Love And Death escrita por Baabe


Capítulo 35
O Nosso faz de conta


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada, preciso dar alguns esclarecimentos sobre esse capitulo, porque ele está meio confuso e vcs podem n entender bem o que acontece... É o seguinte meus amores...
Nesse cap. todas as falas que estiverem entre aspas, serão referentes ao cap. anterior. Isso porque a gnt vai saber a visão que o Bill teve do dia em que o Tom deu o apartamento para a Cléo.
A Cléo sente o Bill perto dela a todo momento, ela sabe que ele pode ver tudo, só que ela não pode escuta-lo, e ele não pode tocar nela... Só que no final, acontece uma coisa especial.
Não se esqueçam q isso é apenas uma história, e nas histórias, tudo pode acontecer n é mesmo?!
Eu não gostei muito desse cap. (minha inspiração anda falha), mas têm uma parte dele q é especial porque o Bill vai se lembrar das fãs dele. Leiam e descobrirão.



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Tokio Hotel – By your side


Eu não quero causar problemas
Não quero ficar muito tempo
Eu só vim para te dizer

Vire-se
Eu estou aqui
Se você quiser sou eu que você verá
Não importa
Longe ou perto, eu posso te segurar quando você me alcança


Sua vida não tem sentido
Seu diário, cheio de lixo
É tão difícil se dar bem de mãos vazias
Você procura pelo arco-íris
Mas ele morreu não faz muito tempo
Vou tentar brilhar 
Só pra ti até o fim...

 


 

Bill

 

 Este foi o dia mais intenso que eu pude presenciar depois de “morto”. Digo morto entre aspas, porque para mim, estar morto sempre significou estar dormindo profundamente e desligado de tudo que ocorria no mundo dos vivos, mas, eu ainda estou aqui, mais presente do que nunca, em meio as pessoas que eu mais amo. Invisível, eu sei... Mas vivo. E tudo isto está acontecendo porque eu tenho uma missão a cumprir.

 Meu irmão me orgulhou muito fazendo o que ele fez, uma das maiores qualidades do Tom é que ele sempre surpreende... E, sem dúvidas, ele surpreendeu a todos.

 

 Estávamos na sala de meu apartamento, eu sempre posicionado ao lado da Cléo, então o Tom começou um pequeno discurso... Ele tinha um presente para lhe entregar:

 

- Eu comentei com você no caminho para cá, que você tinha uma nova casa. Você chegou aqui e mal reparou na sua nova casa, que é esta Cléo. Bem... – abriu seu sorriso de criança - Talvez ela não seja assim tão nova para você... Olhe bem a sua volta, repare em cada detalhe e deixe o seu coração falar por ti.”

 

 Meu irmão apenas quis fazer com que a Cléo se lembrasse de alguma forma, de que aquela foi a minha casa. Mesmo ela nunca tendo estado lá, Tom quis fazer com o que o meu coração dentro dela dissesse: “este já foi o seu lar.”

 

 Aquilo me comoveu. Tom não se esqueceu de mim nenhum segundo sequer. Tudo que ele fazia, era imaginando que eu estava vendo e consequentemente me orgulhando pelas suas atitudes. Nossa... Como eu desejei abraçá-lo naquela hora e dizer a ele: “Sim Tom, eu estou aqui e, muito orgulhoso de você.”

 

 Eu passei pela Cléo e segui em direção a sacada, que era sem dúvidas o lugar que eu mais gostava de ficar quando morava lá. Então me debrucei na grade e chorei de saudades de algo que eu não conseguia aceitar que havia perdido... A minha vida. Eu faria de tudo para tê-la de volta.

 

“- É tão estranho... Parece que eu já estive aqui antes.”

 

Cléo estava lá, comigo. Depois Tom apareceu por trás dela, lhe contando que aquele era o meu canto predileto da casa.


Não há lugar neste mundo que me faça sentir mais vivo do que este."


Realmente era isso que eu sempre dizia.

 

 O dia passou rápido hoje, todos pareciam muito felizes, mas às vezes eu podia notar um certo desconforto partindo da Cléo e do meu irmão. Era como se um não soubesse direito como agir na presença do outro. Se eu pudesse, faria os dois se apaixonarem agora mesmo, mas, acho que não seria necessário.

 

- Hey! E o meu beijo?

