Jogo da Morte escrita por Aryaah Niss


Capítulo 6
6º Dia


Notas iniciais do capítulo

E agora as coisas começam a ficar empolgantes!
Espero que gostem,
e obrigada pelas reviews, todos lindos! *-*



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E novamente estava trancado naquele pesadelo horrível, com uma pequena diferença apenas, o corpo que estava imóvel no chão não era o de Liss, e, sim, o de Charlotte, e não era eu quem a havia matado, mas Nathaniel. Ao nosso redor estavam os demais jogadores, todos os rostos conhecidos, e com olhar sem brilho... Sem vida. Inclusive Liss e Lysandre, que estavam ao meu lado sem expressão.
Despertei ofegante, estava suando, minha blusa encharcada. Olhei o relógio que marcava 5h15min, cedo demais para acordar, mas não queria voltar aos meus pesadelos.
Fui ao banheiro tomar um banho para despertar e, depois de um longo tempo embaixo da água, enrolei a toalha na cintura e fui trocar de roupa. Logo em seguida fui rumo à cozinha tomando um café reforçado. Parece que realmente despertei depois disso.
Já eram 06h00min quando olhei para o relógio novamente, e a escola começava às 07h15min, eu fazia o caminho de moto até lá em apenas 10 minutos, isso significava que tinha uma hora para inventar o que fazer.
Fui até o computador para conferir as mensagens e novidades, pensei em jogar, mas depois dos sonhos fiquei um pouco inseguro, o que era raro para mim. Porém logo resolvi parar com essa história de 'sonhos premonição' e jogar. Eu não era igual a Liss a qual acreditava que os sonhos tinham significados, pelo contrário, isso era apenas imaginação.
Ao entrar no jogo recebi outra lista de números, mas não fiz muita questão de me empenhar, apenas segui o fluxo. Distrai-me tanto com o jogo que quando notei já estava tarde... Novamente atrasado.
Assim que cheguei avistei Nathaniel conversando com Liss que segurava alguns papéis e logo imaginei serem do conselho. Ela me viu e tentou distrair o representante para que eu passasse sem ser visto. Lysandre estava próximo a porta da sala e me puxou para dentro, o terceiro tempo já havia terminado, então o professor já não estava mais em sala, dando início ao intervalo.
–– Mais uma vez atrasado, Castiel... –– disse meu amigo com cara de poucos amigos –– Sabe que Nath e a diretora estão no seu pé e eu e Liss sempre te encobrimos, mas está ficando difícil.
–– Foi mal, me distrai com a hora –– falei tentando me explicar, o que não deu muito certo.
–– Está bem, que não se repita pelo menos durante uma semana... –– falou, olhando-me seriamente –– A diretora está querendo saber todos os movimentos dos alunos por precaução.
–– Certo, vou tentar diminuir os atrasos. Mas só porque você e Liss estão se prejudicando.
Desde o incidente com Charlotte, o colégio está mudando do céu ao inferno. O que não é nada legal para mim.
–– A diretora precisa falar com você –– ele disse sem muito entusiasmo.
–– Que incômodo, ela quer o que? Saber dos meus atrasos? –– falei irônico –– Ela já deveria estar acostumada a isso.
Segui para a sala da diretora, pouco entusiasmado. Bati na porta de madeira com detalhes rústicos desenhando-a. Depois de ouvir um baixo "entre" abri ruidosamente a porta.
–– Sente-se. –– proferiu a diretora com um sorriso amistoso usando seus óculos meia lua e com seu coque impecável. Pela sua aparência não deveria ser nada grave.
–– E qual o por que desse convite inesperado? –– disse sem muita expressão no rosto.
–– Soube de seus contínuos atrasos, senhor Writer –– falou, proferindo meu sobrenome de maneira amigável – Queria saber se está acontecendo alguma coisa que provoque esses atrasos.
Como odiava essa gente que gostava de se meter na minha vida, mas ela era a diretora, não poderia mandá-la se ferrar, teria de fazer isso com todo o respeito. No final, acabei inventando uma historinha de que tinha muito serviço doméstico por causa da perda de minha mãe e do trabalho do meu pai, o que era uma mentira imensa, já que tínhamos empregados, mas ela não precisava saber disso.
Segui para minhas aulas normais, até que no último tempo, escutamos a voz da diretora sair pelas caixinhas de som anunciando que todos deveriam ir ao pátio para uma palestra de primeiros socorros e defesa pessoal. Como já havia explicado, nada mais estava sendo igual naquele colégio.
Depois de toda essa baboseira, pudemos ir para casa, uma hora mais tarde que o normal. Fui almoçar com Liss em sua casa. Seus pais estavam trabalhando então estávamos livres para nos divertir até mais tarde. O único problema era o telefone da baixinha que não parava com mensagens... Que não eram minhas, e isso me incomodava profundamente.
