Lição de Amor escrita por Srta Snow, Tahy S Snow


Capítulo 49
Consequência




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Logo cedo em pleno sábado, Raoul passou na casa de Emma para buscá-la. Ela não demonstrava, mas estava confusa. Desde que tivera a sua conversa com Caroline perguntava-se sobre seus verdadeiros sentimentos. Chegaram ao aeroporto no horário previsto e logo embarcavam com destino a Nova York.

Apesar da viagem ter sido desconfortável e feita em um clima pesado, Emma sorriu assim que o avião aterrissou. A sensação de nostalgia sempre lhe seria família ao sentir brisa em seu rosto em qualquer lugar que fosse. Ficou parada com os olhos fechados por alguns segundos. Só os abriu ao escutar o seu nome, olhou e viu Raoul a olhando sério. Entraram no carro que esperava por eles na pista de pouso e logo tomavam as ruas.

–Porque sempre tem alguma reunião de sua família? – perguntou com o intuito de puxar conversa com ele.

Ele a olhou antes de responder como se analisasse a sua resposta.

–Presumo que seja pela importância que temos.

–Importância?

–Sim, somos donos da maior seguradora da Itália e temos expandidos nossos negócios.

–Então a reunião de hoje será mais para negócios do que familiar? – o viu assentir em silencio ficando pensativa em seguida – mas vai estar tudo bem... em me apresentar como sua esposa?

–E porque não estaria?

–Não sei... a sua família não aceitou bem.

–Disse certo, minha família. As pessoas que estarão na festa tem por obrigação de aceitar o que digo ou faço.

–Não esta exagerando?

–Não – sorriu – me parece não ter noção com quem se casou.

–E acho que nunca vou ter.. – murmurou ao desviar o olhar para a janela. Suspirou antes de fechar os olhos e adormecer.

Raoul pegou os papeis que levara consigo ao ver Emma fechar os olhos e começou a ler tranquilamente. Demorou alguns minutos para aceitar que não conseguia concentrar-se. Olhou para o lado e a observou. Percebeu cada detalhe de seu rosto e o modo como sua respiração era ritmada quando dormia. Fez menção de acariciar o seu rosto, entretanto hesitou. Já estava voltando a sua atenção para os papeis quando o carro fez uma curva. O corpo de Emma pendeu para o lado e sua cabeça parou no ombro de Raoul. Ele ficou estático até rir de si mesmo e dar-se conta do quanto à situação era ridícula.

–Estou pior que um adolescente – murmurou ao sentir a sua cabeça em seu ombro não conseguindo evitar um sorriso singelo.

A viagem de carro foi mais cansativa que Raoul imaginara assim que o carro estacionou em frente a uma enorme casa no meio do nada, seus olhos perderam o brilho que havia adquirido. Lembrou-se de sua infância e suspirou frustrado.

–Ei.. Chegamos – sacudiu Emma, despertando-a – vou sair primeiro quando estiver pronta me encontre no interior. – saiu do carro sem ao menos olhar para ela.

Demorou algum tempo ate ela perceber o que havia acontecido. Abriu a porta do carro ficando maravilhada com a casa que estava a sua frente.

–Como pode existir pessoas com tanto dinheiro? – se perguntou ao ver Raoul entrar. Meneou a cabeça e o seguiu apesar de sua insegurança.

Raoul nunca gostou da residência de sua família que ficava em Nova York, sempre a achou esnobe em demasiada. A mesma casa que maravilhava os outros havia lhe trazido maus momentos quando criança.

–Alguém já chegou? – perguntou para a governanta.

–Apenas alguns primos e seu tio, o senhor Giovanni – respondeu em um italiano fluente.

–Obrigado, peço a alguém para levar as minhas malas para o meu quarto. – ao vê-la assentir e retirar-se em seguida, olhou para trás vendo Emma olhar para tudo maravilhada. Olhava para o teto com paixão ao ver os desenhos feitos em gesso – se continuar assim poderá ficar com o pescoço dolorido.

–Nunca tinha visto nada assim antes – comentou para si mesma ao segui-lo assim que o viu dar as costas a ela e seguir para as escadas. – Imaginei que sua família se encontrasse sempre na Toscana.

