Lição de Amor escrita por Srta Snow, Tahy S Snow


Capítulo 52
Em perigo




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Rupert sorriu para os garotos a sua frente com um semblante misterioso. Entregou o dinheiro a eles e saiu assobiando alegremente. Ele tinha certeza que o seu plano daria certo e com isso vingaria o seu orgulho ferido.

***
O coração de Emma batia descompassado em seu peito. Por mais que não quisesse admitir ou apenas não confessar para as pessoas, ela estava feliz em ter voltado para Raoul. Ainda sentia os seus toques em sua pele, ainda via calor em seus olhos nos seus sonhos e isso lhe dava forças para continuar. Entrou na sala de aula com um largo sorriso na face e ao ver Caroline, acenou para ela contente.

–Vejo que tudo ocorreu bem – Caroline disse sorrindo assim que Emma se aproximou dela.

–Mais ou menos, mas esta melhorando.

–Emma.. viu como Rupert anda te olhando? – indagou ao olhar discretamente para trás – há alguns dias que eu venho percebendo isso. Ele esta diferente.

–Diferente como?

–Diferente.. está estranho. Não sei por que, mas acho melhor ir falar com ele. Exponha seus sentimentos. Ainda não fez isso, não foi?

–Não – respondeu envergonha. “Como pude ser tão cruel com meu primeiro amor? Como pude deixá-lo de lado?” se perguntou em pensamento ao olhar para onde ele estava sentado. Estranhou o sorriso em seu rosto, mas antes que pudesse ir ate ele o professor entrou na sala, forçando-a a se sentar. As aulas se arrastaram até a hora do intervalo. Viu os alunos aglomerando-se para ir embora e logo Rupert passou por ela. – RUPERT- gritou o seu nome tentando ignorar os olhares que lhe lançavam. Resmungou algo ao vê-lo seguir em frente sem ao menos olhar para ela. Levantou-se, correu a passos largos ate alcançá-lo – Não vai falar comigo? – perguntou ao segurar em seu braço, forçando-o a parar.

–O que quer agora? Veio me diz que está indo viajar em lua de mel?

–Rupert... eu sinto muito. Eu errei com você, não foi?

–Emma.. do que está falando?

–Eu te enganei e sinto muito, de verdade, por isso. – sorriu tristemente ao olhar para ele – a verdade é que você foi o meu único alento durante muito tempo. Sempre fui apaixonada por você desde a primeira vez em que lhe vi. Lembro-me como se fosse hoje.. estava andando distraída quando esbarrei em você e deixei meus livros caírem. Meus olhos se encontraram com os seus durante alguns segundos, mas isso foi o necessário para te amar. Eu te via como um garoto ruivo, carismático, popular e gentil. Por favor, não me faça esquecer esse seu lado. – pediu o encarando – eu me casei sem saber. É uma longa historia, mas.. realmente te amava. Só lhe peço para que continue o mesmo garoto gentil por quem me apaixonei.

Rupert a fitou sem reação. Nem em seus olhos imaginava escutar aquelas palavras vindo dela.

–Provavelmente deve me odiar por não ter contado, e novamente não o culpo. Não contei por medo e vejo que foi a pior decisão tomada. Por favor, não me odeie porque ainda te vejo como meu primeiro amor e isso... eu não quero perder. – sorriu levemente ao olhar em seus olhos – me desculpe por ter tomado o seu tempo – virou-se de costas retornando para a sala de aula.

Rupert a fitou ate vê-la desaparecer. As palavras dela haviam o tocado de uma forma que ela não fazia ideia. Ele ficou pensativo durante alguns instantes ate pegar o seu aparelho celular. Discou para um numero, o qual não o atendeu.

–Será tarde demais? – indagou-se com o semblante preocupado.