–– Quem está nos atrapalhando, enviando mensagens a cada cinco segundos? –– falei irritado.
–– Desculpa, Cas... –– ela pediu –– É que, com os últimos acontecimentos, o meu trabalho no conselho triplicou e Nath anda me pedindo um monte de coisas.
–– Mas que droga, será que ele não consegue fazer nada sozinho –– disse ainda mais furioso.
–– Eu sei que você não gosta dele, mas ele também está muito sobrecarregado, tenho que ajudar, até porque esse é o meu trabalho –– comentou um pouco agressiva.
–– Ele não me pareceu muito atarefado ontem, enquanto marcava algo com Li –– comentei olhando os olhos de Liss se modificarem.
–– O que eles estavam fazendo? –– perguntou curiosamente mudando seu jeito para um mais doce, porém irritado. Pelo menos esse lado irritado não era comigo.
–– Sei lá, combinaram de fazer algo hoje mais tarde.
Os olhos da baixinha saíram da curiosidade para a fúria.
–– Ele está saindo por ai para pegar essas patricinhas fúteis e me deixa com todo o trabalho?! –– citou ruidosamente com raiva.
–– Pelo visto... –– comentei tentando colocar mais lenha na fogueira. Adorava vê-la irritada com esse filhinho de papai egocêntrico.
–– Vou ligar para ele... –– ela parou um segundo olhando para o celular –– Quer saber?! Vou a casa dele.
Por essa eu não esperava, ela ia procurar por aquele retardado e me deixar sozinho?! Nem pensar!
–– Como é? –– ela se virou para mim.
–– E você vem comigo, até porque... –– ela mirou-me envergonhada –– Preciso de uma carona.
Essa expressão tímida era divertida de se ver.
–– E o seu pânico de motos. –– perguntei implicante com um sorriso cínico nos lábios.
–– Eu ando tendo que superar esse medo há um tempinho, desde que você me obriga a ir com você naquele monstro vermelho –– ela chamou minha Martha de monstro? Sim, ela chamou. Isso era inaceitável.
–– Você chamou mesmo a Martha de monstro? Você falou mesmo isso? –– falei fingindo estar irritado.
–– É só uma moto, não dê nomes para objetos, principalmente aquele monstro maligno –– citou provocativa.
–– Você vai ver o monstro vermelho –– falei indo até ela, que seguiu intuitivamente para longe de mim, começando uma pequena perseguição. Depois de um tempo correndo atrás dela acabo pegando-a e colocando-a em cima do meu ombro, ela gritava histericamente para soltá-la, mas apenas o fiz quando cheguei ao sofá, soltando-a ali mesmo e prendendo seus braços com apenas uma mão, o que não era difícil, já que ela era pequena e fraquinha.
–– Castiel, me solte agora –– esperneou –– Saia de cima de mim seu tomate irritante.
–– Você não deveria falar essas coisas quando se está por baixo –– comecei a rir alto.
Com a mão livre comecei a fazer cócegas fazendo-a rir loucamente, um riso contagiante. Depois de muito tempo castigando-a por falar mal da Martha, acabamos no chão rindo sem um motivo específico.
–– Você não vale nada, senhor rubro –– comentou rindo –– Vai me levar à casa de Nath?
–– Não é um passeio muito divertido, mas te ver batendo nele até que me parece interessante.
Seguimos para a garagem dos Robs, onde estava Martha. O carro dos pais de Alice não estava ali, na garagem havia apenas minha moto. Ela puxou o capacete de minhas mãos e subiu atrás de mim, ri de suas ações.
–– Até que está perdendo seu medo de motos –– sussurrei.
Ela passou a nossa ida de moto até a casa de Nath agarrada em minhas costas, ela pode até tentar vencer o medo, mas ainda o tem. Chegamos até uma grande casa azul clara, com um imenso jardim, onde continham flores de diversos tipos. Parados na porta estavam dois carros, um azul escuro e outro preto. Ela se aproximou do grande portão de ferro com detalhes em cobre e tocou o interfone, não demorou muito até que uma voz feminina falasse por ele.
–– Quem é? –– parecia-me uma voz de senhora, deveria ser a governanta.
–– Nathaniel está, dona Maísa? –– Perguntou a baixinha parecendo conhecer a mulher do outro lado.
–– Claro meu amor, entre! –– citou e logo em seguida o portão se abriu automaticamente.
–– Você já... ––ela me interrompeu parecendo ler meus pensamentos.
–– Estive aqui algumas vezes resolvendo assuntos do conselho, nada de divertido –– pronunciou –– Ela é a dona Maísa, governanta da família.
Ao chegarmos à entrada uma senhora de cabelos grisalhos e grossos óculos caídos na ponta de seu nariz abriu a porta convidando-nos a entrar.
–– Seu amigo, meu doce? –– perguntou olhando-me.
–– É. Esse é Castiel, ele me trouxe, tenho alguns assuntos com Nath. –– comentou com certa intimidade com a senhora a minha frente.
