Cronicas de Éverof: O Lobo e o amaldiçoado escrita por Red Mark


Capítulo 8
O cavaleiro negro


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal. Mais um capítulo para você. Espero que gostem e não esqueçam o comentário para avaliar.



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O gorgon esperou até o último momento. A mão de Enderner continuava cortando as sombras do beco até onde ele estava.

Faltor abriu os olhos e continuou a esperar com o cabo da espada em sua mão.

“Vai embora!” Pensou o homem nas trevas. “Não force-me a cortar sua mão, seu tolo!”

O momento fatal foi quando o Caçador tocou a capa negra. Faltor não exitou! Atacou a mão do homem com sua lâmina amaldiçoada cortando-lhe a palma.

–Pelos nove abismos! –Gritou o caçador enquanto jogou-se para fora do beco e caia sobre os joelhos.

O gorgon levantou-se e saltou chocando suas costas contra o chão girando para por-se de pé. Em seguida saltou correu o mais rápido que pode. Faltor esbarrou em várias pessoas.

Enderner recuperou sua razão.

–Espere! Gritou ele: –Maldito! Ele levantou-se e constatou a mão.

“Cria de ratos!” Pensou Enderner. “Deve ser um bêbado. Um homem embriagado correndo pelas ruas de Emglavius com uma arma afiada não pode ser bom!”

–Guardas! –Gritou Enderner para os homens em suas ordens. –Capturem aquele homem, Vivo ou morto!

Os guardas de Emglavius não tardaram a correrem desenfreados em busca do estranho ser de capa negra.

Faltor manteve as emanações de sua capa escondidas com isso o brilho desaparecia. O gorgon correu entre a multidão esbarrando em todos tomando suma coragem para não estocar ninguém que passasse.

Ao perceber que era seguido por homens armados, o gorgon, correu ainda mais rápido até deparar-se com um soldado muito robusto. Seu fedor podia ser sentido de longe, seus olhos era castanhos extremamente negros, seus dedos gordos estavam mantidos extremamente fortes em torno de uma lança longa e negra.

–Saiam! –Gritou o soldado aos demais em sua volta. –Vejamos a cor de seu sangue, cão sarnento!

Faltor não respondeu a afronta. Ele retomou a corrida em direção ao homem. O soldado respondeu da mesma forma. Vendo o cabo do homem de capa negra o guarda ousou sorrir amargamente.

O guarda foi o primeiro a atacar. Estocou na direção da bacia do oponente. O golpe foi certeiro. Sangue espirrou em jato para cima e lados. O liquido vital rubro sujou o rosto do guarda. Ele sorriu malignamente.

–Quero que saiba que o nome daquele que mandou-lhe aos Nove Abismos de Anima é Velzer, O Carrasco. –O guarda sorriu ao ver uma cachoeira de sangue brotando pela boca do homem de capa negra.

A morte para Faltor era vagarosa, mas não podia ser evitada. Ele virou seu corpo com dificuldade cuspindo sangue no chão. Ele lentamente levou sua mão a espada amaldiçoada e a prendeu em sua cintura. O gorgon levou sua outra mão, a esquerda, até sua barriga. Ele sentiu algo viscoso e molhado. Ele sangrava muito. Como seu último movimento jogou a capa para o lado evitando que ela fosse marcada com o sangue.

O Carrasco vendo que o homem ainda movia-se estocou mais uma vez. Desta vez nas costas entre a coluna.

Faltor não se moveu outra vez.

–Acorde garoto. –Disse Frederik a Bélter.

Lentamente o líder ladrão abriu seus olhos. Focando sua visão no Lobo Cinzento ele sorriu e com dificuldade levantou-se.

–Esta bem? –Perguntou o Lobo.

–Minha garganta esta seca. –Ele olhou para Vanys. –Pode me trazer água?

–Sim, Bélter. –A garota estava radiante pelo líder estar vivo, mas fazia de tudo para esconder.

A garota pegou um cantil com água e entregou ao líder. Bélter bebeu tudo em uma única golada.

–Onde esta aquele homem? –Perguntou o Bruminod se dando falta de Faltor.