–Às vezes as reuniões acabam sendo aqui – respondeu sério. Nada havia mudado desde a ultima vez que estivera ali. O corredor possuía os mesmos quadros e vasos. Avistou a porta de seu quarto, o qual era o penúltimo do corredor no lado esquerdo. Abriu a porta deparando-se com a mesma decoração fria e sem personalidade. O quarto era branco com cortinas escuras. A cama possuía lençóis no tom claro, seus livros ainda estavam na estante no canto do quarto. Nada parecia ter mudado.

–Ficaremos no mesmo quarto? – Emma perguntou ao entrar olhando com curiosidade. Aquela era uma oportunidade de conhecê-lo melhor.

–Sim – respondeu sem olhar para a ela. Foi ate a varanda e vislumbrou o jardim, repleto de flores.

Emma mordeu o lábio inferior levemente. Ela esperava que tudo ocorresse bem na reunião.

***
Após arrumarem as coisas e se trocarem desceram para o jardim onde alguns familiares os esperavam. Emma sentiu-se temerosa e deslocada ao ver a quantidade de crianças correndo livremente, as mulheres sorrindo entre si e os homens conversando exaltadamente.

–Ficar nervosa não vai ajudar em nada. O pior já fizemos – comentou próximo ao seu ouvido prendendo a sua atenção – apenas se segure em mim.

Ela assentiu ao segurar na mão que ele lhe estendia. Caminharam de mãos dadas ate onde a tia de Raoul estava com suas primas.

–Tia – ele a cumprimentou sério – está é..

–Emma, nós já sabemos – sorriu a avaliando – é muito bonita. Porque não se senta conosco enquanto ele vai ficar com os homens? – Raoul fez um gesto imperceptível aos seus familiares tendo apenas Emma como foco. Ela lhe assentiu e deu um sorriso leve. Sentou-se ao lado de uma prima dele e começou a escutar a conversa timidamente.

A contra gosto Raoul foi na direção oposta, mas antes olhou para trás apenas para avaliar a situação.

–Parece que nossa avó acertou – um dos homens falou assim que Raoul se aproximou – esta é a primeira vez que lhe vejo preocupado com alguém.

–Deveria cuidar de sua vida primeiro, não acha? – Raoul falou mal humorado ao encará-lo.

–Não precisa ser tão cruel – sorriu – ela estará bem.

–Não estou preocupado com ela. Não da forma que imagina.

–Claro – assentiu brincalhão. Uma das características mais marcante nos Belinnis era o bom humor, algo que Raoul era desprovido.

***
Enrico olhou frustrado mais uma vez para Enzo. Eles estavam sentados na primeira classe em um voo com destino a Nova York.

–Esta é a pior coisa que poderia fazer nessa situação – Enrico disse sério. Ele estava tentando demove-lo da ideia há horas sem sucesso. Desde que Enzo descobrira que Emma havia viajado com Raoul, não pensou duas vezes antes de arrumar as suas coisas e seguir para onde estariam.

–Devo deixar a mulher que eu gosto sozinha com outro homem? Isso tem sentido?

–Eles são casados e alem do mais.. ele precisa dela. Sabe que Tio Giovanni está aprontando algo.

–Não me importo – emburrado resmungou.

–Agora se comporta como uma criança? Estou perdido – percebeu. – Enzo.. você a ama tanto assim? De verdade?

–Sim.. Não haveria outro motivo para ir atrás dela se não fosse amor.

–Mas.. se ela estiver gostando de Raoul, o que fará?

–Apenas se ela fosse idiota se apaixonaria por ele. Eu sou a opção mais viável pra ela.

–Falou como Raoul agora – sorriu – mas sabe tão bem quanto eu que...

–Não precisa prosseguir. Eu imagino o que deva falar.

–Porque virastes tão cabeça dura?

–E porque o defende tanto? Sou eu que a ama. Sou eu que se sacrifica por ela.

–Mas não é você quem ela ama, provavelmente – falou percebendo a tristeza no olhar de Enzo – reconsidere. Vamos pegar outro avião assim que ele pousar e voltar pra casa.

–Não vou.

–Então esteja preparado porque não acho que Raoul tenha ido e levado Emma apenas para enfeite.

–Eu sei.. o pior é que eu sei – murmurou.

Você poderia ao menos deixá-la escolher e não ficar a pressionando. Droga Enzo. O que fará quando a ver feliz ao lado dele?” Enrico pensou após suspirar.

