Cronicas de Éverof: O Lobo e o amaldiçoado escrita por Red Mark


Capítulo 7
Sombras do passado


Notas iniciais do capítulo

Um novo capítulo para vocês! espero que gostem e boa leitura!



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Ur respirou fundo o ar que tocava as folhas verdes das árvores cinzas e pontiagudas.

Seus olhos cinzentos estavam focados ao oeste fitando a Floresta Negra. Ele e seus companheiros deviam descer até o sul cortando as Planícies de Emglavius até chegarem em Marizia, o reino selvagem.

O príncipe elfo estava pensativo. Lembrava-se dos domínios de seu pai ou oeste de Marizia. Outrora os elfos foram poderosos, mas fora a muito tempo. Antes mesmo da destruição de Gorgon.

Ur lembrava que quando era uma criança ele, seu pai e os moradores da vila construirão um templo com pedras da Costa Rachada ao sul de Emglavius. Nesta era o Reino Das Lanças não passava de uma pequena cidade desprotegida por altas muralhas.

O príncipe lembrava de quando elfos viviam em paz com os humanos de Emglavius. Ele lembrava-se de Zanatus Algar, o primeiro rei do reino das lanças. O primeiro rei migrara de Sefyros, o primeiro reino, até depois do deserto de Soulos e mais além de Marizia até ser o primeiro a desenhar os limites do continente de Ordenia. A notícia da morte de Zanatus mexeu muito com o pai do príncipe pós ele fora assassinado por seu próprio filho, Ferbylhos, quando ainda tinha quatorze anos. Ferbylhos Algar dominara até seus vinte e três anos até ser morto por seu filho, Ferbylhos II, que reina até hoje.

Em vão Guler, o rei dos elfos, tentou assassinar Ferbylhos II teria sido vitorioso se não por Édmund, o honrado. O guarda sozinho havia destroçado mais da metade de seus soldados que invadiram Emglavius. A penalidade que cairá sobre o rei elfo por tentar cruzar lâminas com o Honrado foi alta. Guler perdera um de seus braços deixando-o obsoleto em batalha.

Ur tentou não pensar nisso. Seu ódio só cresceria para com o rei de Emglavius.

O príncipe parou com a caminhada.

Ele escutou a floresta a sua volta. Algo estava muito errado. Ur olhou para seus companheiros.

–Algo está fora do lugar. –Disse ele na língua selvagem.

–Uma vida nova esta a caminho. –Disse um dos elfos que estavam juntos a Ur.

Este chamava-se Lijk. Ele trajava uma armadura de madeira parcialmente suja com musgo verde que quase tampavam o marrom da madeira. Em sua cintura uma cimitarra embainhada, em suas mãos um arco fino com outro galho mais grosso que rodeava-o e em suas costas uma aljava presa por uma bandoleira transada com lã branca.

–Isso também quer dizer que uma vida deixou de existir entre os elfos. –Continuou Lijk.

Os olhos de Ur se estreitaram e sua testa se enrugou.

–Temos que retornar a vila para ter certeza de quem nos deixou. –Disse Ur.

Ele tinha uma desconfiança de quem poderia ter sido. Apenas desejava estar errado.

Para os elfos selvagens a morte não era o fim. Logo após que um deles falecia sua essência misturava-se a floresta onde moram e depois convertiam-se em uma nova vida no ventre de uma das fêmeas, mas o ser perdia sua antiga identidade para tornar-se uma nova pessoa.

–Ainda nos resta meio dia de viajem. –Disse Lijk.

–Adiantaremos o passo! –Disse o príncipe. –Amanheceu a poucas horas. Quero chegar em Marizia ainda antes do pôr do sol.

Os outros elfos não questionaram o príncipe. Todos foram rumo ao sul. Sua missão fora cumprida. A profecia dos Primeiros logo chegaria ao Lobo que mencionava.

O passado mexia com a mente do Lobo Dourado. Nathels Failon vencera quinze lutas e estava exausto. Todo seu sofrimento tinha origem a pouco tempo.

Há alguns dias o Dourado recebera a missão de assassinar uma jovem no Castelo Das Lanças de Emglavius. Tudo fora ordenado por Gavet Mont, O Lobo Alfa. O dever de Nathels era simples. Deveria apenas adentrar o castelo a noite sem ser encontrado e degolar a menina como um aviso para o próprio Ferbylhos Algar II. A garota chamava-se Dáynes Algar, irmã e esposa do rei, mas o habilidoso Lobo cometeu um erro grave.

