Can I love you? — Clary & Jace escrita por Giovana Serpa


Capítulo 14
Tell Me About You


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem por essa demora, é que eu estou com o mesmo problema, que se chama DROGA DE INTERNET RUIM -_- Enfim, como recompensa por essa demora, eu vou postar dois capítulos hoje e já vou começar a escrever o próximo.

Boa leitura.



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A festa estava animada demais, e eu me sentia estranha no meio daquilo tudo, meio tonta e enjoada. Eu havia bebido apenas refrigerantes de laranja e uva, mas os bartenders eram duvidosos, então eu não duvidava nada que eles houvessem colocado algo naqueles refrigerantes.

Jace estava falando alguma coisa, e eu estava tentando prestar atenção, mas 99 Revolutions do Green Day estava tocando alto demais, e eu não conseguia ouvi-lo direito com todo aquele barulho.

— Por acaso você está falando algo sobre jujubas? – eu gritei, tentando fazer com que ele me ouvisse por sobre a música alta.

Ele riu e balançou a cabeça.

— Nada, deixa pra lá – falou, passando as mãos pelo cabelo. – Está gostando?

— Claro – falei, e não era exatamente mentira.

Eu havia tentado dançar algumas músicas com Jace, a banda que estava tocando era realmente boa – embora eles houvessem dado uma pausa agora – e todos estavam vestidos tão estranhamente quanto eu (até mais). A banda, por exemplo, era composta por garotas de longos cabelos azul-água e lentes de contato rosa, sem contar que suas roupas eram compostas por vestidos finos que pareciam mudar de cor, do rosa para o azul, e do azul para o verde. Estava tudo bem por enquanto, mesmo que o relógio marcasse uma da manhã e eu provavelmente estaria morta quando chegasse em casa (e eu estou falando de Isabelle, não da minha mãe).

Me virei para o bartender.

— Por acaso você tem milk-shake de baunilha? – perguntei, me apoiando contra o balcão.

Ele sorriu com dentes tortos.

— Claro, espere só um momento – falou, dando as costas para mim.

As luzes incomodavam meus olhos, e eu comecei a perceber que estava com dor de cabeça por causa do som alto, mas aquilo não importava mais agora. Entrelacei meus tornozelos debaixo do banco e estalei a língua, sentindo tédio de repente. Eu não arriscaria dançar de novo, já havia pago mico o suficiente, mas estava com vontade de fazer alguma coisa.

Eu estava prestes a comentar isso com Jace quando o cara purpurinado, o tal Magnus, chegou de repente e se sentou no banco ao meu lado, em frente ao balcão.

— Estão gostando da festa, penetras? – ele perguntou, sorrindo.

— Estamos – eu e Jace respondemos ao mesmo tempo.

— Banda legal – falei.

Magnus franziu o cenho, como se lembrasse de alguma coisa desagradável, mas seu sorriso retornou novamente.

— Eu conheço você, Clary Fray – ele disse.

Jace bufou, parecendo surpreso.

— Isso sim é uma surpresa – ele exclamou, bebendo mais do conteúdo gasoso do seu copo.

Magnus alargou seu sorriso.

— De onde você me conhece? – perguntei, no mesmo momento que um copo batia contra o balcão em minha frente, cheio de alguma coisa meio bege.

O bartender fez uma careta para mim.

— Aí está – ele falou, e depois foi atender outra pessoa.

Antes que eu pudesse pegar o copo, ele foi arrancado do balcão. Eu me sobressaltei.

— Não beberia isso se fosse você – Jace disse, balançando o copo em frente ao seu rosto. – E, mesmo que eu não seja você, não beba isso.

Ele afastou o copo de mim e o jogou numa lixeira do outro lado do balcão. Eu me importaria se o milk-shake de baunilha não tivesse uma coloração esquisita, mas, nesse caso, não me importei. Eu apenas me virei para Magnus e esperei uma resposta para a minha pergunta.

— Eu compro algumas obras da sua mãe – ele respondeu, olhando para trás de si e não para mim. – Ela é muito talentosa, embora não receba muito reconhecimento em troca – ele rolou os olhos novamente para mim. – Preciso ir, tenho uma festa para administrar.

E então ele saiu.

Me virei para Jace, que estava olhando para mim com grandes olhos dourados e pupilas dilatadas. Eu havia lido algo em algum lugar sobre pupilas dilatadas que se relacionavam com a atração física e emocional, mas eu tentei afastar isso da minha mente naquele momento, e apenas o encarei de volta, feliz por já estar corada a muito tempo por causa do calor humano que aquele lugar emanava.

Era um bom lugar para se estar num recesso escolar, coisas que adolescentes normais fariam (embora todas aquelas pessoas parecessem já estar terminando a faculdade). Em circunstâncias normais, eu estaria em casa desenhando, pintando, vendo animes, jogando videogames ou lendo um livro – esse era a minha ideia de normalidade, mas mesmo assim deixei passar. Estar com Jace certamente era algo que eu não imaginaria estar fazendo algumas semanas antes, mas, como dizem, é sempre bom desviar da normalidade às vezes.