O avião pousou sem problemas. Enzo e Enrico foram um dos primeiros a saírem do avião lotado. Caminharam pelo saguão do aeroporto com prioridades diferentes em mente, enquanto Enzo mantinha Emma em sua mente, Enrico indagava-se sobre os pratos exóticos que seriam servidos.

***

Assim que os dois primos entraram pela porta da mansão, a governanta os recebeu curiosa, pois era a primeira vez deles indo em uma reunião de negócios como aquela. Os direcionou ate dois quartos e logo eles estavam andando pela casa.

Enzo guardou as suas coisas, mas ao sentar-se na cama o cansaço tomou conta de seu corpo. Deitou-se prometendo a si mesmo acordar antes da reunião e procurar por Emma.

***

A reunião de negócios era realizada cinco horas antes da festa começar e por isso dentro da sala de reuniões os empresários encontravam-se reunidos com os Belinnis. Raoul conseguia demonstrar o motivo de ser escolhido como o sucessor da Senhora Belinni, pois seu raciocínio rápido e lógico estava entusiasmando a todos.

–Agora que foi exposto o percentual de aceitação e sucesso da seguradora imagino que queiram discutir os outros pormenores. Estou certo? – perguntou sério ao olhar para cada um dos empresários. Logo um debate acirrado começava.

***

Emma caminhou pela casa sem destino. Ela e Raoul mal haviam conversado desde que chegaram e algo a deixava inquieta: o modo como olhavam para ela. Ao passar por um extenso corredor abriu uma porta, aleatoriamente, e surpreendeu-se ao ver uma biblioteca mesclado com escritório. Entrou com cuidado, olhou a sua volta ficando em êxtase ao ver tantos livros. Começou a ler o titulo um por um da prateleira mais baixa e não demorou para encontrar álbuns fotográficos.

–Isso pode ser interessante – murmurou ao pegar um. Sentou-se na poltrona mais próxima, apoiou o álbum em seu colo e o abriu. A primeira fotografia possuía uma inscrição bem abaixo – Raoul com dois anos – leu em voz alta. Tocou a fotografia e sorriu ao imaginá-lo tão frágil e meigo como na foto – eu gostaria de ter te visto quando mais novo. – a medida que passava as paginas percebia o quanto ele havia mudado. Quando pequeno possuía um olhar esperançoso, mas a medida que envelhecia o brilho em seus olhos foi se perdendo como o sorriso em sua face. Ao terminar, o fechou e fitou o nada.

–Eu devo estar muito tempo longe daqui porque é a primeira vez que vejo uma garota tão bela por aqui – uma voz masculina soou perto da porta.

Emma virou-se já reconhecendo a voz e ao ver Enrico, sorriu.

–Enrico, não sabia que viria.

–Nem eu – resmungou ao fazer uma careta, a qual foi substituída por um sorriso – Querendo saber sobre Enzo ou Raoul? – perguntou em tom de gracejo, mas ao ver as faces rosadas dela percebeu ser verdade – ei, está falando sério? Está aqui querendo saber sobre eles?

–Na verdade... queria conhece Raoul um pouco mais.

–Entendi – “Coitado de Enzo, veio de tão longe para ser dispensado”. – mas me conte o que está achando da família?

–Ainda não conversei com todos, direito. Mas estão sendo gentis comigo.

–É claro, se não forem provavelmente Raoul cortaria a mesada de todos – riu diante de seu pensamento – seria um caos.

–Mesada?

–Sim, como a maior parte da renda dos Belinni vem da seguradora, ele acaba repassando uma mesada a todos os familiares por mês. Por ser o presidente é ele quem autoriza.

–Então o único que trabalha nessa família é ele?

–Praticamente, Enzo por exemplo só enrola na seguradora. Eu pelo menos sou sincero, sou um Bon Vivant – sorriu.

Deve ser dificil para ele” pensou ao imaginá-lo sobrecarregado de coisas para fazer. “Vou ajudá-lo esta noite. Farei o possível para que não precise se preocupar comigo”.

–Enrico, sobre hoje a noite.. Poderia me ajudar?

–Como?

–Não queria que ele passasse vergonha por algo que eu fizesse ou como me vestisse. Pode me ajudar?

–Claro, mas se lembre que depois vou cobrar – sorriu ao vê-la assentir e segui-lo pelo corredor em direção a saída.

***
Raoul estranhou ao sair da reunião e ninguém saber sobre Emma. Ligou para o seu celular suspirando frustrado ao perceber que ele estava desligado.