Nathels se apaixonou pela jovem e com isso fracassou em sua missão. A notícia não tardou a chegar ao Lobo Alfa pelos próprios lábios do Dourado. Gavet ficou irado.

“Deseja os dotes da rainha de Emglavius? Qualquer outra mulher de um bordel não satisfaz seus desejos carnais? Nunca esqueça-se, Lobo Dourado, quando nos tornamos parte da matilha desistimos de nossos nomes, nossa família e de qualquer mulher para qual nossos corações pertenceram.” As palavras do Lobo Alfa martelavam-lhe sua cabeça. “Apenas possuímos uma pessoa para qual não damos as costas. Deseja abandonar sua irmã? Nunca esqueça-se. Apenas uma pessoa deve conter o coração de um Lobo. Foi assim no inicio da Matilha e será assim até o final dos tempos!”

No dia destas palavras Nathels entregou sua arma aos pés de seu líder. Mas a deserção não foi asceta bem.

“Pelas espadas e lanças, guarras e presas lutarei contar as sombras. Atuarei nas trevas para servir a luz. Sem família ou amor, mantendo apenas um ser com meu coração. De hoje em diante torno-me parte da Matilha. Minha armadura será como meu pelo, minha arma será como minhas garras, minha cor será como o brasão de minha Casa que levantarei entre a escuridão da noite. Sempre nas margens da sociedade contra a tirania dos nossos soberanos sempre que preciso. De agora em diante e para sempre serei um Lobo.” Estas foram as palavras ditas pelo Alfa para Nathels. Este era o juramento dos Lobos. As palavras que selavam um comprometimento eterno para com seus irmãos da Matilha. Quando a frase foi profanada Nathels nada disse, porém o Alfa continuou: “De hoje em diante e para sempre.” Foi a última coisa que Gavet Mont disse ao Lobo Dourado.

Ele foi-se para sempre da Toca, o esconderijo da Matilha. O guerreiro cor de ouro planejava sair de Emglavius com Dáynes que também se apaixonou por ele. O plano não foi bem-sucedido. Em plena noite Nathels roubara uma das milhares carruagens do castelo e a escondeu entre a penumbra da noite ao leste do castelo. O Castelo das Lanças era uma construção imensa. Emglavius fora construída e na primeira Era em volta uma montanha pontiaguda que era conhecida como A Flecha de Ãnel, a deusa da caça e da coragem, mais tarde ainda na primeira Era uma construção como nunca fora vista ao norte de Ordenia começou. O castelo da família Algar fora completo no ano 57 no inicio da segunda Era. A construção cercava e subia até o topo da montanha. De longe era como ver um castelo fantasma amedrontador, e esta era a intenção.

O casal chegara até os portões oeste das muralhas. O Lobo Dourado pretendia seguir o rio Taitus até fora do reino chegando na casa da sua irmã. Nill era o nome desta menina. Ela era aquela que o Lobo escolhera para manter seu coração. No juramento dizia que apenas uma pessoa podia possuir o amor de um Lobo, mas Kaél, o deus do destino, gostava de pregar peças nos mortais.

Nos portões Nathels e Dáynes já eram esperados. O próprio guarda particular do rei, Édmund, estava lá. O que o Lobo Dourado não entendera era por que apenas um homem lá. Nathels poderia passar por cima do Honrado com sua carruagem, mas não. Preferiu sair da carruagem e afrontar o homem como um verdadeiro guerreiro.

O Lobo Dourado e o Honrado se encararão. Os olhos azuis, sábios, profundos e afiados de Nathels e os olhos frios e verdes de Édmund chocaram-se.

–Saia da frente Cão de Guarda! –Disse o Lobo. Sua voz ecoou pelas ruas vazias escuras.

Nada disse aquele que impedia o caminho.

–Se temes por sua vida sai do meu caminho! –Continuou o Lobo. –Suas habilidades são admirareis, porém sou um temido Lobo da Matilha. Sai ou pereça.

Por mais que tentasse Nathels não soava intimidador como o estranho homem. Se os rumores fossem reais o Dourado estava de frente para o homem mais fatal e perigoso de toda Ordenia.

Nathels Failon sacou sua nova espada dada a ele por sua amada rainha. Uma lâmina reta e simples com o símbolo de Emglavius, as lanças cruzadas, e com uma escrita. Nela dizia: “Forjada pelo amor.”, Seu cabo era vermelho vivo. O nome desta arma era Coração. Era de costume a rainha de Emglavius dala a seu marido sempre no dia do casamento, mas Dáynes havia roubado-a de Ferbylhos e entregado ao Lobo.