— Clary – Jace falou de repente. – No que está pensando? Está com uma cara pensativa, gosto dessa cara.

Eu sorri por um momento, fracamente, e gesticulei com as mãos sem saber o que dizer exatamente.

— Nada, eu só... Estava só pensando... Na minha vida, eu acho – gaguejei.

Jace sorriu de lado e mordeu o lábio inferior, desviando os olhos. Oh, meu Deus, ele é tão lindo.

— Eu não sei muito sobre a sua vida – Jace comentou.

— Sabe sim – eu brinquei. – Você sabe que minha mãe me criou sozinha, sabe que eu tenho um melhor amigo chamado Simon...

— É, eu sei, e não gosto muito dele – ele disse, mas eu ignorei aquilo, na esperança de que fosse só uma coisa boba.

— E que tem um cara chamado Luke que é como um pai para mim – terminei.

Jace apertou os lábios.

— Exatamente, só sei disso – falou, olhando novamente para mim, parecendo meio corado. – Conte-me mais sobre o fascinante tópico que é Clary Fray, eu estou curioso!

Não pude evitar um riso, que soou meio alto, então eu cobri a boca com as mãos e balancei a cabeça.

— Hum, tudo bem, então – falei. – Mas eu não estou com vontade de gritar essa informação para todo mundo aqui, você sabe.

A música havia mudado para Smells Like Teen Spirit, Nirvana, e eu quase não conseguia escutar minha própria voz. A festa estava mais cheia ainda agora, e as pessoas estavam começando a esbarrar em mim.

Jace ficou pensativo por um momento, então se levantou repentinamente e disse:

— Já volto, vou dizer para Magnus que vamos embora.

Ele se afastou e eu desviei os olhos, sorrindo. Me sentia ótima, mais acordada que nunca, apesar de bocejar às vezes. Jace voltou poucos segundos depois e me carregou pela mão até a porta, e nós percorremos o caminho até o carro sorrindo um para o outro.

Fomos de carro para a casa dos Lightwood novamente.

***

— Como eu não havia reparado nisso antes? – murmurei, encarando a escada para saída de emergência que levava direto ao meu quarto.

— Talvez você apenas não olhe muito pela janela – Jace respondeu, me empurrando delicadamente para as escadas. – Damas punks primeiro.

Eu fingi uma reverência desajeitada e subi as escadas meio enferrujadas, tomando cuidado para que meus pés não escorregassem com aquelas botas um pouco grandes.

Jace esperou que eu chegasse até a janela e entrasse no quarto para que ele subisse. Eu acendi o abajur, já que todos perceberiam se eu acendesse a luz, e me apoiei contra a janela para observar Jace subir as escadas. O jeito que os músculos dele se flexionavam contra sua pele, o rosto corado com o frio ali de fora... Eu senti um suspiro se formar no meu peito, mas o segurei, enquanto Jace dava um salto perfeito para dentro do quarto.

Ele olhou em volta.

— Que desorganização, Clary Fray – ele disse, ajeitando os livros bagunçados sobre o criado-mudo.

Quando percebeu que eu estava franzindo as sobrancelhas, ele riu.

— Deixe pra lá, é uma mania minha manter tudo arrumado – ele disse, fechando a janela. – Está frio demais aqui.

— Tem razão – falei, sentindo meus dedos meio que incharem.

Me sentei na cama pesadamente, meio cansada, meio sem jeito, e encarei minhas botas.

— Tudo bem, pode me falar sobre você agora – ele se sentou ao meu lado. – Não precisa mais gritar, e deveríamos aproveitar agora, aposto que estão todos atrás de nós, porque Isabelle é realmente muito escandalosa.

Eu ri e cruzei os braços.

— O que você quer saber? – perguntei.

— Hum... Qual a sua cor preferida?

— Não tenho cor preferida – murmurei, considerando responder “O dourado dos seus olhos é bastante atraente para mim”. – Todas as cores são lindas, menos o tom de pele patético de uma garota na minha escola que se chama Patty – fiz uma careta. – Ela é realmente repugnante.

— Líder de torcida? – ele riu.

— Não – respondi, rindo também. – Sabe, nem todas as garotas repugnantes são líderes de torcida. Você realmente precisa dar uma passada numa escola de verdade um dia desses. Essa garota, Patty, ela é do Clube de Natação, e o cloro estraga o cabelo dela, que parece meio cor de lama com lodos ou algo assim.

— Ah, entendi – Jace rolou os olhos. – E as líderes de torcida, elas são bonitas?

Segurei o impulso esquisito de dar um soco no ombro deles e fingi desinteresse.