–Onde ela se meteu? – perguntou-se ao apertar o aparelho com força.

***
–Isso não é exagero? – Emma perguntou ao ver a quantidade exagerada de vestidos em sua frente. Enrico havia a levado para uma butique famosa e a deixado aos cuidados de uma vendedora conhecida sua.

–Não. Você quer impressioná-lo, não é?

–Só não quero que passe vergonha.

–Dá no mesmo – disse ao dar de ombros, enquanto fazia um discreto sinal para que ela fosse levada. Após longos minutos analisando as roupas que ela experimentava, optou por um vestido na cor azul. Sorriu com o resultado e a levou para a próxima loja, chegaram em casa quase na hora da festa.

–Obrigada Enrico – Emma disse antes de entrarem – sem você, provavelmente não sei o que faria.

–Ser fada madrinha é um cargo pesado – fingiu sofrer ao baixar os olhos – mas só não fuja a meia noite, ok?

–Ok – garantiu sorridente ao entrar na casa com as sacolas em mãos. A primeira coisa que viu ao entrar no quarto onde ficaria com Raoul foi o olhar frio que ele emava ao olhar para ela.

–Onde estava? – ele perguntou friamente ao olhá-la de cima a baixo – quem te levou para fazer compras?

–Enrico.. – falou incerta – só fomos a algumas lojas.

Raoul não disse mais nada, apenas se levantou, passou por ela e saiu do quarto com o semblante fechado. Ela permaneceu parada sem entender nada até olhar para o lugar onde ele estava e avistar uma sacola de uma butique. Foi ate ela e quando a abriu se surpreendeu ao ver um vestido longo, tomara que caia, na cor branca com toques em dourado.

–Parece um sonho, assim como ele quando é gentil – sussurrou para si mesma ao colocar o vestido de volta onde tinha achado.

***
Faltavam apenas alguns minutos para a festa começar. Raoul foi em direção ao seu quarto a contragosto. Ele sabia que estava sendo infantil e imaturo, mas não conseguia evitar tais reações com Emma. Ao entrar deparou-se com sua jovem esposa vestida belamente.

Emma estava sentada confortavelmente na poltrona e ao ver o olhar de Raoul, sorriu. Ela havia sido avisada sobre a festa minutos depois que ele saiu do quarto, mas ao se vestir ficou em duvida, pois ele não havia dado o vestido a ela e seu receio era dele não ser dela, entretanto ao experimentá-lo percebeu que era seu numero e optou por usá-lo aquela noite. Seus cabelos estavam soltos e uma maquiagem simples completava a sua arrumação.

–Demorou – Emma falou ao vê-lo fechar a porta atrás de si.

–Porque está vestindo isso?

–Eu encontrei e achei lindo. Ele é meu numero e de qualquer forma seria um desperdício não usá-lo esta noite, não acha?

–E a roupa que comprou com Enrico? Porque não a usa?

–Ela não tem o mesmo significado que esta – assegurou sorrindo – não vai se arrumar?

Raoul segurou o sorriso ate estar de costas para ela. Ele não conseguia entende-la e era isso que o cativava cada vez mais. Ao mesmo tempo em que ela aparentava ser tão inocente demonstrava astucia em outras.

***
O casal mais esperado da noite acabou sendo um dos últimos a comparecer. As mãos de Emma estavam suadas de nervosismo, o que não passou despercebido para Raoul. Ele estava tão elegante como sempre em seu Black tie.

–Quanto mais nervosa ficar pior será – comentou ao sorrir para os convidados.

–É fácil para você – resmungou ao esboçar um leve sorriso. Caminharam entre os convidados durante alguns minutos ate ele a deixar perto de umas mesas.

–Vou conversar com umas pessoas e já volto. Não saia daqui, entendeu? – ao vê-la assentir seguiu ate um grupo de empresários.

Ela olhava em volta sentindo-se cada vez mais deslocada. Olhou para si mesma e perguntou-se o que estava fazendo ali. Já estava indo procurar por Raoul para informar que iria para o quarto quando parou no centro do salão. Seus olhos encontraram o de Enzo, o qual caminhou, lentamente, ate ela.

–Está linda – ele disse ao parar em sua frente.

–Você também.

–Vim imaginando que precisaria de minha ajuda, mas sou eu que vou precisar. Não conseguirei lhe tirar da mente esta noite de tão bela.

