_ Pode se levantar – Anne falou e antes de eu conseguir me mexer, o Tanner pulou pra cima de mim ficando com as pernas uma da cada lado virado de costas e estendeu a mão pra mim por baixo das pernas dele, eu segurei e ele meio que me levantou como naqueles passos de dança antigos.

_ Obrigado – agradeci meio incerta e fui em direção ao Sam

_ Vai me contar o que esta acontecendo? – ele perguntou depois que eu o abracei

_ Vou sim – respondi

_ Mas não agora, temos coisas pra esclarecer, vamos voltar lá pra dentro – Sean disse e nós voltamos pra dentro de casa.

...

_ Bom, agora que temos certeza de que você é quem pensávamos que era, temos que tomar providencias – Sean continuou

_ Que tipo de providencias? – Brad perguntou

_ A Paloma não quer ir pra Áustria agora, mas não pode continuar aqui do jeito que esta, a primeira coisa é vocês vão ter que se mudar – Sean falou

_ EIN? – falei em reflexo – Me mudar pra onde dessa vez?

_ Você vai continuar em Portland, mas tem que mudar pra uma casa maior e mais segura, por que você tem hóspede agora.

_ Que hospedes? – perguntei incerta

_ Ora! Eu. Ela – Tanner disse apontando pra Alisson

_ Como assim vocês são meus hospedes? Aliás, eu nem sei o que vocês estão fazendo aqui, o que você quis dizer com “príncipe acompanhante” e você o que quis dizer com amiga-tutora – falei me referindo a Tanner e Alisson

_ Bom, você não pode ser vista sozinha quando estiver na Áustria, logo, vai precisar de alguém pra te acompanhar, alguém jovem e bonito, como eu – Tanner respondeu e sorriu

_ Quase não é convencido – indaguei revirando os olhos

_ Bom, e na Áustria você precisa ser cordial sempre, eu vou te ensinar como ser assim, e também posso te dar umas aulas de iniciação de Francês – Alisson disse também sorrindo

_ Francês? Na Áustria eles não falam alemão? – Perguntei confusa

_ Não a realeza – Alisson respondeu

_ Tanner pra você, eu não sei por que isso é necessário, mas tudo bem, e Alisson, eu sei como ser cordial e eu falo francês, ta bem? – respondi um pouco rude demais

_ Olha só, parece que o destino preparou você pra essa – Sean falou

_ Na verdade foi a Marie – eu simplesmente não consegui a chamar de mãe naquele momento

_ Mas não são apenas eles, Fred e Jason também, pra sua segurança eles irão a todo lugar com você a partir de agora – Sean completou

_ A não, mais essa agora, não posso sair por ai com Mauvais Dentes no meu pescoço – respondi

_ Eles vão ficar a uma distancia considerável, mas nunca te perderam de vista e eles não vão falar nada do que você fizer e também não darão palpite nas atitudes que você resolver tomar, a não ser que você vá... Sei lá, pular de uma ponte – Sean falou como se fosse muito simples – esse é um dos preços a pagar pra não ir para a Áustria imediatamente

_ Ta bem, eu me mudo, eu ando com esses brutamontes nos meus pés, eu aprendo etiqueta com a Alisson, mais alguma coisa? – perguntei já meio cansada de todo esse assunto

_ Sim, Stefania, Anne e Beth também ficarão na casa com você, mas elas ficarão muito fora da vista, disso eu tenho certeza – Sean disse e olhou pras Hexembiests que acenaram com a cabeça – eu vou continuar na minha casa, mas você pode me ligar quando quiser – ele estendeu um cartão com o telefone dele pra mim, eu peguei e sorri levemente – A mudança acontece amanha, você e seu irmão peguem apenas o que acharem necessário, vou indo agora e elas vão comigo – ele apontou pras Hexembiest – tudo bem se o Tanner e a Alisson ficarem com você?

_ Tudo bem sim – falei totalmente incerta e perdida. Sean acenou e saiu junto com as Hexembiests

E depois de deles saírem, Sam falou pela primeira vez.

_ Já pode me explicar?

_ Ta bem – virei pra ele e expliquei tudo sobre: Realeza. Minha mãe. Eu ser vendida. Eu ter que mudar. Os Mauvais Dentes. O Tanner e a Alisson. Etc. Por um momento ele pareceu espantando demais pra falar – Eu não queria, mas eu sinto que preciso – e sem dizer nada ele me abraçou por um longo momento

_ Ta, a única certeza que temos agora é que temos um ano inteiro, pra sermos veteranos juntos, apenas – Pâmela falou sorrindo e eu sorri de volta

_ Ta, mas... E eles – Priscila falou apontando pro Tanner e Alisson

_ Acho que a questão certa é, e eles – falei apontando pro Jason e pro Fred

...

A perseguição começou no momento seguinte, eu chamei as meninas e o Sam para me ajudarem a arrumar as coisas, Brad disse que faria alguma coisa pra nós comermos, ele foi até a cozinha e eu o segui e me sentei no balcão.

