Lição de Amor escrita por Srta Snow, Tahy S Snow


Capítulo 48
Momento




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Emma levou a panqueca aos lábios envergonhada. Aquela era a primeira vez em que lhe acontecia algo semelhante e Raoul não estava lhe ajudando ao aparentar ignorar o que havia acontecido.

–Obrigada pelo café – Emma agradeceu ao se levantar da mesa – eu.. vou indo.. já perdi a primeira aula, mas acho que chego para a terceira.

–Eu te levo, pode ficar calma – a olhou seriamente – não precisa pensar sobre a noite passada. Nada aconteceu e nada foi dito.

–Nada....?

–Nada – a assegurou – termine o seu café. Vou me trocar e daqui a pouco saímos – a viu assentir sem confiança, segurou o riso e foi para o quarto. Vestiu uma calça jeans, blusa de algodão com manga e não demorou para sair do quarto. A viu sentada ainda a mesa, entretanto podia perceber o seu olhar distante – Vamos? – ela o olhou surpresa, levantou-se e sorriu levemente.

O silencio algumas vezes era reconfortante, entretanto para o casal, ele estava consumindo-os. Emma temia dizer algo, enquanto Raoul encontrava-se pensativo. O trajeto acabou sendo feito na metade do tempo, assim que Raoul estacionou o carro, olhou para a jovem sentada ao seu lado. Ela possuía um olhar perdido e entristecido.

–Chegamos – anunciou ao observá-la atentamente – não vai ter problema em entrar sem uniforme?

–Acho que não – disse incerta ao olhar para a calça jeans e a blusa branca que vestia – eu vou explicar. Não deve ter nada.

–Ótimo – murmurou.

–Sim – o olhou – obrigada pela carona.

–Sem problemas – a viu abrir a porta e a chamou impetuosamente – Não.. Vá beber de novo daquela forma e..

–Eu tomarei cuidado – o interrompeu calma – dirija com cuidado – saiu do carro e seguiu em direção aos portões. Raoul ficou a observando entrar até retirar o seu cinto, desligar o carro e seguir para a entrada do colégio.

A diretora sorriu após escutar a explicação de Emma, lhe dando permissão para passar aquele dia sem o uniforme dentro da área do colégio.

–Ah, senhorita Belinni – a diretora disse antes que Emma saísse – não se preocupe com as coisas que escuta. Tudo acabará bem no final.

–O..Obrigada – agradeceu ao sair da diretoria. Por mais que tentasse ser forte era cada vez mais difícil, o que lhe dava alento era ver Caroline todos os dias a apoiando. Caminhava distraída pelo corredor ate ser abordada por um grupo de estudantes. Ao se dar conta do que estava acontecendo, se assustou. Ela estava cercada.

–Veja quem apareceu, Rupert – uma garota falou ao olhar para Rupert, o qual apenas observa a cena com satisfação – não acredito que ela te trocou por um velho.

–Na verdade ela me enganou – a corrigiu sorridente – engraçado como as pessoas são manipuladoras, não é Emma? – ele perguntou a olhando. – outro dia trocávamos beijos inocentes quando a noite deitava-se com ele.

Os murmúrios aumentaram junto com os risos de escárnio.

–Não se cansa de me perseguir Rupert? – Emma disse fria com fúria em seu olhar – Sei que sou importante na sua vida, mas é melhor parar com isso. Já cansei de suas brincadeiras infantis.

–Brincadeiras infantis? – repetiu perplexo, mas logo se recuperou ao pegar algo que um dos garotos que oferecia – vamos o que achará disso.

Rupert ergueu a mão, na qual havia dois ovos e quando estava prestes a jogar em Emma, escutou uma voz atrás de si. Virou-se ficando pálido.

–Se eu fosse você pensaria duas vezes antes de fazer isso –Raoul disse sério ao olhar para o jovem ruivo. Seus olhares se cruzaram com o de sua esposa rapidamente.

–Você..

–Senhor Belinni para um pirralho imaturo como você – o corrigiu. Andou ate onde estavam, a retirou do circulo, segurou em seu braço e a puxou para si – esta garota é a minha esposa e o próximo que lhe fizer algo.. Irá arcar com as consequências e acho que devo começar contigo, afinal os alunos devem se basear em exemplos – com frieza, retirou um ovo das mãos de Rupert e o quebrou em sua cabeça. Limpou a mão na casa do jovem e sorriu – Isso não é nada.. Nada mesmo do que faria com você se continuar com isso. Vamos? – perguntou ao se voltar para Emma, a qual olhava tudo encantada. Naquele instante Raoul virou o príncipe encantando dela.

