Jogo da Morte escrita por Aryaah Niss


Capítulo 5
5º Dia


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo!
Um dos maiores até agora, os próximos serão assim também.
Espero que gostem!



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Não tinha conseguido dormir a noite toda, o sol já estava entrando pela janela e eu permanecia de olhos abertos, pois quando conseguia dormir, não passavam de cinco minutos até voltar aos meus pesadelos, e eram sempre os mesmos.
Não queria levantar, o que me dava forças era pensar que iria ver Liss na aula. Ontem, depois do ensaio, levei-a para casa e voltei direto para casa. Os pais dela ainda não tinham chegado, me preocupei um pouco, mas hoje tinha aula e ela tinha que ir.
Quando cheguei a casa tomei um banho e deitei, mas nada de fechar os olhos, a preocupação não me deixava, eram muitos pensamentos ao mesmo tempo.
Chegando ao colégio tudo que conseguia ouvir eram as mortes das últimas semanas. Ambre não estava, já que Charlotte e ela eram muito unidas em seus planinhos fúteis, mas não a culpava, era apenas uma menininha mimada, nunca tinha sentido a dor da perda.
Por um instante todos paramos ao ouvir a voz da diretora saindo das caixinhas de som:
–– Solicito a presença de todos os alunos na quadra nesse exato instante! –– Solicitou um tanto quanto alterada.
–– Mas o que será agora? –– Perguntou Lysandre vindo logo atrás de mim junto com Alice.
–– Será sobre a Charlotte? –– proferiu a pequena.
–– Só pode, essa história anda nos perseguindo. –– citei.
–– Mas e o empregado da loja, o que aconteceu?
–– O mesmo que anda acontecendo em todos os cantos dessa cidade –– disse com um ar triste.
–– Não é possível que não existam suspeitos, como pode alguém entrar em uma casa, esfaquear uma pessoa e sair sem ser vista em lugar algum, totalmente ilesa? –– disse indignado.
Ao chegar à quadra tentamos encontrar um lugar em meio à onda de alunos com caras preocupadas, mas só o que vimos foi uma cabeça loira acenando em nossa direção. Liss foi até lá com Lysandre e eu seguindo-a, ao chegar vimos olhos dourados curiosos olhando Alice.
–– Senta aqui –– disse para Liss –– Aqui está reservado para as pessoas do conselho estudantil ––proferiu mirando em minha direção.
Encarei aqueles odiosos olhos dourados, parecia sair faísca dos nossos olhos, dourado versus prateado... Quem venceria? Ele fez isso para me provocar, Liss era a vice-representante, ou seja, podia sentar ali juntamente com Lysandre que era líder do comitê de música e atuação, eu era apenas um aluno ''quase'' comum. Mas nesse instante Liss me tirou de meus devaneios:
–– Tem muitos lugares vagos por aqui, dá para todo o conselho e ainda mais umas cinco pessoas –– afirmou friamente –– E se não quiser deixá-lo sentar aqui, eu vou sentar em outro lugar com eles –– prosseguiu emburrada, formando outro de seus enormes bicos e cruzando os braços, mas quando íamos para outro banco, Nathaniel segura o braço de Liss.
–– Que seja. Ele pode ficar, mas se alguém do conselho precisar de um lugar esse daí sai –– comentou referindo-se a mim.
Representante mais babaca, minha vontade era de dar um soco nele.
–– Não estou com vontade de sentar perto de você, tenho medo de que sua idiotice seja contagiosa –– comentei com indiferença e vi um pequeno sorriso surgir no rosto de Liss, mas logo foi disfarçado.
–– Já chega! –– proferiu –– Eu sento no meio, assim ninguém briga. Só tem o Lysandre educado aqui?!
–– SIM! –– falamos em uníssono eu e o loiro mala, Lysandre resolveu não se envolver.
A baixinha nos olhou em reprovação, mas antes que ela começasse a reclamar a diretora apareceu no pequeno palco improvisado no centro da quadra.
–– Como todos já sabem, assassinatos estranhos andam acontecendo ao redor do mundo, e cabe a nós do corpo docente mantê-los informados e protegidos desse mal, porém nem sempre isso é possível e foi o que aconteceu em meio a esta situação. Como muitos já estão informados, uma aluna foi assassinada neste fim de semana e como uma forma de mantê-los seguros, pelo menos enquanto estiverem dentro de nosso instituto de ensino, estamos aumentando a segurança e instalando mais câmeras por todo o território do colégio, inclusive nas partes mais distantes de nosso instituto. –– nos informou, logo continuando –– Estamos contando também com o apoio de nossos professores no caso de notarem qualquer coisa estranha, para nos avisar imediatamente, e isso serve para os alunos e funcionários.
Nesse momento, todos já estavam falando novamente. Até que o professor Borys nos silenciou dando a vez a nossa diretora novamente.
