The Walking Dead - Matar ou morrer escrita por WolfWalker


Capítulo 3
Não se engane


Notas iniciais do capítulo

bom pessoal aqui esta mais um capitulo. E ai estão gostanndo?

No proximo, vcs vão ter uma surpresa.



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Depois de tudo que passei, achei que finalmente tudo estava bem.

Só achei...

No dia seguinte, embora eu ainda estivesse cansada achei melhor levantar cedo. Não queria que pensassem que eu era uma menina desleixada e preguiçosa, nem pensar.
Ao mexer na minha mochila, sem querer acabei derrubando uma foto que estava enrolada em uma das minhas camisetas. Ao pega-la, instantaneamente senti um frio na espinha.

Era uma foto do meu pai, Junto a uma mulher ( provavelmente era minha mãe por conta dos lindos cabelos ruivos), que segurava um bebe nos braços, e a minha Tia Sky. Pareciam comemorar algo, mas não soube identificar o que era. Eles estavam felizes. Virei a foto e vi que tinha algo escrito, imediatamente percebi que era a escrita de meu pai.

Hoje é um dia mais que especial. Feliz aniversário Lie, nosso pequeno tesouro.



Ass. Seu pai que te ama muito.

Fiquei em choque. Será que era a minha mãe naquela foto? Quem era o bebe que ela segurava? Por mais que eu tentasse, não conseguia achar uma resposta. De repente, senti que lagrimas começavam a se formar em meu rosto. Logo, um sentimento de raiva e medo, angustia e solidão começou a se formar em mim. Estava me sentindo perdida, sozinha. De repente, escutei batidas na porta. Num salto, já estava de pé enxugando meus olhos - não gosto que ninguém me veja chorando.

– Charlie? Já acordou? Posso entrar? Era Richard na porta.

– Já... Quer dizer... Não entre agora, estou trocando de roupa. Eu disse tentando fazê-lo ir embora.

– Tá bom... Minha mãe me mandou te chamar... O café esta pronto. Ele falou gentilmente.

Não respondi. Apenas suspirei e terminei de me arrumar. Com a foto ainda na mão, a dobrei e coloquei no bolso da minha calça.
Desci rapidamente. Não queria pensar sobre isso agora. Afinal, nosso país, talvez o mundo inteiro agora estivesse dominado pelos mortos e ficar remoendo lembranças do passado não iria ajudar.
Logo, já estava na cozinha. Todos estavam reunidos na mesa de 7 lugares. A cozinha era grande, rodeada de pequenas janelas que davam para o imenso terreno da fazenda. No local, um ar frio e cortante penetrava em meus braços descobertos.

– Bom dia Charlie... Venha, sente-se. Will me convidou e eu fui até uma cadeira que ficava ao lado de Richard.

Cuidadosamente eu me sentei. As vezes eu era bastante desastrada.

– Como passou a noite querida? Lúcia perguntou.

– Foi ótima, muito obriga. Falei tomando um gole de café. - Se não fosse por vocês, eu nem tenho idéia de onde teria passado a noite.

– Fico feliz que esteja bem... Com tudo que aconteceu... Eu sinto muito. Ela sibilou.

Eu não falei nada. Apenas fiquei olhando o vapor que saia do meu copo de café quente.

– Então Charlie, nos conte um pouco mais de você. Will me pediu gentilmente.

– Ah não há muito do que se falar. Eu ainda estava estudando e tal e minha tia, ela... Ela era enfermeira do Hospital que ficava no centro da cidade. Falei essa ultima parte com um pouco de dificuldade.

– Ah entendi. Will murmurou.

– Mas e quanto a seus pais... Eles morre.... Eu interrompi Lúcia da maneira mais educada possível.

– Eu não tenho pais... Quer dizer mãe... Ela me abandonou e meu pai... Bom, ele não tinha como cuidar de mim então eu fiquei com minha Tia por parte de mãe.

– Ah, desculpe querida, eu não queria deixá-la desconfortável. Lúcia exclamou enquanto desviava o olhar de mim.

– Tudo bem. Eu falei.

– Richard também estava estudando quando aconteceu tudo... Não é Richard? Disse Will.

– É. Eu até fiquei cara a cara com um desses....

– Walkers. Eu completei.

– É... O pior foi que era o meu melhor amigo. Do nada ele apareceu com um machucado feio no braço e não quis dizer como aconteceu. Ai chegou o intervalo e ele desmaiou. Levaram ele para a enfermaria e depois só vi pessoas saírem correndo de lá, gritando e chorando. Foi horrível. Richard terminou de falar e abaixou a cabeça.

– Foi difícil para todos. Will acrescentou.