 

 Naquele momento eu tive certeza de que o Tom tinha dúvidas em relação ao que sentia verdadeiramente pela Cléo. Ele queria que ela o beijasse, para saber como se sentiria diante de tal ato.

 Eu... Eu não sei explicar com exatidão o que senti, mas, o que eu posso dizer é que aquilo me incomodou. Ela se inclinou para beijá-lo, e eu diante deles assistia àquilo com um nó na garganta. Aquele beijo no rosto, por mais inocente que possa parecer, para eles, significou alguma coisa, deu pra perceber pela feição de ambos que eles haviam gostado.

 Pra mim é muito fácil falar: “meu irmão é a Cléo devem se apaixonar é assim que tem que ser!”, mas na prática, presenciar um inicio de romance entre eles me dói demasiadamente. Mas que droga, se eu morri, por que ainda tenho esse sentimento impregnado dentro de mim? Por que eu não consigo ir embora de vez e deixar que os dois vivam a vida deles em paz, sem a minha “presença” para perturbá-los? Que droga de masoquista eu sou afinal? Fico aqui na Terra, lugar que não me pertence mais, e tenho que ver meu próprio irmão e o grande amor da minha vida se apaixonando aos poucos.  Eu sei que eles só não se entregam de uma vez um ao outro porque ainda pensam em mim, porque acham que me trairiam... Nunca pensei que fosse atrapalhar tanto.

 Profundamente incomodado com a cena que presenciara, eu flutuei até o meu antigo quarto. Nossa, que saudades da minha cama... Me deitei nela me agarrando ao meu travesseiro e chorei em silêncio... Não tem coisa pior do que permanecer “vivo” depois de morto, sem paz e tendo que conviver ainda com tudo que você deixou para trás.

 


- Está difícil para você não está?!


 Klaus veio ao meu encontro.

 

- Sim. – respondi desanimado – Só não queria ter que sentir tudo que eu estou sentindo.

 

- Bill... Nossas emoções, lembranças, amores, dores... Tudo isso nós carregamos em nossos corações e o seu coração, ainda está vivo... Ele só não está dentro de você, mas está vivo e, enquanto ele estiver batendo no peito da Cléo, você vai sentir tudo que é possível ser sentido por uma pessoa, tanto o amor, quanto a dor. Por um acaso se arrepende de ter trocado seu coração pelo dela?

 

- Não! Isso nunca. Eu... Só queria que as coisas fossem menos dolorosas para mim e para eles também.

 

- No fundo você fica feliz por eles se evitarem e serem fiéis a você. Mas, foi escolha sua Bill, unir estas duas almas e nascer deles novamente.

 

- Este é o único jeito de eu ter minha vida de volta. Mesmo o Bill Kaulitz não existindo mais, eu quero que a minha outra vida seja a mais próxima o possível da dele. Eu quero voltar a morar neste apartamento, eu quero sentar no colo da minha mãe, eu quero rir das piadas do Georg, quero roubar as rosquinhas do Gustav... Quero ter o amor da Cléo e quero o Tom novamente ao meu lado. – chorei emocionado – Eu gostei de ter sido o Bill Kaulitz, talvez tenha sido a vida que eu mais amei ter.

 

- Deixar para trás uma vida tão maravilhosa não é fácil Bill, mas ficar aqui embaixo chorando por quem você vai deixar de ser não vai te ajudar. Venha embora comigo para o paraíso e deixe as coisas acontecerem aqui na Terra naturalmente. É melhor que você não veja. Agora você precisa deixar o Bill Kaulitz de lado e se preparar para a nova pessoa que virá depois de você.

 

- Eu só vou embora daqui quando ouvir da boca da Cléo e do meu irmão que eles estão felizes. Só assim eu poderei ficar tranqüilo e terei certeza de que eu definitivamente sou uma página virada na vida deles. – respirei fundo deixando o ar sair aos poucos – E eu também preciso de mais tempo para me despedir de mim mesmo, do Bill Kaulitz. Como você mesmo disse, logo mais todas as minhas lembranças serão apagadas.

 

- Tudo bem, você tem esse direito. – sorriu e desapareceu a minha frente.

 

Assim que Klaus saiu, senti uma presença diferente no quarto. Olhei para a porta e me deparei com ela, com a Cléo.

 

- Meu amor! – eu disse me sentando na cama.