Ele saiu a puxando pelo colégio sem importar-se com nada. A sua mente estava envolta em raiva e ao parar, no meio do pátio praguejou.

–Sua idiota porque não me contou o que estava havendo?

–Não havia necessidade – argumentou sem encará-lo.

–Necessidade? Tem consciência do que poderia ter acontecido?

–Eu só iria precisar de um banho depois.

Raoul a segurou pelos ombros e a sacudiu. Não sabia o que era mais irreal naquela situação, se era o modo como os alunos reagiam ou o modo como ele tentava ignorar tudo.

–O QUE HÁ COM VOCÊ? – esbravejou – eu estava preocupado, e olha para e diz que apenas tomaria um banho depois?

–É a verdade e porque está agindo tão superior? Nós dois sabemos que não sente nada por mim para ficar preocupado desta forma.

–Não sinto?

–Isso não sente.

–Presumo que Enzo falou algo.

–Não.. Eu apenas.. vi as coisas por uma nova perspectiva – o assegurou – e além do mais.. Não posso fazer nada... Quero dizer, Há coisas que não podemos fazer nada – disse entristecida – não posso fazer nada porque o que eles dizem é verdade. Eu enganei Rupert... eu enganei a todos. Sabe como eu me sinto? Como se tivesse pagando por minhas mentiras. Não vejo como algo... - Raoul a encarou sem dizer nada até perder o restante de paciência.

–CALE-SE – Raoul falou furioso tentando se controlar. Afastou-se dela e a olhou com cuidado – não quero saber o que se passa em sua mente, mas a partir de hoje não voltará para este colégio.

–Do que está falando? É claro que vou voltar.

–Não vai.

–Eu vou – o enfrentou.

–Eles estão lhe maltratando porque esta casada comigo.

–Eles estão me maltratando porque menti para todos.

–E por isso acha que merece esse tratamento?

–Sim – respondeu sem hesitar.

–És uma tola.

–Sou.. sou uma tola por estar arrependida.

–Faça como quiser – resmungou antes de dar as costas para ela – mas se continuar aqui tudo pode piorar.

–Se eu continuar aqui posso vencer.

Raoul apenas foi embora sem olhar para atrás deixando-a solitária em meio ao pátio.

***

Enrico fingia não escutar as perguntas de Enzo. Desde que chegou em casa seu primo não o deixara em paz ao perguntar onde Emma estava.

–Enzo já disse que não sei. A levei para sair e depois a coloquei em um taxi – mentiu com o semblante sério – ela deve ter voltado para o apartamento. Já foi lá?

–Eu liguei inúmeras vezes e não me atendeu.

–Ela deve estar dormindo. Deixe-a respirar um pouco.

–Enrico.. você não fez nada, não é?

–O que eu poderia ter feito?

–Não sei... mas algo me diz que tem culpa.

–Você e Raoul são bem parecidos, sempre colocando a culpa em mim – murmurou ao ir em direção ao seu quarto – falando em culpa, eu acho mais sensato deixar Emma ir para a viagem com Raoul.

–NUNCA – Enzo gritou emburrado.

–Sabe muito bem que não manda em sua vida, alem do mais.. sinto que ela irá – disse misterioso.

***
As passagens de avião foram postas em cima da mesa de Raoul pela sua secretaria. Ele fingiu não ver, mas assim que ela saiu pegou o envelope, abriu e um brilho de satisfação passou em seu olhar. Tudo já estava pronto para a sua viagem faltando apenas o principal, a sua esposa. Suspirou ao guardar o envelope dentro da gaveta virou-se para o computador e começou a ler os relatórios digitais a fim de se distrair. Entretanto surgiu em sua mente a imagem de Emma bêbada. Não conseguiu evitar que um sorriso surgisse em seus lábios.

–Ela fica uma graça bebendo – sussurrou consigo mesmo.

***
Caroline olhou para o semblante entristecido de Emma assim que ela entrou na sala e logo inúmeras situações passaram pela sua mente. Levantou-se e a puxou para fora da sala sem importar-se com o professor.

