Darkness escrita por Felipe Alves


Capítulo 6
Los Salvadores.




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Poder andar livremente como um lobo é bom, diria que era ate confortável, mas lembrando de toda a dor que passei ate conseguir isso, a palavra não se aplica. Tony atravessou a centro da cidade, eu e Wren seguíamos logo atrás. Por um instante lembrei-me de tudo que fizera para me transformar em Híbrido. Quando acidentalmente, matei uma pessoa, fui forçado a aguentar todas aquelas noites de Lua Cheia me transformando, lentamente, dolorosamente, matando pessoas quando as correntes não me suportavam, depois os rostos delas me assombravam por um tempo, ate deixar isso de lado. Não sei se Jace sabia e nunca me contou que eu era um Híbrido. Eu sabia que ele era um. Por que é o único meio de eu ser um Híbrido agora. Mas por que ele nunca compartilhou essa informação comigo? Eu precisei me transformar várias vezes para quebrar meu elo com ele, algo do tipo, que eu servia e fazia tudo o que ele mandava. Com várias transformações, você quebra esse laço. Depois de me encontrar com Wren, eu queria achar um meio de esquecer isso, achava que seria melhor na época, mas agora, precisava desse poder oculto mais do que nunca.
Tony chegou a uma ponte de madeira razoavelmente quebrada. Madeiras no centro da ponte já haviam caído, outras estavam presas por um pequeno prego que logo se soltaria. Coloquei minha mão em uma das cordas da ponte, que logo de rompeu, fazendo a ponte se sustentar com a cor do outro lado.
– Pessoal, provavelmente, tem um exercito dentro da fazendo que se localize logo acima dos morros. Sei que são fortes, mas ali também deve ter vários Híbridos, e estamos meio que quebrando regras ao subir ali e começar um ataque. Dante tem certeza, de que consegue isso? – Tony se virou, e olhou nos meus olhos.
– Sim.
– Pronto Wren?
– Sim. – Ele deu um passo a frente e pulou. Atravessando a ponte inteira. – é a Bauducco cara.
Fiz o mesmo, quando cheguei do outro lado, me dei conta que Tony já tinha atravessado-a e estava nos esperando no morro acima.
Segui-o até chegarmos à fazenda, Uma fazenda azul clara. Era gigante. Por um chute, acho que teria no mínimo mil Vampiros ali. Tony se apressou e arrombou a porta, Wren avançou para dentro e eu segui atrás. Um cara musculoso, moreno e alto veio andando até nós, por um enorme corredor. Ele abaixou a cabeça e olhou para Tony.
– Acho que eu te conheço.
– Azar o seu. – Tony pulou, subiu nas costas do homem, e arrancou sua cabeça fácil. Surpreendi-me com a força dele. Ele jogou a cabeça na parede, o que causou um buraco. Ele foi andando em direção a escadas, quando foi derrubado por quatro mulheres. Eram uma loura e três morenas. Eles atacaram Tony, que desviava e contra-atacava muito bem. Ele derrubou uma, depois outra, outra, e quando estava cuidando a ultima, vários homens e lobos apareceram para atacá-lo. Wren avançou e o ajudou.
– Dante! – Tony exclamou, deu uma cambalhota, saiu atrás de uma garota e arrancou seu coração. – Vá achar o porão e tira-la de lá. Nós seguramos aqui!
– Ok! – Um dos lobos notou minha presença e veio para cima. Cai no chão de costas, segurei-o pelo pescoço, mas ele vinha tentando me morder, abrindo e fechando a boca rapidamente. Peguei sua boca e puxei. Rasgando sua boca, garganta e chegando um pouco antes do tórax.
Avancei para um cômodo que ficava a minha direita, uma enorme sala com uma mesa de sinuca, cigarros jogados no chão, e mesas de som. Nenhuma abertura para porão. Sai do cômodo e entrei em outro. Uma cozinha tinha alguns pedaços de piso quebrados perto de uma parede. Pessoal burro esse. Entrei pelo buraco que dava em um túnel mal iluminado, mas pelo menos foi posto piso e paredes para ficar mais, bonito? Segui reto, me deparando com uma porta. Chutei-a. A porta esbarrou em uma parede de aço. Dei um passo a frente, um homem, que deveria ser o guarda, apontou uma estaca pro meu coração, mais dois homens seguraram meu braço e me prenderam em uma parede.
– Por q-que está aqui? – O homem segurando a estaca começou a gaguejar, provavelmente foi transformado recentemente, o medo que ele tinha de mim, era maior que sua coragem.
– Responda! – O homem que segurava minha mão esquerda gritou em meu ouvido.
– Cala a boca! – Enfiei minhas mãos e retirei os corações dos que me seguravam. Joguei os corações no chão. Olhei para o homem que estava com a estaca na mão, ele era bem pequeno, talvez, fosse um jovem, mas com cara de adulto. Cheguei mais perto dele, peguei sua estaca e fiquei mexendo nela com as duas mãos. – O que eu deveria fazer com você? – Encarei-o. Ele deu um passo para trás, caindo, ficou no chão me olhando. Esperando meu próximo movimento. Peguei a estaca e encravei em seu coração.
Corri, pensando o quanto Tony e Wren estavam lutando, gastando seu tempo e eu enrolando. Derrubei portas, ate chegar a uma porta, que estava completamente com verbena. A minha esquerda tinha uma sala, cheia de humanos, pude sentir o sangue deles. Abri a porta, puxei um homem de terno preto e coloquei-o na frente da porta com verbena.
– Abra! – Exclamei, ele colocou a mão na porta e ficou tentando puxar a alavanca. Enfiei a mão dele na alavanca e puxei sua mão, enquanto ele gemia de dor, o sangue dele escorria pelo buraco da mão. Segurando o braço dele, empurrei a porta, fazendo-a abrir completamente, larguei-o e vi uma jovem acorrentada.
Ela tinha cabelos praticamente grandes, iam ate um pouco abaixo dos ombros, eram lisos e negros. Ela usava uma camisa branca de manga comprida. Calça Levi’s preta. Estava descalça. Ela tinha um colar, em formato de pizza. Nele estava escrito “Feijãozinho” e um coração branco. Ela era linda, usava um anel cinza, provavelmente para andar no sol, e uma pulseira pequena e fina, era toda preta. Como ela é linda. Com todo respeito claro. As suas correntes continham verbena. Achei que não conseguiria fazer outro humano arrancar aquelas correntes, eles não seriam fortes o suficiente. Agarrei as correntes, sentindo minhas mãos se queimarem, fechei os olhos e usei toda a minha força para solta-la. As correntes se romperam, eu as soltei a segurei a menina.
– Quem... Quem é você? – Ela falava com uma voz fraca.
– Sou o Superman. – Abaixei-me, peguei seus braços, e os coloquei em volta do meu pescoço, coloquei-a nas minhas costas, e segurei nas suas pernas para ela não cair.
– Obrigada. – Ela apoiou sua cabeça na minha nuca. Embora, sendo uma vampira, ela era quente. Tipo, quente mesmo. Segurei-a e fui em direção ao túnel.