 

Então ela veio correndo em minha direção e se deitou ao meu lado agarrando-se no travesseiro que eu havia usado. Chorava muito... Chorava por mim:

 

- Ah Bill, como eu queria que você entrasse por essa porta agora e me provasse que tudo não passou de um pesadelo e que eu não estou aqui chorando sozinha na sua cama, agarrada em seu travesseiro, sentindo seu cheiro e simplesmente tendo que me conformar por você não existir mais...”

 

- Eu não agüento te ver assim... Não sofra mais por mim, por favor! – a abracei por trás encostando minha cabeça em seu ombro. Meu Deus, como eu desejava senti-lá, só mais uma vez...

Segundos depois, meu irmão entrou no quarto:

 

Estava falando com o Bill? Atrapalhei o momento de vocês, não é mesmo?!”

 

Tom se sentia um intruso quando estava com Cléo, mas o intruso naquele momento era eu.

 O tempo foi passando, as pessoas foram deixando o apartamento até chegar a hora de eu e ela ficarmos a sós:

 

- Tem certeza que vai ficar bem aqui sozinha filha? – Dulce preocupava-se com ela.

 

- Mamãe, eu vou ficar bem. Preciso passar essa noite curtindo meu novo apartamento e me habituando...

 

- Dulce, ela sabe se cuidar. Estará segura aqui. – Jost a tranqüilizava.

 

- Qualquer coisa é só me ligar. Cléo, pelo amor de Deus, qualquer probleminha que você tiver aqui, me ligue, por favor! A qualquer hora da madrugada. – eu sorria ao ver todo cuidado dela com a filha. Só espero que a Cléo seja uma mãe tão cautelosa quanto a Dulce.

 

- Fica tranqüila que eu não vou te ligar ok?! Agora vá curtir a noite com o seu namorado! – abriu a porta – Divirtam-se, e juízo vocês dois! Cuida bem da minha mãe viu Jost?!

 

- Pode deixar. – Jost ia empurrando Dulce pelas mãos, ela fitava Cléo com um olhar triste por deixá-la.

 

- Meu Deus, meu bebê cresceu tão rápido... Já vai até morar sozinha... – seus olhos brilhavam, com lágrimas é claro.

 

- Ah mãe, sem drama agora, por favor! – Cléo a puxou em um abraço.

 

- Acho que estou começando a me arrepender por ter deixado o Tom te dar esse apartamento viu... Mas, ele estava tão desesperado em te deixar feliz, ele queria tanto achar um jeito de se desculpar por não ter te visitado que eu... Fiquei com dó dele sabe?!

 

- O Tom foi maravilhoso mesmo, ele abriu mão disso tudo por mim. Nem sei como agradecer. – se o meu irmão teve intenção de impressioná-la, ele conseguiu.

 

- O Tom é incrível... Você não faz idéia de como ele sofreu, e de como vem sofrendo ainda. Não é fácil pra ninguém, mas nele dói mais do que em qualquer pessoa. Eu gostaria muito que vocês se aproximassem mais, acho que vocês têm muita coisa em comum e se dariam muito bem. – Jost a aconselhava. Mais um que fazia parte da torcida: “Tom é Cléo devem namorar”.

 

- Eu e o Tom seremos bons amigos. Eu o tenho como um irmão agora, sem dúvidas já o considero da minha família.

 

- Interessante você considerar seu próprio cunhado, que por sinal é tão parecido com seu namorado, como um irmão. – Jost riu do próprio comentário. Cléo apenas abaixou a cabeça sorrindo sem graça – Bom, acho que já falei demais... Vamos Dulce! – se retirou seguindo para o elevador.

 

- Ai, ele ficou sem graça pelo que disse. Não liga não filha. – Dulce cochichou para Cléo – Amo você, fica com deus. – saiu finalmente.

 

Cléo fechou a porta e se escorou nessa respirando aliviada:

 

- Pronto Bill, agora somos só eu e você.

 

- Enfim sós, não é mesmo?! – sorri me posicionando a sua frente.

 

- Sabe, eu realmente não entendo essa “torcida” de todos para que eu e o Tom fiquemos juntos. Será que eles não percebem o quanto eu te amo e o quanto sou fiel a você? Eu vou ser sua pro resto da minha vida, só queria que eles entendessem isso. – bufou e se jogou no sofá.

