Can I love you? — Clary & Jace escrita por Giovana Serpa


Capítulo 13
Movie Kisses


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem a demora, eu estava pra postar antes, mas minha internet estava horrível, então... Bem, aí está o capítulo, comemorem - sqnunca e.e

Boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/436104/chapter/13

De todos os lugares que eu pensei que Jace me levaria - tipo, qualquer lugar mesmo–, eu acho que nunca teria imaginado algo tão normal quanto um cinema. Pode parecer idiota, mas eu, mesmo não conhecendo muito Jace, sabia que ele não era o tipo de cara que levava as garotas para o cinema.

— Me sinto ridícula com essa roupa - murmurei.

— Não tem problema, você ficaria bonita até numa fantasia de pato - Jace garantiu.

Estava quase completamente vazio quando entramos, possivelmente por duas razões: a) Era o inverno mais rigoroso desde 1996, b) estava perto demais do Natal e as pessoas estavam ocupadas demais com os preparativos para se importarem com filmes.

Acho que eu deveria estar com uma expressão muito surpresa, porque Jace me olhou e riu.

— Por que essa cara?

Encolhi os ombros e avancei na pequena fila de umas oito pessoas.

— Eu poderia até pensar que você me levaria para Paris ou algo assim, mas nunca um cinema.

Jace piscou.

— Quer ir pra outro lugar? Pensei que você gostaria...

— Não, não é isso - eu me apressei para me corrigir. - É só que eu nunca imaginei você sentado numa poltrona no cinema... Mas eu gosto de ver filmes, gosto de cinemas, especialmente desse aqui, a pipoca é boa e não tem muitos insetos e roedores na sala. Eu e Simon viemos aqui sempre que algum filme aparentemente bom é lançado.

Alguns segundos depois que terminei de falar, eu suspirei. Simon. Eu me sentia culpada por não ter pensado muito nele durante o dia, mas ao mesmo tempo estava agradecendo meu cérebro por isso. Droga de pensamentos confusos.

— Quem é Simon? - Jace franziu as sobrancelhas.

— Meu melhor amigo - murmurei, esperando que ele não percebesse que minha voz estava levemente embargada.

— O cara que estava com você no Java Jones?

— É...

— Não gosto dele.

— Problema é seu - soltei, mais bruscamente do que eu esperava, mas Jace não pareceu perceber. - Hmm... Não quero falar sobre ele.

— Nem eu. Que filme vamos ver? Talvez você gostasse de comédia romântica?

Revirei os olhos.

— Oh, pelo amor de Deus, sou uma garota punk essa noite, e garotas do meu tipo odeiam comédia romântica.

Jace riu. Éramos os próximos da fila.

— Então o que vamos ver?

Olhei em volta. O cinema era familiar, trazia até algumas lembranças boas, mas eu as afastei e apenas olhei para os posteres espalhados pelas paredes. Comédias sem-graça, filmes de animais, romances e, milagrosamente, um filme com um nome bastante convidativo.

— Podemos assistir A Morte do Demônio – sugeri.

— Ótimo. Mortes de demônios soam legais para mim.

Jace pagou meu ingresso, mas eu só deixei porque ele ameaçou me jogar do telhado da casa dos Lightwood. De qualquer modo, eu insisti para comprar a pipoca, até que ele desistiu e eu paguei.

— Feminista? - ele perguntou, enquanto entrávamos na sala.

— É, até que sou, eu acho - falei, sentindo meu rosto corar de repente.

— Izzy é feminista até demais - nós nos sentamos nas cadeiras no fundo, e isso me provocou um frio congelante na barriga. - Falando nisso - ele inclinou-se para mim. - Qual é a dessa empatia repentina entre você e Isabelle?

Desviei o olhar e segurei um suspiro. Era óbvio que eu não poderia contar a verdade.

— Ontem de madrugada eu estava sem sono, então decidi procurar a cozinha para beber alguma coisa, mas aquela casa é tão enorme que eu me perdi e acabei tropeçando no lugar errado, literalmente - encolhi os ombros. - Acidentalmente, escutei uma mínima parte da conversa entre Isabelle e Hodge, mas quando estava indo voltar para o quarto acabei me embolando em minhas próprias pernas e caí. É, eu sou graciosa desse jeito.

— Isabelle te enforcou e depois vocês tiveram uma conversa amigável?

Encarei a tela, onde os trailers passavam.

— Não. Na verdade, ela me levou para a cozinha e até fez algum tipo de chá calmante para mim, e nós conversamos sobre... coisas.

Não era mentira, enfim, embora eu estivesse escondendo várias coisas dele.

— Uh, entendi. É curioso, Isabelle normalmente te estrangularia e depois perguntaria o por que, mas à essa altura seu corpo já estaria sendo velado.

Estremeci rapidamente.