Apenas assenti com a cabeça. A manha foi passando e continuamos conversando. Descobri varias coisas do pessoal. Como eu suspeitava, Lúcia era advogada e estava no tribunal quando tudo aconteceu. Ela defendia uma mulher suspeita de assassinar seu marido. Apesar das provas provarem que o marido batia nela, ela seria condenada. Já Will era Eletricista e estava de folga. Fiquei pensando o quanto isso é estranho. Como pode num dia estar tudo bem e no outra metade da população querer te devorar, literalmente.

Os dias foram passando e tudo parecia normal, como se estivéssemos passando ferias no campo. Quase não se via Walkers andando por ai, no Maximo desde que chegamos, vimos somente uns três ou quatro.

Em um dia nublado, Will e Lúcia decidiram ir até a cidade mais próxima procurar por comida e remédio. Aproveitei para pedir que trouxessem minha bobinha, pois a minha já estava no fim.
Eles fizeram uma lista do que precisávamos e saíram ficando eu, Duck e o Richard em casa.
Por sorte, ele tinha vários jogos de tabuleiro então não iríamos ficar sem fazer nada.
Enquanto esperava ele ir pegar os jogos em seu quarto, fiquei observando o horizonte através da janela. Embora estivesse prestes a chover, era como se nada daquilo tivesse acontecido. Era como se tudo tivesse voltado ao normal. O campo verde claro tinha adquirido uma cor mais escura. As árvores ainda estavam se recuperando do Outono que havia passado. Foi ai que percebi que tudo estava estranhamente normal. Por um instante fiquei imaginando se tudo aquilo já tivesse acabado, se tudo aquilo que tínhamos passado agora não passasse de uma lembrança amarga e terrível.
Fiquei pensando se nos estávamos certos em ignorar a ameaça iminente dos Walkers.

Provavelmente não.

Fui tirada de meus devaneios pelos latidos incessantes de Duck para alertar a chegada de Richard.

Logo, eu e Richard ocupávamos uma cadeira de cada lado da mesa, ficando um de frente para o outro e Duck estava ao meu lado, dormindo num sono tranquilo.
Enquanto Richard abria o jogo batalha naval, fiquei pensando em Will e Lúcia. Se eles estavam bem, se estavam com problemas. Não sei por que, mas eu estava com um pressentimento ruim.

– Alô... Planeta terra chamando Charlie... Richard falou passando as mãos na frente da minha cara.

– O que foi? Perguntei surpresa. Será que estava tão na cara assim minha preocupação? Será que eu devia mesmo me preocupar com eles, a final, tudo parecia tão calmo.

– Nada não, você só parecia uma daquelas coisas agora. O que foi? Preocupada com meus pais?

– Você não esta? Perguntei surpresa em ver a calmaria em sua voz.

– Não muito. Eles sabem se cuidar. Tenho certeza de que estão bem. Ele falou enquanto arrumava o tabuleiro.

– Se você tá falando...

Então começamos o jogo. Uns 5 minutos após o início, Richard começou a me encarar e isso estava me irritando.

– O que foi agora? Falei bufando.

– Você tinha namorado? Ele perguntou sem o mínimo de vergonha na cara.

–O que? Eu fiquei vermelha.

– Eu perguntei se você já teve um namorado.

– Eu... Quer dizer.... Já. Falei meio envergonhada.

Na verdade, eu nuca tive namorado e para falar a verdade, eu nem pensava nessas coisas.
Gostava mais de coisas de menino, como jogar bola, andar de skat, jogar vídeo game essas coisas.
– Serio? Não parece. Ele falou sem olhar para mim.

– Como assim não parece? Perguntei zangada. O que ele achava eu era?

– Não me leva a mal, mas você não parece o tipo de garota que tinha interesse em namorar.

– E o que você sabe sobre isso? Perguntei o fitando

– Nada não. Deixa pra lá. Ele falou dando de ombros.

Eu continuava o encarando. Como ele teve coragem de falar isso de mim. Vendo que não ia adiantar ficar encarando ele, resolvi me concentrar no jogo.
Após algumas horas jogando, eu já estava perdendo a paciência com o Richard. Em nenhum momento ele demonstrou preocupação com sua família e aquilo me enfurecia e o silêncio não ajudava em nada.

– Será que os Grenne do qual o seu pai falou ainda estão vivos?

– Não sei. Ele falou sem demonstrar emoção alguma.

– Qual é os eu problema hein? Perdi a paciência com ele.

– Não tenho problema nenhum. Só acho perda de tempo se preocupar com pessoas que provavelmente estão mortas.

– O que? Perguntei incrédula. - Então você acha que seus pais estão mortos?