–Você esta bem? – indagou preocupado ao vê-la com o olhar perdido. – aconteceu algo? Foi Rupert, não foi?

Emma negou em um singelo movimento com a cabeça. Olhou para Caroline com os olhos marejados e a abraçou.

–Vai ficar tudo bem – Caroline disse ao passar a mãos pelos seus cabelos – eu estou aqui.. quando quiser falar.. eu te escutarei.

–Oh Carol.. porque tudo tem que ser assim?

–Eu não sei do que está falando Emm...

–Raoul.. acho que gosto dele – confessou – mas.. ele não sente nada por mim.

–Não era apaixonada por Rupert?

–Eu.. apenas.. aconteceu.

Caroline parou para pensar durante alguns segundos e logo a afastou gentilmente de seu corpo. Olhou em seus olhos e disse séria.

–Emma tem consciência do que esta me dizendo? Como Pode gostar de um hoje quando ontem amava outro? Antes de qualquer coisa, qualquer ação ou pensamento, apenas tenha certeza dos seus sentimentos. Certeza de que ama apenas um deles.

–Carol.. eu realmente estou sendo errada, não é? – murmurou.

–Não. – sorriu levemente – está apenas tentando entender o seu coração.

–Obrigada, Carol.

–Por nada, Emma. Quer voltar para a sala ou ficar aqui fora?

–Enfrentar é sempre a melhor opção, não é? – ao vê-la assentir, sorriu levemente - “Carol está certa. Não posso ficar mudando meus sentimentos tão rapidamente. Tenho que ter certeza do que sinto por ele antes de pensar em algo e sofrer por antecipação”.

***

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O corredor do predio onde Emma morava possuia pouca iluminação, o que lhe despertava uma péssima sensação. Ela caminhou confiante ate parar em frente a sua porta com a sua mochila, a qual havia buscado na casa de Enzo após sair do trabalho. Suas pernas e ombros doíam, mas ao imaginar o seu apartamento silencioso sentia vontade de permanecer no corredor, pois sabia que alguém passaria por ali em algum momento. Respirou fundo ao retirar a chave de sua bolsa, mas antes de colocá-la na fechadura, sorriu sem vontade.

–Apenas por alguns segundos – prometeu a si mesma ao se sentar no corredor. Encolheu-se ao se encostar na parede e fechou os olhos por alguns segundos.

Raoul subiu as escadas e ao parar no corredor ficou surpreso e preocupado ao ver Emma sentada no chão adormecida. Ele havia ido atrás dela para lhe entregar a passagem e informar tudo o que seria necessário para a viagem, só não esperava lhe encontrar daquela forma.

–O que está havendo com você, afinal? – murmurou ao sentar-se ao lado dela no chão. Aquele comportamento era algo novo para ele, mas sentia-se bem ao fazer. Olhou para o rosto dela, passou o braço pelos seus ombros apoiando a cabeça dela e ao olhar para baixo, viu seus lábios entreabertos. E antes que pudesse pensar no que estava fazendo, ele abaixou a sua cabeça e a beijou delicadamente, afastando-se em seguida. Ao olhar para ela viu seus olhos abrindo-se lentamente, afastou-se rápido envergonhado pela sua atitude. – Eu... Vim lhe entregar algumas coisas – falou antes que ela parasse para pensar.

Emma ainda sentia a sensação dos lábios dele sobre os seus e por mais que não quisesse sentia-se feliz ao vê-lo ali.

–Obrigada – agradeceu sem perceber. Viu o olhar confuso dele e se levantou, ignorando o semblante dele – quer entrar?

–Seria bom – levantou-se e a seguiu para dentro do apartamento. Assim que entraram ela acendeu as luzes e olhou para ele.

–Quer alguma coisa? Um café?

–Não. Não tomo café a noite – falou olhando em volta. Ele esperava encontrar algum vestígio de como ela vivia longe de si. – Porque estava sentada no chão do corredor? O problema não foi a chave pelo visto.

–Não – negou sem graça ao se sentar no sofá – apenas.. não queria voltar para aqui. O apartamento é muito solitário, mas tenho que me acostumar com minha vida, não é?

–Não precisa se não quiser, já disse para voltar.

–E eu já falei que não posso.

–Não sabia que era tão teimosa.