O filme havia começado. Comecei a reparar que não havia praticamente ninguém ali, apenas um casal de adultos de meia-idade e três garotas à quatro assentos de nós, que pareciam ser da mesma idade que eu - e estavam olhando para Jace e rindo, mas ele nem parecia notar.

Ficamos em silêncio durante o começo do filme, que era até um pouco engraçado. Não que eu ache que todos os pais que queimam suas filhas vivas sejam engraçados e tal, mas a garota estava endemoniada, havia matado a mãe, então acho que era a melhor coisa para se fazer. Gostei de ver o cara a queimando, porque me fazia sentir melhor em relação o meu pai. Ele poderia nunca ter se dado o trabalho de reconhecer a filha, mas pelo menos não me queimou enquanto eu estava amarrada a um mastro. Acho que devo até um pedido de obrigada ao meu pai, mesmo que eu não esteja possuída para que fosse necessário alguém de fato me queimar...

Uh, deixa isso pra lá, não faz bem pensar em possessão quando você está passando a semana numa casa como a dos Lightwood.

— Está com medo? - Jace perguntou de repente, soando meio divertido. - Está com uma cara assustada.

— Na verdade estou só pensando em possessões e pessoas que são queimadas vivas - dei de ombros, corando.

— Você tem pensamentos muito profundos, Clary Fray - Jace riu e se inclinou contra o encosto de sua poltrona.

Ele hesitou por um momento - o que era estranho se tratando de Jace - e depois se virou para mim, mas não disse nada, apenas ficou me encarando. Eu diria alguma coisa, mas estava ocupada demais olhando para os olhos dourados dele e ficando sem palavras.

Não sei como direito, mas, alguns segundos depois, nós estávamos nos beijando. Foi esquisito, num momento eu ainda estava o encarando e no outro estava com uma mão em seu cabelo, a outra segurando o balde médio de pipoca. Jace tocava suavemente minha bochecha, me fazendo pensar no que ele dissera sobre minhas sardas formarem o padrão de uma espada, mas eu não pensei por muito tempo.

Aliás, ter ido ao cinema foi totalmente desnecessário, porque nós nem sequer vemos o filme, se é que você me entende.

***

Quando saímos da sala do cinema, alguns minutos depois do filme ter acabado, eu quase podia sentir o olhar decepcionado das garotas que haviam encarado Jace antes do filme começar. Tive que me segurar para não sorrir para elas, porque pareciam o tipo de garota que odeiam quando não tem tudo o que querem.

A verdade é que eu estava ocupada demais tentando agir normalmente, porque minhas pernas pareciam gelatina e eu tinha medo de tropeçar - mas não seria tão ruim se Jace segurasse, eu acho.

Quando entramos no carro, o silêncio começou a me incomodar.

— Foi uma ótima surpresa, Jace - falei, feliz por não ter soado patética. - Obrigada.

— Na verdade a surpresa não acabou - ele disse. - Vou te levar para uma festa, e não aceito protestos.

Revirei os olhos, mas não estava com a intenção de recusar, pelo menos não depois de beijado Jace durante quase duas horas.

Nós passamos a viagem de carro jogando conversa fora, com Jace insistindo que havia sido eu quem havia beijado ele e eu tentando convencê-lo do contrário. Mesmo que eu soubesse que ambos havíamos beijado um ao outro, era legal discutir, por algum motivo.

Quando chegamos, eu apenas enxerguei a entrada de um apartamento aparentemente normal, mas havia luzes vibrantes vazando pelas janelas do segundo andar e era possível ouvir a música até mesmo dali.

— Uma festa? - perguntei, embora eu já soubesse que era uma festa.

— É, de um amigo da família.

Jace saiu do carro, percorreu rapidamente o caminho até a minha porta e a abriu para que eu saísse. A porta da frente estava aberta, e Jace entrou sem nem mesmo bater ou tocar a campainha.

Subimos alguns degraus até que ele finalmente parou na entrada de uma porta e bateu. Alguns segundos depois, um cara moreno que exalava puro glitter. Ele tinha cabelos pretos com algumas mechas coloridas, usava uma roupa absurdamente justa e brilhante e tinha olhos meio verdes, meio dourados, com uma pupila em forma de fenda - provavelmente lentes de contato.

Ele sorriu para Jace e para mim.

— Olá - disse. - Vejo que teremos alguns penetras na minha festa hoje - então ele se virou para Jace, que havia acabado de revirar os olhos. - Não vai me apresentar a sua amiga?

Amiga.

— Essa é Clary - Jace disse. - Ela está passando o Natal lá em casa com a mãe dela.

Tentei ignorar quando o cara levantou uma sobrancelha.

— Olá, Clary - ele disse, estendendo a mão. - Sou Magnus. Magnus Bane.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Vou responder os reviews do capítulo anterior depois, ok? :v Tenho que sair agora, beijos.
Mandem reviews u.u