 

- Cléo! – abaixei minha cabeça triste e me sentei ao seu lado – Eu sei que você não pode me ouvir, e que tudo que eu te disser aqui será em vão... Mas, você gosta de brincar de “faz de conta” e eu também... Então, vamos fazer de conta que você possa me entender, e vamos fazer de conta também que você fará tudo que eu disser. – busquei forças para dizer o que eu precisava a ela – Cléo, você deve ficar com o Tom.

 

- O Tom... Nossa ele saiu daqui tão sem graça. Eu sinto que ele também fica muito incomodado quando as pessoas começam a fazer essas brincadeirinhas a respeito de nós. – levantou-se do sofá indo até a cozinha. Enquanto caminhava ia tagarelando comigo – Eu... Eu odeio toda essa situação Bill, eles não respeitam o amor que eu tenho por ti, não respeitam. – parecia indignada.

Fui atrás dela...

 

- Você tem que ouvir o que todas essas pessoas estão dizendo. Elas estão certas porque eu estou morto, eu não existo mais... Mas, o Tom existe e você também.

 

Começou a abrir todas as portas do armário, estava procurando por algo:

 

- Nossa, pra que um armário com tantas portas? Eu só quero um prato e pelo jeito vou levar anos para achar... Ah, aqui está!

 

 Pegou dois pratos e colocou sobre o balcão da cozinha. Depois abriu a geladeira e ficou em frente a esta pensando no que apanhar.

 

- Vejamos o que nós iremos comer. – batia os pés pensativa -  Ah, o Tom comprou tanta coisa... Que tal morango com chantili de chocolate?! – praticamente entrou na geladeira para pegar as coisas. Aquela atitude dela me fazia sorrir.

 

- Cléo, não fique muito tempo em frente a geladeira, você pode ficar doente. – pedia não tirando meu sorriso dos lábios.

 

 Picou alguns morangos em ambos os pratos, depois jogou bastante chantili por cima. Lambeu os dedos, pegou dois talheres e sentou-se ao meu lado.

 

- Hmm, que delicia! Olha, já vou avisando que eu sei cozinhar muito pouco, então aqui em casa só teremos comidas praticas. Ou seja, aquelas que não precisam ir ao fogão.

 

- Bela mulher você será hein.

 

- Eu sei que não sou uma dona de casa exemplar, mas Bill, eu sou muito nova ainda. Mereço um desconto. – falava de boca cheia – Ah, e aproveitando o fato de você ser vegetariano, eu aprendi a fazer há um tempo, almôndega de soja... Não é tão dificil e até que é bom.

 

- Ficaria feliz se você se tornasse vegetariana também.


 

 Ficamos ambos em silêncio, eu não tirava os olhos dela. Para mim era tão bonito ver uma mulher comendo, era bonito ver o jeito que pegavam no talher e fechavam os olhos de leve para saborear o que comiam... Sem contar também na falta de pressa que tinham. Parecia que eu podia ver em câmera lenta seus lábios se entreabrindo para dar espaço ao que entrava neles. Aquilo realmente me deu muita água na boca, nunca senti tanta vontade de beijá-la. Depois que terminou sua sobremesa, olhou para o meu prato intocável, dava para perceber o quanto ela pedia com o olhar para enxergar qualquer movimento diferente ali, só que, por mais que eu tentasse mover algo, eu não podia.

 


- Sabe o que eu queria? – ela se manifestou com a voz triste- Que você cantasse pra mim. Uma música de preferência que diga que eu não estou sozinha e que você está aqui comigo agora. Acho que “By your side” seria perfeita porque, era ela que eu sempre escutava quando eu me sentia triste, e até mesmo quando eu tinha vontade de te ver e não podia porque você estava longe e simplesmente não sabia que eu existia. Eu colocava essa música, fechava meus olhos e imaginava que você a cantava pra mim, no meu ouvido... E o mais engraçado de tudo é que agora eu me encontro na mesma situação de antes. É como voltar a estaca zero entende?! Só que agora é pior porque antes eu tinha esperança em te encontrar quem sabe acidentalmente por ai... Mas agora Bill, nós simplesmente não pertencemos mais ao mesmo mundo.

 

 Conforme ela falava, eu inevitavelmente começava a chorar. A Cléo fez eu me lembrar de algo que eu havia me esquecido, das minhas fãs. Quantas não passaram pela mesma situação que ela.