–Ele tentou nos roubar. –Disse Valtor que até então estava em silencio.

Forçando seu tronco para frente ignorando a dor Bélter pós-se sentado.

–O que fez com ele? –O líder ladrão se zangou.

–Eu não fiz nada ao estranho que você decidiu salvar e tentou nos roubar. –Valtor deu ênfase na palavra “você” e olhou para Frederik.

–Sou seu amigo, Valtor, mas também sou seu líder então exijo se tratado a altura. Fui claro?

Valtor respondeu dando de ombro e virando-se.

–Quando o senhor grande líder estiver calmo retornarei a caverna. –Debochou Valtor saindo da caverna espelhada pelo caminho estreito e escondido.

Frederik frangiu o sélio.

–Não deveria deixar nem um dos outros Bruminods tentar levantar-se acima de você.

–Mas Valtor é meu amigo. –Bélter pareceu triste.

–Já vi traições vindas de muitos amigos até mesmo de irmãos.

–Ele é de minha confiança. –Bélter olhou em volta da caverna vendo todos os outros ladrões. –Todos eles são.

O líder se pôs de pé mesmo sentindo dor.

–E quanto ao homem de capa brilhante? –Continuou ele.

–Ele se foi, Bélter. –Disse Vanys.

–Se foi para onde?

–De acordo com ele para Emglavius. –Disse Frederik. –Seu nome era Faltor, mas por que todo esse interesse em um estranho?

–Apenas estou curioso. –O garoto fitou a entrada da caverna. –Ele tinha um símbolo em suas costas, na capa.

–O brasão de Gorgon. Vi bem. –O Cinzento mudou sua expressão de um momento a outro. Agora sua face era rígida como pedra. –Ele era estranho, mas há coisas mais urgentes no momento. Devo ir até a Toca falar com o Alfa.

–O senhor Mont? –Os olhos de Bélter encheram-se de brilho.

–Sim. Estava pensando em ir imediatamente.

–Eu posso ir? –Bélter praticamente suplicou.

–Ir até lá não é brincadeira. Realmente é um assunto muito sério, mas… –Frederik fez uma pausa longa refletindo. –você já é quase um homem e ainda quer ser um de nos?

–De todo o coração!

Vanys sorriu quando viu que seu líder ainda estava bem. Ela amava o garoto, mas não sabia se era correspondia. Ela cria de toda sua alma que se Bélter fosse um Lobo escolheria ela para manter seu coração.

Bélter limpou o pó de suas roupas com as mãos e checou sua espada. Ele sorriu ao ver que sua espada estava na bainha. Uma arma bonita, porém simples. Ela não tinha nome. Bélter sonhava que no dia de prestar seu juramento para com a Matilha finalmente teria uma arma digna de ter um nome. O líder dos Bruminods sacou a espada de Detion e jogou a ele.

–Ajudou bastante, irmão. –Disse Bélter a Detion. –Não teria conseguido sem sua arma e sem Frederik.

–De nada, meu líder. –Respondeu Detion ao pegar a espada no ar.

–Sabia que podia contar com você para trazer as safiras e sei também que posso pedir para ficar no comando enquanto eu vou ao oeste com meu irmão.

–Eu? –Detion exclamou assustado.

–Sim. Você goza de minha confiança para isso.

Élder embainhou sua espada na bainha de ferro produzindo um som alto proposital. Com seus olhos afiados como um machado de guerra encarou o líder.

–Porque não eu? –Perguntou ele. Não foi sua intenção, mas por um momento soou tão intimidador quanto o Lobo Cinzento, apenas por um pequeno momento.

–Pós estas são minhas ordens. –Bélter desviou o olhar para não ser intimidado pelo ladrão.

–Não desejo ser líder. Mesmo que por pouco tempo, Élder. Pode ficar no meu lugar. –Detion guardou sua arma e levantou os braços tentando evitar uma discussão desnecessária.

–Não é preciso. Minhas ordens foram dadas e agora serão cumpridas. Devo agir como um líder para que nem um de vocês se firram. O que disse estar dito e não será subjugado por nada! –Bélter já bravo com as tentativas de “motim” virou-se e foi até a saída. –Vamos, irmão?