...

Quando estava de volta a cozinha com ela nas minhas costas, pude sentir sangue, ouvir sons e gritos. Ainda tinha uma luta. Merda.
Como poderia chamar Tony e Wren, sair dali e não ser seguido? Era impossível.
Deixei a menina escorada em um quanto da parede, que a geladeira e outras coisas impediam de ser vista.
– Você ficará bem aqui? – Perguntei-a.
– Sim, eu acho... – Ela respondeu, abaixando a cabeça, estava fraca.
– Eu já volto. Eu juro. – Eu disse tais palavras e já ia me levantando.
– Espere – Ela segurou meu braço – qual seu nome?
– Dante. E o seu?
– Lua... Lua Bonduki.
– Lindo o nome. – Tirei o pano da mesa, que esta limpo, e cobri Lua com ele, por que, estava frio, e ele não merecia sofrer ainda mais. – Fique bem, já volto.
Entrei no corredor, corpos de lobos, e vampiros cobriam o chão. Nem dava para notar o tapete verde. Tony lutava contra dois jovens, e Wren contra o Hulk. Hulk por que o homem era muito alto e muito forte, tipo, muito forte mesmo. Avancei e arranquei uma perna do gigante, fazendo-o cair. Wren correu, arrancou um de seus braços, e depois o outro, o monstro gemendo de dor, tentou se arrastar ate mim, andei ate ele, arranquei sua cabeça de deixei seu corpo apodrecer ali mesmo. Eu e Wren corremos ate Tony, mas ele tinha cuidado da situação. Os dois jovens, jogados no chão, mortos com o coração na boca.
– Onde ela esta? – Tony revirou os olhos para mim.
– Na cozinha, coberto com... – Ele quebrou a parede e foi pegá-la. Ela o abraçou e deu um rápido selinho. Ele a segurou, e a levou no colo. Quando saímos e fomos para frente da fazenda, Fran estava escorada em um dos carros, uma caminhonete vermelha. Nenhum outro inimigo veio ate nós, então eles deveriam ter acabados. Ou a maioria sairá. Francine olhou para nós, ate seus olhos se fixarem em Lua. Ela andou olhando carro por carro, até achar uma limusine branca. Quebrou o vidro, entrou e foi mexendo na fiação. As luzes do carro se ascenderam e Fran ficou escolhendo uma rádio, até achar um que tocava “Holding On And Letting Go” do Ross Copperman. Entramos no carro. Ele tinha cadeiras na parte da esquerda e da direita. Wren e eu nos sentamos na da esquerda, e Tony deitou Lua no bando da direita e sentou-se ao lado dela. Ficou mexendo no cabelo dela. Ela fechou os olhos e sorriu. Fechamos a porta e Fran começou a dirigir.