 Quantas não ficavam em seus quartos ouvindo nossas músicas com os olhos fechados nos imaginando ao lado delas nas situações mais difíceis... Quantas não desejaram que um de nós simplesmente olhasse para elas e dissessem um simples: “Hallo!”. Quantas não desejaram esbarrar com a gente pela rua, nos encontrando num feliz acaso que para um de nós, poderia não significar nada, mas para elas, significava a realização de um sonho? E quanto àquelas que não tiveram a chance de estar nem ao menos na última fila de um dos nossos shows porque infelizmente não tiveram a sorte de irmos tocar em seu país? E quanto àquelas que eram recriminadas pelos pais e pelos amigos por dizerem que amavam os integrantes de uma banda que elas nunca haviam visto, mas que mesmo assim continuavam a nos amar dia pós dia, cada vez mais? A todas elas, eu lamento até o último dia da minha existência por não ter tido a chance de ter dado o mínimo de atenção, quando o que elas apenas queriam era um breve olhar meu direcionado a elas por um segundo. Eu lamento por cada vez que me escondi atrás de um óculos escuro e abaixei minha cabeça enquanto passava por uma multidão de meninas que pelo simples fato de eu estar lá, já era o bastante. Eu lamento por cada autografo que eu dei, sem ao menos nem olhar para quem dava. O que significa um rabisco feito pelo Bill Kaulitz para mim? Simplesmente nada. Mas, será que eu sabia o que aquilo significava para todas elas?

 É nessas horas que eu fico triste por ter encerrado minha vida, é nessas horas que o peso do que eu poderia ter feito, e simplesmente deixei de fazer paira sobre a minha consciência e me faz querer começar tudo de novo. Um abraço que eu deixei de dar, um autografo que eu “rabisquei” com descaso, um olhar que eu evitei trocar, um oi que eu não quis dizer. Talvez eu estivesse cansado, não cansado de vocês, mas cansado de mim mesmo. Eu sou humano, vocês também são, então se vocês carregam no peito um amor, dedicado só a mim, imagina eu que carrego um amor dedicado a todas vocês?!

 

- Eu queria muito ter te conhecido há uns anos atrás. Talvez assim desse tempo de viver mais com você, tudo que eu deixei de viver com alguém. Se eu soubesse que o grande amor da minha vida, seria uma das minhas fãs, eu teria prestado mais atenção em cada uma delas, quem sabe eu não teria te encontrado muito antes. Eu sempre falava que acreditava em amor a primeira vista, mas eu nunca parava para olhar ninguém a minha volta. E olha o preço que eu paguei por isso... Morrer sem poder viver um grande amor. – eu finalmente disse a Cléo rendido ao choro.

 

 - Sabe qual é o mais engraçado de tudo Bill? É que você de certa forma, nunca permitiu que eu olhasse a minha volta e descobrisse o amor em alguém próximo a mim. Eu sempre sonhei alto, e você era esse sonho que eu tinha. Eu não me conformava em passar por essa vida sem te conhecer, sem mostrar a você quem eu era. Não queria ser uma daquelas que passam despercebidas por você... Eu fico feliz por Deus ter feito você me notar... Mas infelizmente, precisou eu quase morrer em um show de vocês, para que você olhasse para mim. Se isso não tivesse acontecido, nós nunca teríamos nos conhecido, mas nós nunca também precisaríamos dizer adeus um ao outro.

 

- Talvez essa seja a parte boa de não se conhecer o grande amor da sua vida. Se você não disser oi, não precisará dizer adeus depois, se você não der o primeiro beijo, não precisará dar o último, se você não olhar para ele, não saberá nunca quem ele é.

 

- Eu só tive olhos para você...


- E eu para você Cléo.

 

 Ela caminhou até a sacada e se sentou na rede. Fitava as estrelas do céu fazendo com que as luzes refletissem em seus olhos. Eu fiquei por cima a observando... Nunca esteve tão linda, talvez por ser algo intocável por mim, tornou-se uma espécie de deusa ao meu olhar. De repente ela começou a sorrir do nada, e eu sorri junto sem saber o por que.

 

- Se eu não me conhecesse, diria que eu estou ficando louca. Ficar aqui falando sozinha e até colocando um prato a mais na mesa para que você coma comigo.


- Você precisa ter cuidado pra ninguém te flagrar numa situação dessas.


- Mas é que, eu sinto tanto que você está aqui sabe, eu tenho tanta certeza que eu chego até a sentir seu cheiro. E, esse faz de conta é tão bom.


 Sorri com o comentário dela.