– Eu não disse isso. Eu pude senti que ele ficou ressentido com as minhas palavras.

– Então por que você não esta preocupado com eles? Perguntei me levantando da cadeira.

– Quem disse que eu não estou preocupado com eles? Ele falou se levantando também. Ele parecia visivelmente irritado.

– Não sei, você mesmo disse que não estava muito preocupado, pois eles sabiam se cuidar sozinhos.

– A primeira coisa que você deve saber sobre mim e que não deve acreditar em tudo que eu digo.
– Aé, por quê? Perguntei colocando os braços na cintura.

Ele ia responder, mas o som de um carro em alta velocidade o impediu. Hesitante, ele deu a volta na mesa e foi até a janela e avistou o carro que os seus pais usaram para ir a cidade. A expressão no rosto dele era de espanto e medo.
Decidi me juntar a ele e fiquei paralisada. Aquela mesma paralisação que me deu quando vi minha tia ser atacada.
Antes de eu sequer pensar em falar algo, Richard saiu correndo da cozinha. Eu fui logo atrás.

A cena que eu vi provou o que eu temia: Não podemos esquecer que o perigo ainda esta lá fora.
Aproximando-me devagar, notei que Will estava cheio de sangue, mas não era dele, era de Lúcia, que agora descansava no chão. Em seu pescoço havia um enorme buraco, pelo qual era possível ver suas veias moídas e bastante sangue jorrando delas.

Em sinal de respeito, achei melhor não me aproximar mais. Ao lado dela, Will abraçava seu filho com força. Ele por sua vez não soltava a mão de sua mãe.

– Por que papai... Como aconteceu... Fala-me, por favor. Richard estava em prantos.

– Eu não sei filho, foi tudo muito rápido. Eu estava do outro lado da prateleira pegando uns enlatados e sua mãe estava pegando alguns alimentos em conserva do outro lado. Ai... Will parou. - Ai... ele apareceu e a agarrou por trás. Eu tentei impedir, mas cheguei tarde filho... Cheguei tarde. Will desabou em lagrimas.

Eu queria chorar. Queria lamentar a morte dela, afinal, ela me tratou com uma filha esse tempo todo. Mas não consegui. Algo dentro de mim havia mudado.

A tarde, após Will tentar varias vezes trazer Richard para dentro, ele desistiu. Vendo seu sofrimento, decidi me aproximar de Richard, mas ele não queria minha presença lá.

– Richard eu... Eu sinto muito.

– Não sinta... Não sinta anda, você nem a conhecia direito. Ele falou entre soluços.

– Eu sei, mas...

– Saia, que quero ficar sozinho com ela. Ele gritou.

Resolvi sair. Não queria arrumar confusão. Ao entrar em casa, m deparei com Will sentado no sofá, com a cabeça entre os joelhos. Provavelmente estava chorando.
Estava me sentindo uma intrusa ali. Eu não pertencia àquela família, ou melhor, nunca pertencia nenhuma família. Minha Tia só cuidou de mim por que teve pena.

Fui para meu quarto e deitei em minha cama. Fiquei imaginado se eu iria continua r ali ou se iriam me expulsar, afinal, uma tragédia aconteceu e Richard estava certo. Eu não a conhecia direito.
Ali, revi tudo da minha vida. A primeira vez que vi meu pai foi com 5 anos - É eu me lembro - e a ultima vez que o vi foi ano passado. Será que ele ainda estava vivo? Ele era um policial, com certeza não morreria facilmente.
Achei melhor parar. Estava ficando com dor de cabeça. Levantei-me e desci. Se que queria continuar com eles, tinha que merecer isso.

Perder alguém importante na sua vida é mais doloroso do que a própria morte. E agora Richard sabia disso também, assim como eu.

Ao chegar à sala, percebi que Will não estava mais lá, em seu lugar estava Richard, que continuava chorando.
Decidi me aproximar devagar.

– Richard eu sinto muito... Por favor, me desculpe...

– Não Charlie... Eu que devo pedir desculpas para você... Eu te tratei mal e você não merecia... Ele falou ainda chorando muito.

– Olha Richard, eu não conhecia sua mãe tão bem como você, mas sei o que você esta passando...

– Obrigado Lie...

Comovida, eu me sentei ao seu lado e ele se virou e me abraçou. Eu lhe retribui o abraço e acariciei seus cabelos loiros macios.

Enquanto isso lá fora, Will abria um buraco sobre a luz do luar. Com dificuldade, ele se despediu de sua querida esposa que foi tirada de seus braços brutalmente.


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Notas finais do capítulo

Que triste não é... Mas ninguém esta a salvo em The Walking Dead