O Lobo respondeu com um aceno de cabeça. Bélter saiu da caverna apreçado e Frederik foi logo em seguida. Antes de sair da caverna Élder encarou Frederik como se fosse sacar sua espada e lutar com um Lobo a qualquer momento. Não que ele pudesse, não podia. Não sobreviveria a um confronto com Frederik, mas nada o impedia de fingir que sim.

O Guerreiro Cinza pensou em rir, mas preferiu ignorá-lo. Conteve-se a apenas levar seu elmo no alto de sua cabeça e soltá-lo vestindo-o. Logo depois saiu da caverna.

Diferente de Bélter, Élder, não possuía família. A Casa do líder ladrão, Os Rylos, fora a muito eliminada já Élder nunca teve uma Casa ou família. Como qualquer outro bastardo carregava o nome de um dos vinte deuses. Élder Alédia era assim que o chamavam chegava a ser humilhante em muitos momentos, mas entre os ladrões não era. Além dele haviam outros quatro bastardos entre os Bruminods. A única pessoa que realmente se importava, ou pelo menos assim ele pensava, era Ciani, que como ele carregava o nome do deus da vida, Alédia.

Élder encarou Detion e ele estremeceu. O bastardo viu que não valeria a pena brigar então aconchegou-se em um canto da caverna e lá ficou quieto. Um toque delicado em seu ombro o chamou a atenção. Era Ciani. Ela levou seu braço em volta do pescoço do bastardo e levou sua cabeça ao ombro dele. E lá ficaram sem dizer uma palavra.

Kaider e Válvet continuavam seu caminho para o leste. Há poucas horas eles deixaram seus cavalos para trás. Agora o ex-general e seu subordinado deveriam passar pelas Mãos de Soulos. O nome era dado pelo estranho formato. Era como dedos saindo da terra erguendo-se a alturas enormes.

Kaider preferiu não escalar as montanhas pontiagudas pôs ele tinha conhecimento de passagens entre as Mãos que somente os generais sabiam. Por saber este tipo de segredos Ferbylhos Algar executava os ex-generais. Era perigoso algum homem vender este tipo de segredos a qualquer um.

Válvet não conseguia acompanhar os passos longos e pesados de Kaider. O cansaço era visível no homem de cabelos brancos, porém Kaider continuava em ótimo estado.

–Meu senhor, –Chamou Válvet. –Estamos a algum tempo afastados do reino. Os generais veriam ir ao conselho de guerra com o rei. A esta altura já deve ter terminado. Se não compareceu sabe o que pode acontecer.

–Fique calmo, meu tolo subordinado. –Kaider não olhou para Válvet enquanto falava ou parou de andar. –Não pretendo voltar para Emglavius tão cedo. Na verdade logo teremos mais que títulos. Eu não serei mais um mero dos quatro generais e você não será mais apenas um subordinado.

Válvet não questionou. Ele tinha um péssimo pressentimento.

–Meu senhor…

–Cale-se! –Kaider se atirou ao chão procurando abrigo em uma grande rocha. Válvet fez o mesmo.

Os dois viajantes puderam ver com clareza soldados montados em Corcéis de Sangue, eram cinco no total. Quatro dos soldados possuíam armaduras completas e verde bem claras quase brancas com as lanças de Emglavius no peito, mas um deles, o que liderava a busca, possuía uma armadura negra que cintilava malignamente em contraste com a luz do sol.

Este homem de armadura negra tinha afiados olhos castanhos avermelhados. Seus cabelos eram como uma onda negra e brilhantes assim como a armadura. Seu queixo era duplo e seus lábios pareciam nunca sorrir.

–Gangreliz. –Sussurrou Kaider.

–Quem seria este, meu senhor? –Válvet temia a resposta.

–Logo revelarei. –Kaider ainda agachado caminhou entre rochas grandes. –Por hora precisamos fugir, fugir de Gangreliz.

O ex-general continuou a fugir incógnito pelas pedras. Válvet o acompanhou temente ao tal homem.

Os últimos Rylos caminharam até Emglavius rumo a um estábulo onde o dono era um velho amigo de Frederik.