...

Lua conseguiu dormir, Eu e Tony abrimos as janelas e vimos todas aquelas luzes e o pessoal da cidade. Uns bandos de pessoas saíram gritando “Jesus humilha Satanás! Oh Ney! Oh Yeah!”. Simplesmente loucos. Drogados. Doentes. Algo do tipo. Achamos que para deixar Lua mais acomodada, fechamos as janelas minutos depois, e Fran colocou uma musica de Ed Sheeran.
– Fran, por que veio? – Perguntei.
– Alguém tinha que garantir que a volta de vocês seja tranquila. – Ela respondeu.
– Eu sei, mas, por que você, dentre todos? Você é o que menos tem... Laços conosco.
– Por que eu quero me enturmar, cansei de ser aquele idiota que ficava quieta e sozinha de todos, passei por isso durante... Duzentos anos. Esta na hora de um Upgrade, certo?
– Certo – Dei um leve sorriso.
– E agora? – Ela perguntou para todos nós.
– O que? – Respondeu Wren.
– Eles viram atrás de nós?
– Acho que sim. Muito provável, por isso, devemos nos manter juntos e preparados.
– Certo – Dissemos todos ao mesmo tempo.
Menos de 20 minutos depois, Fran pôs a limusine na garagem de Jace. Ela desceu e entrou e Wren a seguiu. Eu e Tony pegamos Lua e levamo-la ate o sofá, onde Wren e Fran tinham tirado as coisas de cima e colocado um travesseiro e cobertas. Deitamo-la no sofá e ela deu uma gemida de leva, se virou, e dormiu alguns minutos depois.
– Ela se alimenta de sangue? – Perguntei a Tony.
– Ela não é muito fã de sangue, prefere a comida dos mundanos. – Ele respondeu sem tirar os olhos dela.
– Vou providenciar isso – Nath e Ali disseram. – Vamos comprar algumas coisas. – Elas saíram da casa, pegando o carro da Nath.
– Tony? – Perguntei depois de todos irem para seus receptivos quartos.
– Oi.
– Vá tomar um banho. Suba a escada, tem alguns quartos, o seu é o quinto. Vá. Já providenciamos roupas. Eu fico e olho ela.
– Ok. Serei rápido.
– Ok.
Tirei o baralho e mais outros itens que estava em cima da mesa central, senti nela, e fiquei olhando para Lua. Ela estava, praticamente, jogada no sofá, com as bochechas grandes. Parecendo um peixinho ali deitada. Detalhe. Ela era pequena. Acho que menos de 1,60. Ela abriu os olhos, pude ver que eram caramelos escuros.
– Dante? – Ela esfregou os olhos com as mãos.
– Oi peixinho.
– Peixinho? – Ela deu um sorriso.
– Sim. Enquanto você dorme, parece um peixinho.
– Bobo – Ela deu risos de leve.
– Daqui a pouco, minhas amigas chegam com comidas para você.
– Comida! – Ela levantou um braço.
– Sua doida – Comecei a rir e ela me acompanhou.
– Por que eles te pegaram? – Quebrei o clima. Sai da mesa e sentei-me ao lado dela.
– Não sei... Acho que eles queriam atrair Tony para lá, de algum jeito. – Ela virou a boca.
– Mas por que queria Ele? – Perguntei.
– Não tenho ideia. Talvez, alguma coisa que ele fez e não me disse, não sei.
– Entendi.
Ouvi a campainha e Fran e Alice voltaram com sacolas do McDonald’s. Coloram tudo na mesa, Acho que elas fizeram a limpa no estoque, tinha de tudo, Quarteirão, Big Mac, coca, tudo. Jace apareceu descendo a escada.
– Chamei o pessoal já. Lua, não seja tímida, pode comer.
– Obrigada.
Ela se sentou e foi logo pegando um lanche, uma coca, e começou a comer. Logo, o pessoal começou a descer, foram todos comendo. Eu subi para meu quarto, sai pela janela, e subi no telhado. Fiquei ali, olhando as estrelas, tentando me lembrar de das constelações que Selena e minha mãe haviam me ensinado. Deitei-me ali. Fiquei ouvindo todos se divertirem ali. Todos comendo, se divertindo, contando piadas, menos eu. Senti-me um pouco só.