–– E um último pedido, para todos, que ao saírem da escola, mantenham-se atentos e evitem sair de suas casas nesse período, mas, caso não tenham outra escolha, avisem a seus pais quando saírem. Não ignorem o fato de uma aluna desta instituição ter morrido de uma forma inexplicável e queremos apenas prevenir acidentes indesejáveis –– falou com um olhar triste ao citar a morte de Charlotte –– Agradeço a atenção de todos vocês e desejo um bom dia de aula. Já podem seguir a suas classes.
Ao falar isso nos liberou da reunião à nossa sala. Os corredores estavam lotados e completamente cheios de murmúrios e gente comentando o assunto da reunião, dava para ver os olhares preocupados dos alunos.
Puxei meus amigos para longe dos corredores seguindo em direção à escada que dava ao telhado da escola. Liss me encarou já entendendo para onde íamos e Lysandre apenas nos seguiu em silêncio. Ao chegar ao telhado sentamos no lugar de sempre, onde batia uma sombra de umas árvores do pátio. Peguei o cigarro do bolso e ofereci, Lysandre pegou um e Liss negou com a cabeça, não aguentava um inteiro.
–– Eu divido com vocês –– afirmou olhando-me.
–– Fraquinha –– impliquei. Ela sorriu e me empurrou levemente pegando o cigarro de minha mão. E ficamos ali por um tempo, silenciosamente, tragando o cigarro até Lysandre quebrar o silêncio.
–– O que vocês acham disso? –– perguntou, referindo-se ao discurso da diretora sobre as mortes.
–– Acho que foi bom eles terem aumentado a segurança, mas não tenho certeza que possa evitá-las fora dos muros do colégio –– comentou a baixinha me devolvendo o cigarro.
–– Parece até que estamos dentro de um filme de terror.
–– Ou um jogo –– pronunciei quase que em um sussurro, mas não tão baixo quanto desejava, já que a menina ao meu lado escutou e se encolheu ao ouvir minhas palavras.
–– Parece que estamos dentro do 'Jogo da Morte' –– citou.
–– Esse jogo novamente... Todos só falam dele e de como ele é legal e viciante –– proferiu cabisbaixo meu amigo de cabelos prata.
–– Sério?! Mais gente do colégio anda jogando? –– perguntou a loira.
–– Quem está jogando além da gente? –– perguntei, ignorando a pergunta dela.
–– Armin é claro, é um dos mais viciados, e Alexy está indo pelo mesmo caminho do irmão...
Armin era outro gamer compulsivo, não me surpreende que esteja jogando, agora Alexy já é mais raro, ele não costuma 'perder tempo com jogos' como ele diz, prefere se distrair com filmes além de ser fanático por animações. Lysandre continuou:
–– Íris, Ken e até Nathaniel está jogando.
Esse último realmente me deixou surpreso, Nathaniel era sempre muito ocupado com essa história de conselho estudantil e todas essas coisas chatas que não tinha tempo para o lazer e acabava prendendo Liss com ele para ajudá-lo. Agora escuto que ele anda largando o trabalho para jogos. Rio com esse pensamento.
–– Nathaniel não é muito ocupado para isso não? –– perguntei em tom de falsa reprovação.
–– Alguém mais?
–– Melody, é claro! –– falou como se isso fosse óbvio –– Era lógico que ela ia começar a jogar para ficar próxima de Nathaniel.
Todos da escola sabiam que ela era apaixonada pelo nosso 'querido' representante... Menos o próprio. Mas também todos sabiam que ele era apaixonado por Liss e que inventava mil desculpas para deixá-la com muitos trabalhos, o que não o ajudava na conquista, já que ela ficava loucamente irritada com isso. Mas de qualquer forma ela também não notava que ele vivia babando por ela. Otário!
–– Para falar a verdade até meu irmão entrou nesse jogo por causa de Rosalya e o vendedor da loja, que eram muito amigos dele. –– falou Lysandre fazendo com que olhássemos para ele assustados.
–– Que vendedor? –– Liss arregalou os olhos ônix profundos e brilhantes.
–– Exatamente o que você está pensando –– citou entristecido levando o cigarro a boca –– O nome dele era Carl.
Paramos por um segundo prestando atenção no verbo conjugado no passado... E novamente o assunto volta aos mortos. Ficamos em silêncio por um tempo e depois relatamos as próximas tarefas relacionadas à banda e as novas músicas. Não vimos a hora passar, quando percebemos o sinal já havia tocado e tínhamos que sair dali com urgência para que ninguém nos visse.
Quando já estávamos no estacionamento vejo Li e Nathaniel combinando de se encontrarem em algum lugar, parecia que o loiro não gostava muito da ideia, mas concordou mesmo assim. Não deu para escutar o que era, e também não me interessava. Liss e Lysandre vieram se despedir, eles iriam passar na loja de Leigh para ver se precisava de ajuda. Depois disso subi na moto, botei o capacete e segui o caminho até em casa.


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Notas finais do capítulo

Acabei tendo que acrescentar alguns avisos depois desse capítulo.
Enfim... espero que tenham gostado e qualquer erro, dúvida, críticas construtivas, elogios são todos bem-vindos!
Beijos :3



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