O Lobo Cinzento levou Bélter por caminhos secretos conhecidos apenas por aventureiros espertos e por Lobos. Passando por estes caminhos ocultos a tempo era quebrado por mais da metade. Antes do dia escurecer ambos já haviam chegado no reino das lanças.

Na cidade já era diferente dos caminhos secretos. A existência de atalhos era desconhecida aos olhos do Cinzento. O único caminho seguro para ladrões e foras da lei eram os telhados das construções ou em alguns casos as profundas trevas dos becos anoite, porém o sol ainda ardia mesmo que fraco no céu.

Frederik preferiu entrar no reino pelo portão Sul. Lá sempre estava pouco vigiado pela má regencial do general Kaider Viks. Mas desta vez não era o caso. A entrada estava abarrotada de guardas.

O Lobo Cinzento guardou seu elmo logo atrás de sua capa e fechou-a para ocultar a armadura cinzenta. Com o ocultamento do elmo o Lobo foi incapacitado de correr ou fazer movimentos demasiados bruscos.

Bélter caminhou ao lado de Frederik escondendo sua face sempre que via um guarda qual ele julgasse que o reconheceria. O Líder ladrão se preocupou com sua cicatriz. Era uma maneira de ser reconhecido na multidão.

Bélter pode ver um guarda que guardava a guarita.

–Irmão, um dos guardas do telhado. –Bélter indicou com a cabeça, mas não ousou apontar para não deixar claro.

–Ele viu o seu rosto e não o meu. Vamos passar perto da guarita. –O Guerreiro Cinzento observou o local com seus olhos afiados. –Ali abaixo da guarita a um ponto cego. Dos olhos daquele guarda.

–Mas se o outro estiver por perto? –Perguntou o mais jovem da Casa Rylos referindo-se ao Caçador da Matilha.

–Ele não esta. Caso contrário eu teria o visto. –Frederik puxou seu irmão pelo braço até o ponto cego da guarita.

Lá puderam ver Eliot. Ele parecia tenso. Observava a todos com o medo visível em seu olhar.

–Parece até que viu um fantasma. –Brincou Bélter quase sem voz para não chamar a atenção.

Frederik conteve-se a sorrir e se pós sério mais uma vez.

–Continue por ali. –O Lobo apontou o caminho. –Não vejo nem um guarda tomando os cuidados daquela parte.

O Lobo Cinzento referia-se a uma parte oculta por grandes árvores de carvalhos quase encostadas a muralha. Parecia que ninguém oferecia muita atenção ao local.

Os irmãos foram pelo caminho escondido. Bélter ficou tenso ao ouvir alguns guardas correrem e pessoas gritarem, mas o Lobo não deu atenção.

Eles andaram até o final da estrada de carvalhos que os deixaram entre os portões Sul e o Oeste. De lá se misturaram entre a multidão e caminharam pelar ruas de hora pedra, hora areia e grama.

A geografia de Emglavius era bela em pontos e medonha em outros. O reino erguia-se em um local onde planícies contrastavam com montanhas e picos pontiagudos. Ao redor da muralha não havia mais mata exceto por algumas pequenas e amareladas árvores. Já em algumas partes no coração da cidade ou até mesmo em algumas hospedarias ainda havia uma mata muito densa. As pequenas florestas contidas dentro de Emglavius possuíam muitos mistérios e algumas vezes até mesmo magia, nem sempre do tipo boa. A parte amedrontadora de Emglavius era o pico no centro do reino, o pico era chamado de Garra de Anima por se assemelhar a uma garra surgindo dos confins do mundo. Todos lá criam que a Garra era vinda do próprio reino da deusa da morte Anima, Os Nove Abismos. Esta crença não intimidou a Casa Algar que fez questão de construir seu castelo rodeando e subindo o pico até o topo. Se Anima fosse tão orgulhosa quanto nas lendas ela não gostaria que nem um rei colocasse um brasão em sua propriedade, neste caso as lanças cruzadas. Por este motivo acreditava-se que a família real fora amaldiçoada pela deusa e os reis estavam fardados a morrerem pelas mãos de sua prole assim como Zanatus e Ferbylhos I.