***
A seguradora Fecilitá encontrava-se em um clima de tranquilidade pela primeira vez aquela semana. O presidente demonstrava bom humor e paciência com todos, o que era raridade. Raoul caminhava pelo corredor com o semblante sério, mas ao parar em frente a sala da diretoria de Marketing suspirou. Abriu a porta e observou o seu primo, o qual olhava algo com interesse na internet.

–Trabalhando pela primeira vez em sua vida? Fico surpreso em ver isso – Raoul falou sério.

–Vejo que as coisas se inverteram, pois antigamente quem ia sua sala era eu. Agora... não perde a oportunidade para vir ate mim. – gracejou.

–Eu gostaria de não ter vindo, mas os seus balancetes e relatórios não me permitiram tão regalia – depositou um envelope em cima da mesa – pontuei as falhas e espero que me mande tudo corrigido ainda hoje.

–Isso é ditadura, sabia?

–Ditadura é ter que corrigir os seus erros – resmungou fazendo uma careta – vou esperar pelas correções.

–Raoul...

–O que foi?

–Não vai desistir dessa loucura, não é? Não vai desistir de a usar para ficar com a empresa, certo?

–Você desistiria de algo pelo que tem esperado a vida toda? Em todos esses anos nunca lhe vi desistir de nada por ninguém. Nem a sua paixão foi fotografia foi deixada de lado quando nossa avó se impôs.

–Isso não é verdade.

–Não? Fugiu varias vezes da empresa para tirar fotos. Não leva nada a serio que não seja suas fotografias.

–Eu deixei de ter minha exposição por causa dela. Isso não é o suficiente?

–Não – tornou sério – poderá ter sua exposição depois basta querer, enquanto eu.. se perder esta empresa perco a minha identidade. Perco a minha essência e viverei como um homem sem alma.

–Esta exagerando.

–Não estou. Emma para mim se assemelha a um bote salva vidas em um trágico acidente de barco. Eu não posso a soltar para não sumir na escuridão das águas.

–A sua desculpa em agarrá-la é salvação e a minha é amor. Qual pesará mais?

–Do que..

–Eu não vou desistir dela, meu primo –Enzo disse o interrompendo – vamos ver o que pesará mais para ela.

–Esta obcecado e não apaixonado. Já lhe disse que o seu sentimento não é verdadeiro, apenas esta apaixonado pela ideia de amá-la, pela sua inocência e pelo seu jeito. Ainda pode parar isso sem nos levar para o arrependimento.

–Talvez não.. Talvez seja tarde demais – sorriu indiferente.

–Faça como quiser – Raoul tornou ao virar de costas e sair da sala deixando o seu primo pensativo para trás.

–Só espero que isso não resulte em nossa ruina – Raoul murmurou ao caminhar pelo corredor em direção a sua sala.

***
Cristina, a mulher ruiva que Giovanni havia contratado para descobrir a verdade por Enzo, caminhou entretida pelas ruas vazias da cidade. Aquele era seu passatempo favorito, caminhar tirando fotos das coisas esquecidas pelos demais. Da cidade com o formato antigo ate o objeto mais moderno. Parou em frente a um casa com a fachada antiga e ficou a observando durante longos minutos ate perceber um homem sentado do outro lado da rua com uma câmera em mãos. Ela o olhou ate identificá-lo.

–Enzo Belinni – murmurou surpresa. Pensou duas vezes antes de ir em sua direção. Atravessou a rua e logo parou em sua frente com um sorriso em sua face – Tenho a impressão de já ter lhe visto antes.

Enzo estava tão distraído que ao escutar a voz feminina perto de si, assustou-se. Olhou para a mulher tendo a sensação de já conhecê-la.

–Tenho a mesma sensação – sorriu – Enzo Belinni..

–Cristina Falccino.

–Cristina Falccino – repetiu – és um belo nome.

–Digo o mesmo. Tirando fotos da paisagem? – perguntou ao olhar para a sua Nikon.

–Sim e pelo que vejo faz a mesma coisa.

–Tenho uma paixão por fotografia – confidenciou – Enzo.. seria estranho lhe chamar para tomar um café?

