Eu acordei com alguém pulando em cima da cama do nada. Era o Sam.

Ele pulou no meio da cama me fazendo virar abruptamente para ver o que estava acontecendo. Por um momento pensei que eu estivesse tendo um surto de poderes.

_ Ah... Sam. Você me assustou – reclamei.

_ Já passou da hora de vocês acordarem, seus preguiçosos – Sam disse brincando.

_ Não fale assim comigo. Você não sabe o que eu passei ontem por causa de você, seu ingrato. – Kurt fez um falso tom de revolta.

_ Do que você está reclamando? Você estava dormindo do lado da bruxinha mais linda desse mundo. – Eu amo quando Sam me chama de bruxinha.

_ Awn... Eu amo você. – Me inclinei na cama e o beijei.

_ Hei vocês dois! Parem com isso! – Kurt mandou.

O sol estava brilhando lá fora, muito diferente de aquela chuva nada a ver do dia anterior. Nós paramos em uma Starbucks para tomarmos café da manhã mesmo já sendo meio dia. Quando voltamos para a minha casa com o Kurt e o Sam no meu encalço junto com os meus Mauvais Dentes, quem pareceu mais preocupado foi o Tanner e a Alisson. Meu irmão fez algumas perguntas, mas ele estava acostumado em tempos passados a eu passar a noite fora. Para ele não parecia muito diferente mesmo com essa coisa de realeza, mas os ruivos entendiam melhor toda essa coisa.

_ Esse seu namorado é um perigo – Tanner informou.

_ De todas as maneiras possíveis – Alisson completou.

Eu apenas ri.

O resto das férias correu muito bem.

***

O Sean me visitava com uma freqüência marcada. O Nick ainda mais. Eles queriam sempre se assegurar que eu estava bem.

Wesens não dão muito a mínima para o Natal então ele veio e passou. O Ano novo foi diferente. Organizamos uma grande festa na minha casa. Com direito a muito champanhe, risadas, brincadeiras idiotas, mergulhos loucos na piscina de noite, show de poderes e essas coisas.

Foi á melhor virada de ano possível, mas foi um pouco assustador. O Ano estava acabando. Meu tempo aqui também.

***

Estávamos a mais ou menos uma semana para o retorno das aulas e eu entrei num estado de cautela muito assustador.

Eu ainda teria mais um ano na escola, mas o Sam já havia se formado. A essa altura ele deveria estar se preparando para ir para a faculdade, mas ele não tocava no assunto. Tive medo que ele estivesse se preparando escondido e me contaria apenas quando realmente tivesse que ir. Com medo de como eu reagiria, do que isso acarretaria e etc.

Ele havia me dito que queria fazer faculdade, mas desde aquele tempo minha vida mudou de água para o vinho então eu não sabia o que ele queria agora.

Quando eu disse para ele que queria voltar naquela árvore, aquela que daquela vez nós nos sentamos por horas para falarmos sobre nós, eu sabia que ele sabia exatamente sobre o que eu queria conversar.

Ficamos sentados naquele mesmo galho um bom tempo. Não consegui olhar para ele quando perguntei.

_ Sam, você vai para a faculdade? – parte de mim queria que ele fosse. Eu não queria prende-lo aqui. Atrasá-lo de alguma maneira, mas eu sabia que isso nos faria ter muito menos tempo juntos do que já tínhamos.

Ele suspirou.

_ Não. – Acho que meu egoísmo falava mais alto e eu queria que ele ficasse então não pude evitar ficar feliz quando ouvi aquilo. – Posso ir para a faculdade depois, mas só tenho esse ano para ficar com você.

_ Ah... Sam. Não quero que desista de nada por mim. Você sabe que nossas vidas são traçados em caminhos diferentes. – Aquilo parecia meio rude, mas eu tinha que dizer. O ano acabaria e eu iria para a Áustria ser da realeza. Minha vida estava ganha, mas e ele? Do que ele estava desistindo por mim? O que ele teria que fazer para organizar a vida depois que eu fosse embora?

_ Hei... Eu não estou desistindo de nada. – Ele estava tentando me tranqüilizar. – Só estou adiando um pouco. É o que eu quero fazer. A faculdade não vai sair do lugar dela, mas você vai.

_ Argh... Às vezes eu odeio a realeza – indaguei mais para mim mesma do que para ele.

_ Não odeie. É a sua família e não importa o quão ruim ela seja você querendo ou não faz parte dela e não há nada que se possa fazer. – Ele deu um meio sorriso torto.

_ Você sempre tem razão.

_ Isso mesmo. Então pense pelo lado bom eu não vou estudar, vou arrumar um emprego de meio período apenas para ter o que fazer enquanto você estiver na escola e depois vou passar todo o resto de tempo com você. Nunca vai se livrar de mim. – Eu ri. Aquilo era exatamente o que eu queria. – Não vou a lugar nenhum enquanto você ainda estiver aqui.

***

O Kurt foi para a faculdade. Diferente do Sam ele não tinha motivo nenhum para continuar aqui. Às vezes Portland podia ser um verdadeiro saco. Mas fez sentido, já que ele ia fazer matemática e passaria cinco anos lá e o Sam apenas quatro, então eles entrariam separados, mas sairiam juntos.

Depois de muitas despedidas exageradas na minha casa ele foi e tudo caiu num silencio esquisito. Agora o Sam estava sem o melhor amigo e tinha ainda mais tempo para passar comigo.

As aulas voltaram e uma coisa marcou isso, ou melhor, duas coisas: O Tanner e a Alisson. Os dois decidiram que iam para a escola comigo para ficar de olho em mim já que meus Mauvais Dentes não podiam e considerando que isso seria muito estranho. A coisa com eles foi muito diferente do que eu pensei que seria. Eles chamavam atenção extrema e eu sabia o porquê disso. Mas eles foram incrivelmente bem recebidos, já entraram sendo veteranos, lindos e enturmados. Não tinha nada com o que se preocupar. Fiquei feliz por eles estarem tendo alguma experiência diferente aqui em Portland para a viagem não ser apenas toda sobre mim.

O Sam não estava na escola e isso tornava as coisas um pouco mais monótonas, mas eu sabia que no fim do dia ele estaria comigo. Era ótimo ver minhas amigas todo o dia de novo.

Tudo caiu numa rotina maravilhosa, mas o tempo estava passando rápido demais. Nada de muito incrível acontecia. Eu treinava os meus poderes, aprendia Francês e Alemão, o Chester era uma ótima companhia para o meu irmão, aprendia modos e muitas outras coisas. Eu procurava passar todo o meu tempo livre com as pessoas que eu deixaria para trás. Minha casa acabou virando casa de todo mundo. Era esquisito ver todo mundo concentrado em mim. Não era culpa de ninguém além de minha e da realeza que eu teria que ir embora. Mas era uma coisa que todos eles queriam fazer, já que depois que eu fosse teriam que seguir a vida sem mim.