O dia já começara a chegar no final. Apos cruzarem mais algumas ruas O Lobo Avistou o estábulo de seu velho amigo. Ele foi até a porta e bateu trés vezes. Logo em seguida pode se ouvir o som de vários cadeados se abrindo.

Velzer, O Carrasco e Jarin carregavam o cadáver de Faltor até o Oeste onde os corpos dos mendigos, escravos e indigentes eram queimados. Apos chegarem lá o corpo do homem foi jogado junto ao monte de outros que já estavam lá a um bom tempo.

A sala cheirava a podridão, carne queimada e vinho de verão. E de fato eram as únicas coisas que jaziam lá. Pilhas de cadáveres, barris de vinhos e uma fornalha infernal onde sempre havia um corpo sendo queimado e a pilha nunca diminuía. A madeira clara da sala a muito se escurecera e putrificou-se dando um tom fúnebre e não devia ser diferente.

A fornalha era como um grande tanque de aço que pelo peso afundara os pés na madeira escurecida. Os guardas não deram muita atenção a tirar a fornalha afundada pós era extremamente pesada e não era uma ordem, então preferiram ignorá-la. Logo não tardaria a fornalha carbonizar o resto da madeira e afundar ainda mais.

As paredes eram vermelhas e foram escurecidas pela infiltração e cinzas que se espalhavam as vezes.

Muitos achavam que era um terrível trabalho cuidar da fornalha, mas não Velzer. Ele gostava da morte e de queimar os corpos dos falecidos principalmente aqueles que eram mortos por suas mãos. Além do prazer de carbonizar os cadáveres ele podia sentar-se e beber um bom vinho até cair embriagado. Na maior parte do tempo Jarin estava junto a ele bebendo e matando.

–Acho que quando terminar vou ir até a Casa das Vianis. Necessito foder algumas meninas. –Disse Jarin ajeitando a calça na parte mais baixa entre suas penas.

–E quanto a sua esposa Pervynis? –Perguntou o Carrasco com uma gargalhada.

–Minha senhora já não me satisfaz como as pequeninas de Vianis.

Ambos os odiosos homens riram e beberam.

No canto da sala junto a uma pilha de corpos o cadáver de Faltor jazia imóvel. Sua lâmina ainda estava presa ao cinto. Subitamente suas feridas abertas foram fechando-se até restar apenas cicatrizes ardente que logo desapareceram liberando uma fina fumaça branca como as emanações de um encenso.

–Vamos terminar de uma vez com estes aqui. –Velzer apontou para o corpo de Faltor. –Logo após você fica com suas crianças e eu com uma cabra.

O Carrasco pegou a capa com o brasão de Gorgon.

–O Escudo Das Escolhas. –Constatou Jarin. Esse era o nome do brasão de Gorgon –Isso deve ser caro.

–Não interessa a mim. Pode ficar. –Velzer atirou a capa para o amigo. –Por Anima! –Gritou logo após ver que o corpo de Faltor jazia ileso.

–Parece que sua lança esta cega, meu amigo. –Disse Jarin com desdem.

–Como pode? Vi ele sangrar! –Ele abaixou e constatou o corpo. –Vi seus olhos apagarem-se sem vida. Vi ele perecer sem a luz de Alédia!

Pelos cantos da boca do carrasco escorreu espuma como a um cão raivoso.

–Não se preocupe. Jogue-o na fornalha. Se ainda estiver vivo será bom ouvi-lo gritar enquanto sua carne queima.

Velzer não respondeu. Caminhou até a fornalha e atirou mais algumas madeiras. Ele se perdeu no crepitar do fogo.

Jarin foi até o amigo.

–Escureceu rápido hoje. –Ele desejava mudar o assunto o mais rápido possível.

–Sim.

Neste momento Faltor abriu seus olhos completamente negros. As trevas contraíram-se até a íris. Ele se levantou e como uma sombra caminhou pela sala silencioso. Ele juntou-se as trevas e sacou sua espada.

Uma a uma as velas foram apagadas pelo homem de olhos negros. Velzer correu até a mesa derrubando várias taças e sacou sua lança. O vinho já estava começando a fazer seu efeito. O carrasco estava bêbado.