–De modo algum – falou surpreso com sua atitude. Levantou-se caminhando ao lado dela para uma cafeteria próxima.

***
Rupert ficou atento a todos os movimentos de Emma durante as aulas. Ele tinha que interceptá-la antes que ela saísse do colégio. Ele tinha que salvá-la de seu plano. Assim que o sinal tocou os alunos saíram de suas salas apressadamente. Emma sorria consigo mesmo ao se recordar de Raoul. Arrumou suas coisas e caminhou entre os alunos para a saída distraída.

–Droga – Rupert praguejou ao perde-la de vista. Caminhou apressado para a saída, mas ao chegar percebeu ser tarde demais. Ela já estava cercada pelos garotos. Viu a expressão no semblante da jovem e arrependeu-se amargamente pela sua ideia – Tenho que salvá-la. – decidido caminhou ate onde ela estava.

Assim que Emma saiu do colégio andou apressada ate o ponto de ônibus em uma rua, não muito movimentada, fora abordada por alguns homens taciturnos. Ela não teria medo se não visse a expressão diabólica em um deles.

–O que querem? – perguntou tentando não demonstrar o medo que sentia. – “Se precisar de ajuda sei que não vou ter” pensou. – Estou com pressa.

–Realmente é interessante – o que aparentava ser o líder falou atraindo a risada dos demais – e nós queremos nos divertir. Porque não fazemos as duas coisas?

Emma fechou os pulsos com força. Olhou em volta e percebeu uma brecha. Deu um leve sorriso antes de virar de costas, já estava se preparando para correr quando um dos homens segurou em seu braço.

–Largue-a – Rupert falou sério atraindo a atenção de todos. – isso já chegou ao limite.

–Limite? Imaginei que fosse para dar uma lição nela – o líder falou confuso – não importa – tornou após pensar – eu gostei dela. Acho que será bem divertido.

Rupert avançou com o intuito de bater no homem, entretanto um dos outros homens o impediu, batendo nele e jogando-o no chão.

–Rupert.. – Emma murmurou surpresa.

Rupert levantou-se do chão com dificuldade e olhou para a jovem que pedia ajuda por ele.

–Emma... eu te perdoo só espero que possa fazer o mesmo por mim. – tentou ir ate o homem a segurava sem sucesso apanhando novamente. Os gritos de Emma podiam ser escutados, mas não havia ninguém para lhe ajudar. Ela tentou se soltar varias vezes, sem sucesso. Preocupada com seu amigo, chutou a canela do homem que a segurava, libertando-se. Abaixou-se onde Rupert estava e o apoiou, ajudando a se levantar. – Foi você que os mandou vir aqui, não foi?

–Sim.. sinto por isso.

–Porque eles não estão lhe escutando?

–Eu não sei – murmurou sentindo-se impotente – vou tentar distraí-los apenas corra, me ouviu?

–Não vou te largar aqui. – disse o encarando. Rupert olhou em seus olhos e percebeu o quanto estava sendo imaturo. Fitaram-se durante longos instantes. O momento em que seus olhos se encontraram se esqueceram de tudo, existindo apenas eles dois.

–Emma... corra o máximo que conseguir – Rupert sussurrou ao se afastar dela. Como o planejado serviu de isca para que ela escapasse. Emma ficou parada ainda assustada ao vê-lo em perigo. Já estava indo em sua direção para tentar ajudá-lo quando escutou a sua voz mandando-a correr. –Eu volto – gritou antes de começar a correr na direção oposta a que veio. Por todo o caminho não encontrou ninguém ate ver um carro ir na direção em que estava. Sem pensar, se colocou em frente a ele. Parou no meio da pista, abriu os braços e olhou para frente determinada.

O motorista ficou surpresa e sem reação ao ver a jovem parar em sua frente de forma abrupta. Antes que percebesse pisou no freio sem ter certeza se aquilo poderia salvá-la.


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