo ser da Inglaterra ou algo do tipo.

Desviei o olhar quando os três se sentaram a algumas mesas de mim. O garoto moreno parecia entediado, a garota tinha cara de quem procurava encrenca e o espetacular príncipe britânico sorria para tudo à sua volta.

Espera, eu estava aqui por algum motivo além dele, não estava?

Voltei a atenção para o palco enquanto a Desacato Nuclear tocava uma música que ameaçava destruir meus tímpanos. Quer dizer, Simon era bom e tudo mais, mas todo o resto da banda era tão... horrível.

Mais uma música acabou e eu forcei-me a bater palmas. Pude perceber que o novo trio não bateu palmas ou sequer demonstrou algo que não fosse sarcasmo. Aquilo produziu um tipo de raiva moderada em mim.

Um pensamento estranhamente desagradável me ocorreu: o garoto loiro deveria ser namorada da garota morena com cara de modelo russa, e o garoto moreno deveria ser irmão dela. Por que eu não havia pensado naquilo antes? Idiota. Não, espera. Por que eu sequer me importava com aquilo? O garoto loiro era lindo e tudo mais, mas ele parecia arrogante e cheio de si. E, aliás, ele nunca repararia numa garota como eu. Ninguém repararia.

Bufei para mim mesma e bebi um gole do meu milk-shake de amora. Idiota.

— Então, o que achou?

Me sobressaltei com o susto e olhei para cima. Era Simon, sorrindo em expectativa para mim. Retribuí o sorriso e assenti.

Você foi ótimo – falei, enquanto ele se sentava ao meu lado.

— Isso quer dizer que a música foi horrível, eu fui bom – ele estufou o peito, como se sentisse muito orgulho de si mesmo.

— Mais ou menos isso – assenti, olhando de rabo-de-olho para a mesa onde estavam as três pessoas mais bonitas que eu vi naquele ano inteiro.

Simon pareceu perceber meu olhar e o seguiu. Depois virou-se novamente para mim e franziu as sobrancelhas.

— Nunca os vi aqui antes – falou.

— Nem eu – murmurei. – Acho que me lembraria de ter visto pessoas que se parecem com modelos ou gente da realeza.

— Realmente, aquela garota é linda.

Assenti, estranhamente relutante.

— Como pode presumir – falei – me interessei mais num dos garotos. O loiro, pra ser mais específica. Ele é tão... uau.

Simon fez uma careta e olhou para o palco.

— Tenho que ajudar os caras a guardar os instrumentos agora – ele disse, se levantando. – Já volto, Clary.

— Ok – assenti.

Simon sumiu atrás das cortinas. Apertei um botão do meu telefone para ver as horas, eram dez e duas da noite. Eu tinha mais alguns minutos livre até que devesse ir para casa.

— Mais um, Clary?

Olhei para cima para encarar Joe, um garçom bonito do Java Jones pelo qual eu já tivera uma quedinha na oitava série, nas primeiras semanas que ia àquele bar.

— De morango – respondi. – Vai ser o último, se quer saber.

Ele sorriu.

— Pois é, estamos ficando sem estoque – falou.

Ri um pouco e ele se afastou, indo na direção da cozinha.

Olhei para a tal mesa. Eles estavam rindo de alguma coisa e comendo nachos. Por que eu sentia que desmaiaria de tensão se não falasse com eles? Enfim, com certeza eu não faria isso.

Resolvi pensar nos meus problemas, isso sempre acalmava meus sentimentos quando eu estava perto de um garoto pelo qual eu sentia atração.

Suspirei e peguei minha bolsa na cadeira ao lado. Assim que Joe chegou com meu milk-shake, me levantei e disse:

— Fale para Simon que eu tive que sair mais cedo porque minha mãe está com um... probleminha em casa.

Joe assentiu e eu corri para fora, me segurando para não dar uma última olhada no garoto loiro.

***

Estava frio. Eu caminhava pelas ruas, muito longe do Java Jones. Mexia no celular, o que é sempre um erro quando você mora em Nova York. Sempre vai ter alguém nos becos disposto a roubá-lo de você.