Jarin olhou a sua volta assustado. Ele sacou sua lâmina de três gumes. O guarda escutou um leve passo atrás de si e virou. Um vulto negro saltou das sombras e passou direto.

–Jarin! –Gritou o Carrasco.

O homem deixou a espada escorregar entre seus dedos e tombar ao chão. Ele girou seu corpo e foi ai que Velzer viu o sangue pingando de seu pescoço. O guarda desabou ao chão.

–Mostre-se seu covarde! –Velzer fitou a escuridão a sua volta a procura do que o cercava. –Vou perfurar seu peito com minha lança!

Algo em meio as trevas dançou e fez com que O Carrasco se atirasse para frente procurando ficar de costas para a luz da fornalha. Lá ele teria visão de tudo.

Velzer bateu em qualquer coisa a sua volta, mas mesmo bêbado não deixou ser atirado ao chão. Continuou a correr esbarrando nos corpos.

O Carrasco pós-se de costas para a fornalha. Sua visão não era clara. Além de trevas ele podia apenas ver partes das paredes avermelhadas. O guarda esperou. Sabia que seu amigo estava morto e que se ele falhasse seria o próximo.

Uma sombra avançou pela direita. O movimento foi descendente. Velzer pode ver que a sombra era uma figura humana. O homem atirou-se com tamanha força que fez com que O Carrasco batesse com suas costas na fornalha queimando-se.

Ele gritou.

Em seguida atirou-se ao chão e empalou inúmeras vezes o ser na barriga.

–Morra, morra! –Gritou ele.

Um dos golpes foi errado e a lança prendeu-se na madeira podre, mas não importava. O ser agora não passava de um bolo de carne e sangue. A única parte intacta era seu rosto.

Velzer carregou a cabeça do ser até a luz e viu que não passava de um escravo. Devia estar lá a muito tempo pós fedia e a carne já adotara sinais de podridão.

O Carrasco sentiu uma dor aguda em seu ombro esquerdo que se intensificou. Ele olhou para cima do braço e viu uma ferida abrindo-se sozinha. A dor era como se algo tivesse atravessando-lhe a carne.

A dor foi pior quando a sensação foi como se uma espada fizesse um rombo e retrocedesse pelo mesmo. Ele pós uma das mãos sobre a ferida tentando estancar o sangramento, mas era inútil.

Velzer viu que alguém o agarrar pelas costas e o atirar contra a fornalha ardente. Ele mais uma vez gritou e o ser atacou com o cabo o rosto do guarda.

–Em nome dos vinte deuses, que é você? –O Carrasco sangrava muito e agora também pela boca.

–Sou a sua morte! –Disse Faltor apontando a lâmina amaldiçoada com uma mão e com a outra abrindo a fornalha.

Velzer olhou para o fogo. Ele encarou Faltor com um olhos suplicantes.

–Tenha piedade… –Pediu o Carrasco.

–Nunca peça piedade a um lobo que mata por instinto! –Faltor atirou o homem contra as chamas e fechou a fornalha.

Velzer gritou e bateu contra a porta as chamas consumiram suas pernas jogando-lhe ao chão. Em seguida as chamas escalaram suas costas e devoraram o resto da carne.

Velzer, O Carrasco estava morto.

Faltor caminhou até o corpo de Jarin e recolheu sua capa que jazia sem manchas rubras de sangue. O gorgon ouviu passos pesados na entrada da sala e saltou pela janela procurando sair despercebido.

Faltor misturou-se a multidão que passava e não foi visto mais pelos guardas que passavam. Ele manteve o brilho da capa oculto e olhou sua lâmina. Agora a espada invisível era apenas uma forma vermelha de sangue. Era dividida em três partes e o liquido rubro inda pingava. O gorgon girou a espada e limpou-a deixando o sangue cair no chão. Como sua capa o sangue não ficou preso na lâmina. O sangue caiu como água.

O gorgon caminhou entre a multidão com sua espada limpa e presa a sua cintura.


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Notas finais do capítulo

Até o próximo capitulo. Darei um pequeno spoler. Haverá um novo personagem para a trama. ^_^



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