Édmund sacou seu sabre. Uma arma de noventa centímetros, setenta de lâmina e vinte de cabo. O cabo era negro com várias linha retas que desciam em diagonal rodeando-o.

–Se é assim dance comigo, mas adivirto-o que ninguém nunca me vencera! –O Lobo apertou o cabo de Coração.

O primeiro movimento veio simultaneamente de ambos os adversários. Eles correram como sombras em torno de uma vela. Era como uma majestosa dança que os dois eram mestres, mas apenas um acertaria todos os fatais passos.

As lâminas chocaram-se violentamente. Se ambas as lâminas não forjadas como lâminas nobres teriam sido destruídas. Como se tivesse sido ensaiado os golpes eram perfeitos. Um a um os ataques foram bloqueados pelos dois inimigos.

Após inúmeros golpes os adversários arremessaram-se parra traz. Ambos caíram de pé. O próximo golpe veio de Édmund. Ele correu no o sabre erguido sobre o ombro direito. Nathels não tardou a executar um movimento de estocada, mas foi um erro. Era exatamente o que o Honrado queria. Em seguida desviando da ponta de Coração o Cão de Guarda girou todo seu corpo para direita.

O desvio foi perfeito. Um novo movimento da parte de Édmund veio. Ainda girando para as costas do Lobo ele desferiu um segundo ataque. A espada dançou friamente pelas costas de Nathels como um risco frio e certeiro de um escriba em um pergaminho. Nunca que alguém poderia deixar uma marca tão perfeitamente reta.

O Dourado ajoelhou-se. Édmund conteve-se a deslizar sua lâmina pela borda da bainha e guarda-lá.

–Me envenenou? –Perguntou o Lobo devido a dor.

–Que honra haveria nisso? –Édmund quebrou seu silencio. –Um golpe certeiro é mais fatal do que o veneno da serpente mais perigosa de Éverof.

–Então estou vencido. –Disse Nathels.

O Lobo Dourado não aceitara o fato. Ele cravou Coração no chão entre as pedras que enfeitavam a entrada do reino. Em seguida agarrou um punhado de areia no chão jogando suas mãos ao chão.

–Mate-me já que acabou! –Continuou Nathels.

–Meu amo tem outros planos para você. –Édmund olhou de relance a carruagem roubada. Por um momento seus olhos encontraram os de Dáynes.

A jovem rainha desesperou-se. Ela ousou correr pelas ruas escuras, mas era inútil. O Cão de Guarda era rápido como o vento. Ele correu até a mulher e atacou-lhe com o cotovelo em sua nuca desmaiando a mulher.

Nathels tentou levantar-se, porém pela dor foi jogado ao chão. Ele rastejou alguns centímetros e não pode prosseguir.

O vento uivou entre as árvores ao longe como cão, como um lobo.

O sangue se esvaiu do corpo do Dourado rapidamente. Sua visão tornou-se turva, mas ele pode ver um ser no portão da cidade. A forma era luminosa e brilhante, andava em quatro patas e era peludo. O ser possuía olhos azuis como pedras preciosas contra a luz pura do sol. Ele era imenso, ele era um lobo gigantesco.

–Eu falhei… –Sussurrou o Lobo Dourado. –Perdoe-me…

O ser brilhante levantou seu fino nariz e uivou. Som ecoou pelas ruas e pela mente de Nathels Failon.

Os soldados chegaram e cercaram o corpo do Lobo Dourado. Antes de desmaiar ele pode ver apenas mais duas coisas: O lobo brilhante desaparecendo nas trevas e um guarda aproximando-se dele. O homem era Enderner, o caçador da matilha.

Tudo se tornou escuro.

Nathels jogou-se contra a parede. Sua respiração era pesada. Seus pulmões ardiam como se estivesse no alto de uma grande montanha gelada. Em sua mão o Lobo possuía um corte de uma batalha passada. Ele se levantou e observou sua ferida contra a luz.

Cambaleante o Dourado se levantou de joelhos e passou a mão pela parede suja de terra e sujeira. Na parede rochosa agora se lia: “Coração”.