_ Você esta bem? – perguntei

_ Ah sabe, é muita coisa assim de repente, não quero que você seja tirada de mim – Brad respondeu evidentemente triste

_ Sabe que pode ir pra Áustria comigo né? Eles não me negariam isso, mas sabe também que eu nunca te pediria isso, te fazer se mudar dessa casa que você adora já é um tanto ruim pra mim.

_ Essa é a sua vida, maninha, não a minha, e eu sei que você tem que ir, mas você sempre será minha irmã, certo?

_ Certo! – concordei sorrindo

_ E eu posso te visitar às vezes – ele sorriu amigavelmente – agora vai lá arrumar suas malas, nós vamos nos mudar amanha

E daí eu fui depois de todos concordarmos em seguirmos por um tempo como se fossemos apenas fazermos uma mudança. Eu fui pro quarto e os Mauvais me seguiram com os olhos e depois ficaram parados imóveis me olhando pela porta.

_ Vai ser sempre assim agora? – Sam perguntou

_ Respondam vocês – falei pra Jason e Fred – Vocês falam?

_ Temos ordens expressas pra não perdermos você de vista – Jason falou

_ Mas eu estou na minha própria casa – falei – por enquanto... Relaxem! Isso mal começou e não esta dando certo – eles se dispersaram e se sentaram na sala, mas vez por outra viravam pra olhar pra porta do quarto

...

Eu meio que peguei todas as minhas roupas e alguns papeis e livros, mas parecia que todo o resto ia ficar e eu não tinha idéia da onde eu iria a seguir.

_ Bom, o Sean disse que vamos dormir aqui hoje, e amanha iremos nos mudar, acho que vai ser difícil passar um ano aqui – Tanner disse e só ai eu fui perceber que ele estava lá o tempo todo sentado conversando com a Alisson aos cochichos

_ Ah garoto – sentei na cama cansada – quer mesmo estar aqui?

_ Não sei exatamente, mas sempre vivi com a realeza, e não é uma vida ruim – Tanner respondeu

_ O que vai ser? Vão ir pra escola com a gente? – Pâmela perguntou

_ Ahn... A Paloma vai pra escola? – Alisson perguntou

_ É claro que eu vou, Sean disse que eu poderia me formar, e depois nós... Bem, eu e o resto de nós iríamos pra Áustria – respondi

_ Ah claro, mas acha mesmo seguro? – Alisson falou no mesmo tom como se aquilo fosse uma insanidade

_ Com esses dois brutamontes comigo, tudo é seguro – indaguei – como era na Áustria?

_ Tínhamos professores particulares – Tanner respondeu – raramente saímos do castelo

_ É um castelo? – perguntei meio sem acreditar

_ Aham, é bem grande, de pedra, tem muralhas e coisa e tal – Tanner respondeu de novo

_ Vocês conviviam com outras pessoas lá? – Priscila perguntou

_ Ah, tem outras pessoas da nossa idade lá também, mas não costumávamos falar com eles, gostamos da companhia apenas um do outro – Alisson disse sorrindo pro Tanner – mas seremos sua companhia lá também.

_ Ah que maravilha – falei ironicamente

_ Paloma, podemos ir ali? – Sam chamou e eu acenei que sim

_ Bom nós vamos embora agora, nos falamos depois – Pâmela falou e ela e Priscila nos seguiram até a porta

_ Vocês estão bem? – perguntei pra Pâmela e Priscila, e ela acenaram que sim

_ Vamos ficar – Priscila respondeu e elas saíram

Eu e Sam demos a volta na casa, mas não passamos a cerca, Fred e Jason vieram com a gente até atrás da casa, mas viram que a gente não ia passar então ficaram um pouco afastados.

_ Você esta bem? – perguntei pra ele também

_ É só que... – ele não parecia saber o que dizer e estar prestes a chorar – cara, como isso tudo é possível?

_ Simplesmente é, Sam – respondi pegando na mão dele

_ Mas não consigo acreditar que só tenho um ano pra ficar com você, era sempre e pra sempre, lembra? – os olhos dele estavam vermelhos agora, mas não vermelho wesen, vermelho do jeito que fica quando você segura o choro

_ Sim, eu me lembro, e um ano pode ser muito tempo se soubermos aproveitar, assim como o meu irmão eu nunca te pediria pra ir pra Áustria comigo, Sam, você pertence a esse lugar, eu não – dessa vez nós estávamos com a testa e o nariz encostados, falando meio entre sussurros.

_ Então vamos viver o melhor das nossas vidas hoje, durante um ano, não vamos pensar em nada até as férias acabarem, apenas viver, você não tem mais cheiro de primavera, esta quente como o verão – ele se afastou um pouco de mim e olhou pras nossas mãos entrelaçadas, e me beijou – seria muito ousado eu pedir pra ficar aqui hoje?

_ Considerando meus outros quatro hospedes, sendo que não sei se dois deles dormem, você é a melhor companhia – respondi sorrindo