Maître de Marionnettes (Hiatus) escrita por Jack Byron, Tom


Capítulo 9
Révolte Héritiers


Notas iniciais do capítulo

"Revolta de Herdeiros", por Mozart.



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− Você deve obedecê-lo, Rhys. Isso não é algo contra o quê você pode lutar. − começou Edwards acompanhando os passos rápidos do herdeiro de Hector Chapman.

− Seu dever é aconselhar ao meu avô, Dom, e não a mim. − murmurou o rapaz muito calmamente enquanto caminhava pelo corredor escuro que findava em uma grande porta de carvalho.

− Meu dever é garantir que os membros dessa família continuem vivos! − exclamou o homem postando-se de frente ao rapaz, sua boca tremia profundamente como se ele estivesse à beira de um ataque de nervos.

Rhys esboçou um sorriso triste e encarou seu guardião com afeto.

− Eu não vou morrer, Dom. Não hoje.

O rapaz continuou caminhando pelo corredor escuro e abriu a grande porta de carvalho, enquanto o velho Dominic Edwards permanecia ali no corredor sem reação. Já vira bons homens se tornarem carrascos e esse não era o destino que ele teria desejado para um garoto tão bondoso quanto Rhys Chapman. Infelizmente, não era uma questão de escolha e cedo ou tarde, Rhys teria de aceitar que ele pertencia a uma máfia. Gente poderosa o caçava, agora que a herdeira do Inimigo estava morta. Eles queriam vingança, e se Rhys continuasse a acreditar na bondade das pessoas, as coisas não terminariam bem.

Do outro lado da porta, Rhys caminhava calmamente na direção da poltrona de couro, onde seu avô se envolvia apreciando um charuto. Os braços do rapaz estavam cruzados atrás das costas e ele esboçava a mesma expressão de calma inabalável que sempre esboçava. Hector soprou a fumaça e encarou o neto com seus olhos imensamente azuis e gelados.

− Pensei que tinha dito para ir para a casa de campo. − murmurou o velho homem rispidamente.

− E disse, senhor meu avô, mas receio que houveram alguns contratempos. − respondeu sutilmente ainda mantendo-se de pé.

Hector suspirou.

− Digam-me os nomes que eu lhe digo quais serão suas formas de morte! − gesticulou impaciente.

Rhys aproximou-se alguns passos em silêncio.

− Será que eu posso me sentar, avô? − Hector assentiu e o rapaz o fez. − Os contratempos não envolveram nenhum dos seus homens, senhor. Eu sou o problema. − Rhys sentia um peso se alojando em sua garganta, mas fazia o possível para manter-se calmo e encarando seu avô bem nos olhos, demonstrando-lhe que ele não temia nada do que ele pudesse lhe fazer.

Hector deu mais uma tragada em seu charuto analisando o rapaz.

− O que aconteceu? − indagou em uma voz gélida, que congelou até os ossos de Rhys, mas este não se deixou intimidar.

− Não acredito que fugir seja a solução. − Começou calmamente. − E acho que nós podemos resolver isso sem atacar primeiro, simplesmente provando que não fomos nós que matamos Beatrice Legrand.

− E como você propõe que façamos isso? − desafiou o Dragão.

− Eu... − Rhys vacilou. O suor escorria pelo seu rosto fazendo com que o colarinho branco começasse a sufocá-lo. − Nós devíamos simplesmente acabar com tudo isso. Qual o sentido, ‘vô? Meu pai e minha mãe morreram por causa disso, meu irmão se foi por isso. O que ainda pretende continuando com essa vida?! Não há nada para ganhar por aqui.

Hector deu mais uma tragada no charuto em silêncio, Rhys sentiu-se como se seus olhos pétreos o estivessem atravessando. O avô observou as vestes eclesiásticas do mais jovem, sotaina negra com exatamente 33 botões de alto a baixo e 5 botões nas mangas. Segundo os católicos, o número 33 representava a idade de Cristo e o número 5 simbolizava as cinco chagas de Cristo. Para Hector, no entanto, cinco era o número de balas que ele utilizou para matar seu primeiro gato, que ganhara de aniversário aos sete anos de idade, e trinta e três era o número de balas que usaria para matar o traidor, Joseph Mortensen, assim que tivesse a oportunidade.

− O que eu acho, Rhys, é que agora que já disse tudo o que queria, você vai para a casa de campo, voluntariamente ou não.

− Mas...

− Sem objeções, por favor. Vai chegar a hora em que algo muito precioso vai ser tomado de você e, então, você vai entender o seu destino e começar a aceitá-lo.

− Eu não vou! − Ele explodiu, as lágrimas enraivecidas desciam pelo rosto que assumira a tonalidade púrpura. − Eu não vou aceitar o meu “destino”, não vou chefiar um bando de assassinos, e, acima de qualquer coisa, NÃO VOU ME TORNAR UM DELES!

Hector levantou-se de sua poltrona abruptamente e largou o charuto no cinzeiro. Ele fitava o outro como se fosse congelá-lo.