–– Fiquem a vontade, crianças. Irei chamar Nath para vocês.
–– Não se preocupe, deixe que sei o caminho, poupe suas pernas, dona Maísa –– disse gentilmente com seu sorriso mais doce.
A senhora concordou e agradeceu a gentileza da menina. Seguimos por uma escada que dava a um imenso corredor onde era iluminado por muitas luminárias e janelas abertas. Andamos por esse corredor até que ela para em frente à quinta porta a direita, batendo. Ouve-se uma voz feminina de dentro do quarto e não me parecia a de Ambre. A porta é aberta e uma figura de baixa estatura, longos cabelos pretos e olhos puxados da mesma cor que o cabelo, surge de dentro do quarto.
–– O que vocês estão fazendo aqui? –– perguntou Li, a chinesa seguidora de Ambre.
–– O que você está fazendo aqui? –– perguntou Liss, enfatizando a palavra ''você''.
–– Li, já passei as missões que você estava com dificuldade e... –– Nathaniel para rapidamente, corando ao ver Liss, mas logo seus olhos mudaram a me ver.
–– Estava trabalhando, senhor representante? –– Liss fala olhando na direção do computador, onde a janela do Jogo da Morte estava aberta.
–– Liss... –– ele não sabia por onde começar, estava envergonhado por aquilo, isso era tão bom de assistir –– Eu estava...
–– Jogando?! –– perguntou retoricamente –– É perceptível isso –– falou saindo do caminho indo em direção a escada.
–– Você é muito idiota –– falei olhando para aquela cara de idiota dele.
–– Liss! –– ele me ignorou e chamou pela baixinha que já estava descendo as escadas. Correu até lá, quando ia à mesma direção algo segurou meu braço.
–– Veio me visitar, lindo? –– por um segundo tinha me esquecido de Ambre, ela era irmã do idiota do Nathaniel, era notável, já que ambos eram fúteis e retardados.
–– Não, vim apenas ver Liss batendo no seu irmão, mas ela acabou saindo sem bater nele, então me deixe correr antes que perca o espetáculo –– disse fugindo dela. Que ficou atrás de mim boquiaberta. Logo me seguiu para ver o que estava acontecendo entre o irmão e a baixinha.
Lá estavam os dois discutindo, já no jardim. Ela não parava de reclamar sobre como ele não podia tê-la deixado trabalhar tanto enquanto ele ficava se divertindo por ai.
–– Eu estava trabalhando, mas Li acabou de me pedir ajuda e era só por um segundo... –– tentou explicar, o que não foi muito útil, o olhar da baixinha era de pura irritação – Eu já havia terminado a maior parte também.
–– Claro! –– disse irônica –– E já que você já está terminando a sua parte, faça logo tudo sozinho! –– essa não era boba, poderia ser educada com todos, mas não aceitava provocações.
–– Eu... –– Ele ia falar, mas Liss saiu vindo em minha direção para me puxar até a moto, porém não conseguiu chegar a mim, Nathaniel a puxou pelo braço e beijou-a profunda e ferozmente.
Algo dentro de mim se moveu, tirando-me do sério. Quando dei por mim, já estava tirando Liss dali e batendo naquele mauricinho retardado e irritante, ele cambaleou para trás e veio para cima de mim, não conseguia ver o que se passava ao redor só escutava Liss pedindo para pararmos, mas ignorei. A única coisa que nos fez parar foi um grito que veio do andar de cima. Todos nós olhamos e a única coisa que vimos foi um vulto que saiu da janela e parou no chão, próximo a porta onde Ambre se encontrava. Ambre deu um grito e pulou para trás, Liss olhou rapidamente e correu em minha direção com uma rapidez que nunca vi naquelas pernas. Ela se agarrou em mim, o qual demorei a entender o que tinha acontecido.
Nathaniel nos olhou assustado e com o nariz sangrando, mas acho que nada mais daquilo importava. Li jazia no chão inconsciente e desfigurada devido a queda, sangue ao seu redor.
Ambre correu em lágrimas para os braços inseguros do irmão que a abraçou fortemente sem tirar os olhos de Liss em meus braços escondendo seu rosto em meu tórax. Li estava morta na entrada da casa de Ambre e Nathaniel, um lugar que era aparentemente seguro, pelo visto não era. Pensei em minha casa, meu pai, a casa de Liss, ela sozinha dormindo desprotegida enquanto os pais saiam em viagens de trabalho. Todos nós estávamos desprotegidos e com medo.


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Notas finais do capítulo

Para quem gosta de sangue, aqui está... xD
Enfim, espero que tenham gostado!
E mais dois agradecimentos especiais, o primeiro a Aad, que sempre me apoia e desgasta seus dedinhos comigo :P
e o segundo, mas não menos importante, à Menininha Indefesa pela linda recomendação.
Beijos :3



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