— A maioria sim, mas tem garotos também – respondi. – Não quer saber sobre os garotos que são líderes de torcida?

Jace balançou a cabeça veemente, me fazendo soltar um risada.

— Bem, eles tem músculos incríveis – continuei. – E são bem fortes...

Ele sibilou e gesticulou, pedindo freneticamente que eu parasse com aquilo, me fazendo apenas rir um pouco mais alto. Alguns segundos depois, ele estava rindo suavemente também.

— Eu também tenho músculos incríveis e sou forte – ele disse, depois que parou de rir. – Não mereço reconhecimento por isso?

Eu sorri.

— Oh, é claro que você merece – falei.

— Bem, então eu exijo meu devido reconhecimento – ele parecia quase sério, não fosse pelo esboço de um de seus maravilhosos sorrisos em seu rosto.

— Que tipo de reconhecimento? – eu tentei baixar a voz o suficiente para mantê-la atraente, mas eu apenas soei meio seca.

Jace suspirou e encarou meus olhos. Ele parecia tão lindo naquela meia-luz do abajur, com o cabelo desgrenhado e os olhos brilhando. Eu me permiti soltar o suspiro que estava preso no meu peito quando ele se aproximou e me encostou seus lábios suavemente nos meus e passou os dedos pelo meu cabelo, o desprendendo do rabo-de-cavalo. Ele se afastou por um momento, sorrindo.

— Estava querendo fazer isso a noite toda – murmurou.

Eu senti meu rosto queimar.

— O que? – perguntei, surpresa.

— Soltar o seu cabelo – disse, seu sorriso se alargando. – Eu prefiro ele solto.

Sorri por um momento, e estava prestes a responder – embora eu não soubesse o que falar – quando ele me beijou de novo, mais forte e rapidamente dessa vez.

Eu me lembro de ter escutado um barulho qualquer, mas estava ocupada demais passando as mãos pelo cabelo macio de Jace. Acho que foi um erro. Mesmo de olhos fechados, eu percebi que de repente havia mais luminosidade no quarto, e isso me fez abrir os olhos e me afastar de Jace. A luz estava acesa.

Olhei para a porta, quase aliviada quando vi Alec parado lá, o rosto corado e totalmente franzido.

— Uh... – ele gaguejou.

Jace estava sorrindo meio timidamente.

— Boa noite, Alec – ele murmurou. – O que você...

— Pensei ter escutado a sua voz e a da Clary – ele murmurou, numa voz seca. – Sabe, eu durmo no quarto ao lado. Isabelle me disse que Clary havia sumido de repente, e quando eu soube que Jace não estava em casa disse para ela não se preocupar, porque você deveria estar com ela – ele encolheu os ombros. – Então Isabelle simplesmente soltou um daqueles grunhidos furiosos dela e foi para o Pandemônio.

Jace assentiu, parecendo divertido, mas eu me sentia apenas... esquisita.

Alec hesitou por um momento na porta.

— Vou voltar para o meu quarto – murmurei, passando a mão pela nuca. – Espera... Onde vocês se enfiaram?

— Casa do Magnus – Jace respondeu. – Ele estava dando uma daquelas festas dele, você sabe.

O rosto pálido de Alec ficou ainda mais vermelho e ele assentiu. Antes que ele pudesse se virar, eu perguntei (ou pelo menos tentei):

— Minha mãe.... ela... soube que eu...

— Não – ele respondeu. – Estão todos dormindo como anjos nessa casa. Ou quase todos...

Eu engasgaria se tivesse forças para isso. Me sentia cansada de repente. Jace parecia apenas irritado.

— Chegamos agora, Alec – ele respondeu.

Alec levantou as sobrancelhas.

— Ah, tá. Eu vou embora então.

Então ele se virou, fechou a porta e saiu. Engoli em seco e voltei a olhar para Jace, que estava sorrindo um pouco.

— Que tal continuarmos conversando amanhã, huh? – perguntei.

— Claro – ele respondeu, alargando seu sorriso. – Vamos continuar conversando amanhã.

Soltei uma risadinha idiota. Ele me deu um último beijo rápido e se levantou.

— Te vejo no café da manhã amanhã – falou, já na porta. – Ouvi dizer que a cozinheira vai fazer suas famosas panquecas.

— Claro – falei. – Foi bom sair com você, Jace. Na verdade, foi o melhor encontro da minha vida... Quer dizer, sequestro... Enfim. Obrigada.

Alguma coisa passou pelo rosto de Jace, mas ele desviou os olhos, então foi difícil identificar. Talvez as garotas dissessem muito isso para ele ou algo parecido?

— Foi o melhor sequestro que eu fiz também – falou, já fechando a porta. – Você é uma ótima refém, Clary. Boa noite.


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Notas finais do capítulo

Achei fofo '-' Bom, espero que tenham gostado c: Mandem reviews, até o próximo capítulo o/