− Pare de agir como se fosse uma criança estúpida! − esbravejou. − Você não tem mais cinco anos de idade, sabe como as coisas funcionam e eu não vou tolerar mais um dos seus shows ridículos de revolta! − exclamou apontando o dedo imperioso bem na direção do coração do rapaz. − Essa é a sua vida, Rhys, e eu sugiro que comece a fazer parte dela! − murmurou de forma ameaçadora, os olhos azuis faiscavam enraivecidos.

Rhys fungou, fechou os olhos e tentou fazer com que a paz se alojasse em seu espírito novamente. Explodir daquela forma fora estúpido, mas ele já não tinha mais certeza se poderia responder pelos próprios atos.

− Você tem Molliê... − disse baixinho sem encarar o avô nos olhos.

− Nós já conversamos sobre isso.

− Ela é sua filha! Por que não pode assumir tudo isso?! − murmurou enquanto secava as lágrimas uma a uma.

− ELA NÃO PODE TER FILHOS! É tão difícil assim de entender as coisas?! − gritou o velho mais uma vez.

− Eu também não! − exclamou. − Tenho meus votos e não estou disposto a quebrá-los perante o Nosso Senhor. − contrapôs rapidamente.

− Eu não ligo para o Seu Senhor, Rhys! Você é meu neto, você vai assumir essa Família e você vai dormir com quantas mulheres for necessário até que tenha os seus herdeiros, está me ouvindo?! E não há absolutamente nada que possa fazer para impedir isso. − disse finalmente, dando a conversa por encerrada.

Rhys assentiu sem proferir palavra alguma e deu as costas ao avô caminhando calmamente até a porta de carvalho que o separava do restante da mansão. Ele realmente esperara que pudesse resolver as coisas de forma prática, mas parecia que teria de recorrer para a segunda opção.

***

Salut, maman!

Eu sinto sua falta como sentia falta de ar nas minhas crises de asma. Eu sinto sua falta como sinto a falta do meu pai, e ele está morto. Mas, ainda assim, acho que chegou a hora de me despedir de você. Faz sete anos que você foi embora, faz sete anos que meu pai embarcou em uma missão suicida e foi morto. Faz sete anos que eu escrevo para você todas as noites antes de dormir e depois jogo a carta em uma caixa de madeira que eu guardo em um fundo falso do meu guarda-roupa. E depois de todo esse tempo, as coisas não mudaram. Continua tudo na mesma.

Eu confesso que tinha esperanças de que você voltasse para nós. Tinha esperança de que, apesar de tudo o que há a nossa volta, nós ainda pudéssemos ter uma vida feliz longe daqui. Eu fantasiei com uma viagem só de ida para Caribe − eu, você e Tris − e nós poderíamos finalmente viver longe de tudo o que nos cerca. Mas se passaram sete anos, mãe, e eu acho que não tenho mais o direito de acreditar nessas coisas.

De qualquer forma, eu quero que você saiba de algumas coisas nessa última carta. Coisas que poderiam entrar na sua consciência, se você ainda tiver alguma. Tris é proibida de tocar em bonecas desde que papai morreu, ela também não pode passar tanto tempo comigo e só lê livros sobre guerras. Raramente, escuta uma música ou vai ao teatro. O atirador que ela chama de Mestre diz que esse tipo de coisa é perda de tempo para assassinos. Sim, assassinos. Ela matou uma dúzia, pelo que fiquei sabendo.

Quanto a mim, fui ingressada nas Artes. Vovô me ensinou a jogar truco, ele diz que é um jogo que exige muito da capacidade de raciocínio. Diz que isso pode me ajudar se eu tiver de pensar rápido para impedir que alguém me mate. Sim, ele cogita a possibilidade de algum inimigo querer me matar durante o meu sono ou quando estou no banho. Apesar de tudo, ele diz para não me preocupar e dormir tranqüila. Aparentemente, tudo está sob controle.

E você, Mabelle, é apenas uma sombra agora. Quando eu fecho meus olhos vejo o seu vulto indo embora com outro homem, vejo a minha irmã ao meu lado como sempre e vejo meu avô gritando para todos ouvirem que ia caçá-los e matá-los com as próprias mãos. Pelo que eu soube, o homem com quem você fugiu já não existe mais e você não pode imaginar o quão feliz eu fico por saber que você é tão infeliz quanto todos que pertencem a família Mortensen.

Espero realmente que vovô cumpra sua promessa e que ele a mate sem nenhuma piedade como ele jurou que faria. Sem piedade, sem tristeza e sem amor, eu me despeço agora daquela que me deu a luz, mas que só me trouxe escuridão. Viva a infelicidade, Mabelle.

A Verdadeira Pirata,

Zabèle.

Mabelle fechou o papel e engoliu em seco, da sombra das cortinas uma voz soou, revelando certo tom de acusação:

− O que está fazendo aqui?!


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Notas finais do capítulo

Weeeeeeeeeeeeeeeeeeell, as coisas estão começando a acontecer. Eu quero deixar claro, pessoal, que a partir de agora cada detalhe é importante. Às vezes um coisa ou outra é passada despercebida, mas tudo é fundamental para que se descubra tudo à respeito do Mestre das Marionetes e de muitas outras coisas.

Como vocês devem ter notado, apareceram novos personagens dessa vez. O que acharam do Rhys? Contem-me suas opiniões! hu3hu3hu3. Enfim, agradeço a quem tiver lido e espero reviews. Beijos! ;*



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