–Bobo – disse sem graça – imaginei que não viesse.

–Eu sempre vou estar ao seu lado – ofereceu a sua mão – quer dançar? – sentiu a mão dela sob a sua sem conseguir conter a felicidade que lhe invadiu.

Raoul sorriu irônico ao olhar para a cena sua frente. Emma estava dançando com Enzo, o qual apoiava a sua cabeça em cima da dela carinhosamente. Todos os familiares estavam olhando para a cena sem saber o que pensar, enquanto os empresários e investidores não compreendiam o que estava acontecendo a sua volta.

Em um impulso, caminhou ate eles parando ao lado. Colocou a mão sobre os ombros de Enzo e ao ver o seu olhar sentiu-se vontade de socá-lo, mas segurou-se. Olhou para a jovem,a qual ainda repousava a sua mão sob o corpo de Enzo.

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–Afaste-se dele e venha comigo – Raoul disse aparentando calma, mas ao vê-la olhar para ele com frieza não se conteve, avançou, segurou em sua mão que estava livre e a puxou para longe. Ainda escutou Enzo lhes chamando, não dando atenção seguiu para as escadas. A puxou contra a sua vontade e ignorando os seus protestos.

–Largue-me, o que pensa que esta fazendo? – Emma dizia ao debater-se com o intuito dele a soltar, em vão. Assim que Raoul avistou o quarto onde ficariam, abriu a porta e a empurrou para dentro, trancando-a em seguida. –Esta louco? – indagou ao encará-lo sem reconhecê-lo, pois sua expressão denotava desprezo e raiva.

–Sim eu estou louco. Como se atreveu a fazer isso?

–Do que está falando?

–Do que estou falando? – riu sem vontade – DE VOCÊ E ENZO – gritou enfurecido – Queriam me humilhar na frente de todos ou fizeram isto para me provocar?

–Eu apenas dancei com ele. Alem do mais não tem nenhuma moral para dizer qualquer coisa a mim – o enfrentou.

–Moral? Como se soubesse o que é isso.

–Sei mais que você.

–O que eu fiz de errado então? Não me recordo de ter lhe humilhado dessa forma na frente de ninguém.

–Para eu me sentir humilhada só poderia acontecer se tivessem testemunhas? Isso é inacreditável – tentou passar por ele ao ir em direção a porta, mas o sentiu segurar o seu braço – pretendo terminar a dança com ele e não será você que vai me impedir.

–Desde quando tornou-se tão.. obstinada?

–Desde que vi uma cena que me abriu os olhos.

–Cena?

–Não há nada melhor que ver um homem sendo beijado e acariciado por outra ainda mais quando se é embaixo do teto onde moravam juntos.

Raoul a fitou durante longos segundos ate perceber o que havia acontecido. Lembrou-se da noite em que levara a loira desconhecida para a sua casa. Sorriu levemente ao segurar o braço com mais força e a empurrar em direção a parede, prensando-a com o seu corpo em seguida.

–O.. Que está fazendo? Solte-me.. – falou séria olhando em seus olhos.

–Então eu não estava enganado.. havia alguém naquela noite me observando. Eu vi o seu vulto – explicou fitando-a – me pergunto o motivo de não ter se revelado.

–Não há nada entre nós. Nada que me fizesse interferir.

–Então.. deseja que tenha algo? É por isso que está tão brava?

–Não estou brava.

–Então.. seriam ciúmes? – perguntou com um sorriso malicioso nos lábios.

–Se fosse o que teria com isso? Seriam apenas meus próprios sentimentos.

–Então vamos tornar os seus sentimentos meus também. Já estou cheio de ver Enzo rodeando algo que é meu.

–Não se cansa de me tratar como seu objeto? Seu brinquedo particular?

–Nunca vou cansar de fazer isso e sabe por quê? Por que você é minha. – ao dizer isto a olhou ternamente tomando os seus lábios em um beijo apaixonado. Apesar da relutância de Emma, acabou se entregando ao senti-lo soltar o braço e abraçá-la, afagou seus cabelos ao mesmo tempo em que acariciava o seu corpo – é por isso que não me canso.. Porque seu corpo não se cansa de mim. Ele me reconhece assim como eu a ele.

–Bobagem – murmurou com as faces vermelhas por saber que era verdade. Toda a vez que sentia as mãos dele em seu corpo não conseguia se conter. Era instintivo.