Parei subitamente numa rua quase deserta, olhando em volta para tentar lembrar onde eu estava. Geralmente eu só seguia em frente, sem perceber para onde estava indo.

Eu não conhecia aquela rua. Era escura demais até para os padrões do Brooklyn, e tinha casas elegantes e de vários andares. Certamente pessoas importantes moravam ali.

Suspirei e guardei o celular na bolsa. Mesmo naquela rua elegante ainda haviam becos aparentemente perigosos, e eu já até conseguia imaginar um monstro saindo deles.

Aconteceu tão de repente que eu mal pude ver com clareza.

De repente havia um homem fedorento tentando arrancar a bolsa de mim. Ele a puxava com força demais, me fazendo ter que me esforçar bastante para tentar ficar com ela. Não podia deixa-lo pegar a bolsa, meu precioso celular, um caderno para esboços e um valioso estojo de lápis estavam lá, além das minhas chaves e o único cartão de crédito válido da minha mãe.

— Saia! – gritei. – Saia daqui!

O mendigo grunhiu, e eu tentei dar um chute nele. Mas, você deveria saber, eu sou péssima em chutes. Minha perna voou para frente inutilmente e o mendigo pareceu rir da minha cara.

— Você não tem nada melhor para fazer? – perguntei, puxando a bolsa o mais forte que conseguia. – SOLTE. A DROGA. DA BOLSA. AGORA.

Eu tentei um chute novamente, e eu até pensei que havia funcionado quando o mendigo voou para trás e caiu no chão. Eu afastei o cabelo do rosto com um assopro, assustada com a situação e com o fato de eu ter acertado pelo menos um chute.

Mas, como eu disse, sou horrível em chutes e era impossível que houvesse sido eu quem havia o derrubado.

Olhei para o beco, e tive vontade de correr. Parado atrás do mendigo caído estava ele. O príncipe britânico. O cara de lindos cabelos dourados. Ele estava sorrindo sadicamente para o velho caído que grunhia de dor. Depois de um instante virou seu olhar para mim.

— Olá, senhorita – disse. Fiquei meio decepcionada quando não encontrei o sotaque inglês. – Parece que o cavalheiro aqui salvou a donzela em perigo – ele estendeu a mão para mim e eu a apertei hesitantemente. – Sou Jace Wayland.

Forcei um sorriso fraco, tentada a olhar para o mendigo caído, mas não conseguia parar de olhar para os olhos dourados daquele cara.

— Clary Fray – falei, feliz por minha voz não ter falhado.

— Clary – ele pareceu refletir sobre o assunto. – Nome interessante.

Senti minhas bochechas corarem.

— Na verdade, é Clarissa – murmurei. – Mas eu prefiro Clary.

Ele deu de ombros.

— Então tá, Clary.

Olhei para nossas mãos. Ainda estavam entrelaçadas num aperto confiante dele e num aperto suado meu. Soltei a mão dele rapidamente e olhei para baixo, na direção do mendigo. Mas ele não estava mais lá. Ele havia corrido para longe, provavelmente com medo de Jace.

— Obrigada – falei. – Não poderia perder esta bolsa.

— Não foi nada. Eu vivo salvando garotas ruivas – ele sorriu.

— Imagino que sim. Enfim, eu... tenho que ir.

Me virei para ir embora, me perguntando onde estavam os outros adolescentes que o estavam acompanhando antes e por que ele estava ali naquele beco, mas não me senti motivada a perguntar. Eu estava cansada e assustada, precisava ir para casa. Comecei a andar na direção oposta à do mendigo, mas fui interrompida pela voz dele:

– Espera aí, eu acabei de salvar sua bolsa tão preciosa, mereço uma conversa descente, não?

Suspirei e me voltei para ele. Estava começando a me irritar um pouco.

— Que tal voltarmos do Java Jones? – ele falou. – Eu te vi lá, sabia? Venha, vamos.

Ele envolveu meus ombros com o braço e caminhou rapidamente para longe do beco. Eu deveria estar em casa às onze, e se fosse com ele com certeza não estaria.

Mas, bem, eu não diria que era uma péssima ideia.

O segui de volta até o Java Jones.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado, Caçadores de Sombras lindos ♥ Mandem reviews