Faltor caminhou pelo leito do rio Taitus até Emglavius onde os ladrões haviam encontrado-lhe. Ao longe para sul a Floresta Escura se apresentava assustadora com suas árvores petrificadas pontiagudas e cinzas. A luz do sol temia adentrar os domínios da floresta. Não importando o quando o brilho do sol era forte as trevas superava lhe de longe. Parecia que Solun, o deus sol e Frolius, o deus da luz, tivessem abandonado aquele maldito lugar.

O gorgon parou de olhar para a floresta. Ele não desejava ir até lá mais uma vez. Sua jornada agora apontava para o Reino das Lanças. Ele entrou em Emglavius pelos portões do sul. Nem um guarda o perturbou. Apenas um o olhou de modo estranho, este era Eliot.

Ele traspassou Faltor com seus olhos. O gorgon respondeu da mesma forma. O jovem guarda desviou o olhar e se voltou para a patrulha que passava a seu lado. De relance ele pode ver a capa de Faltor.

–Espere! –Gritou ele da baixa guarita onde estava.

Ele saltou da guarita e correu até o gorgon, porém foi bloqueado pela patrulha de vinte homens comandados pelo Caçador da Matilha.

–O que está fazendo, garoto? –Gritou Enderner ao ser empurrado por seu subordinado. –Deveria estar zelando pelo portão.

–Apenas quis ver algo. Apenas minha imaginação. –Eliot olhou em volta e não viu o tal homem.

–Esta agitado? –Disse Enderner –Fique calmo! Agora você é um guarda e não um covarde. Fique calmo, mas não abaixe sua guarda!

–Foi apenas uma lembrança ruim. Só isso.

–Aprenda que lembranças ruins não podem fazê-lo mal se assim você mesmo não permitir.

–As vezes as lembranças ruins voltam. –Eliot suspirou e deu uma longa pausa. –E algumas delas são trazidas por seres que julgamos estarem a muito mortos…

Enderner franziu sua testa. Eliot nunca fora misterioso. O garoto estava atormentado e isso era visível em sua face. O Caçador sentiu pelo subordinado, mas manteve a postura de futuro general.

–Não de atenção a sombras do passado. Volte a guarita e controle as forças do oeste por enquanto. –Enderner levou a mão até sua espada.

–Controlar as forças do oeste? Onde o senhor vai?

–Eu e esta patrulha sairemos ao leste em busca do general –Enderner sorriu com desdem e soltou uma gargalhada que soou esganiçada –ou melhor ex-general!

Eliot conteve seu medo e simplesmente disse curvando-se “Como quiser, meus senhor.” O jovem retornou a guarita enquanto o Caçador da Matilha retornou a atenção para sua patrulha.

Os guardas marcharam pela rua até o portão que jazia aberto. Por um momento antes de sair Enderner parou e foi deixado para trás da marcha. Ele encarou um beco escuro. Ele estreitou os olhos para que pudesse ver algo além de trevas, mas foi em vão. Por um momento ele pode ouvir uma respiração pesada que no mesmo instante as calou. Foi então que seu coração bateu mais depressa. Os sons incessantes das ruas do reina das lanças tornaram-se baixos e abafados até não ser possível entender mais nada. Ele caminhou lentamente até o beco com sua mão esquerda erguida. A direita ainda jazia no cabo de sua lâmina. Era como se algo o chamasse.

Faltor se encolheu nas sombras ele contraiu o brilho de sua capa e jogou-lhe por sobre o corpo e do rosto. Enderner cada vez mais aproximava-se dele. Sua mão deslizou por entre a capa até sua cintura até o cabo avulsos. O gorgon deslizou a mão pelo ar onde deveria ficar a lâmina da espada e uma bainha negra caiu contra o chão. Uma hora a bainha não existia e outra ela estava. Ela era invisível. Faltor dançou o cabo alguns centímetros contra o chão deixando claro pequenas linhas. Sua arma não estava quebrada, com toda a certeza não. Era uma arma digna de um rei, uma arma mágica, uma arma digna de um guerreiro como Faltor, uma lâmina amaldiçoada.

Enderner cada vez se aproximava mais e o gorgon não podia ser descoberto. Sua capa além de uma recordação de sua casa também era motivo de perguntas e ele tinha em mente que não era um bom mentiroso e a verdade devia ser protegida a todo custo.

O Caçador pôs sua mão a centímetros da capa Faltor agora deveria lutar por sua vida!


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Notas finais do capítulo

Muito obrigado a vocês que leram até aqui e logo sai um novo capítulo! Se gostarem ou acham que algo pode melhorar deixem seus comentarios!



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