- Isso podia ser só um faz de conta, mas nessa história eu queria poder entrar por aquela porta como qualquer pessoa viva e comum, te dar um beijo e ir dormir com você.


- Faz de conta que você vai chegar amanhã, depois de ter passado muito tempo fora fazendo shows em outros países... – bocejou enquanto ia fechando os olhos – E você vai entrar por aquela porta carregando muitas malas e me trazendo um cachorro de presente e eu, vou pular no seu colo, vou te abraçar forte e dizer que senti muito a sua falta e que não quero que você me deixe nunca mais, nem por um dia sequer.


 Fiz carinho em seu rosto.


- Faz de conta que eu vou chegar hoje mesmo e vou encontrar você aqui fora dormindo no frio, sozinha. Então eu vou carregar você até o quarto, te por na cama e cantar uma música enquanto você dorme. – me aproximei mais de seu rosto para encará-la – Cléo, você está dormindo mesmo? Amor, você não pode dormir aqui fora... Está esfriando e qualquer friagem que você pegar pode te fazer adoecer.

 

 Ela realmente não podia passar a noite no frio. Uma pessoa que acaba de receber um novo órgão, é totalmente vulnerável a qualquer tipo de doença. Tornam-se muito frágeis e todo cuidado com eles é pouco.


 Entrei em desespero em vê-la dormindo do lado de fora. O que eu, uma “alma penada” faria por ela? Se pelo menos eu pudesse tocá-la na tentativa de fazê-la acordar, ou qualquer coisa do tipo. Inutilmente eu colocava minhas mãos em seu ombro, só que elas passavam por ele como se não houvesse nada sólido as barrando.

 


- Meu Deus, o que eu faço? Quanto mais anoitece, mais frio fica. – olhei para o céu na tentativa de enxergar alguém me observando – Klaus me ajude, por favor.

 

- Chamou por mim? – ele apareceu rapidamente.


- Não podemos deixá-la aqui fora. Precisamos fazer alguma coisa.


- Nós não podemos fazer nada Bill.


- Eu sei que podem. Eu sei que existem espíritos que conseguem tocar nas pessoas, eu via isso nos filmes.


- Sim, os filmes não estavam errados, mas, você não está preparado para tocar em nada.


- Mas você está. –apontei para ele – Pelo amor de Deus me ajude. Estou entrando em desespero em vê-la aqui e não poder fazer nada.


- Para você seria bom se ela morresse, por que está tão preocupado com a saúde dela?


- Não! Eu não quero que ela morra assim tão jovem, ela não merece isso. Apesar de amá-la tanto e querê-la ao meu lado, eu nunca permitiria que ela morresse. Enquanto eu existir, eu vou fazer de tudo pra preservar a vida dela até onde eu puder.


- Vá em frente então! – disse apontando com a cabeça para onde Cléo estava.


- O que?


- Leve - a até o quarto. Você tem cinco minutos.



 O encarei sorrindo aliviado. Fui até onde a Cléo estava e a posei minhas mãos sobre ela. Eu... Eu simplesmente podia tocá-la, eu pude sentir sua pele encostando na minha novamente.

 


- Controle-se. Você foi autorizado apenas para levá-la até o quarto. – Klaus sorria pela minha empolgação.


- Ok. Me desculpe... É que isso é tão... Incrível. – coloquei meu braço por baixo de suas costas e a ergui. Encostei sua cabeça em meu ombro fazendo com que o cheiro de seus cabelos chegasse até mim.

 


Cautelosamente eu fui a conduzindo até o quarto, a coloquei levemente na cama e a cobri. Tomei a liberdade de me deitar ao lado dela, e assim como no meu faz de conta, eu cantei para ela enquanto dormia profundamente embalada pelo som da minha voz.


 

“... Se o mundo te deixa confusa
E seus sentidos, você parece ter perdido
Se a tempestade se recusa a parar
E você não souber o que fazer

Olhe em volta, eu estou aqui
Não importa longe ou perto
Eu estou do seu lado
Só por um instante
Nós vamos conseguir se tentarmos.”

 

 

- Boa noite Bill. – ela sussurrou.


- Boa noite meu amor. 

 

 

 


 

 


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Notas finais do capítulo

O Bill conseguiu tocar na Cléo porque ele teve essa "autorização", só que isso durou muito pouco.
No próximo cap. a gnt vai ver o que o Tom andou aprontando.
Até lá!
;*