Só tinha Selena no mundo, e agora alguns amigos, mas ainda sentia muita falta de minha mãe, ela que cuidará de mim. Ensinará-me tudo. E eu nem pude me despedir dela. Sentia falta dela. Jace disse que providenciaria o enterro dela para amanhã. Mas eu não sei se estava pronto para dizer “Adeus”.
Depois de um ou duas horas, Alguém subiu no telhado. Me virei e deparei-me com Lua.
– Dante... Esta tudo bem
– Não... – Respondi, virando a cara. Para ela não perceber que eu estava chorando.
– O que aconteceu?
– Eu... Eu perdi minha mãe. – Contei a ela toda a história ate chegar ali.
– Nossa... Desculpe perguntar. Mesmo.
– Não, tudo bem. Serio.
– Posso ficar aqui com você?
– Claro. – Virei a cara para ela. Deixando as lágrimas expostas. Ela se deitou ao meu lado, enxugou as minha lágrimas com o dedo. Dei um leve sorriso e ela retribui. Ela levantou a cara, para cima, e ficou olhando as estrelas.
– Por que Lua? – Perguntei depois de um tempo.
– Minha mãe olhava a Lua comigo no colo. Ela observava a Lua brilhando, dizia ela, que a Lua era a coisa mais especial na noite. Ela me deu este nome. Dizendo que eu seria especial e corajosa. Como Ártemis. Uma deusa grega. Seu símbolo era uma Lua. Ela era confiante e destemida. Muito forte a propósito. Depois de alguns meses, assassinaram minha mãe. Meu pai enlouqueceu com a morte dela. Queria por o ladrão atrás das celas a qualquer custo. Mas no fim, ele foi morto, por um vampiro. – Ela ficou em silêncio por um tempo, depois continuou– Eu tinha 17 anos na época. Eu estava com ele no carro, quando um vampiro arrancou o teto, puxou ele para fora e o matou. Eu fiquei escondida lá dentro, ate ele me achar e me jogar para fora do carro. Nesse instante, ele me mordeu, ficou drenando meu sangue. Ate que Tony apareceu e me salvou. Matando o vampiro, ele correu ate mim e deu um pouco de seu sangue para me salvar. Depois que morri, ele me alimentou com sangue humano, ele me ensinou tudo sobre isso. Não sou muito fã de sangue, sei que é minha natureza, mas ainda prefiro comida normal.
– Sinto Muito Lua. Mesmo. E você, é especial. – Sorria enquanto dizia tais palavras. – Tony te ama. Você é especial para ele. Ele te salvou. Nunca te abandonou. Sempre esteve ali para te ajudar.
– Obrigado, obrigado mesmo, seu fofo. – Ela sorriu.
– Melhor descermos, certo?
– Sim. – Ela respondeu e fomos para baixo.
Lua desceu pela janela que eu subi, e eu a segui. Ela foi para seu quarto, que ela dividia com Tony. E eu fiquei na porta do meu olhando ela indo, vendo se ela estava realmente bem. Ela se virou.
– Boa Noite Superman.
– Boa Noite peixinho.
Ela entrou no quarto. Eu desci a escada e procurei por Selena. Ela estava na sala. Deitada no sofá. Com lanches que sobraram e Coca-Cola. Por um momento, percebi que ela chorava. Era tão baixo, ate para meus sentidos. Mal tinha conseguido ouvi-la.
– Mana? – Ela virou os olhos vermelhos, escorrendo lágrimas. – O que aconteceu? – Eu fui para o sofá e me sentei ao lado dela.
– Eu sinto falta dela. Muita falta. Não sei se estou pronta para dizer Adeus.
– Eu também não, mas não há nada que possamos fazer mana. Apenas aceitar a realidade.
– Cara, você é Híbrido! Tem que ter alguma coisa que você possa fazer! Diga que tem... – Ela abaixou a cabeça e começou a chorar.
– Perdão. – Pus sua cabeça no meu ombro e abracei-a. Peguei a coberta e cobri a nós dois. Dei um beijo em sua testa. – Boa Noite.
– Boa Noite. – Ela disse. Fechou os olhos, mas as lágrimas ainda vinham, abracei-a e ficamos ouvindo o completo silêncio da casa.


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