–Nem eu que era tão insistente, mas o que veio me entregar?

–A passagem – disse lhe estendendo um envelope – a viagem será daqui a uns dias. Preciso que tenha tudo pronto.

–Certo, mas.. devo ir mesmo?

–Se não for.. posso perder investimentos importantes para a empresa.

–Tudo bem – assentiu após pensar – eu irei.

–Ótimo, mas da próxima vez não fique no corredor. Se sentir-se só venha ate mim ou qualquer outra pessoa.

Ela o olhou sem acreditar que o mesmo homem frio de outrora estava falando docemente com ela.

–Isso deve ser algum sonho – murmurou pensativa. Se beliscou, mas ao sentir uma dorzinha, sorriu – Isso.. não é um sonho.

–É claro que não – ele tornou altivo – se tiver alguma duvida me ligue, mas minha secretaria irá lhe enviar tudo que precisará amanhã. – caminhou em direção a porta e não demorou para estar longe do prédio dela, dirigindo para a sua, solitária, casa.

–Certo, parece que voltamos a ficar só. Mas devemos nos acostumar, certo? – tentou soar otimista sem sucesso.

***
Enzo entrou na cafeteria com um presente em mãos. Aquela era uma das poucas vezes em que tentava conquistar uma mulher, mas Emma era a primeira que parecia não entender suas investidas. Acenou ao vê-la olhar em sua direção. Fez um sinal para que ela fosse ate ele, o que ocorreu minutos depois. Ele estava sentado em uma das mesas mais afastadas com o presente em cima da mesa.

–Enzo, que bom vê-lo. Me perdoe por ter saído de lá sem ter falado com você... eu apenas..

–Não precisa se preocupar – garantiu sorridente – vim lhe trazer um presente e lhe fazer um convite.

–Convite?

–Sim.. quer sair nesse final de semana comigo?

–Eu.. não posso.. sinto..

–Porque?

–Vou viajar com Raoul.

–Viajar?

–Sim.

–Você não pode ir – falou ao olhar para ela surpreso – não posso deixar que vá.

–Como? Não pode me deixar ir?

–Sim, sabe o que significa ir com ele?

–Significa que ele precisa de mim. Devo isso a ele.

–Não deve.

–Sim, eu devo. Enzo, sinto, mas tenho que voltar ao trabalho – fez menção de se afastar, mas ele segurou em sua mão.

–Pelo menos leve o presente com você – pediu com o olhar entristecido.

–Me desculpe.. eu não.. pensei que ia me dar agora – tornou envergonha ao pegar o embrulho – obrigada. Posso não ter visto ainda o que é, mas sei que vou gostar. – afastou-se rapidamente deixando-o pensativo para trás.

***
A batida incessante na porta de Raoul adverti-o que Enzo já havia descoberto. Caminhou com calma e ao abrir a porta viu a fúria no olhar de seu primo.

–Parece que já sabe.

–É obvio que já sei. – disse alterado – não deixarei que ela vá com você.

–Ela já se decidiu por ir, o que pode fazer? Acorrentá-la?

–Raoul não brinque comigo.

–O único que esta brincando aqui é você – acrescentou tranquilamente – já disse que a única pessoa sem rumo nessa historia é você, mas me parece que tem problemas para entender.

–Eu a amo e não deixarei que continue jogando com ela.

–Interessante, porque é isso que temos feito desde o inicio. – sorriu convencido – vai me dizer que no principio não estava a usando para me perturbar? Eu percebi tudo, mas nada disse. O que acha que vai acontecer quando ela descobrir?

–O que faz com ela é bem pior.

–E o que eu faço?

–A esta usando para não perder a empresa.

–Verdade, mas se mudar as palavras posso conseguir algumas lagrimas de piedade dela – fingiu pensar – que tal.. Emma, eu não sabia mais o que fazer. Minha avó tinha ameaçado tirar tudo de mim.. tudo pelo que lutei durante anos, eu não tive outra escolha. Ela ameaçou você também, temi por sua vida – sorriu ao ver a expressão no rosto de seu primo – achou que estava jogando com quem? Enrico? Enzo, sou mais velho que você, mais ambicioso e mais frio. Nada do que falar a ela irá me afetar. Tenho tudo sob controle.

–Como pode ser tão cruel?

–A minha avó me ensinou a ser assim. – respondeu com o olhar modificado.


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