–Vamos retomar de onde paramos em Toscana, mas desta vez faço questão de recordar cada pormenor – a beijou novamente sem perceber a mudança nela. – O que foi? Prefere os beijos de Enzo? – indagou assim que ela o afastou com as bochechas em chamas.

–Não.. Continue, por favor.

–E por quê?

–Não é o certo, provavelmente irá se arrepender assim como eu em seguida.

Raoul a olhou atentamente, mas ignorando o que ela dizia a agarrou mais uma vez. A beijou com ardor segurando em sua nuca, passou suas mãos em seu corpo percebendo a fiz arfar de desejo assim como o que não gostava. Passou a beijar o seu pescoço depositando algumas mordidas e em seguida foi em direção ao seu colo, beijando a parte de seu decote ao mesmo tempo em que apertava a sua perna, erguendo-a em direção a sua cintura. O seu vestido já estava amassado e erguido acima de suas pernas, mas ela não se importava, pois os beijos e as caricias de Raoul estavam a deixando inebriada e perdida em seu próprio desejo. Sem perceber foi guiada por ele ate a cama. Ele a depositou gentilmente no centro da mesma sem parar as caricias, talvez por medo dela fugir. Pensou por alguns instantes em parar, mas ao olhar para o rosto de Emma percebeu que não seria possível. Ele a desejava e estava seguro disso, não iria voltar atrás. Ficando por cima dela, a beijando incontáveis vezes. Olhou em seus olhos antes de apalpar o seu corpo a procura do zíper do vestido, encontrando instantes depois. O abriu ficando maravilhado com o corpo dela – És mesmo muito bonita – murmurou para si mesma antes de livrar-se de suas próprias roupas.

Está tudo bem? Está tudo bem se eu amá-lo?” Emma pensou ao sentir o seu olhar em seu corpo.

***
O cobertor amassado denunciava o que havia acontecido no quarto juntamente com o aroma diferenciado. Parado em frente a janela do quarto, Raoul, pensava no que fazer a seguir. Percebera tarde mais que foi enganado e não imaginava o quanto aquilo poderia mudar a sua vida.

Emma ergueu o lençol ate o pescoço sentindo vergonha de si mesma. Sabia que não fizera nada extravagante ou errado, mas não conseguia se esquecer do semblante surpreso dele ao perceber que ela era virgem. Imaginou que naquela situação o melhor seria fingir estar adormecida e depois pensar no que fazer.

–Sei que está acordada – Raoul disse em meio a penumbra do quarto – porque mentiu?

–Eu.. Não menti – falou ainda deitada sem coragem de olhar para ele – apenas queria...

–O que? Me enganar? Rir as minhas custas? Espero que essa brincadeira tenha sido divertida para você, Enzo e Enrico – virou-se e a olhou. Conseguiu ver o seu contorno e sorriu tristemente – espero que tenha se divertido de verdade porque a brincadeira acaba agora. – Catou o restante de sua roupa, vestindo-se rapidamente – se quiser pode voltar para o apartamento ou continuar morando sozinha, não me importo mais. Só não seja pega por ninguém. Preciso que continue sendo minha fiel esposa por mais alguns meses.

–Onde.. Vai? – questionou ao vê-lo se vestir e ir em direção a porta.

–Embora – respondeu seco e frio.

Emma permaneceu no centro da cama tentando entender o que havia acontecido, mas ao se dar conta levantou-se, enrolada no lençol. Abriu a porta e sem olhar para nada, apenas em frente correu atrás dele. A mansão italiana já estava vazia, apenas algumas pessoas encontravam-se pelos corredores. Ela o alcançou na entrada, o viu pegar o seu casaco.

–EU SÓ FIZ ISSO PARA ME APROXIMAR DE VOCÊ – gritou desesperada. Prendeu a respiração ao vê-lo se virar e a encarar.

–Com o próximo tente levá-lo para a cama é a forma mais rápida e fácil de se aproximar de um homem – tornou frio ao dar as costas a ela e ir embora.

–Não vá.. – pediu ao sentar-se no chão, segurando o lençol com força – por favor.. Não vá... – murmurou.

Enzo fechou os punhos ao ver a cena, mas virou de costas. Ele sabia que não poderia fazer nada. Escutou a voz dela e seu choro sentindo-se impotente.


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